SINOPSE DO CASE: JE SUIS CHARLIE / SUIS-JE CHARLIE? [1]

Myllena Garros de Almeida²

Sebastião Moreira Duarte, Ph.D.³

  1. JE SUIS CHARLIE

Na Idade Média, o conceito de liberdade era quase que extinto, pois os reis e a Igreja dominavam enquanto a sociedade somente acatava, sem possibilidades de manifestar sua opinião, caso contrário, seria punido severamente. Com a chegada do Iluminismo, propôs a ideia de ser livre, assim como diz no lema dessa ideologia, liberdade, igualdade e fraternidade, as pessoas não conseguiam mais aceitar somente ordens sem se ter uma explicação ou sem manifestar seus desejos e críticas.

Depois chegou a modernização, a qual atualizou certos conceitos antes inquestionáveis, exaltando a possibilidade de cada um expor sua opinião de maneira adequada, mas agora o ser pode ter opinião própria. A questão agora é saber se essa liberdade deve ser limitada, pois muitos fatos ocorrem levantando indagações sobre isso. A censura diz que há limites para tal liberdade de expressão, pois pode afetar o coletivo.

A liberdade implica em poder agir de acordo com o que o ser acha certo, portanto ela é relativa, o que é certo para mim pode não ser para outra pessoa. As religiões são um fator determinante quanto a isso, pois estabelecem dogmas e conceitos sobre como agir e utilizar esse direito, por exemplo, elas dizem que o ser humano passa a ser livre quando age de acordo com os dogmas estabelecidos pela Igreja, o que de fato não mostra o sentido literal de liberdade, pois seguir regras sem questionamentos não acontece indagações, e formulação de um pensamento próprio.

A cultura nos impõe como liberdade a ação em sociedade, de forma que não comprometa o coletivo, ser livre em uma sociedade oriental é diferente de uma sociedade ocidental, pois seus conceitos são definidos pela cultura e costumes de seu local. A filosofia nos mostra que esse princípio parte de uma autonomia racional e questionável pois nada é absoluto, vários filósofos mostraram sua opinião sobre esse conceito, e o ato de cada um expor sua ideia foi ,de fato, ser livre.

Esse conceito é muito relativo para se afirmar quem é livre ou não, cabe a cada ser humano tentar agir sem ser alienado, questionar a vida, a cultura, e tudo o que achar necessário, pois filosofar é ser livre, abre portas do consciente, estimulando sempre a busca pelas respostas e com isso avalia todas as possíveis, e nessa busca se encontra uma opinião própria, a qual deve ser exporta pois cada pessoa tem seu valor ético e deve contribuir na sociedade com suas opiniões.

Os veículos de comunicação foram criados para veicular ideias e merecem ser utilizados, pois essa é a sua função, acontece de haver incompatibilidade nos pensamentos de várias pessoas, mas é tão sábio ter respeito por essas oposições, é até nítido ver que uma sociedade com pensamentos iguais não haveria estímulo para o conhecimento. As divergências são necessárias para haver uma relação construtiva de conhecimento para a sociedade.

 

  1. SUIS-JE CHARLIE

 

O ser humano é considerado livre de acordo com as leis naturais, no entanto ele vive coletivamente, tendo em vista que suas ações comprometem um grupo. Na sociedade moderna são definidos limites de livre arbítrio, pela cultura, pela religião, leis, mas quem define esses limites são os receptores dessa ação.

Com uma série de discussões sobre limites de liberdade de expressão por veículos midiáticos, formula-se a indagação, é preciso haver certos limites quanto ao livre arbítrio? Um exemplo é a publicação de charges cômicas por um jornal francês chamado Cherlie Hebdo, o qual publicou charges satirizando a figura de Maomé e resultou em assassinatos dos seguidores radicais muçulmanos.

Há um limite para a liberdade da ação, impedindo certos atos considerados errados por uma sociedade, a liberdade de expressão é um ato que envolve um grupo, e que vai de encontro com diferentes opiniões ,sendo assim, ela também deve haver certos limites pois implica na ideologia de várias pessoas e na essência de cada um.

O princípio do dano se relaciona com a liberdade, pois descreve que cada ser age da maneira conforme achar correto, contudo não deve comprometer outras pessoas, pois a partir do momento em que o livre arbítrio passa a ferir ao outro, esse direito está sendo mal usado. No caso do Cherlie Hebdo, ele satirizou uma figura religiosa, e religião é um campo delicado e que sempre tem conflitos, então eles realmente abusaram da liberdade, prejudicando uma nação.

Referências

G1, em São Paulo. Ataque em sede do jornal Charlie Hebdo em Paris deixa mortos, publicado em 7 de janeiro de 2015. Disponível em: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/01/tiroteio-deixa-vitimas-em-paris.html

MILL, John Stuart. Sobre a Liberdade. Trad. P. Madeira. Rio de Janeiro (RJ): Nova Fronteira, 2011.

 

[1] Case apresentado à disciplina Filosofia, da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco – UNDB.

²Aluno do 1º período, do curso de Direito, da UNDB.

³Professor Mestre, orientador