Lidando com crianças e adolescentes filhos de outrem

Por Adroaldo Clovis Jeronimo | 11/10/2015 | Crônicas

Valendo-se do meu hábito de analisar processos, estive observando as tarefas de pessoas do meu relacionamento que trabalham com o cuidar de crianças e adolescentes advindas de abandono e maus tratos e, depois de ler alguns textos do livro ANGER AND FORGIVENESS do Dr. Raymond L Richmond então resolvi escrever este editorial.

Para começar vale meditar sobre que todas as nossas dificuldades interpessoais, sejam do passado sejam do presente são à base dos sentimentos de ira como resultado de situações emocionais e abandono. Com raras excessões, alguns de nos não carregamos o espirito de vingança, mas a maioria consciente ou inconcientemente tende a infligir atitudes de vingança sobre as pessoas ao seu redor e, portanto negligenciando suas necesidades fisicas e emocionais.

Na realidade, a ira é uma tentativa de réplica de pessoas que considera que outrem as tenham ferido e, muitas vezes pessoas outras que não o fizeram tornam-se componentes dessa vingança como, por exemplo, Pajens e Cuidadoras que trabalham no segmento do Estatuto da Criança e da Juventude. Felizmente, embora, não tanto, o masoquismo pode complicar mais esta situação como, por exemplo, a automutilação que também pode funcionar como um fator de vingança. Isso explica as tentativas de suicídio. Psicologicamente, tudo indica que o suicídio atenda o desejo de silenciar a ira. A situação se complica mais ainda com as drogas, o álcool e a sexualidade usada para silenciar a raiva. Na realidade essas tentativas nada mais são do que uma maneira de chamar a atenção para a própria raiva que, obviamente isso não pode ser bem sucedido. A raiva é um fator difícil de ser entendido, principalmente em um ser ególatra. Quando um bebê está agitado e chorando de forma agressiva a única maneira de acalma-lo é descobrir o que ele precisa, exatamente o que grande parte dos pais não se preocupa em fazer, talvez por não saber como fazer.

Um problemão é quando a criança começa a entender as coisas e então acha, por exemplo, que seu pai a abandonou emocionalmente e também fisicamente. Segundo pesquisado pelo mundo afora os distúrbios de personalidade advém de pais viciados em bebidas e drogas e também com a forma de viver ilegalmente. Por outro lado uma mãe áspera e crítica sem saber discernir o que é o verdadeiro amor leva a criança a querer ficar longe da mãe. Então, meu caro leitor imagine as dificuldades das pessoas que lidam com crianças e adolescentes que habitualmente criam um barreira de proteção fechando-se emocionalmente.

Cabe enfatizar que as pesquisas pelo mundo afora tem domonstrado que na fase da adolescencia e adulta a revolta e raiva continua. Ora, as pessoas que lidam no dia-a-dia com crianças e adolescentes com esse perfil estão sujeitas a atitudes fúteis dessas drianças e adolescentes a busca de motivos para confundir as pessoas a sua volta. Isso para justificar o afastamento das pessoas assim como afastaram seus próprios pais. Na realidade os atos de ofender as pessoas têm o objetivo de afasta-las e assim confrontar seu estado de frustação e também por acreditar que com essas pessoas longe esta evitando o aumento de sua raiva.

Quando crianças e adolescentes se submetem a situações de lidar com pais disfuncionais, especialmente com mães exigentes sem critério e pais ausentes seja fisicamente ou emocionalmente a tendência é que essas crianças e adolescentes aprendam a suprir suas próprias nescessidades, na maioria das vezes de forma irregular. Essencialmente, as crianças e adolescentes, oriundas de abandono e maus tratos tendem a esconder seus verdadeiros pensamentos e sentimentos por achar que esse é o caminho mais seguro para sobreviver.

Por fim, partindo dos conceitos de lidar com pessoas eu acho que o Estatuto da Criança e da Juventude (ECA) sob o ponto de vista de projeto se caracteriza pela intangibilidade, mas quando posto em prática então se transforma em tangível. Na prática temos observado que isso produz inúmeras interações contraditórias entre os poderes legislativo, executivo e judiciário, produzindo uma série de prejulgamentos precipitados que poderiam ser evitados se primeiro fossem absorvidas e melhor discernidas as condições de intangibildiade e tangibilidade acima citadas.

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