GÊNEROS LITERÁRIOS  e Literatura Comparada

                        Org. Professora Francisca Marlete S. Santos  -  Especialista em Docencia para o Ensino Superior 

 

Histórico: A primeira divisão do gêneros literários, data da Grécia Antiga e é feita por Aristóteles, em sua Arte Poética. Segundo ele, é possível identificar três gêneros de manifestação literária, que corresponde à expressão de determinada experiencia humana.

Gênero é a maneira  pelo qual os conteúdos literários  organizam-se em uma forma, por apresentarem característica estruturais semelhantes. O gêneros literários são:

 LIRICO: na Grécia Antiga, os poetas apresentavam suas composições acompanhadas com um instrumento musical de corda  de preferencia a LIRA, do qual deriva a denominação “Lírico”. O conteúdo ressalta o chamado mundo interior. “ Eu lirico”, expressa emoções,sentimentos,estado de espírito...pode ser apresentado textualmente em diversas formas.

Elegia: retrata tristeza, morte de ente-querido e personalidades públicas. Origem na Grécia Antiga.

Éclogia: vida bucólica dos pastores em ambiente campestre.

Ode: exaltação de valores nobres,em tom de louvação.(G.A)

Soneto: poema de catorze versos,organizado em duas estrofes de quartetos e duas de tercetos. Original da Itália séc. XIII.  O lírico é dos três gêneros o mais subjetivo.

DRAMÁTICO: considerado por Aristóteles representativo, no sentido original drama,refere-se a ação. No contexto literário texto escrito para ser apresentado em público por atores. Pode ser escrito em versos prosas,onde a narrativa é passado mas a obra sendo repetição de fatos torna-se presente. O discurso direto, o diálogo são formas básicas da linguagem, sua principal característica é o conflito.

 “ Escrevo peças , porque escrever diálogos é a única maneira respeitável de você se contradizer” (Tom Stoppard).

 Tragédia:  tematiza  paixões,vícios  humanos ,personagens nobres sobre questões de poder e honra.

Comédia: fatos comuns da vida curriqueira. Objetivo: crítica dos costumes provocando risos.

Durante a Idade Media outras modalidades tornaram-se popular.

Auto: peça curta de cunho religioso,representa entidades abstratas (virtude,hipocrisia,luxuria...)O conteúdo simbólico é moralizante.

Farça: pequena peça,cujo conteúdo envolve situações ridículas ou grotescas. Objetivo  criticar os costumes pela ridicularização. 

 NARRATIVO(ÉPICO)

Nos poemas épicos,são tematizados os feitos grandiosos relacionados a personagens heróicos ( epopeia).Função representar sentimentos e valores coletivos(Odisseia de Homero , 500-480 a.C.)  Característica narrativa, personagem, ação,espaço,tempo. Classificam-se em: romance,novela,conto e fábula.

 Romance: policial, psicológico, histórico e regionalista.

Novela: sua estrutura valoriza a ação.

Conto: narrativo, curto e simples. Conflito único.

Fábula: narrativa de caráter pedagógico,simples de curta duração. Objetivo: transmitir princípios de natureza moral e ética, tendo como personagem animal ou objetos inanimados.

   A PRODUÇÃO CULTURAL DA IDADE  MÉDIA

  Poucos homens sabiam ler e escrever na Europa, a produção e divulgação da cultura e do saber por muito tempo esteve ligado aos mosteiros e abadias. O ambiente religioso predominante que influenciou as obras eram de características medieval. ( visão teocêntrica) o mundo, que levava o ser humano a uma postura servil. A Igreja Católica era detentora do poder politico da época.

  TROVADORISMO GALEGO-Português.

 No amor cortês o trovador declara-se vassalo de uma dama , da mesma forma que na sociedade os vassalos juravam amar ao seu senhor feudal.

O lirismo galego português surgiu no final do sec..XII. A data de 1198 é considerado marco da literatura portuguesa. Por conta do aparecimento da famosa cantiga -  Ribeirinha Aguarvaia.

 CANTIGAS LIRICAS (de amor e de amigo)

 Cantigas de amor: exprime, paixão, amor não compreendido compaixão   eu lirico que suplica a atenção da mulher amada. ( eu lirico masculino).

Cantigas de amigo: exprime sentimento pelo amigo e predomina a temática da saudade. O senário ocorre  no encontro dos amantes sempre ligados à natureza. Introduz eu lirico feminino.

 Cantiga satíricas( de escarnio e maldizer).

 Escarnio: objetivo dizer mal de alguem, ironia- trocadilhos e jogos semânticos.

Maldizer: caracteriza a pessoa satirizada pela ofensa. As novelas de cavaleiros: desenvolvem-se em três ciclos estabelecidos de acordo com o herói que apresentam:

Ciclo clássico –  Guerra de Tróia – Aventuras de Alexandre Magno ( grande).

Cliclo arturiano de beltrão – O Rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda. 

Cliclo carolingio Francêr – Carlos Magno e os doze pares da França.

 O início de uma nova visão de mundo.

 Final do Sec. XIII, inicio do sec. XIV, surge na Europa, principalmente na Itália um movimento intelectual em que se desenvolve uma doutrina filosófica e uma nova postura artística: O Humanismo. ( Francesco Petrarca) Considerado o Pai do Humanismo.

   LITERATURA NO SÉCULO  XIX

Considerado o Século do desenvolvimento, do surgimento das principais ciências que temos hoje.

  Ciências Naturais: Biologia – Darwin – teoria da evolução.

                                 Física – Isaac Newton – Clássica e mecânica.

 Química – Alemães e franceses ( os que mais contribuíram) 

                                 Matemática – Furiè, Ficconat e outros.

  • Ciências Humanas: Antropologia – Os russos - seu apogeu se dá no século XX, com o estruturalismo de Liví Struss.

                                 Sociologia: Augusto Conte, Emille Durkheim.

                                 Psicologia – Pavlov, Wundt e outros.

   Literatura – Escolas  francesas , inglesas, alemãs e portuguesa.

 Universidades que mais se destacaram no mundo:

Sorbonne ( França), Bolonia (Itália), Oxford (Inglaterra) , Berlim e Colonia (Alemanha) , Havard (EUA). 

LITERATURA COMPARADA - HISTÓRICO

O surgimento da literatura comparada está vinculado à corrente de pensamento cosmopolita que caracterizou o seculo XIX, época em que comparar estruturas ou fenômenos análogos com a finalidade de extrair leis gerais foi dominante nas ciências naturais.  Comparado , termo derivado do latim “Comparativus” empregado na escrita desde a Idade Média.

 Em 1598 – Farnces Meres ,utiliza-o em seu “discurso comparado de nossos poetas ingleses, com os poetas gregos,latinos e italianos”. Utilizado em obras do sec. XVII e XVIII.

Em 1602 – William Fulbecke  publica. Um discuso comparado das leis e logo depois, surge a anatomia comparada dos animais selvagens de Jonh Gregory.

No Sec. XIX, sua difusão se dá sob a inspiração das lições de anatomia comparada de Cuvier (1800), da história comparada dos sistemas de filosofia de Degèrand (1804), e da Filosofia comparada (1833),de Blainville.

Na obra - Da Alemanha – (1800), de Mme de Stael , o espirito de analogia e da investigação estão presentes. “Da literatura considerada em suas relações com as Intituiçoes Sociais”.

Na França, se expande mais rapidamente a “Literatura comparada”, firmando-se ao empregar “Literatura” para designar um conjunto de obras, aceito sem discussão desde seu aparecimento.(no Dectionnaire Philosophique de Voltaire). Na Inglaterra e na Alemanha “Literatura” custou a ganhar esse conceito.

 Em 1816 , Noel e Laplace, publicam uma série de antologias de diversas literaturas intitulados de: “ Curso de Literatura Comparada”, apenas como coletânea de textos sem preocupação de confrontá-las.

 Abel François Villemain , no sec.XVII , ministrou em Sorbonne em 1828 e 18829, Em sua obra “Panorama da Literatura francesa no Sec.XVIII. Aplica não só literatura comparada , mas  “Panoramas comparados”, “Estudos comparados” e “História comparada”.

 Em 1830 J.J. Ampère em seu discurso “História da poesia”, refere-se a história comparativa das artes literárias e da Literatura e reemprega o título da obra em (1841), História da Literatura francesa da Idade Media comparada as Literaturas estrangeiras- assim ingressa na òrbita da crítica literaria via Sainte Beuve, que fez o elogio fúnebre desse autor , na Revue de Duex Monds, considerando-o fundador da literatura comparada.

Além de Ampère, pode se acrescentar dois novos autores Fhilarète e Charles (1835)

“ Nada vive isolado, todo mundo empresta todo mundo: este grande esforço de simpatias é universal e constante

Assim propõe uma visão conjunta da história da Literatura da Filosofia e da Política no College France (1841).

 EM OUTROS PAÍSES

Destaca-se na Alemanha Mariz Garrière – História comparativa da literatura.

Sua intenção desde a evolução da poesia, era integrar a L.C. A história geral da civilização. É em Berlim, que surge o primeiro periódico editado por Max Rock (1887-1910).

l  Na Inglaterra – Hutcheson Macaulay (1886), com a Obra: Comparative Literature.

l  Na Itália, De Sainctis (1863) em Nápoles.

l  Os Estados Unidos ,esperam a virada do secúlo, para assim criar Departamentos de Literatura comparada nas universidades de Columbia (1899) e Havard (1904) Mantendo as orientações da França, o comparativismo norte-americano será marcado pelos estudos de Irving Babbitt.

l  Em Portugal, depois do “precurssor” Teófilo Braga, o estudo “literatura compararada e crítica de fontes”, de Fidelino de Figueiredo. Obra: A crítica literária como ciência (1912), como trabalho pioneiro,  na questão metodológica.

  LITERATURA COMPARADA E LITERATURA GERAL

 Alguns autores consideram um campo mais amplo dos estudos comparados. René Wellek e Etiemble, não estabelecem diferença entre elas.

A Literatura Geral é também associada a “Literatura Mundial” conhecida pelo termo Weltliteratur, por Goethe em 1827.

Em oposição a expressão “ Literaturas Nacionais”, para ilustrar sua concepção de uma literatura de “fundo comum”, composta pela totalidade das grandes obras, uma espécie de biblioteca de obras primas.

Ainda de acordo com Goethe, a possibilidade de interação das literaturas entre sí corrigindo-se uma das outras.

Tendo portanto um sentido abrangente deixa transparecer o espírito de cosmopolitismo literário que favorece o surgimento de ambas no sec. XIX.

 PROPOSTAS CLÁSSICAS

 Estudos considerados clássicos, como proposta – Revue da Literatura Coparèe (1921)

Fernando Baldensperger e Paul Hazard. Na época seguiam duas orientaçoes básicas e complementares que dependia da existencia entre autores e obras ou entre autores e países.

A identificação de tais autores abriu caminhos para fontes de estudos de influencias, filiações, imitações, emprétimos e crescia o interesse pelo o acompanhamento do destino das obras, a “fortuna crítica”, for a do país de orígem. “ Goethe na França e Taine na Inglaterra”.

 A segunda orientação define os estudos comparados com a perspectiva histórica. Historiadores como Ferdinando Breneteire (1890 -1891), lança os pressupostos de história dos grandes movimentos literários no mundo ocidental. Gustove Lanson, investiga a influencia da Literatura espanhola nas letras classicas francesas e Emile Faguet ao dirigir o Revue Latino, de 1902 a 1908, adotará como – “Journal de Literature Comparèe”

  AS GRANDES ESCOLAS 

 Teve início com René Wellek, opondo-se ao historicismo dominante  dos mestres franceses e norte-americanos que voltam-se para o historicismo enquanto que a França,  tende a manter os estudos considerados clássicos.

Além da francesa, “escolas “ norte-americana e a Soviética. Com ela o New Criticism – movimento critico dos anos 30, nos EUA, a Soviética adota como princípio, a compreensão da Literatura como produto da sociedade.

 Bibliografia: Literatura Comparada. Tania Franco Carvalhal. Editora Atica-Revista Ampliada.2004.