LEITURA E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

Vânia Franco De Battisti*

 

Resumo

 

O presente estudo procura elucidar paradigmas a respeito da importância do contato com diversas fontes literárias na aprendizagem. Assim, mostra a responsabilidade ímpar da escola neste contexto. É necessário que se conscientize os pais sobre a supremacia da leitura no processo educativo. Diante da realidade brasileira, é imprescindível que se alfabetize com base no “Letramento”, entendido este, como uma prática educacional que evidencia a funcionalidade da escrita na sociedade, buscando a formação de cidadãos conscientes e críticos. O artigo enfatiza que atuar no enfoque sociointeracionista, permite ao professor atender às necessidades de seus alunos de forma direta, sendo que, a leitura figura entre os principais instrumentos didáticos nesta dinâmica.

 

Palavras- chave: Escola. Aprendizagem. Leitura.

 

1 INTRODUÇÃO

 

Vivemos, em nosso país, uma realidade de estrutura social desigual, onde o acesso à cultura tornou-se privilégio. O reconhecimento da importância da Leitura na formação dos indivíduos é um grande desafio para a Educação. Hoje em dia, o ato de ler ganhou novos significados, representando, a leitura do mundo. O papel do meio social da criança é de fundamental importância neste contexto, pois, seu núcleo familiar muito pode contribuir para a convivência dos filhos com diversas modalidades de comunicação.

No entanto, o que se percebe, devido à grande disparidade entre classes sociais, é uma sociedade onde nem todos têm as mesmas oportunidades de conhecer as diferentes fontes de informação, sejam elas, jornais, livros, revistas e internet, principalmente nas escolas públicas. É urgente o estabelecimento de novos paradigmas e de políticas públicas voltadas para o incentivo e valorização do conhecimento e incrementos de metodologias incentivadoras, pois a escola é, para a maioria dos educandos, a responsável pela iniciação de seus alunos no hábito da leitura, devendo procurar conscientizar as famílias a respeito de sua importância.

Atualmente, procura-se, nas instituições educacionais, atender aos principais pressupostos legais no âmbito da Educação que prevê a inserção de todos os educandos no mundo letrado. Há que se pensar em uma instituição escolar onde se comtemple harmonização entre teoria e prática. É considerada alfabetizada funcional, a pessoa capaz de utilizar a leitura e a escrita em sua vida diária, em situações diferentes. Em nosso país, o Indicador de Analfabetismo Nacional (INAF), nos aponta índices baixos de alfabetizados plenos que seriam aqueles que possuem habilidades de leitura, escrita e matemática desejáveis. O Brasil vem evoluindo, mas, muitos pais de alunos, estão entre os que tampouco reconhecem a importância da leitura.

 

2 DESENVOLVIMENTO

 

2.1 O CAMINHO DA ALFABETIZAÇÃO

 

A escola, muitas vezes é o principal elo da criança com fontes literárias, e, o professor precisa obter os melhores resultados possíveis com seus alunos. Nos dizeres de Ferreiro (2006), ser alfabetizado é:

 

[...] transitar com eficiência e sem temor numa intrincada trama de práticas sociais ligadas à escrita. Ou seja, trata-se de produzir textos nos suportes que a cultura define como adequados para as diferentes práticas, interpretar textos de variados graus de dificuldade em virtude de propósitos igualmente variados, buscar e obter diversos tipos de dados em papel ou tela e também, não se pode esquecer, apreciar a beleza e a inteligência de um certo modo de composição, de um certo ordenamento peculiar das palavras que encerra a beleza da obra literária (s/p).

 

O letramento veio em substituição à visão tecnicista da alfabetização e seria, por assim dizer, uma prática educacional que evidencia a funcionalidade da escrita na sociedade. Vai bem além da simples decodificação de palavras e pressupõe o cotidiano e pode contribuir para o hábito da leitura e formação de leitores críticos. Atualmente, busca-se promover a Alfabetização funcional, ou seja, aquela que constrói as bases formadoras de indivíduos capazes de fazer uso das práticas sociais de leitura e escrita. Cabe à sociedade, aos educadores e aos líderes políticos refletirem sobre os caminhos para que formemos pessoas plenamente alfabetizadas e capazes de buscar seu desenvolvimento pessoal e profissional.

 

2.2 A LEI DE DIRETRIZES E BASES PARA A EDUCAÇÃO NACIONAL

 

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), e estabelece toda a base teórica a ser seguida na educação brasileira. Sancionada a partir de da lei 9394/96, a LDBEN, em seu título I, define a educação da seguinte maneira:

 

A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organização da sociedade civil e nas manifestações culturais”. (LDB, 1968:01).

 

Cabe ressaltar que a LBDEN, garante o direito ao desenvolvimento da criança brasileira a partir, inclusive das manifestações culturais do grupo ao qual pertence. Isto significa dizer que a cultura é mais um recurso pedagógico que auxilia na escolha das práticas educativas, que precisam elencar o que vai ser trabalhado no contexto da criança.

Nesse processo de aprendizagem, a alfabetização figura entre uma das principais missões de um professor. O ato de alfabetizar inicia desde muito cedo e requer grande responsabilidade por parte dos educadores. Atualmente, aprender vai muito além de decifrar sinais e letras. O importante é acolher os interesses e necessidades dos alunos, procurando atuar de forma democrática, oportunizando a todos desenvolver suas potencialidades, respeitando suas diferenças, inclusive, no desenvolvimento cognitivo.

 

2.3 O LETRAMENTO E SUAS IMPLICAÇÕES NA ALFABETIZAÇÃO

 

Kleiman, apoiada nos estudos de Scribner e Colé, define o letramento como:

 

...um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em contextos específicos. As práticas específicas da escola, que forneciam o parâmetro de prática social segundo a qual o letramento era definido, e segundo a qual os sujeitos eram classificados ao longo da dicotomia alfabetizado ou não-alfabetizado, passam a ser, em função dessa definição, apenas um tipo de prática – de fato, dominante – que desenvolve alguns tipos de habilidades, mas, não outras, e que determina uma forma de utilizar o conhecimento sobre a escrita. (1995, p. 19).

 

Embora o termo “letramento” remeta a uma dimensão complexa e plural das práticas sociais de uso da escrita, a apreensão de uma dada realidade, seja ela de um determinado grupo social ou de um campo específico de conhecimento (ou prática profissional), motivou a emergência de inúmeros estudos a respeito de suas especificidades. É por isso que, nos meios educacionais e acadêmicos, vemos surgir a referência no plural “letramentos”.

O Letramento tem como objeto de estudo, os aspectos sociais da língua escrita e consequentemente, fundamenta a didática do ensino da leitura. Adotá-lo como prática no contexto escolar, implica em uma concepção social da escrita, em contraste com uma concepção tradicional da aprendizagem da leitura e produção de texto como a aprendizagem de habilidades individuais. Essa escolha, deve fundamentar o planejamento das aulas, bem como, o de projetos dentro da instituição escolar, pois a alfabetização fundamentada no letramento requer que se trabalhe com textos significativos para o aluno e sua comunidade.

Os novos conceitos acerca da alfabetização, trouxeram o seu entendimento como um processo que vai muito além do decifrar códigos. Isto porque, a partir das novas descobertas de Emília Ferreiro e Ana Teberosky e das novas propostas pedagógicas, os educadores começaram a compreendê-la como um processo de apropriação da língua escrita por parte dos alunos e seu engajamento em práticas sociais.

Para Soares (2004, p. 14):

 

Dissociar alfabetização e letramento é um equívoco porque, [...] a entrada da criança (e também do adulto analfabeto) no mundo da escrita ocorre simultaneamente por esses dois processos: pela aquisição do sistema convencional de escrita - a alfabetização – e pelo desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema em atividades de leitura e escrita – o letramento.

 

Desta forma, educar letrando, não significa substituir um processo pelo outro, pois ambos fazem parte de uma mesma conjuntura. A dimensão social do letramento envolve uma alfabetização transformadora, e elege a escola com um espaço de vivências significativas e estimuladoras.

 

2.4 A APRENDIZAGEM NUMA CONCEPÇÃO SOCIOINTERACIONISTA

 

A concepção sociointeracionista se fundamenta nos pressupostos teóricos do materialismo histórico- dialético e a compreensão da natureza humana se dá pela ação interativa do homem com a natureza. Parte da ideia de que o homem sobrevive através das interações sociais, onde transforma e é transformado, num determinado espaço e tempo determinado.

Para Rego (1995), a aprendizagem se dá por meio dessas interações, principalmente no que se refere ao desenvolvimento das funções psíquicas do homem, tais como as representações do real, a produção do pensamento e a utilidade da linguagem como instrumento do pensamento e como meio de comunicação.

Neste enfoque, leitura e escrita são concebidas como objetos culturais presentes no contexto social da criança. Valoriza o papel do professor, no caso da aprendizagem escolar, por ser o mediador do conhecimento, por excelência. Este, precisa conhecer o que Vygotsky denominou “Zona de desenvolvimento proximal”, como sendo a distância entre o nível de desenvolvimento real, que é aquele em que se encontra o aluno capaz de solucionar problemas e resolver questões de forma independente e o nível de desenvolvimento potencial, que é quando depende da orientação de um adulto ou da colaboração de companheiros mais capazes. (Vygotsky apud Cardoso, 2012).

Segundo esta linha de raciocínio, percebemos que, para Vygotsky, existem dois níveis de desenvolvimento relacionados à aprendizagem, o real e o potencial. Com a interação social, o indivíduo adquire nova aprendizagem a partir de seu nível real, porque já consegue resultados com a cooperação de alguém com mais aptidão. Na escola, o professor deve atuar na zona de desenvolvimento proximal para levar o aluno a desenvolver seu nível potencial e adquirir novos conhecimentos.

 

2.5 O PROCESSO DA LEITURA

 

A leitura é uma fonte de conhecimentos e é o principal alicerce para estimular e motivar os alunos para a gostarem da escola e de estudar. Além da satisfação pessoal, contribui para a construção de modelos de escrita, um fator especialmente ligado à vida em sociedade e que faz parte de práticas cotidianas. A atuação do professor é de suma importância e tem como finalidade a formação de leitores competentes, com função de apresentar as modalidades da língua. O processo de construção da leitura é um caminho ativo no qual o leitor realiza um trabalho ativo, a partir dos seus conhecimentos.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 54):

 

A leitura na escola tem sido fundamentalmente, um objeto de ensino. Para que possa se constituir também como objeto de aprendizagem, é necessário que faça sentido para o aluno, isto é, a atividade de leitura deve responder do seu ponto de vista, a objetivos de realizações imediatas.

 

Por se tratar de uma atividade complexa, a escola, ao transformar a leitura em objeto de aprendizagem, precisa, em primeiro lugar, reconhecer e trabalhar as diversidades que a caracterizam, com a grande variedade de textos presentes no contexto social. É importante que os alunos recebam motivações e incentivos para ampliar seus interesses.

Para Solé (1999, p. 51):

 

Muitos alunos talvez não tenham muitas oportunidades fora da escola, de familiarizar-se com a leitura; talvez não vejam muitos adultos lendo; talvez ninguém lhes leia livros com frequência. A escola não pode compensar as injustiças e as desigualdades sociais que nos assolam, mas pode fazer muito para evitar que sejam acirradas em seu interior. Ajudar os alunos a ler, a fazer com que se interessem pela leitura, é dotá-los de um instrumento de aculturação e de tomada de consciência cuja funcionalidade escapa dos limites da instituição. O ato da leitura é primordial para o desenvolvimento cognitivo do educando. Fazer da escola e da sala de aula um espaço estimulador é um grande desafio para os educadores. Muitas crianças não encontram em seus lares, conscientização da importância da leitura cabendo, aos professores, em última instância, a missão de oferecer práticas pedagógicas que de fato, motivarão seus alunos a desfrutar do ato de ler.

 

Sabe-se que o acesso à leitura em países como o Brasil, sem uma tradição de cultura “letrada”, ou melhor dizendo, que cultiva em todos os níveis sociais, a prática e a valorização do ato de ler, nos leva a considerar os princípios do alfabetizar por meio do letramento, admitindo que o processo de aquisição da língua escrita pertence à uma nova condição cognitiva e cultural, que visa a emancipação do sujeito. A escola, por sua vez, precisa tornar-se uma instituição com base na resiliência, no sentido de adequar-se à realidade dos alunos que possuem baixo letramento, aceitando-os e partindo da realidade de cada um, para promover práticas auxiliadoras na conquista de caminhos de inserção social.

 

2.6 A APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

 

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998), é um documento de cunho educativo contendo propostas pedagógicas. Foi elaborado pelo Ministério da Educação e do Desporto, em parceria com a Secretaria de Educação Fundamental. É uma coleção de três volumes, cujo objetivo é a busca de melhoria na qualidade da educação no Brasil. No primeiro volume da coleção (Introdução), lê-se o seguinte sobre a diversidade e a individualidade:

 

Cabe ao professor a tarefa de individualizar as situações de aprendizagens oferecidas às crianças, considerando as suas capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas, assim como os conhecimentos que possuem dos mais diferentes assuntos e suas origens socioculturais diferentes”. (RCNEI, 1998:32).

 

O RCNEI (1998), traz a concepção de que a criança de 0 a 6 anos é um sujeito histórico e social, pertencente a uma cultura e a uma família biológica ou não da qual faz parte e recebe influências, gozando plenos direitos a uma infância digna, sendo-lhe assegurado, por assim dizer, o desenvolvimento de suas potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas visando a formação de crianças felizes e saudáveis. Neste sentido, o educador precisa reconhecer as variáveis de cada aluno e preservar a sua identidade sociocultural, assegurando seu pleno desenvolvimento pessoal.

No processo de construção de conhecimento, as crianças interagem por meio de diversas linguagens, exercendo a capacidade de lançar suas hipóteses e comunicar ideias. Um dos aspectos a considerar é o direito de brincar. Assim, através de jogos simbólicos, assumem papéis que significam interiorização de determinados modelos dos adultos, podendo inclusive, transformá-los. Pela oportunidade de vivenciar brincadeiras imaginativas, o educando desta faixa etária, pode exercitar sua capacidade de solucionar problemas, favorecendo sua autoestima e desenvolvendo a criatividade. O professor é quem deve propiciar, elementos lúdicos que favoreçam a organização do pensamento cognitivo.

Segundo o RCNEI (1998), as formas de comunicação da escola com os familiares devem ser bem planejadas, pois inclui as famílias e a comunidade no projeto institucional. Além de conselhos e associações de pais que são canais abertos de participação na gestão das unidades escolares, é preciso que se conscientize os responsáveis sobre as práticas pedagógicas, criando parcerias importantes. Para se desenvolverem, as crianças precisam aprender com o outro, por meio dos vínculos que estabelecem. Se as aprendizagens acontecem na interação com as outras pessoas, sejam elas, adultos ou crianças, elas também dependem dos recursos de cada criança. Dentre esses recursos, destacam-se a imitação, o faz-de-conta, a oposição, a linguagem e a apropriação da imagem corporal.

Ainda segundo o RCNEI (1998), pesquisas realizadas nas últimas décadas, considerando a linguagem oral e escrita, apontam em direção de uma aprendizagem voltada para a construção de conhecimento com participação ativa das crianças. A linguagem oral as possibilitam comunicar ideias, pensamentos e estabelecer relações interpessoais. As palavras só têm sentido dentro de um contexto. Ao contar histórias, fatos, recados, dentre outros, poderão desenvolver ainda mais suas capacidades comunicativas de maneira significativa.

Analisando pesquisas na área da linguagem, o RCNEI (1998), reconhece tanto o desenvolvimento oral como o da escrita como faces do processo de Letramento, entendido como produto da participação em práticas sociais que se valem da escrita para tornar-se significativa. A criança necessita desde muito cedo, estar em contato com diversas fontes de leitura, pois precisa compreender não só o que a escrita representa, mas também de que forma ela representa graficamente a linguagem. Isso significa dizer que a alfabetização vai muito além do desenvolvimento de habilidades relacionadas à percepção, memorização e treino sensório-motor.

Para Vigotsky (2009), a imaginação é a base para toda atividade humana, seja ela, artística, científica ou técnica e é uma função vital para a mente humana. Assim, todo o processo da alfabetização é afetado pela procura de desenvolver experiências significativas aos alunos. O autor destaca o livro de literatura infantil como um dos principais elementos desta etapa.

O livro infantil propicia à criança, conteúdo para que possa se desenvolver em seus aspectos cognitivos, psicomotores, sociais, emocionais, além de promover aquisição de conhecimentos, trabalhar valores éticos e culturais e despertar sua imaginação criadora e estética.

Analisando o pensamento de Vygotsky, Ivan Ilic (2010), percebe que este destaca ser, através do adulto, que a criança interage e elabora suas atividades, sendo a sociabilidade, o ponto de partida para o seu desenvolvimento. As interações infantis são, desde o início, relações sociais que se constituem devido à própria natureza humana. Suas pesquisas, apontam em direção do reconhecimento da contribuição do contexto histórico como um processo de construção permanente de conhecimento.

Vygotsky reconhece que, principalmente na primeira infância, os adultos detêm o poder de influências sobre as crianças e são os portadores de todas as mensagens culturais que introduzem a linguagem como um instrumento de comunicação e formação da organização do pensamento infantil e é através da aprendizagem que a Língua torna-se parte integrante das estruturas psíquicas do indivíduo, pois, ao adquirir a linguagem social, há desenvolvimento de outras funções mentais, tais quais,o pensamento e a oralidade ou pensamento verbal. O professor deve propiciar a todos os alunos, possibilidades de contato com os livros e outras fontes literárias, e consequentemente, estes terão condições de evoluírem em seus aspectos linguísticos.

O trabalho com literatura infantil permite a ligação entre o ler e o escrever. Com o hábito da Leitura ocorrerá a familiarização com os padrões linguísticos, favorecendo a assimilação da linguagem o qual terá repercussões não só na escrita, mas também na fala e na própria leitura. Os professores devem conhecer o perfil de seus alunos para que possa estimular suas descobertas dentro de seu próprio universo. Na complexa tarefa de alfabetizar, parece faltar algo que possa atrair de forma significativa a atenção dos educandos. O papel do professor é de suma importância, pois é ele quem cria os espaços, disponibiliza materiais, participa de brincadeiras. Ao ler para os seus alunos o professor se transforma naquele que vai servir de modelo a ser seguido, pois a criança tende a imitar os adultos. Ela passa a querer tocar o livro e entendê-lo por completo, encontrando na atitude do professor que se vale da Literatura como prática didática, motivação para o aprendizado da leitura.

Segundo Ferreiro 1999, p. 23, apud Duarte, Rossi & Rodrigues, 2008):

 

Há crianças que chegam à escola sabendo que a escrita serve para escrever coisas inteligentes, divertidas ou importantes. Essas são as que terminam de alfabetizar-se na escola, mas começaram a alfabetizar muito antes, através da possibilidade de entrar em contato, de interagir com a língua escrita. Há outras crianças que necessitam da escola para apropriar-se da escrita.

 

Nos tempos atuais, ainda encontramos escolas em que prevalece o modelo tradicional de ensino/aprendizagem refletindo contradições a respeito de seu fazer pedagógico. Fatores de ordem social, econômica, cultural e política são responsáveis por manter a função de alfabetizar como ensinar a “ler e escrever”, ao invés de ampliar seu conceito para o “saber fazer uso de leitura e escrita”. Além disso, as oportunidades oferecidas às crianças no período anterior ao escolar são diferentes, então, cabe aos educadores, oferecer pleno acesso a livros e outras fontes de escrita no ambiente escolar.

 

3 CONCLUSÃO

 

Diante do exposto, fica evidente que, para promover educação de qualidade, é importante que o professor reconheça seu papel e sua responsabilidade enquanto promotor da formação do aluno. Falar em Alfabetização funcional é planejar atividades que possam projetar os educandos num futuro em que sejam capazes de leituras e interpretações eficientes da realidade e dos contextos de escrita presentes na sociedade.

Mudanças de paradigmas educacionais se fazem necessárias, pois, podem contribuir para fornecer instrumentos pedagógicos, metodologias e apoio na conquista de novos caminhos na área educacional.

É preciso oferecer aos alunos, o contato com diversas fontes literárias, e o livro infantil pode contribuir imensamente com a educação e particularmente, com a alfabetização e deve ser oferecidos de forma corriqueira às crianças, pois apresentam riqueza de conteúdos, possibilidade de contato com a linguagem oral e escrita e um elo de interação do educando om o seu meio social.

 

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC/SEF, 1997.

______. Ministério de Educação e Cultura. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 3ª edição. Rio de Janeiro: MEC/COLTED, 1968.

______, Ministério de Educação e do desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a educação o infantil / Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998.

CARDOSO, Bruna Pugliasi A. Práticas de linguagem oral e escrita na educação infantil. São Paulo: Editora Anzol, 2012.

DUARTE, Karina; ROSSI, Karla; RODRIGUES, Fabiana. O processo de alfabetização da criança segundo Emília Ferreiro. ISSN: 1678 -300X.Ano VI, nº 11, jan. 2008. Acesso em 30/01/2017.

FERREIRO, EmíliaTEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Remp. 2006. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1994.

IVIC, Ivan. Lev Semionovich Vygotsky/ Ivan Ilic; Edgard Pereira Coelho (org.) – Recife: Fundação Joaquim Nabuco. Editora Massangana, 2010.

KLEIMAN, A. B. (org.). Os significados do letramento: uma perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas, Mercado das letras, 1995.

REGOMaria C. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis: Vozes, 1995.

SOARES, Magda. Letramento e Escolarização. Ribeiro, Vera Masagão (org.). In Letramento no Brasil. São Paulo: Global, 2004.

SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura; tradução de Cláudia Schilling. 6ª edição. Porto Alegre: Artmed, 1998.

VIGOTSKY, Lev S. Imaginação e criança na infância: ensaio psicológico. Apresentação e comentários de Ana Luiza Smolka. Tradução de Zoia Prestes. São Paulo: Ática, 2009.

 

* Mestranda em “Ciências da Educação” pela Facultad de Ciencias Sociales Interamericanas. Professora do curso de Pedagogia na Faculdade Vasconcellos & Souza no município de Anchieta, estado do E.S.