LA VIANDE BRÉSILIENNE EST-ELLE FAIBLE...? (A CARNE BRASILEIRA É FRACA...?)

Por romão miranda vidal | 07/12/2024 | Geral

LA VIANDE BRÉSILIENNE EST-ELLE FAIBLE...?

(A CARNE BRASILEIRA É FRACA...?)

 

O noticiário internacional, com mais destaque no brasileiro, foi informado que o Grupo Carrefour não mais iria adquirir carnes produzidas nos países do Mercosul, inclusive o BRASIL.

O imbróglio internacional, tem que ser analisado  pelo que esse  grupo representa no “ ticket” poder de compra.

Segundo pesquisas temos as seguintes informações “Em 2024, o grupo detinha aproximadamente 14 000 unidades em 40 países – diretamente e empregava 319 565 funcionários. O volume de negócios em 2021 foi de €81 bilhões, distribuídos do seguinte modo: 47,5% na França, 28,8% no resto da Europa, 20,4% na América Latina e 3,3% na Ásia.”

Em 2022, a empresa ocupou a 119ª posição entre as 500 maiores empresas do mundo, da Fortune.

Esse é o tamanho do problema que no momento (26 de novembro de 2024)

No ano de 2023 o Brasil exportou para a França 308,5 toneladas de carnes. Ressalve-se que estamos falando no plural: carne bovina, suína e frangos).

No caso em tela estão focando exclusivamente a carne bovina.

Mas se faz necessário esclarecer o seguinte.

O Grupo Carrefour, há muitos anos atrás divulgou um Protocolo, para seus fornecedores, no caso em tela denominado: G.A.P. Good Agriculture Pratices. Ou Boas Práticas Agrícolas(agropecuárias).

Essas exigências G.A.P., visava promover os produtos agropecuários com um diferencial, ou seja, exclusividade das produções protocolares, para o Grupo Carrefour.

O efeito de momento surpreendeu o mercado de alimentos. Mas com o passar do tempo a C.E.E. também adotou alguns procedimentos.

No momento o mencionado grupo apresenta a seguinte situação: “"Quase 100% da carne comprada pelo Carrefour França é produzida na França", disse a assessoria de imprensa do Carrefour Global nesta quinta-feira (21), um dia depois de o CEO da companhia, Alexandre Bompard, ter anunciado que as lojas do grupo iriam parar de comprar carne do Mercosul.

A fala provocou críticas do governo brasileiro e dos produtores rurais do bloco sul-americano.

Bompard não detalhou quais unidades da rede de supermercados adotariam a medida. Nesta quinta, o Carrefour Global explicou que a paralisação vale apenas para as lojas da França.

Apesar disso, quase a totalidade das carnes que as lojas do Carrefour na França compram é da própria França. Assim como importa não mais que1% de Proteína Animal, do Brasil, mais precisamente 0,66%.

O que podemos entender que existem duas situações distintas.

A primeira é a U.E., que engloba 27 países: Bulgária, Chéquia, Dinamarca, Alemanha, Estónia, Irlanda, Grécia, Espanha, França, Croácia, Itália, Chipre, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Hungria, Malta, Países Baixos, Áustria, Polónia, Portugal, Roménia, Eslovénia, Eslováquia, Finlândia e Suécia.

A segunda se relaciona com a Europa propriamente dita, que se faz presente com 23 países.

O que na realidade está acontecendo com o “ bussines agro francês”, se relaciona diretamente com a política de subsídios aos agropecuaristas pelo governo francês.

Outro detalhe que nós brasileiros deixamos batidos. O clima europeu permite que se obtenha tão somente duas (2) safras anuais. Trigo, cevada, aveia, milho, beterraba, hortigranjeiros.

Salienta-se que boa parte da produção agrícola se destina a produção de Proteínas de Origem Animal, como milho e outros alimentos proteicos.

Se analisarmos que para cada 15 a 20 litros de leite produzido podemos considerar 6 quilos de farelo de soja, fazem parte da parte da ração.

Podemos imaginar se o Brasil, como sendo um dos fornecedores de farelo de soja, (6 a 8 milhões de toneladas. Além de ser necessário algo como o plantio de 2.500.000 a 3.000.000 de hectares), adotasse o mesmo comportamento em relação às carnes animais, que a França está tomando? Não compram carnes – aves, suínos e bovinos- produzidos no Brasil? Não venderemos farelo de soja para a França.  Um raciocínio simplista e praticamente inexequível. Mas nos faz pensar. Não quer? Tem quem quer,

No nosso entender, o CEO do Grupo Carrefour, conseguiu seus 15 segundos na Mídia Internacional. Muita trovoada. Para pouca chuva.

A França é um dos maiores produtores de carne bovina da Europa.

A pecuária francesa investe em Genética e Técnicas de Bem-Estar Animal para aumentar a produção e a qualidade da carne.

Algumas das principais raças de gado da França são o Bazadais,  Blonde d'Aquitaine, Maine Anjou, Limousine, Charoles e uma raça não muito conhecida no Brasil a Salers.

O ramo da Pecuária Leiteira se destaca sobremaneira, sendo que a Alemanha e a França são detentoras de mais de 7 milhões de matrizes leiteiras. Um pequeno detalhe a União Europeia, conta com não mais de 22 milhões de matrizes.

Ainda em relação a França, não deve ultrapassar 2,3 milhões de matrizes leiteiras.

Isso tem um impacto na agricultura francesa, que não produz soja. O farelo de soja entra com 6 quilos na composição de uma ração para matrizes leiteiras, para cada 15 quilos de leite produzido. É o que se considera.

Então por qual razão essa gritaria toda na imprensa?

Acontece que existem duas situações distintas, já anteriormente citadas.

A grande realidade é que com o surgimento de novas áreas produtivas, a competividade na produção de alimentos proteicos passa a ter um novo panorama mundial.

A China, seria um grande importador de alimentos básicos, para alimentar 1.419.257.177 de habitantes. Mas no momento aChina incrementa a produção de alimentos em áreas  nunca antes pensado. E adota algo que um dia a Austrália fez e se tornou uma enorme dor de cabeça.

A China adotou essa alternativa para recuperar solos antes áridos, ou seja promoveu a criação de coelhos Rex  que se adaptaram-se perfeitamente ao ambiente árido.

Eles escavam o solo em busca de raízes e feno, aumentando a aeração e enriquecendo-o com nutrientes através de seus excrementos e sementes não digeridas. Isso promoveu uma taxa de sobrevivência de plantas impressionante, chegando a 96%. Além de ser uma excelente fonte de renda para os agricultores, que fornecem carne de coelhos e peles, o que representou uma renda média de US$ 20.000,00 por ano para os agricultores no entorno dessas áreas desérticas.

Isto posto somado a uma série de conjeturas diretas e indiretas, que vão do endividamento crescente “les agriculteurs français”, a oferta de produtos de primeira necessidade vindo do Leste Europeu, acrescido da situação política internacional, resultam em um descontentamento generalizado de parte da população rural.

As carnes brasileiras são imbatíveis em termos de volume e preço. Se analisarmos trimidissionalmente os cortes: largura, altura e profundidade, acrescido do sabor e segurança alimentar, não existem parelhos nessa corrida.

Tanto é verdade que não menos de 72 horas o CEO do Carrefour praticamente apresentou “as desculpas” ou “Mes sincères excuses. Notre faute”.

Importante frisar que os interesses da França, estão acima de tudo. Mas não sabem da Missa a Metade.

No momento existem 8 milhões de mulçumanos na França. E não produzem sequer um grão de trigo ou um quilo de carne. Só consomem. Para uma população que está a beira de 68 milhões de habitantes isso representa uma enorme bomba de efeito retardado. 

Alie-se crescimento da população de mulçumanos, oferta de alimentos de primeira necessidade com valores abaixo aos produzidos na França, perda do poder aquisitivo da população urbana e peri- urbana, endividamento crescente dos produtores rurais, mínima opção de produção de gramíneas e leguminosas, assim como uma falta de Plano de Governo, resultam em situações como até então descritas.

Nós temos as mesmas estações do ano, qual da França. Outono. Inverno. Primavera e Verão. Com um detalhe fator climático. Lá neva. Aqui não. Resultado. Duas e olhe lá duas safras de grãos por ano.

Finalizando. Apesar de ser um dos países europeus, com uma área de aproximadamente 32.000.000 hectares, a França no momento segundo comentaristas políticos, carece de uma política de auto consumo alimentar. Ou seja “ ipsis litteris” .

Mesmo com subsídios governamentais.

No período compreendido entre os anos 2015 e 2021, os agropecuaristas franceses foram agraciados com significativa soma de R$ 262 bilhões. Advindos da União Europeia. Isso representa 18% do total gasto do bloco neste tipo de operação.

A França está advogando em causa própria. Defende seus interesses. Seus agropecuaristas. E se vale de uma situação de ser  o maior produtor agrícola da Europa e da União Europeia. A agricultura francesa é diversificada, com produtos como trigo, milho, carne, vinho, colza, beterraba, hortaliças, legumes e frutas. A França apresenta um território de 551.695 km². Desse total, 17% se destina a agropecuária.

Finalizando. O melhor conselho a ser dado ao governo francês, seria:

PRENEZ SOIN DE VOTRE COUR. QUE NOUS PRENONS SOIN DES NÔTRES. (CUIDE DO SEU QUINTAL. QUE CUIDAMOS DO NOSSO).

Médico Veterinário Romão Miranda Vidal