Lá de fora

Eu não sou daqui

Desse lugar onde as mentes vagam pelo vazio

E as línguas proferem palavras insanas e cortantes

Eu não sou daqui

Daqui onde os olhos se machucam com toda sorte de feiúras

Do que existe de pior nos seres

Daqui onde os ouvidos são usados como depósitos de sandices

Definitivamente eu não sou daqui

Desse mar de gente profana e maldosa

Onde o certo é ser cruel, sujo e ignorante

Onde a simplicidade, a leveza e a beleza das coisas perderam seu espaço

É, eu não sou daqui

Dessa necessidade voraz de chocar e de ferir

Dessa absoluta falta de doçura e maciez

Daqui onde máscaras horrendas escondem as pesadas marcas da tristeza

Que dilaceram as almas num tormento sem fim

Um lugar onde a dor impera e é aplaudida

Um lugar onde o absurdo e a superficialidade são ovacionados

Onde se instiga até o limite a selvageria

Não é absolutamente o meu lugar

Quisera eu poder voar novamente nas asas das mentes limpas

Dos corações sinceros, dos braços e ouvidos abertos

Dos passos firmes e olhos infantis

Quisera eu poder me limpar de tudo isso que me sufoca

Quebrar todas as máscaras, uma a uma

Seguir sem medo de ser atormentada por algo que eu não procurei

Viver no colo tranquilo da simplicidade

Eu não sou daqui

Quem dera poder seguir cavalgando no cavalo alado da paz

Rápido como um raio, direto para outro lugar

Um lugar que eu pudesse chamar de meu