¹ José Wilamy Carneiro Vasconcelos

 

Abençoa Pai do Céu

Da prosa que vou contar

Escutava desde pivete

Algo bom de falar

Cala-me quando é mentira

Essa verídica prosa

Na aventura de narrar

 

Contando eu acredito

Na história da verdade

Quando escrevo poesia

É pura felicidade

Encho-me de convicção

Eis uma gratidão

N’uma eterna vaidade

 

Poesia não tem idade 

Quando escrita com fervor

Quer menino! Ou gente grande!

Todas têm seu valor

Seja Conto! Seja prosa!

Poesia! É como rosa

Todas exalam AMOR!

 

 

Agora me vejo a contar

Uma história aprumada

De um estrangeiro francês

De situação elevada

Vindo lá da Paris!

A procura de sua Imperatriz

Uma eterna Namorada!

 

É uma longa História

Conta uma grande magia

De um estrangeiro francês

E uma donzela arredia

Um homem aprumado

Porém, inconformado

 Sem nenhuma alegria

 

Vou contar o que aconteceu

Meu caro e amigo leitor

Onde o causo tomou prumo

A verdadeira História de amor

De um turista francês

Com a donzela Marinês

Que logo desabrochou

 

Não é a primeira vez

Que um turista vem aqui nos visitar

Conhecer nosso Brasil

E depois se desfrutar

O carinho de nosso povo

Trabalhador, forte e amoroso

Faz qualquer estrangeiro se apaixonar 

 

O turista, pelo Brasil se identificou

Com seu povo arraigado

Visitou pontos turísticos

Até o Corcovado

Foi ver o Pantanal

Um imenso matagal

Brasil: Um País encantado

 

Conheceu a Capital do Brasil

Os representantes da Nação

Viu tudo como funciona

Até a tal corrupção

Mas, seu intuito era aventura

Ver um povo de bravura!

E de um grande coração.

 

Desbravou a Mata Atlântica,

O Recôncavo Baiano

No litoral em Salvador.

Glamoroso Resolt praiano

A Bahia de Todos-os-Santos...

Para os seus olhos! Encantos

E famosos cantores: Ivete e Caetano!

 

Andou de Norte a Sul

No Norte: Visitou Pará

A grande Floresta Amazônica

Comeu assai,  jambu e tacacá

No Sul: Os ingredientes da região

Arroz carreteiro, polenta e chimarrão

E os indígenas do Amapá

 

Na região do Pará

Logo veio a imaginação

Estudou seu povo

Todos daquela Região,

Conheceu uma bela Índia...

Seu linguajá não fluente ainda

Mas, o cacique não deu aprovação.

 

Pois, como dizem por lá

O relacionamento não aprovou

O pai da moça é Tupã

O namoro do turista: Encruou!

O caso ficou muito sério

Foi parar no Ministério,

E o estrangeiro perdeu seu talismã.

 

Aí se viu avexado

Como se diz aqui no Ceará

Andou nesse imenso mundão

Pois queria casar

Encontrar um amor perdido

Estava ele desiludido

Queria uma donzela pra relaxar

 

Mas, nesse mundo moderno

As coisas estão liberais

Pra encontrar alguém assim

Só filha de General

Pois em seu país de origem

Só arrumava vertigem

Fato não é sobrenatural.

 

Depois de andar por longo tempo

Desbravando toda região

Andando do Oiapoque ao Chuí

Decidiu desbravar o sertão

Pra encontrar seu grande amor

Pra viver com fervor

E acalentar seu coração

 

O francês foi numa Agência de Viagem

Que encontrou pela ”Internet”

As lindas praias nordestinas

E seu povo ‘Cabra da Peste”

O grande litoral cearense

Fez amizade com um sobralense

Encantou-se com o “Sertão e Agreste”

 

O turista tentou a sorte grande

Pois tudo estava escrito

Na Lua e nas estrelas

Que virou manuscrito

Um amor verdadeiro

Que não foi passageiro

Com benção de São Benedito

 

Algo ficou engraçado

Pois o Francês Josep era cientista

Fez amizade com um cearense

Trovador, poeta e cordelista,

Morava nas bandas de cá

Desse imenso Ceará!

E se chamava Batista.

 

 

Os dois cabras conversaram de tudo

Como forma de desabafo

Um turista! O outro cearense!

Dois sujeitos aprumados,

O cearense Batista: Empresário!

O francês cientista: Diplomado!

Cidadãos bem endinheirados.

 

Foi aí que veio a tal surpresa

Quando avistou no pacote

Um lugarzinho bem distante

Longe da região Norte!

Escondido do Mundo

Veio mudar sua sorte.

 

Viu o turista que não existia no mapa

Retrucou para o cabeça chata

Tá me gozando cearense!

Ou me achas cara de lata?

Se não existe o lugar,

Como irei casar?

Assim embrenharei na mata!

 

Aí o cearense logo se irritou

Cabra da peste não se avexe!

 Cearense não é disso não! Viu

Siga com sua Prece...

Fique atento home!

Zelo por meu nome

Ademais!  Não perca sua prece!

 

 

Compre sua passagem

Se for isso que o senhor deseja

Vá procurar seu destino

Viva sua realeza

No ceará “O povo é trabalhador”

Porém muito sonhador

Afirmo-lhe com toda certeza!

 

 

Ô turista Cientista

Já sei o que quer!

Arrumar uma moça bonita

Pra fazer sua muiér!

Sei onde encontrar,

Mas, estás a desconfiar.

Deixa isso, com Miguér!

 

Tenho uma prima lá do Ceará

No interior do meu sertão,

É uma donzela aprumada!

 Que tenho muito afeição.

Ta doidinha pra casar...

Pra ter filhos e cuidar

De sua nova geração.

 

O lugarzinho é lá no meu sertão

Bom! Pacato!  Exuberante!

 “MUTUCA” é o seu nome

Povoado fino e Elegante!

Lá tem de tudo

Riacho, forró e enduro

Um povo fiel e amante.

 

 

O nome tem uma dicotomia

É nome de inseto e povoado!

Mas não deixa de ser um apelido,

Desse povo tímido e arretado

Fica logo no sertão!

Turista francês! Meu irmão,

Lugar simples e aprumado.

 

  

Teve esse nome como apelido,

Essa gente da região

Por semelhança do bicho MUTUCA

No formato de cabeção

O inseto tem grande cabeça

Mesmo que nada apareça

Fizeram a nós essa comparação   

 

A mutuca tem olhos grandes

Pra bem o enxergar

Quando estiver na mata

Pra poder se alimentar

Vêm do Tupi  mu’Tuka

Que ninguém o escuta

Pra poder assim picar!

 

Nomes os povoados têm

Assim é o Município: Cascavel

Um! Nome de animal

Com noiva em seu vél

Cascavel nome de Aldeia

Outro! Como abelha,

Que produz seu mel.

 

 

A Mutuca é terra antiga

Que se formou antes de Sobral

Da Vila Distinta de Outrora

Com D. José homem episcopal

Formando seu povo destemido

Num brado forte e aguerrido

No palácio oficial

 

 

N’ela existe uma prosa

Quem conhece jamais se habilita

Chama-se a Mutuca de lenda

Logo seu povo se irrita

Quem apontar o dedo

Até nesse enredo

Vira até intriga

 

  

Quem nasceu na Mutuca

Nolmal falar da gente 

De pronto vai negar

Se você bater de frente

Ele diz com afirmação

Para sua convicção

“Não sou desse lugar”

 

 

Homem disso não tem jeito!

Todo sobralense que veio do sertão

Nascido ou criado nesse mundo

Filho de Pedro! Raimundo! João!

Mutuca é sua localidade

Quer esteja no campo ou Cidade

Todos brotaram dessa região. 

 

 

Caro amigo leitor

Após muito estudar

Onde nasceram os mutuquenses

Venho aqui lhe informar

Que é gente de boa praça

Porém de muita graça

Pra sua gente! Confortar

 

 

Há um eterno conflito

Onde é a Mutuca verdadeira

Uns dizem que é no São José

Outros afirmam que é asneira

Um bom pesquisador da região

Tem que ser bom cidadão

Ou isso vira eira nem beira

 

 

Muita história ouviu dizer

Que a Mutuca não existe

Pois o correio queria mandar

Uma carta para Ideuzuíte

Perguntaram todos de lá

Era aqui ou acolá

Ô Carteiro: Pra que insiste?  

 

 

Um dia veio um aventureiro

Saiu pedindo informação

Pra Mutuca passear

Foi uma decepção

Arrumou muita intriga

Saiu com a cantiga

Mutuca é só invenção

 

 

Um fato é de enobrecer

Quando chega o grande leilão

Na Matriz da Igrejinha

De Nossa Senhora da Conceição

Em São José do Patriarca

Todo mundo se abarca

Vira uma grande multidão

 

 

Vem gente de todo canto

Dos quatro cantos das Cidades

Uns que moram longe

Todos já celebridade

Visitam seus parentes

Amigos, conterrâneos influentes

Gente de toda idade

 

 

Nesse momento sublime

Todos vêm se cumprimentar

São povos da Mutuca

Que muitos vão inventar

Aparece aos milhares

Vira até milagres

De a população felicitar

 

 

O dia de Todos os Santos

Que chamamos de Finados

Muita gente se aglomera

No cemitério arraigado

Parece que nem formigueiro

Em cima do açucareiro

Visitando parentes com muito grado

 

 

 Uma grande festa acontecia

Era tempo de tradição

O Forró da Mutuca

No interior do sertão

Vinha gente dos quatros cantos

Um verdadeiro encanto

Formando grande multidão

 

 

Tocava um bom Pé de Serra

E tinha seu grande feitor

Era Nilson Carneiro

Seu maior idealizador

Três décadas de chitão

Levantando poeira no chão

Visitado por todos: Até doutor

 

 

 A festa era uma relíquia

Aquela belezura

Moças bonitas aprumadas

Numa verdadeira candura

Chitão de qualidade

Pra qualquer idade

Todos com muita lisura 

 

 

 Agora todos têm consciência

É povoado de respeito.

Mutuca não é mito,

Sou um pouco suspeito!

De nosso povo falar...

Mas, não posso calar

Onde tenho meu apreço!

 

 

Todos agora já conheceram

Da minha honrosa afeição

Da localidade Mutuca

Tenho eterna gratidão

Pois lá foi onde nasci

Que também cresci

Nesse pedacinho do sertão

 

 

Vamos agora continuar

O que mais interessa

 Pois meu caro leitor

Sei que tens grande pressa

Da aventura do francês

 E donzela Marinês

Antes que ele se estressa

 

 

 

Marines! Uma linda moça

Que bela donzela

De pudor sem igual

O verdadeiro nome dela

Possui muitos dotes

De traços e pernas fortes

Quem nem atriz: Manoela

 

 

A donzela mora na MUTUCA

Você vai ter que encarar

O povo é bem valente

Nada de se engraçar

É terra de Senador!

Muitos, até doutor...

Pra homem nenhum caçoar.

 

 

O turista perdeu o rebolado

Com gabância ficou arrependido

Viu Marinês pela foto

Ficou de queixo caído.

Onde se enfiou uma princesa

Com ela: Caso com certeza

Pra MUTUCA vou até falido.

 

 

Calma turista apressado

Vamos logo fazer um trato

Se casar com minha prima

Tem assinar um contrato!

Padre, Juiz e padrinho...

Como diz o pergaminho

Tudo feito e arrumado!

 

 

Mal sabia o turista,

Que MUTUCA era um povoado

Num processo de urbanização

De um povo bem humorado!

Todos numa só missão

Que gostavam de procissão

E todos bem apresentados!

 

 

Antes de apresentar a Donzela

O turista a Mutuca quis conhecer

Foi de um lugar a outro

Mostrar seu francês

Com sotaque aprumado

Da Mutuca: Arrastado

Se fizeram frequês.

 

 

Só através de um guia

Muitos vieram pra cá

Com dúvida o turista

Procurou aqui e acolá

A localidade da Mutuca

Que muitos chamam Butuca

Veio logo a encontrar

 

 

Joseph, o turista francês

Veio com muita simpatia

 Conheceu o pai da moça

Sua irmã, prima e tia!

Fez amizade na região

Foi aquela emoção

Rolou até cantoria.

 

 

Quando viu a donzela

Que atendia com firmeza

Marines! Moça simples

Sem muita realeza

Era daqui do sertão

Nunca saiu da região

Porém, tinha muita beleza

 

 

Os dias foram passando

Muita festa foi tocada

Os noivos trocaram aliança

O francês e sua namorada

A Mutuca ficou conhecida

Na frança reconhecida

Virou sua eterna morada

 

 

Chegou o dia da partida

Os pais da moça em aflição!

Perdeu a única filha donzela

Para um turista cidadão

Veio só pra casar!

Não queria morar...

Só cumprir sua missão.

 

 

Marinês era só alegria

Da Mutuca vou sair

Casada com turista francês

Minha sina vou seguir...

Dou notícias de lá

Pois aqui é meu lugar...

Minha vida progredir.

 

 

Mas uma coisa ela se chateou

Preste bem atenção!

Vou sair da Mutuca,

Aqui fica meu coração.

Morrerei de saudade

Que será uma eternidade

Mutuca é minha região!

 

 

Na cidade de Sobral

Uma bairro fui visitar

Conhecido da população

Fácil de chegar lá...

Fica no centro da Cidade

Pois só mora personalidade

As mutuquenses se escondem lá

 

 

Ao avistar o Arco de Nossa Senhora

Bairro: Conhecido como Pedrinhas

Tem Mutuquense a doidão

Há gente que nem farinha

Numa casa! Outra não!

É MUTUCA de montão

Enlatado que nem sardinha.

 

 

Mutuca tem em todo lugar

Povo bom e trabalhador

Metade de Sobral é de lá

É gente de bom humor

Pois contam sua própria lorota

Que de repente vira anedota!

Criaturas com muito valor.

 

 

E aqui termino minha sina

De contar casos da região!

Dum povo bravo e lutador,

Que tem um bom coração...

A localidade MUTUCA existe.

Para muitos, não desiste!

Nesse interior do nosso sertão.

 

 

¹ José Wilamy Carneiro Vasconcelos é professor, pesquisador, poeta, cordelista. Graduado em Ciências (MATEMÁTICA), pela Universidade Estadual Vale do Acaraú no Ceará. Formado em Direito pela (flf) Faculdade Luciano Feijão - Sobral – CE.