THOMAS HOBBES

 

Leviatã (do homem)

 

            Para o filósofo inglês Thomas Hobbes, o homem, embora vivendo em sociedade, não possui o instinto natural de sociabilidade. Cada homem sempre encara seu semelhante como um concorrente que precisa ser dominado, onde não houve o domínio de um homem sobre outro existirá sempre uma competição intensa até que esse domínio seja alcançado.

A consequência óbvia dessa disputa infindável dos homens entre sí teria gerado um permanente estado de guerra e de matanças nas comunidades primitivas. Nas palavras de Hobbes: “O homem era o lobo do próprio homem “. Só havia uma solução para dar fim à brutalidade social primitiva: a criação artificial da sociedade política, administrada pelo Estado. Para isso, os homens tiveram que firmar um contrato entre sí, pelo qual cada um transferia seu poder de governar a sí próprio a um terceiro Estado. Para que esse Estado governasse a todos, impondo ordens, segurança e direção a conturbada vida social.                 

            Hobbes apresentou essas ideias no seu livro Leviatã, no qual o Estado é comparado a uma criatura monstruosa do homem, destinada a pôr fim à anarquia e ao caos da comunidade primitiva. O nome “Leviatã” refere-se ao monstro bíblico citado no livro de Jó(bíblia), descrito na seguinte maneira: o seu corpo é como escudos de bronze fundido. Em volta de seus dentes está o terror... o seu coração é duro como pedra, e apertado como a bigorna do ferreiro. No seu pescoço está a força, e diante dele vai a fome... não há poder sobre a terra que se lhe compare, pois foi feito para não ter medo de nada (Jó-40-41).

Vejamos, nas palavras do próprio Hobbes, como ele imaginou o estabelecimento do contrato social que deu origem ao Estado (Leviatã). Para Hobbes, a única maneira que os homens tinham para instruir , entre sí, um poder comum era conferir toda sua força e poder a um homem , ou uma assembleia de homens, que possa reduzir suas diversas vontades, por pluralidade de votos a uma só vontade (...) é como se cada homem dissesse a cada homem (...) transfiro o direito de governar-me a mim mesmo a este homem , ou a está assembleia de homens , com a condição de transferires a ele teu direito autorizando de maneira semelhante todas suas ações .

Feito isso a multidão assim unida numa só pessoa se chama Estado. É esta a geração daquele grande Leviatã, a qual devemos nossa paz e defesa. Pois graça a está autoridade que lhe é dada por cada indivíduo no Estado, é lhe conferido o uso de tamanho, poder e força que o terror assim inspirado o torna capaz de conformar as vontades de todos eles, no sentido da paz em seu próprio País, e da ajuda mútua contra os inimigos estrangeiros. É nele que consiste a essência do Estado, a qual pode ser definida: uma pessoa de cujos atos uma grande multidão, mediante pactos recíprocos uns com os outros, foi instituída por cada um como autora, de modo a ela poder usar a força e os recursos de todos, na maneira que considera conveniente, para assegurar a paz e a defesa comum. Aquele que é portador dessa pessoa se chama Soberano, e dele se diz que possui poder soberano. Todos restantes são súditos.

Para Hobbes, os homens só passam a viver em sociedade diante de uma ameaça a preservação da vida, ou seja, entre os homens a cooperação não é natural, como se dá com as abelhas e as formigas, por exemplo. O pacto social, através do qual se estabelece uma ordem moral, vem da necessidade de acabar com o estado de guerra, de conservar a vida.

 

Ângela Cristina da Silva Duarte

 

Bibliografia

 

HOBBES, Thomas. Leviatã. Col. os Pensadores, São Paulo, ed. Abril Cultural ,1979.

ABBAGNANANO. N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.