LITERATURA POPULAR

A BRIGA MORTAL DO BISPO-CONDE COM O JUIZ DA CIDADE

1

Aconteceu um caso inusitado

Com a nossa antiga tradição

O homem que sabia de mais

Em nosso querido torrão.

2

Esse caso foi contado

Virou sua própria sentença

De um jornalista destemido

Atualmente virou crença.

3

Quando chegou à cidade

Montou uma pequena tipografia

Com poucos equipamentos

Fez-se sua biografia

4

Arrumou um sócio

Um jornalista redator

Fundou seu próprio jornal

Na vista do Cristo Redentor

5

Eram amigos fiéis

Com noticiário local

Seu jornal ficou conhecido

Em cadeia nacional

6

Aconteceu o inesperado

Numa situação onerosa

Em soltar notícias quentes

De pessoa influente e perigosa

7

Pois o causo pode voltar

P’ra você que não entende

Briga de peixe grande

Melhor não dá com a língua nos dentes

 

8

Se você quer saber

Ouça e só escuta

O pequeno sai perdendo

Num embate, não discuta

9

O jornalista destemido

Entrou na tremenda confusão

Na briga do Bispo-Conde

Com o Juiz da região

10

Dois fiéis oponentes

O juiz e bispo num ataque

Seu Jornal dava a nota

A primeira em destaque

11

O jornalista caiu direitinho

Anunciando no seu jornal

Mostrava sempre a verdade

Quentinha desse local

12

Um dia o periódico

Na gráfica foi rodado

O bispo ficou enfurecido

O juiz invocado

13

A notícia repercutiu

No sertão e na cidade

Por causa de uma rifa

Distribuída na comunidade

14

Escrita a rifa dizia

Pra reforma da igreja

O Juiz embargou

Os policiais com firmeza

15

O causo se espalhou

Em toda região

O jornalista ficou conhecido

Por essa armação

16

Por causa da rifa

Juiz e Bispo disputava

Quem era o Manda-Chuva

A população se intrigava.

17

Reza a tradição

Em livros de história

Tinha cunho político

Confusão, poder e fofoca.

18

A situação ficou caótica

Deu até caso de polícia

Na cidade todos sabiam

Era armação da política

19

Um dia policiais visitaram

A residência do jornalista

Era homem íntegro

Bom homem moralista

21

Entrou na briga por acaso

Que resultou numa ação

Foi insultado pelo Juiz

E com Bispo da região.

22

Nesse dia em diante

Começou sua caçada

Seu jornal foi confiscado

Armaram-lhe grande cilada.

23

O jornalista enfureceu

E deu a língua nos dentes

Publicou em seu jornal

Os casos indecentes

24

Sua residência alugada

Pelo juiz da Cidade

Depois dessa briga

Despejou o jornalista com voracidade

25

Atiçou o Bispo-conde

Com o afilhado candidato padre

O juiz com coronel amigo

Diziam aliados e compadre

26

Começou a disputa política

Uma grande prossecução

Ao corajoso jornalista

Que fazia sua missão.

27

Após despejado da casa

Onde o Juiz era seu Locador

O jornalista o locatário

O juiz interventor

28

Fugido das ameaças

O jornalista se evadiu

Escondeu no pé de serra

Recebeu muita bala e sumiu

29

Mas um dia foi marcado

Numa emboscada triunfal

Seus inimigos tramaram

Com o jornalista e seu jornal

30

O jornalista foi à Câmara

Era dia de sessão

Uma emboscada na escadaria

Abatido caiu no chão.

31

Foi tiro pra todo lado

Nessa pobre criatura

O jornalista pagou caro

Com sua própria sepultura

32

Deram-lhes vários tiros

Ao rolar pela escadaria

No pé um tiro de misericórdia

Numa ato de covardia.

 

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Wilamy Carneiro é professor, poeta e escritor. Bacharel em Direito pela flf – Faculdade Luciano Feijão. É Palestrante e cordelista. Membro da ALMECE - Academia de Letras do Município do Ceará. Patrono da Cadeira Nº 97 do Município de Forquilha no Ceará. Autor do livro “Tempo de Sol” e de Crônicas “ Um Passo a Mais.” Suas poesias com tema “Bela Loucura”  e “ Um Amigo ideal” . O Autor possui diversos artigos jurídicos e de opinião. Colaborador da web.