LITERATURA POPULAR

JOSE DE XEREX FURNAS UCHOA

“O CAPITÃO QUE INTRODUZIU O CAFÉ NA REGIÃO DO CEARÁ”

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Vou contar uma história

Um fato que interessou até burguês

Um capitão de coração tornou-se sobralense

Onde vai intrigar todos vosmecês

Na então Distinta Vila Januária de Sobral

O conhecido “Capitão José de Xerez”

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Antigamente aqui em nossa região

Navegou pelo Acaraú: português, Índio e holandês

Era início de século dezessete

Pero Coelho de Sousa, um burguês

Ocorreu a Primeira Expedição no Siará

Atraiu simpatia de Diabo-grande

Um chefe índio com o corsário francês. 

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Nas trilhas que rondavam por aqui

Europeus atracaram na praia de Camocim

Vieram as primeiras notícias

Na simpatia de índios Curumins

Os jesuítas na sua conversão

Em bravas lutas com seus tupiniquins

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Juntos os jesuítas apareceram

Chefiados por Belchior Rosa

Capitão dos índios de Pernambuco

A mando do Governador Gaspar de Sousa em tropa

Em Recife, terra de Joaquim Nabuco

O Comandante Diogo Campos Moreno, em prosa.

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Das lutas realizadas nesse torrão

O historiador Berredo descreve com desdém

Frei Cristovam, um bom capelão

Travou guerrilha com índios tapuios como ninguém

Além de religioso jogava espada com o capitão

Livrando das emboscadas das tropas de Araquém.  

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Reza nossa História da Distinta Januária

A conceituada e Vila em Fundação

Que uma dessas lutas na memória

O local onde hoje é Sobral nosso torrão

Vieram três combatentes encontrar o guerreiro branco

O Capitão-Mor, o Fundador do Ceará e Martin Moreno em ação.

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           Na vinda para a Vila de Sobral

O Capitão-Mor prestou uma grande missão

Com muitos serviços ao povo prestado

Chefiava com presteza de um capitão

Por isso foi congratulado

Uma honraria do povo com gratidão.

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Um século já se passou

Eram Mil Setecentos e Cinqüenta e Sete

Antônio Rodrigues Magalhães, fundador e capitão

Decidiu repartir suas terras para a igreja

Através de um jesuíta fez uma doação

Para construir uma capelinha na Vila

Patrimônio da Igreja de Nossa Senhora da Conceição

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Nesse tempo de nossa história

Foi um pulsar em nosso povoado

José de Xerez era um então Sargento-Mor

Serviu de testemunha num papel assinado

A doação de terra para a capela de Conceição

Com a honraria e responsabilidade num tratado

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Para o tal cargo e posto de sargento-mor

Lhe foi dado pelo Governador-Geral

Através de uma indicação por oficiais da Câmara

Para ocupar a famosa Vila Januária de Sobral

Tinha que ser pessoa de gabarito residente na Vila

José de Xerez foi escolhido com unanimidade fenomenal

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Depois de seguidas doações para a Vila de Sobral

José de Xerez Furna Uchoa fixou sua permanência

Construiu uma casinha ao lado da capela

Que até hoje se encontra sua existência

De outrora só existia casinhas construídas de taipa

Hoje é Patrimônio Histórico com muita frequência

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Trouxe mudas de café num navio

Atravessou toda a Europa

Com as mudas de café em nosso torrão fez brotar

O cafezal que virou moeda de troca

Muitos latifundiários quiseram lhe imitar

Em seus sítios e fazendas com muita broca

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Construiu a primeira casa de tijolo na cidade

Sua história faz parte de nossa gente

Próximo a Capela de Nossa Senhora da Conceição

O Capitão-Mor era homem fino e inteligente

Quiçá virou Patrimônio Histórico de Sobral

Com relatos e visita do público intermitente

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Atualmente a casa do Capitão-Mor

Está situada em pleno centro de Sobral

Lá arqueólogos encontraram resquícios de nossa História

Ponto turístico do estrangeiro e visitante local

Defronte um Pelourinho se destaca

Na lateral uma antiga Cadeia Municipal.

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O capitão tinha origem judaica

Tempo que Igreja pregava a Inquisição

Muitos povos fugiram da forca

Pernambuco era uma dessa região

Com a presença dos judeus convertidos

Um mausoléu na Rua Bom Jesus foi a razão

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José de Xerez já em Sobral

Fora convertido em novo Cristão

Assim era chamado esse povo

Que optava por essa Religião.

Uma ideologia que marcou a História

Até Jesus foi perseguido em seu torrão

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O capitão antes de receber essa honraria

Prestava serviços à população de Sobral

Desbravando terras e mares

Entre o Brasil e Portugal

O visionário José de Xerez Uchoa

Com elevados cargos no interior e capital

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Contraiu o matrimônio com um das sete irmãs

Sua esposa tinha origem portuguesa

Dona Rosa de Sá Oliveira e  sua descendência.

Filha de Manoel Vaz Carrasco de grande nobreza

Berço de família com estirpe espanhola e holandesa

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O sogro do capitão-mor José de Xerez

Têm origem de quase toda família de Sobral

Era o Capitão Manoel Vaz Carrasco e Inês de Vasconcelos

Conhecida em Pernambuco e na História internacional

Eram genitores ascendentes das célebres sete irmãs

Registrados em testemunhos vindos de Portugal

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No Antigo alagadiço de Recife

Em terra pernambucana

Fundou-se a Primeira Sinagoga

Outrora eram fazendas e plantação de cana

Os negros e escravos na labuta

O Cais do Porto com exportação americana

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Uma triste notícia ocorreu

Espalhou em todo o cafezal

Falece Dona Rosaura do Ó Mendonça

Irmã do Capitão-Mor de Sobral

Moradora do Sítio Santa Úrsula

Noticiário de jornal internacional.

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Conhecida D. Rosaura era mulher guerreira

Casou-se com André José M. Cavalcante

Foi morar num sítio na Meruoca

Era povo de trato fino e elegante

Chamava-se Sítio Santa Úsula

Terra farta e prosperante.

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Sepultou na Capela de Santa Cruz,

Um irmão do capitão José de Xerez

Com a idade já avançada, hoje cidade de Cruz

Era Luís de Sousa Xerez

Aos Setenta e Dois anos foi encontrar Jesus

Casado com D. Rosa Maria Ferreira em luz

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Filha de João Lins da Família Albuquerque

D. Rosa com renascença Portuguesa

Era cunhada do Capitão-Mor José de Xerez

Distinta prole de realeza

Onde renasceu a Fazenda Caiçara

No Maranhão e Ibiapaba com a guerra holandesa

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Houve um decreto adotado

A vila de Sobral tomou rumo de cidade

Naquela época, Meruoca pertencia a Sobral

A Câmara Municipal com sua atrocidade

Assina um pergaminho para colher imposto

Na região e em toda  sociedade

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Meruoca já esbanjava de muitos lugarejos

Sítios em plantações e moradores na freguesia

Repassados de pai para ilustres filhos

Numa eterna e efêmera maestria

O passado de nosso povo em sangrentas lutas

Que viveram na bravura e simetria

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No Sítio do latifundiário José de Xerez

Milhares de pés de café plantados no chão

Tinha que pagar muita quantia em dinheito

Insatisfeitos, protestou a população

Capitão-Mor resistiu com o não pagamento

Foi aí que virou uma grande confusão

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Ameaçado, o capitão foi levado preso

Pois o mesmo resistiu à prisão

Quiseram fazer acordo com José de Xerez

Mas, inconformado não aceitou tal humilhação

Reconheceram seus projetos feitos em Sobral

Tinha na certeza com ele  fazer uma conciliação

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O Capitão foi levado para Pernambuco

Seguindo sua prisão para Bahia

O Governador-Geral não conseguiu dobrá-lo

Pois o mesmo era de grande Valentia

José Xerez recebeu pena de sete anos de prisão

Amigos conseguiram arrecadar uma grande quantia

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Abatido, após anos de prisão

Foi impedido de voltar para o Ceará

Depois de cumprir sua pena por longos anos

Recebeu poderes do Vice-Rei nesse lado de cá

Para vingar-se de seus inimigos

Mas, não fez por piedade de seu povo em abdicar

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Agora com a saúde comprometida

E suas finanças abaladas pela prisão

Pagou aos amigos e parentes que devia

Ficando quase sem nenhum tostão

Essa foi mais uma história de nosso povo.

De José de Xerez Furna Uchoa entrodo

O nosso eterno e bravo capitão.