JUVENTUDE, POLÍTICA E PARTIDOS POLÍTICOS

                                                          Ney Carlos da Rocha

Hoje nosso maior desafio: a juventude.

De cada 2 desempregados no país, 1 é jovem. Entre os jovens que trabalham, só 35% tem carteira assinada; jovens são os que mais matam e, ao mesmo tempo, os que mais morrem em acidentes de trânsito;- homicídios já são a principal causa de morte dos jovens - a cada 2 mortes de jovens entre 15 e 24 anos, uma foi por homicídio;- jovens entre 18 e 24 anos representam 2/3 da população carcerária no país;- estima-se que cerca de 9 milhões de jovens, entre 15 e 29 anos vivam na indigência, com renda per capita até R$ 50 mensais;- 22% das jovens entre 15 e 19 anos, são mães, a grande maioria delas, solteiras;- mais de 1 milhão de jovens não estudam nem trabalham, há 1 milhão de jovens analfabetos- metade deles mora em áreas rurais; a necessidade de trabalhar para complementar a renda da família é o maior motivo para os jovens abandonarem a escola;- de cada 15 jovens brasileiros, só 5 conseguem chegar ao ensino médio e só 1 ao ensino superior;- 87% dos jovens nunca foram ao teatro ou a museus;- 60% nunca freqüentou cinemas ou bibliotecas;- 59% não vão a estádios nem a ginásios esportivos.

Se há algo pelo qual temos que lutar é por uma expectativa melhor de futuro para nossa juventude.

A construção de uma nova realidade para a juventude passa, obrigatoriamente, pela participação política. E esta participação se faz dentro das atividades políticas em geral, mas em especial no ambiente político-partidário.

Sim, considero os partidos políticos o principal campo de participação política, não só para os jovens, mas para todos os cidadãos.

Não diminuo a importância das demais formas de organização da sociedade civil. Dos movimentos sociais, assistencialistas ou não, e das inúmeras outras, todas elas de extrema relevância e importância.

Estas organizações são importantíssimas e cumprem um papel fundamental no avanço das forças progressistas e na luta pela defesa dos cidadãos. Porém, é enganoso acreditar que as instituições democráticas e progressistas da Sociedade Civil possam trabalhar de forma dissociada dos partidos políticos, pois são estes que estão organizados para enfrentar a luta ideológica e eleitoral que permitirá implantar de forma sólida e permanente os valores e práticas pelos quais estas mesmas organizações lutam.

Os partidos políticos desempenham papel principal na construção do Estado de Direito Democrático e na consolidação das liberdades pessoais. Não existe democracia sem partidos políticos. A democracia autêntica exige partidos políticos autênticos.

Historicamente, as juventudes partidárias tem sido a locomotiva do engajamento dos povos nas principais lutas libertadoras e democráticas.

Então, por que os jovens brasileiros atualmente participam tão pouco dos partidos políticos? Por que as juventudes partidárias estão tão fracas? Por que tão poucos jovens em nossas disputas eleitorais? Não existem respostas simples nem fáceis para esta questão.

Uma pesquisa feita pelo Data Teen (Centro de pesquisas do Instituto Paulista de Adolescência) revela que apenas 19,5% dos jovens de 16 à 18 anos já tiraram o título de eleitor. Enquanto no passado se lutou para ter esse direito, o jovem moderno não dá o mesmo valor a ele.

A discussão sobre a baixa participação social e política dos jovens é de total importância. Que efeitos esta baixa participação terá no futuro próximo?

Se os jovens não se identificam com nossas instituições políticas o que acontecerá com nossa democracia?                                                                                                               

Numa pesquisa com jovens, o item “confiança nas instituições” mostra que 83% dos jovens confiam totalmente na família, mas, no que se refere aos partidos políticos, esse valor é de apenas 3%.

Em outro estudo com 8 000 jovens de todo o Brasil, conduzido pelo Instituto Polis e pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, os resultados indicam que apenas 8,5% dos jovens consideravam-se politicamente participantes, embora 65,6% tenham afirmado buscar informações sobre política, mas sem participar diretamente.

A grande maioria dos jovens dessa pesquisa (65%) mostrou descrença em relação à representatividade dos políticos na defesa dos interesses dos cidadãos e enfatizaram a corrupção, a desorganização e a fragmentação de projetos que não geram resultados.

Ou seja, tudo indica que o que está causando o esfriamento da participação do jovem na política e nos partidos, é a falta de credibilidade no sistema político, seus participantes e dirigentes. 

Considerando que política, segundo o dicionário é: “a arte de guiar ou influenciar o modo de governo pela organização de um partido, pela influência da opinião pública, pelo convencimento de eleitores etc.”, pode-se dizer até que o jovem não se afastou da política em si, porque o que se pratica no Brasil atualmente, nem sequer pode ser chamado de política.

Em minha atividade como Diretor da Fundação Ulisses Guimarães, tenho muito contato com jovens e quando questiono as causas desta apatia, recebo respostas semelhantes: o mau-funcionamento do sistema político brasileiro; o total descolamento entre os discursos e a prática dos políticos profissionais e a crença da impossibilidade de mudança da cultura da corrupção.

Mas essa mudança é possível e será tanto mais provável quanto maior for o engajamento dos jovens na atividade político-partidária. Os jovens representam a renovação e o idealismo que tanto precisamos hoje no Brasil.

Mas não basta ser jovem. Tem que estar preparado para exercer a liderança virtuosa, praticar a verdadeira arte da política – do servir ao povo – e tem que estar tecnicamente preparado para esta tarefa.

Esta preparação se dá apenas e unicamente pela educação.

Muitos partidos, preocupados e interessados nesta preparação, estão desenvolvendo e disponibilizando a seus militantes e simpatizantes, cursos de formação política em vários níveis.

Estes cursos estão preparando os futuros líderes políticos. Pessoas preparadas, com o conhecimento técnico necessário para desempenharem um papel político relevante, seja tornando-se candidatos, participando da gestão pública, militando nos partidos ou simplesmente discutindo política de forma consciente com seus amigos e parentes.

Por isso eu os incentivo a participarem dos partidos políticos, participarem das eleições levando propostas e idéias novas e virtuosas.

O ano de 2011 marca a largada para as eleições de 2012. Participem, discutam influenciem e principalmente, preparem-se.

Façam os cursos de seus partidos, chamem seus conhecidos para participarem.

Vocês jovens são a nossa esperança por um futuro político melhor.

Termino, citando uma frase do filósofo Platão, que há 2.300 anos disse:

“O preço que o homem de bem paga por se afastar da política é ser governado pelos mal intencionados”.