LEMBRANÇAS DA RUA CARMELO ZOCOLLI (PARTE I)

Professor Me. Ciro José Toaldo

 

Dentre as terapias salutares ao ser humano, encontra-se o rememorar boas lembranças da vida. Não se trata de um mero saudosismo, muito menos viver em função do passado, mas, resgatar, na trajetória da existência, as boas recordações.

Capinzal, a Terra Natal, proporcionou-me inesquecíveis momentos, eles tornaram-se estímulos para persistir em bons propósitos. Pretendo dividir em etapas a escrita destas lembranças e espero proporcionar ao leitor amigo, também a sua rememoração. Estamos vivendo tempo incrível com a tecnológica, sobretudo na rede social, como Facebook, Whatsapp, Instagram e outros, eles aproximam as pessoas e nos fazem, inclusive, encontrar colegas de infância e adolescência para rememorar bons tempos vividos, sobretudo na rua Carmelo Zocolli.

Por onde começar? Nada como se reportar a mãe, no meu caso Dona Romilda, conhecida por ‘Roma’, ela contou-me que na casa de madeira, a terceira desta rua, depois do morro da ‘antiga fundição’ (hoje é uma oficina mecânica), na direita, foi onde nasci pelas mãos de uma parteira.  Essa casa foi reformada, era enorme, com muro de alvenaria maciça na frente, tendo uns ‘vãozinhos’(buraquinhos), ao lado de dentro haviam várias árvores plantadas de forma linear, umas oito, do tipo sobreiro, todo o inverno eram podadas. No meio do muro, o portão duplo de madeira com acesso à rua, sem asfalto, de terra bruta, com uma grande ‘valeta’, quando chovia, além do terrível barreiro, a água barrenta descia morro abaixo, e depois vinha água transparente das fontes dos barrancos. Na chegada da casa, havia uma grande área, com quatro cadeiras para descansar.

No final do muro, avistava-se um poste de madeira com uma lâmpada, era o lugar preferido para brincar. Em frente da casa, no alto, estava a residência do Paulino e Jurema, aonde ao embalo do chimarrão, admirava-se o estrondoso Rio do Peixe e a rua do município do Ouro (SC), na outra margem do rio, dando acesso as localidades do interior e cemitério. Essas imagens estão presentes em minha mente, uma vez que, na frente, havia um belo gramado, aonde agente rolava, o problema era depois: a coceira danada!

Nesta casa onde nasci, por estar em uma região de morro, como Capinzal situa-se no Vale do Rio do Peixe, para aproveitar o material da edificação, surgem os ‘porões’, eles são a parte da casa entre o primeiro piso e o solo, sendo que na nossa, havia também porãozinho, além do porão. Entre estes dois repartimentos, construiu-se uma grande cisterna para recolher a água da chuva, não havia água encanada. Neste espaço de depósito de água foi apelidado de ‘boi preto’, todos nós tínhamos medo deste lugar.

Enfim uma casa com cozinha, dispensa, duas grandes salas, três quartos, um local para passar roupa e nos porões, estavam: banheiro, lavanderia e forno de lenha. Ao lado da casa, encontra-se outro terreno, aonde há uma imensidão de frutas.

É emocionante descrever sobre uma casa repleta de lembranças fantásticas. Este lar sempre foi abençoado por Deus, não se trata de família perfeita, mas, foi aonde quatro filhos receberam os valores necessários para ter o cabedal da dignidade, e tornarem-se vencedores na existência.

Valorize seu passado e sua história. Até o próximo!