TRABALHO EXTRACLASSE COMO COMPLEMENTO DA CARGA HORÁRIA DA DISCIPLINA EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA

INTRODUÇÃO 

As linguagens oral e escrita têm uma base cultural. A cultura, ao mesmo tempo em que gera a língua, é gerada pela língua. Por meio da linguagem, os grupos humanos formam sua identidade, se organizam e nomeiam atividades de sobrevivência, crenças, valores e artes. Por esses motivos, a língua é um saber coletivo dinâmico (SILVA, 2012).

A oralidade é uma prática social de interação com fim comunicativo. Abrange desde uma realização informal à mais formal, a depender do uso. O letramento envolve variadas práticas de escrita, e abrange desde a mínima até a mais profunda apropriação da escrita (MARCUSCHI, 2005).

De acordo com Lisboa (2010), o domínio da linguagem oral e escrita é fundamental para a participação da criança na sociedade em que está inserida, visto que é por meio delas que o homem se comunica, tem acesso a informações, produz conhecimento.

Entretanto, na educação infantil, além da linguagem oral e escrita, faz-se mister preocupar-se com o entendimento e a análise adequada da linguagem corporal também. 

1.LINGUAGEM CORPORAL 

A linguagem corporal está diretamente ligada à convivência em sociedade, pois está atrelada aos costumes de cada sociedade. A limitação da linguagem corporal, assim, poderia limitar as expectativas e possibilidades das crianças.

A criança que tem a possibilidade de interagir com colegas ou manipular objetos desencadeia a construção de referenciais de comunicação. Quanto mais trocas com o meio, maior o “vocabulário gestual”, e assim, maiores as possibilidades de comunicação por meio dessa linguagem (a corporal).

Carmo Junior (1995) cita que:

"Com a descoberta da linguagem, a criança encontra sua humanidade, autêntica, física e direta. É o primeiro esplendor da vontade viva e vigorosa, métrica e poética. Neste sentido, o corpo biologicamente instituído no mundo se oferece à primeira dança da vida. No verdadeiro sentido da representação, todo ser é artista e todo ato faz sentido. Eis uma noção da subjetividade corporal, quando se manifesta nos códigos do gesto humano, o jogo humano da palavra com as coisas". (p. 19, 1995)

Ao limitar as experiências das crianças de expressar-se por meio dos movimentos, acaba-se por forçar um retrocesso de um aprendizado latente.

Foucault (1987), em sua obra Vigiar e Punir, já descrevia os resultados do controle disciplinar, uma forma das Instituições Sociais manterem a população passiva e alienada, facilitando o desenvolvimento da exploração social. Segundo ele,

"O controle disciplinar não consiste simplesmente em ensinar ou impor uma série de gestos definidos; Impõe a melhor relação entre o gesto e a atitude global do corpo, que é sua condição de eficácia e rapidez. No bom emprego do corpo, que permite um bom emprego do tempo, nada deve ficar ocioso ou inútil: tudo deve ser chamado a formar o suporte do ato requerido. Um corpo bem disciplinado forma o contexto de realização do mínimo gesto. Uma boa caligrafia, por exemplo, supõe uma ginástica - uma rotina cujo rigorosa código abrange o corpo por inteiro, da ponta do pé à extremidade do indicador". (p. 130, 1987)

Pode-se perceber que tal postura limitadora é reprovável em nossas concepções de educação, entretanto normalmente reproduzida por meio de uma ruptura na utilização de atividades lúdicas entre a pré-escola e o ciclo I do Ensino Fundamental.

CONCLUSÃO 

Pode-se verificar a priorização na aquisição das linguagens oral e escrita desde o início do processo educacional no brasil, e que são linguagens de importância ímpar. Entretanto, é notável a desatenção quanto à necessidade da formação da linguagem corporal, que facilitará a socialização e a coordenação motora da criança em seus primeiros anos escolares.

Apesar de ser entendida como essencial por autores diversos, parece ser desconsiderada por grande parte dos educadores.  

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARMO JUNIOR, Wilson do. A Brincadeira de corpo e alma numa escola sem fim: reflexões sobre o belo e o lúdico no ato de aprender. São Paulo: Revista Motriz. Vol. 1, nº1, p. 15- 24, junho/1995.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 1987.

LISBOA, Monalisa. O português falado e escrito. Disponível em: <www.webartigos.com/artigos/o-portugues-falado-e-escrito/31885. Publicado em: 30 jan 2010. Acesso em: 31 out 2013.

MARCUSCHI, Luiz A. da fala para a escrita: atividades de retextualização. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2005.

SILVA, Andressa S. Linguagem como formadora da moral. Disponível em: <www.webatyigos.com/artigos/linguagem-como-formadora-da-moral/84089. Publicado em: 12 fev 2012. Acesso em: 31 out 2013.