LITERATURA DE CORDEL – A AVENTURA DO TURISTA FRANCÊS QUE CONHECEU A MUTUCA E SE APAIXONOU PELA DONDELA MARINÊS
Publicado em 08 de novembro de 2017 por Jose Wilamy Carneiro Vasconcelos
¹ José Wilamy Carneiro Vasconcelos
Abençoa Pai do Céu
Da prosa que vou contar
Escutava desde pivete
Algo bom de falar
Cala-me quando é mentira
Essa verídica prosa
Na aventura de narrar
Contando eu acredito
Na história da verdade
Quando escrevo poesia
É pura felicidade
Encho-me de convicção
Eis uma gratidão
N’uma eterna vaidade
Poesia não tem idade
Quando escrita com fervor
Quer menino! Ou gente grande!
Todas têm seu valor
Seja Conto! Seja prosa!
Poesia! É como rosa
Todas exalam AMOR!
Agora me vejo a contar
Uma história aprumada
De um estrangeiro francês
De situação elevada
Vindo lá da Paris!
A procura de sua Imperatriz
Uma eterna Namorada!
É uma longa História
Conta uma grande magia
De um estrangeiro francês
E uma donzela arredia
Um homem aprumado
Porém, inconformado
Sem nenhuma alegria
Vou contar o que aconteceu
Meu caro e amigo leitor
Onde o causo tomou prumo
A verdadeira História de amor
De um turista francês
Com a donzela Marinês
Que logo desabrochou
Não é a primeira vez
Que um turista vem aqui nos visitar
Conhecer nosso Brasil
E depois se desfrutar
O carinho de nosso povo
Trabalhador, forte e amoroso
Faz qualquer estrangeiro se apaixonar
O turista, pelo Brasil se identificou
Com seu povo arraigado
Visitou pontos turísticos
Até o Corcovado
Foi ver o Pantanal
Um imenso matagal
Brasil: Um País encantado
Conheceu a Capital do Brasil
Os representantes da Nação
Viu tudo como funciona
Até a tal corrupção
Mas, seu intuito era aventura
Ver um povo de bravura!
E de um grande coração.
Desbravou a Mata Atlântica,
O Recôncavo Baiano
No litoral em Salvador.
Glamoroso Resolt praiano
A Bahia de Todos-os-Santos...
Para os seus olhos! Encantos
E famosos cantores: Ivete e Caetano!
Andou de Norte a Sul
No Norte: Visitou Pará
A grande Floresta Amazônica
Comeu assai, jambu e tacacá
No Sul: Os ingredientes da região
Arroz carreteiro, polenta e chimarrão
E os indígenas do Amapá
Na região do Pará
Logo veio a imaginação
Estudou seu povo
Todos daquela Região,
Conheceu uma bela Índia...
Seu linguajá não fluente ainda
Mas, o cacique não deu aprovação.
Pois, como dizem por lá
O relacionamento não aprovou
O pai da moça é Tupã
O namoro do turista: Encruou!
O caso ficou muito sério
Foi parar no Ministério,
E o estrangeiro perdeu seu talismã.
Aí se viu avexado
Como se diz aqui no Ceará
Andou nesse imenso mundão
Pois queria casar
Encontrar um amor perdido
Estava ele desiludido
Queria uma donzela pra relaxar
Mas, nesse mundo moderno
As coisas estão liberais
Pra encontrar alguém assim
Só filha de General
Pois em seu país de origem
Só arrumava vertigem
Fato não é sobrenatural.
Depois de andar por longo tempo
Desbravando toda região
Andando do Oiapoque ao Chuí
Decidiu desbravar o sertão
Pra encontrar seu grande amor
Pra viver com fervor
E acalentar seu coração
O francês foi numa Agência de Viagem
Que encontrou pela ”Internet”
As lindas praias nordestinas
E seu povo ‘Cabra da Peste”
O grande litoral cearense
Fez amizade com um sobralense
Encantou-se com o “Sertão e Agreste”
O turista tentou a sorte grande
Pois tudo estava escrito
Na Lua e nas estrelas
Que virou manuscrito
Um amor verdadeiro
Que não foi passageiro
Com benção de São Benedito
Algo ficou engraçado
Pois o Francês Josep era cientista
Fez amizade com um cearense
Trovador, poeta e cordelista,
Morava nas bandas de cá
Desse imenso Ceará!
E se chamava Batista.
Os dois cabras conversaram de tudo
Como forma de desabafo
Um turista! O outro cearense!
Dois sujeitos aprumados,
O cearense Batista: Empresário!
O francês cientista: Diplomado!
Cidadãos bem endinheirados.
Foi aí que veio a tal surpresa
Quando avistou no pacote
Um lugarzinho bem distante
Longe da região Norte!
Escondido do Mundo
Veio mudar sua sorte.
Viu o turista que não existia no mapa
Retrucou para o cabeça chata
Tá me gozando cearense!
Ou me achas cara de lata?
Se não existe o lugar,
Como irei casar?
Assim embrenharei na mata!
Aí o cearense logo se irritou
Cabra da peste não se avexe!
Cearense não é disso não! Viu
Siga com sua Prece...
Fique atento home!
Zelo por meu nome
Ademais! Não perca sua prece!
Compre sua passagem
Se for isso que o senhor deseja
Vá procurar seu destino
Viva sua realeza
No ceará “O povo é trabalhador”
Porém muito sonhador
Afirmo-lhe com toda certeza!
Ô turista Cientista
Já sei o que quer!
Arrumar uma moça bonita
Pra fazer sua muiér!
Sei onde encontrar,
Mas, estás a desconfiar.
Deixa isso, com Miguér!
Tenho uma prima lá do Ceará
No interior do meu sertão,
É uma donzela aprumada!
Que tenho muito afeição.
Ta doidinha pra casar...
Pra ter filhos e cuidar
De sua nova geração.
O lugarzinho é lá no meu sertão
Bom! Pacato! Exuberante!
“MUTUCA” é o seu nome
Povoado fino e Elegante!
Lá tem de tudo
Riacho, forró e enduro
Um povo fiel e amante.
O nome tem uma dicotomia
É nome de inseto e povoado!
Mas não deixa de ser um apelido,
Desse povo tímido e arretado
Fica logo no sertão!
Turista francês! Meu irmão,
Lugar simples e aprumado.
Teve esse nome como apelido,
Essa gente da região
Por semelhança do bicho MUTUCA
No formato de cabeção
O inseto tem grande cabeça
Mesmo que nada apareça
Fizeram a nós essa comparação
A mutuca tem olhos grandes
Pra bem o enxergar
Quando estiver na mata
Pra poder se alimentar
Vêm do Tupi mu’Tuka
Que ninguém o escuta
Pra poder assim picar!
Nomes os povoados têm
Assim é o Município: Cascavel
Um! Nome de animal
Com noiva em seu vél
Cascavel nome de Aldeia
Outro! Como abelha,
Que produz seu mel.
A Mutuca é terra antiga
Que se formou antes de Sobral
Da Vila Distinta de Outrora
Com D. José homem episcopal
Formando seu povo destemido
Num brado forte e aguerrido
No palácio oficial
N’ela existe uma prosa
Quem conhece jamais se habilita
Chama-se a Mutuca de lenda
Logo seu povo se irrita
Quem apontar o dedo
Até nesse enredo
Vira até intriga
Quem nasceu na Mutuca
Nolmal falar da gente
De pronto vai negar
Se você bater de frente
Ele diz com afirmação
Para sua convicção
“Não sou desse lugar”
Homem disso não tem jeito!
Todo sobralense que veio do sertão
Nascido ou criado nesse mundo
Filho de Pedro! Raimundo! João!
Mutuca é sua localidade
Quer esteja no campo ou Cidade
Todos brotaram dessa região.
Caro amigo leitor
Após muito estudar
Onde nasceram os mutuquenses
Venho aqui lhe informar
Que é gente de boa praça
Porém de muita graça
Pra sua gente! Confortar
Há um eterno conflito
Onde é a Mutuca verdadeira
Uns dizem que é no São José
Outros afirmam que é asneira
Um bom pesquisador da região
Tem que ser bom cidadão
Ou isso vira eira nem beira
Muita história ouviu dizer
Que a Mutuca não existe
Pois o correio queria mandar
Uma carta para Ideuzuíte
Perguntaram todos de lá
Era aqui ou acolá
Ô Carteiro: Pra que insiste?
Um dia veio um aventureiro
Saiu pedindo informação
Pra Mutuca passear
Foi uma decepção
Arrumou muita intriga
Saiu com a cantiga
Mutuca é só invenção
Um fato é de enobrecer
Quando chega o grande leilão
Na Matriz da Igrejinha
De Nossa Senhora da Conceição
Em São José do Patriarca
Todo mundo se abarca
Vira uma grande multidão
Vem gente de todo canto
Dos quatro cantos das Cidades
Uns que moram longe
Todos já celebridade
Visitam seus parentes
Amigos, conterrâneos influentes
Gente de toda idade
Nesse momento sublime
Todos vêm se cumprimentar
São povos da Mutuca
Que muitos vão inventar
Aparece aos milhares
Vira até milagres
De a população felicitar
O dia de Todos os Santos
Que chamamos de Finados
Muita gente se aglomera
No cemitério arraigado
Parece que nem formigueiro
Em cima do açucareiro
Visitando parentes com muito grado
Uma grande festa acontecia
Era tempo de tradição
O Forró da Mutuca
No interior do sertão
Vinha gente dos quatros cantos
Um verdadeiro encanto
Formando grande multidão
Tocava um bom Pé de Serra
E tinha seu grande feitor
Era Nilson Carneiro
Seu maior idealizador
Três décadas de chitão
Levantando poeira no chão
Visitado por todos: Até doutor
A festa era uma relíquia
Aquela belezura
Moças bonitas aprumadas
Numa verdadeira candura
Chitão de qualidade
Pra qualquer idade
Todos com muita lisura
Agora todos têm consciência
É povoado de respeito.
Mutuca não é mito,
Sou um pouco suspeito!
De nosso povo falar...
Mas, não posso calar
Onde tenho meu apreço!
Todos agora já conheceram
Da minha honrosa afeição
Da localidade Mutuca
Tenho eterna gratidão
Pois lá foi onde nasci
Que também cresci
Nesse pedacinho do sertão
Vamos agora continuar
O que mais interessa
Pois meu caro leitor
Sei que tens grande pressa
Da aventura do francês
E donzela Marinês
Antes que ele se estressa
Marines! Uma linda moça
Que bela donzela
De pudor sem igual
O verdadeiro nome dela
Possui muitos dotes
De traços e pernas fortes
Quem nem atriz: Manoela
A donzela mora na MUTUCA
Você vai ter que encarar
O povo é bem valente
Nada de se engraçar
É terra de Senador!
Muitos, até doutor...
Pra homem nenhum caçoar.
O turista perdeu o rebolado
Com gabância ficou arrependido
Viu Marinês pela foto
Ficou de queixo caído.
Onde se enfiou uma princesa
Com ela: Caso com certeza
Pra MUTUCA vou até falido.
Calma turista apressado
Vamos logo fazer um trato
Se casar com minha prima
Tem assinar um contrato!
Padre, Juiz e padrinho...
Como diz o pergaminho
Tudo feito e arrumado!
Mal sabia o turista,
Que MUTUCA era um povoado
Num processo de urbanização
De um povo bem humorado!
Todos numa só missão
Que gostavam de procissão
E todos bem apresentados!
Antes de apresentar a Donzela
O turista a Mutuca quis conhecer
Foi de um lugar a outro
Mostrar seu francês
Com sotaque aprumado
Da Mutuca: Arrastado
Se fizeram frequês.
Só através de um guia
Muitos vieram pra cá
Com dúvida o turista
Procurou aqui e acolá
A localidade da Mutuca
Que muitos chamam Butuca
Veio logo a encontrar
Joseph, o turista francês
Veio com muita simpatia
Conheceu o pai da moça
Sua irmã, prima e tia!
Fez amizade na região
Foi aquela emoção
Rolou até cantoria.
Quando viu a donzela
Que atendia com firmeza
Marines! Moça simples
Sem muita realeza
Era daqui do sertão
Nunca saiu da região
Porém, tinha muita beleza
Os dias foram passando
Muita festa foi tocada
Os noivos trocaram aliança
O francês e sua namorada
A Mutuca ficou conhecida
Na frança reconhecida
Virou sua eterna morada
Chegou o dia da partida
Os pais da moça em aflição!
Perdeu a única filha donzela
Para um turista cidadão
Veio só pra casar!
Não queria morar...
Só cumprir sua missão.
Marinês era só alegria
Da Mutuca vou sair
Casada com turista francês
Minha sina vou seguir...
Dou notícias de lá
Pois aqui é meu lugar...
Minha vida progredir.
Mas uma coisa ela se chateou
Preste bem atenção!
Vou sair da Mutuca,
Aqui fica meu coração.
Morrerei de saudade
Que será uma eternidade
Mutuca é minha região!
Na cidade de Sobral
Uma bairro fui visitar
Conhecido da população
Fácil de chegar lá...
Fica no centro da Cidade
Pois só mora personalidade
As mutuquenses se escondem lá
Ao avistar o Arco de Nossa Senhora
Bairro: Conhecido como Pedrinhas
Tem Mutuquense a doidão
Há gente que nem farinha
Numa casa! Outra não!
É MUTUCA de montão
Enlatado que nem sardinha.
Mutuca tem em todo lugar
Povo bom e trabalhador
Metade de Sobral é de lá
É gente de bom humor
Pois contam sua própria lorota
Que de repente vira anedota!
Criaturas com muito valor.
E aqui termino minha sina
De contar casos da região!
Dum povo bravo e lutador,
Que tem um bom coração...
A localidade MUTUCA existe.
Para muitos, não desiste!
Nesse interior do nosso sertão.
¹ José Wilamy Carneiro Vasconcelos é professor, pesquisador, poeta, cordelista. Graduado em Ciências (MATEMÁTICA), pela Universidade Estadual Vale do Acaraú no Ceará. Formado em Direito pela (flf) Faculdade Luciano Feijão - Sobral – CE.