INTRODUÇÃO

            O presente trabalho, cujo tema é “A literatura de Jorge Amado na sala de aula” foi escolhido porque é justamente neste ano de 2012 que ele completaria 100 anos de idade. Amado nasceu em 12 de agosto de 1912 em Itabuna, na Bahia, e escreveu quase 40 livros, com um olhar aguçado sobre os costumes e a cultura popular do país. Ele morreu em 2001.

A fazenda de cacau onde nasceu, os terreiros de candomblé, a mistura de crenças religiosas, a pobreza nas ruas de Salvador, a miscigenação, o racismo velado da sociedade brasileira são alguns dos elementos que compõem sua obra, caracterizada por uma profunda identificação com o povo brasileiro.

Ele tinha o compromisso de ser uma espécie de narrador do Brasil, alguém que quer passar o país a limpo. O baiano destacou a herança africana e a mistura que compõe a sociedade brasileira como valores positivos do país.

Definir a cultura é fazer alusão à literatura, ao cinema, à arte entre outras, mas seu sentido é bem maior, pois cultura pode ser considerada como tudo que o homem por meio da sua racionabilidade, mais exatamente a inteligência, consegue executar, dessa forma, todos os povos e sociedades que possuem sua cultura por mais tradicional e antiquada que seja, pois todos os conhecimentos adquiridos são passados das famílias passadas para as vindouras.

Pretende-se através deste trabalho dá ênfase à importância deste escritor para a literatura, destacando suas características mais relevantes, de um homem de vida modesta, que se transformou em um verdadeiro gênio na arte de criar. Abordando Jorge Amado não apenas como escritor, mais como um homem de múltiplas memórias da sua infância, com aspectos plurais de um grande ser, sempre por conhecer, pois sua vida traduzida em sua própria obra é fonte eterna de encantamento e de mistério a todos os leitores.  

Este trabalho foi realizado através de pesquisa bibliográfica, tendo como fundamento os teóricos Abdala (1999), Altaman (2001), Amado (1982/2008), Arruda (2011), Bagno (2002), Cereja; Magalhães (2003/2005), Garcia (1986), Hernandes; Martin (2010), Júnior (1993), Pereira (2012), Ximenes (2001) e Zilberman (2003) para aprofundamento do estudo sobre o tema abordado.

O presente trabalho monográfico está dividido em 4 (quatro) capítulos. O primeiro trata de Jorge Amado no Nordeste, trazendo os aspectos biográficos, o Nordeste e seus aspectos geopolíticos e culturais; o segundo trata do Nordeste na obra de Jorge Amado, no qual faz incursões em obras como Capitães da Areia, Gabriela, Cravo e Canela, Dona Flor e seus dois maridos e Tenda dos Milagres; o terceiro capítulo trata da leitura do Nordeste na ótica dos personagens de Jorge Amado e o quarto capítulo trata da leitura do Nordeste na linguagem jorgeana, no qual enfatiza as expressões usuais e faz referência aos personagens jorgeanos.

Este trabalho tem como objetivos formar uma consciência crítica e sensível em relação ao conhecimento literário em sua totalidade, desenvolvendo um novo olhar para a literatura, bem como conhecer a história e as obras de Jorge Amado, comparar diferentes obras literárias e valorizar a importância das obras do autor.

 

1 JORGE AMADO DO NORDESTE

 

1.1  Quem é Jorge Amado “Aspectos Biográficos”

 

 

Jorge Amado nasceu em Pirangi em 1912, no Estado da Bahia. Trabalhou na imprensa e estudou Direito. Em 1931, mudou-se para o Rio de Janeiro e se tornou conhecido com a publicação do Romance O País do Carnaval. Alcançou notoriedade, entretanto, com dois romances publicados logo em seguida: Cacau e Suor.

As obras da fase inicial da carreira de Jorge Amado são ideologicamente marcadas por ideias socialistas. Em romances como o País o Carnaval, Cacau e Suor, o autor retrata, num tom direto, lírico e participante, a miséria e a opressão do trabalhador rural e das classes populares, abordagem que foi se aprofundando ao longo de sua carreira. A seca, o cangaço, a exploração do trabalhador urbano e rural, o coronelismo são alguns dos temas abordados em suas obras. De acordo com Cereja; Magalhães (2003, p. 414):

Tendo a Bahia como espaço social de suas obras, em Capitães da Areia, o escritor denuncia o abandono das crianças de rua de Salvador; em Terras do sem-fim e São Jorge dos Ilhéus, retrata as lutas entre coronéis do cacau e exportadores. Na fase inicial de sua obra, em romances como Gabriela, cravo e canela, Dona Flor e seus dois maridos e Tieta do Agreste, entre outros, o escritor compõe um rico painel de costumes da sociedade baiana, em seus aspectos culturais, comportamentais, linguísticos, religiosos, etc.

            Isso implica dizer que, vista no conjunto, a obra de Jorge Amado apresenta altos e baixos, uma vez que revela certo descuido formal, abuso de clichês e lugares-comuns. Contudo, Jorge Amado é o escritor brasileiro que mais conseguiu popularidade entre o grande público, tendo obras adaptadas inúmeras vezes para a TV e para o cinema.

            No romance Tieta do Agreste, por exemplo, um dos seus romances mais conhecidos, retrata, entre outros assuntos, o envolvimento amoroso entre Tieta, a protagonista que retorna de São Paulo à sua cidade natal, Mangue Seco – BA, e reencontra seu sobrinho crescido e estudante seminarista.

            Politicamente comprometido com ideias socialistas, participou da aliança Nacional Libertadora, movimento de frente popular, e foi preso em 1936. Libertado em 1937, morou em Buenos Aires, onde publicou a biografia de Prestes. De volta ao Brasil, em 1945, foi eleito deputado federal, mas teve cassado seu mandato político. Deixou novamente o país e residiu na França, na União soviética e em países das chamadas democracias populares até 1952, quando retornou ao Brasil. Nessa ocasião já se tornara mundialmente conhecido. Seus livros estão traduzidos para mais de trinta línguas. Segundo Cereja; Magalhães (2005, p. 459):

Conforme o autor foi amadurecendo, sua força poética voltou-se para os pobres, para a infância abandonada e deliquente, para a miséria do negro, para o cais e os pescadores de sua terra natal, para a seca, o cangaço, a exploração do trabalhador urbano e rural e para a denúncia do coronelismo latifundiário.

            Jorge Amado foi um autor de obras regionalistas e de denúncias sociais no início de sua carreira de escritor e passou por diferentes fases até chegar à última delas, voltada para a crônica de costumes.

            A caracterização da Bahia na obra de Jorge Amado funciona como um painel que apresenta o Nordeste para o restante do país. Porém, ao mesmo tempo em que o autor aborda os problemas de sua região, apresenta também um Nordeste marcado pela miscigenação, pelas trocas culturais, pela tradição da capoeira, pelo sincretismo religioso em que a religião cristã e o candomblé dialogam constantemente. Para Hernandes; Martin (2010, p. 180):

A linguagem simples e as descrições de caráter poético funcionam como um atrativo para seduzir o leitor. O cenário muitas vezes exótico das praias baianas, o aspecto sensual de suas protagonistas, bem como a descrição sensorial do ambiente, repleto de cheiros e de sabores da culinária da região, são também elementos sedutores na obra do autor.

Jorge Amado idealizou todo um país, oferecendo-o como transparência a todo o país, alguma coisa que é a vocação maior do romance e que nenhum outro escritor brasileiro obteve realização com tanto sucesso. Jorge Amado não escreveu livros, escreveu um país. Um país que era verdadeiro e também falso, um pouco de cada coisa.

Episódios como Gabriela, Cravo e Canela, Tieta do Agreste, Dona Flor e seus Dois Maridos, Tenda dos Milagres e Capitães da Areia garantiram a fama do autor que, entre os dias 17 de abril e 22 de julho deste ano, foi homenageado na exposição "Jorge Amado e Universal", no Museu da Língua Portuguesa de São Paulo, trabalho que estreou no Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador, no dia de seu centenário.

Autor consagrado, pai de certa pátria, aquele que surgiu após o referido desaparecimento das contradições, pois ele é, talvez, entre todos os escritores que se conhece, um dos que mais sempre estava contente, e de quem não se lembre de ter ouvido falar mal de nenhum outro escritor.

 

 

Figura 1: Jorge Amado

Fonte: onordeste.com

 

 

1.2  O que é o Nordeste

 

O Nordeste brasileiro apresenta muitos contrastes físicos, econômicos e sociais. O processo de ocupação territorial marcou de forma decisiva a organização geográfica dessa região, que se caracteriza por ter sido a primeira região do Brasil a ser colonizada pelos europeus e a que alcançou grande desenvolvimento econômico durante o período colonial, primeiramente com a exploração da madeira de pau-brasil e, depois, com o cultivo da cana-de-açúcar e a instalação de engenhos, que deram uma característica social e econômica marcante para essa região. De acordo com Magalhães (2005, p. 136):

A região desenvolveu-se e tornou-se o centro econômico da América Portuguesa. Recife e Salvador eram as principais cidades brasileiras. Salvador foi a capital do Brasil entre 1549 e 1762. O Nordeste era a região mais desenvolvida de todo o Brasil, sendo que produzia mais riquezas para a Metrópole e concentrava um grande número de habitantes na faixa litorânea.

            Deve-se levar em conta que o período de desenvolvimento e riqueza econômica ocorreu até a segunda metade do século XVII, quando o açúcar produzido no Brasil passou a ter a concorrência do açúcar produzido nas colônias inglesas, francesas e holandesas estabelecidas nas Antilhas – Cuba, Jamaica, Haiti, República Dominicana, Dominica, Aruba, Curaçao.

            Sendo a segunda maior região brasileira em população, pois são cerca de 50 milhões de habitantes, a população nordestina não se encontra distribuída de forma regular. Existem áreas densamente povoadas na faixa litorânea e outras áreas que apresentam verdadeiros vazios demográficos. A maior parte da população é jovem e se encontra na área urbana.

            Sabe-se que essa região apresenta as maiores dificuldades sociais do Brasil. Há a maior concentração de renda do país e também os maiores índices de pobreza.

            É importante ressaltar que a região Nordeste já fora um grande centro populacional e fora marcada no século XX por movimentos migratórios rumo a outras regiões. As migrações nordestinas estão mais relacionadas ao problema da seca, que atinge áreas do Sertão. Segundo Magalhães (2005, p. 141):

Uma grande leva de migrantes deixou o interior ainda no século XIX, quando uma intensa seca atingiu a região, matando o gado e destruindo as plantações. O continente nordestino migrou para a Amazônia, no período áureo da borracha, buscando emprego na extração do látex.

            No entanto, o maior fluxo migratório de nordestinos ocorreu entre 1920 e 1970 quando baianos, cearenses e pernambucanos dirigiram-se com destino ao Sul e Sudeste do país, principalmente São Paulo, onde trabalharam na construção civil, no comércio e nas indústrias.

            E, nos dias atuais, ainda há áreas de repulsão em razão da seca que exige mais investimento nas áreas em que se vai praticar a agricultura, deixando a população sem trabalho e sem alimentação. Mesmo havendo projetos de irrigação, de plantio e frentes de trabalho no Sertão Nordestino, eles ainda não fornecem emprego suficiente para a população.

 

Figura 2: As características econômicas, sociais e ambientais da Região Nordeste

Fonte: www.brasilescola.com

 

 

 

 

1.2.1     Aspectos Geopolíticos

 

A região Nordeste é uma das cinco regiões brasileiras acentuadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1969. Possui uma área muito parecida com a da Mongólia, uma população pouco menor que a da Itália e um IDH médio-alto, próximo ao de El Salvador. Conforme Magalhães (2005, p. 145):

Em função das diferentes características físicas que apresenta, a região encontra-se dividida em quatro sub-regiões: meio-norte, sertão, agreste e zona da mata, tendo níveis muito variados de desenvolvimento humano ao longo de suas zonas geográficas.

A região Nordeste é uma região do Brasil com 1 558 196 km² de área e 53 591 197 habitantes. A região Nordeste é um pouco menor que o estado do Amazonas, que possui 1 570 745, 680 km², e é a terceira região em área. Possui 39 998 189 eleitores (IBGE/2011), o segundo maior colégio eleitoral do país, atrás apenas da região Sudeste do Brasil.

É a região brasileira que possui o maior número de estados. São eles:  Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco com a inclusão do Distrito Estadual de Fernando de Noronha e o Arquipélago de São Pedro e São Paulo, Rio Grande do Norte com a inclusão da Reserva Biológica Marinha do Atol das Rocas e Sergipe.

 

Figura 3: O Nordeste Geopoliticamente organizado

Fonte: professormarcianodantas.blogspot

 

 

1.2.2     Aspectos Culturais

 

Para falar sobre os aspectos culturais nordestinos, é necessário que se faça uma análise da sua grandiosidade,  por se tratar da forma como vive o povo, das suas crenças dos seus hábitos, seus estilos musicais, das suas comidas, suas vestimentas. Entre outros. Segundo Ximenes (2001, p. 16):

Com base antropológica; cultura é um conjunto de experiências, relações humanas, as instituições, as produções artísticas e intelectuais, que  caracterizam uma sociedade. Podemos afirmar que temos uma cultura rica na região do nordeste, por ser muito diversificada e abrangente; suas manifestações enriquecem o cenário nacional. Por ter sido uma das primeiras regiões a ser colonizada pelos portugueses, nossa cultura é luso- brasileira; tendo recebido fortes influências da África e de Portugal. Nossos artistas representam muito bem nossa cultura a nível nacional; estando inseridos em vários segmentos. Como: na música, na literatura, na arte de representar, no humor; entre outros. Temos as manifestações folclóricas e populares, que também enriquecem nosso panorama.

            É necessário dar ênfase, aqui, que na literatura brasileira, temos nomes importantes como: Jorge Amado, José de Alencar, João Cabral de Melo Neto, Raquel de Queiroz, Clarisse Lispector, Graciliano Ramos; entre outros.

Dentro da literatura popular, tem-se a literatura de cordel, que veio no período colonial, com a chegada dos portugueses, mas, sua origem foi na Europa, na idade média, se destacou neste seguimento o cordelista Leandro Gomes de Barros. E também se tem obras importantes da literatura como o Auto da Compadecida e o santo e a Porca, do escritor Ariano Suassuna. (GARCIA, 1986, p. 13)

O livro Casa-grande e Senzala de Gilberto Freire se destaca na historia porque escreveu sobre a igualdade entre negros e brancos e a importância dos escravos, para economia do nosso país.

Na música temos uma diversidade de ritmos populares: o coco, o xaxado, o samba de roda, o baião, o forró, o frevo, o axé; entre outros. Nas danças o destaque fica por conta do maracatu e do frevo em Pernambuco; o bumba meu boi e o xaxado no maranhão.

 

Figura 4: Candomblé

Fonte: fundacaocultural.ba.gov.br

            Os artesanatos também fazem parte da nossa cultura; pois garante o pão de muita gente; como destaque as redes tecidas, com estampas diversificadas, os bordados; os produtos de barros, de madeira, de couro, de palha de carnaúba e as rendas. Lembramos das garrafas com desenhos, feitos normalmente em areia com diferentes cores; com boas aceitações no meio turístico. (GARCIA, 1986, p. 18)

 

Figura 5: Artesanato do Nordeste

Fonte: artesanato.culturamix.com

 

A culinária, além de ser muito variada medita as condições econômicas e produtivas da região, no sertão temos: a carne de gado, de bode, de porco, e seus derivados, há diferenças regionais nas multiplicidades e nas formas de organizar. Exemplo: no Ceará, o macunza é salgado, e em Pernambuco, o  macunza  é doce, temos ainda, a canjica, a pamonha, o cuscuz, o milho assado, o pé-de-moleque, a tapioca, o acarajé, o vatapá, a broa, a panelada, o baião de dois, a buchada, o feijão verde e os variados  tipos de doces, como de leite, de mamão com coco, de  goiaba, de caju, entre outros, No litoral predominam os peixes e os frutos do mar. Todas estas comidas podem ser facilmente encontradas nos restaurantes nordestinos.

 

Figura 6: Culinária - Pamonha

Fonte: caestamosnos.org

Nos festejos temos o carnaval de Salvador, Recife e de Olinda. Recife tem o maior Bloco Carnavalesco do mundo: O galo da madrugada.  Além dos carnavais fora de épocas (as micaretas) como: o carnatal em Natal, o fortal em Fortaleza, o pré-caju em Aracaju e a micarande em Campina grande. Temos também as festas juninas; com destaques para Campina grande na Paraíba; que disputam entre si,  o titulo da capital do forró. Mossoró no Rio Grande do Norte e Juazeiro do Norte no Ceará, também realizam grandes festas no período junino.

Teatro Popular de bonecos ou mamolengos.  É uma das formas de expressão teatral mais antiga na diversão da humanidade e tem origem européia, tornou-se muito popular no nordeste, sobretudo em Pernambuco, os bonecos tem a cabeça e os braços feitos de madeira e o  corpo feito de pano, oco como uma luva, são manipulados por cima de uma cortina por uma pessoa denominada de bonequeiro, cada boneco que se apresenta tem um nome: Benedito, Maroquinha, entre outros. (GARCIA, 1986, p. 17)

 

Figura 7: Teatro do Mamulengo

Fonte: cooperativadeteatro.com.br

 

Sem esquecer, é claro, das festas populares que estão muito presentes em nossa cultura: o bumba meu boi esta presente em todos os estados da região; só que muda o nome, as vestimentas, as músicas e o ritmo; conservando sempre o mesmo enredo. Tem-se ainda, o cavalo de Piancó, com origem em Amarante -  PI, nas noites enluaradas, para espantar o sono, os homens dançam imitando um cavalo manco, em pares, fazem círculo e dançam ora compassado e ora  apressado; pisando firme com o pé esquerdo no chão, sempre trocando de pares.

O Tropicalismo foi um movimento cultural brasileiro que surgiu nos anos 60, sob a influência das correntes básicas da vanguarda e  da cultura pop nacional e estrangeira; mistura manifestações tradicionais da cultura brasileira a invocação estética e radical. Artistas nordestinos como: Tom Zé, Caetano Veloso e Gilberto Gil, foram fizeram parte deste movimento.

A religião predominante é a católica. As paróquias costumam realizar 10 ou mais dias de festas em comemoração ao seu santo padroeiro. Padre Cícero, frei Damião, irmã Dulce, não são considerados santos pela igreja, mas muita gente os Venera como se fossem e faz promessas a procura de milagres.

 

Figura 8: Igreja Nosso Senhor do Bonfim

Fonte: blogdaentoada.wordpress.com


2 O NORDESTE NA OBRA DE JORGE AMADO

 

 

 

Segundo Garcia (1986, p. 11), a obra de Jorge Amado (1912-2001) sempre despertou interesse do grande público. É por isso que já foi traduzida para diversas línguas, inclusive japonês,  russo e tcheco. E, apesar do enorme sucesso, somente nas últimas décadas a crítica reconheceu suas qualidades literárias. 

Atualmente, a principal característica do autor de "Capitães da Areia" (1937) é a técnica de narrador de ofício. O relançamento de toda obra de Jorge Amado contribui para que a crítica reavalie sua opinião. A maior virtude do escritor  é transformar a experiência de vida e de leitura em linguagem ficcional, movida por uma imaginação poderosa. Deve-se aproveitar para despertar o interesse da turma pela leitura dos livros de Jorge Amado, em especial, o romance Capitães da Areia.

 

 

2.1 Incursões em Capitães da Areia (1937)

 

 

De acordo com Amado (1982), Capitães da Areia é um clássico na temática das crianças desprovidas de qualquer amparo social, legadas ao destino incerto dos que são propositalmente marginalizados, erradicados do convívio social. A trajetória dos meninos, que enfrentam os representantes do poder e roubam dos ricos para partilhar o produto do furto entre os companheiros pobres e abandonados, constitui uma das principais obras de Jorge Amado.

Este grupo, que sobrevive de apropriações indébitas e golpes sem maior importância, desfila pelas ruas da cidade alta na Bahia, cada integrante exibindo apelidos que traduzem atributos físicos ou, no caso do Professor, virtudes intelectuais, o único membro da gangue dotado de dons culturais.

Amado (2008) aborda este universo de uma forma cruel, sem maiores concessões ou sentimentos compassivos. Ele os revela exatamente como são e vivem, com vibração, guiados por uma estrita racionalidade e altas doses de arbítrio e firmeza, virtudes não restringidas pelo contexto adverso em que vivem.

Personalidades como o líder dos Capitães, o loiro Pedro Bala, admiravelmente rápido, o que explica seu apelido; Pirulito, firmemente obcecado com a expurgação dos pecados; o sensual Gato, que acalenta o anseio de se converter em cafetão; e Professor, o amante das letras, assim como os demais membros do grupo, são desenvolvidos com maestria pelo autor, que enraíza sem vacilar o aspecto de cada um.

Dora é a única personagem feminina que se sobressai, pois é o ponto de contato deste universo masculino com a esfera feminina; por uns, é vista como irmã, por outros, é a imagem maternal. Para Pedro Bala ela é a mulher ideal, sua amada. Percorrendo as ruas da cidade e o caminho do mar, os Capitães da Areia estão sempre ocultos aos olhos dos poderosos. Eles encontraram seu próprio caminho no desafio à ordem constituída (AMADO, 1982).

Cada um dos garotos teve a rua e a vida como mestras, a exceção como metodologia de formação, e assim cresceram, e se tornaram homens, na prática de atividades proibidas e no amadurecimento afetivo, seja ao lado de mulheres ou de outros rapazes. Pedro Bala, em sua trajetória existencial, passará de jovem marginal a líder comunista.

 

Figura 9: Os capitães reunidos no trapiche.

Fonte: lerantesdemorrer.wordpress.com

 

 

De acordo com Amado (1982), embora desafiassem firmemente a lei, os meninos se agregam na cultura e na religião locais, respeitando tanto o catolicismo, ao interagirem sem problemas com o padre José Pedro, quanto com o candomblé, ritual alternado e de tradição na Bahia, ao se relacionarem tranquilamente com a Mãe de Santo Aninha.

Paradoxalmente, nem as autoridades, nem o clero se dispõem a confrontá-los e persegui-los, a não ser quando atingem personalidades significativas. Os meios de comunicação, ocasionalmente, disseminam suas necessidades, mas preferem, a maior parte das vezes, culpá-los pela situação em que se encontram (AMADO, 2008).

 

 

2.2 Incursões em Gabriela, Cravo e Canela (1958)

 

 

Conforme diz Amado (1982), essa história teve início em 1925, na cidade de Ilhéus. A primeira parte é um brasileiro das Arábias e sua primeira divisão é o langor de Ofenísia. Vai centrando-se a história nesta parte em dois personagens: Mundinho Falcão e Nacib.

Mundinho é um jovem carioca que emigrou para Ilhéus e lá enriqueceu como exportador e planeja acelerar o desenvolvimento da cidade, melhorar os portos e derrubar Bastos, o inepto governante. Nacib é um sírio dono do bar Vesúvio, que se vê em meio a uma grande tragédia pessoal: a cozinheira de seu partiu para ir morar com o filho e ele precisa entregar um jantar para 30 pessoas em comemoração a inauguração de uma linha automotiva regular para a cidade de Itabuna. Ele encomenda com um par de gêmeas careiras, mas passa toda a parte procurando por uma nova cozinheira (AMADO, 1982).

Ao final desta parte surge Gabriela, uma retirante que esquematiza fixar morada em Ilhéus como cozinheira ou doméstica, apesar dos pedidos do amante que planeja ganhar dinheiro plantando cacau.

A segunda parte desta história é a solidão de Glória e passa-se apenas em um dia. Amanhecem dois corpos na praia, frutos de um crime passional, que segue com as preparações do jantar e a contratação de Gabriela por Nacib. No jantar instigam-se as diferenças políticas e declara-se a guerra pelo poder em Ilhéus entre Mundinho Falcão e os Bastos. Quando o jantar termina em paz, Nacib volta para casa e, quando ia deixar um presente para Gabriela, tem com ela a primeira noite de amor e luxúria.

A segunda parte chama-se propriamente Gabriela Cravo e Canela e, passa-se cerca de três meses após o fim do outro capítulo, e três problemas existem: o caso Malvina-Josué-Glória-Rômulo, as complicações políticas e os ciúmes de Nacib. Vamos pela ordem. Josué era admirador de Malvina, filha de um coronel com espírito livre. Esta começa a namorar Rômulo, um engenheiro chamado por Mundinho Falcão para estudar o caso da barra. Josué se desaponta e se interessa por Glória, amante de outro coronel. Rômulo foge após um escândalo feito pelo machista pai de Malvina, Malvina faz planos de se libertar e Josué começa um caso em segredo com Glória. Na política, acirra-se a disputa por votos ao ponto do coronel Bastos mandar queimar toda uma tiragem do jornal de Mundinho. Mas Mundinho ganha terreno com a chegada do engenheiro. E perde quando esse foge covarde. E ganha com a promessa da chegada de dragas a Ilhéus (AMADO, 1982).

Entretanto, Nacib desenvolveu um caso com Gabriela. Mas é atacado pelos ciúmes. Pouco a pouco ele percebe que é amor e acaba sugerindo casamento a Gabriela depois do último impulso do juiz. Mas foi a tempo, já que até roças do poderoso cacau de Ilhéus já haviam sido oferecidas a Gabriela. O capítulo termina durante a festa de casamento de Nacib e Gabriela, quando chegam as dragas no porto de Ilhéus. E a quarta e última parte chama-se O luar de Gabriela. Nela, resolvem-se todos os casos.

Josué e Glória oficializam a relação e Glória é expulsa de sua casa por seu coronel. Na parte da política, após o coronel Ramiro Bastos perder o apoio de Itabuna, ele morre placidamente em seu sono, seus aliados reconhecem que estavam errados e a guerra política acaba com Mundinho e seus candidatos vencedores. Gabriela não se adapta de forma alguma à vida de senhora, para desespero de Nacib, que acaba anulando o casamento ao pegá-la na cama com Tonico Bastos, seu padrinho de casamento.

Mas ninguém ri de Nacib; pelo contrário, Tonico é humilhado e sai da cidade, o casamento é anulado sem complicações e Gabriela sai de casa. Nacib fica amargurado e vai se recuperando. As obras na barra se completam com sucesso e Nacib e Mundinho abrem um restaurante juntos (AMADO, 1982).

Porém, num desfecho, o coronel, assassino dos dois amantes da primeira parte, é condenado à prisão. Cheio de uma crítica à sociedade ilheense, a própria linguagem do autor muda quando foca-se a atenção em Gabriela. Torna-se mais cantada, mais típica da região, deixando a leitura cada vez mais saborosa.

 

Figura 10: A sensual personagem de Jorge Amado imortalizada por Sônia Braga – 1975

Fonte: evaldiano.blog-2010.com

 

O cozinheiro chamado pelos dois é convidado a se retirar da cidade por admiradores de Gabriela, que acaba sendo recontratada por Nacib. Semanas depois, Nacib e ela reiniciam seu caso, tão ardente como era no começo e deixara e ser após o casamento.

 

 

2.3 Incursões em Dona Flor e Seus Dois Maridos (1966)

 

Segundo Amado (1982), Dona Flor e Seus Dois Maridos é um dos seus romances mais populares, publicado em 1966. Fazendo alternância entre as palavras e as descrições bem realistas da vida boêmia de Salvador dos anos 40, com caminhos mais amenos acerca de comida e remédios, o livro é um amplo painel do dia-a-dia e do passado da vida baiana.

O romance se inicia com a morte de Vadinho, um boêmio, jogador e alcoólatra que morre subitamente em pleno carnaval de rua, vestido de baiana. Deixa viúva Dona Flor, a quem explorava e que, apesar da vida desregrada do marido, era apaixonada por ele. Na primeira parte do livro são contados os excessos de Vadinho e de todos os companheiros boêmios que lhe cercavam (AMADO, 1982).

Porém, em contradição com esse ambiente subdesenvolvido e de sinistros hábitos narrado detalhadamente pelo autor, na segunda parte do livro é a vida pacífica de Dona Flor que passa a ser retratada. Faz-se uma descrição de como ela ganha a vida instruindo culinária na escola de sua propriedade Sabor & Arte. Entremeando as aulas de culinária, há os suspiros da viúva pelo marido morto, que lembra cada vez mais invariavelmente das qualidades de ótimo amante de Vadinho e dos raros momentos de luxo que lhe oferecera, quando ganhava no jogo. Ao mesmo tempo, ela é galanteada por um concorrente, um farmacêutico sossegado e religioso. Os dois terminam se casando. No entanto, de idade um pouco avançada e bastante conservador, ele não consegue satisfazer Dona Flor, que cada vez mais se lembra de Vadinho.

 

Figura 11: Dona Flor e seus Dois Maridos

Fonte: literarioecinematografico.blogspot.com

 

Na terceira parte, os fatos se empurram e adquirem um estilo do realismo fantástico, quando a alma de Vadinho volta e passa a angustiar Dona Flor. Apenas ela vê Vadinho, que quando está com Dona Flor parece ser apto a realizar as mesmas coisas que fazia na cama quando estava vivo. Dona Flor oscila em se manter fiel ao novo marido ou ceder ao espírito do primeiro.

 

 

2.4 Incursões em Tenda dos Milagres (1969)

 

Segundo Amado (1982), em Tenda dos Milagres, o segundo romance dele, publicado em 1969, o autor mostra a violência dos brancos mediante rituais de origem africana, e oferece o ingresso para outro mundo, onde a combinação não é só de raças, mas também de religiões. É um brado contra o preconceito racial e religioso. E no desejo de mostrar a figura de Pedro Archanjo em sua integridade, o autor encheu-se de ambição, quis envolver o mundo com as pernas, combinou tempos e espaços romanescos.

Tenda dos Milagres é uma obra em que a confabulação com as doutrinas da identidade nacional é cultivada em sua máxima potência. Seu personagem principal, Pedro Archanjo, transita entre doutrinas populares e eruditas, torna-se autor e contesta com personalidades que podem ser reconhecidas.

Ritmos como o candomblé, a capoeira e as festas populares da Bahia participam do universo de Pedro Archanjo, escritor, sábio, malandro e personagem central da obra. Os tipos do folclore das ladeiras de Salvador estão presentes também em Tenda dos Milagres. É um dos maiores e mais perfeitos personagens da literatura universal. Ele é descrito como Ojuobá. Mulato e capoeirista, mestre Archanjo, como também era denominado, tocava viola, era bom de cachaça e pai de muitas crianças com as mais lindas negras, mulatas e brancas. Neste romance, é ele quem andar pelas ladeiras de Salvador e coleta dados sobre os negros africanos e sua cultura. Pedro é um mestiço sociólogo que luta contra os preconceitos de Salvador do início do século e que permanece frequentando os terreiros mesmo depois que deixa de acreditar nos orixás. Tudo para não deixar abrandar o alento dos perseguidos e impedir o triunfo da polícia e da elite racista.

Romance sociológico, esta obra segue a linha típica dos romances de Jorge Amado, que tem, como já citado, a cidade de Salvador como cenário e é, basicamente, a narrativa das proezas e dos amores de Pedro Archanjo, bedel da Faculdade de Medicina da Bahia, que se converte em estudioso apaixonado de sua gente, publicando livros sobre a mestiçagem genética e os sincretismos simbólicos do povo baiano. Mostra sua luta pela afirmação da cultura popular (AMADO, 1982).

 

 

Figura 12: Tenda dos Milagres – Mãe Anastácia

Fonte: produto.mercadolivre.com.br

Neste romance, a vida do povo baiano é mostrada em uma trama fascinante e plena de personagens os mais diversos e curiosos, que vão dos mestres da capoeira ao povo do candomblé, professores, doutores e boêmios.

E muitas são as mulheres que encheram de encanto a narrativa do escritor: Rosa de Oxalá, Dorotéia, Rosenda, Risoleta, Sabina dos Anjos, Dedé, a maioria mulatas baianas, e a nórdica Kirsil. Mas dentre tantos tipos que povoam a história, se sobressai, sem dúvida, a figura de Pedro Archanjo (AMADO, 1982).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3 LEITURA DO NORDESTE NA ÓTICA DOS PERSONAGENS

 

 

Através de uma viagem pelo interior da região Nordeste e, sobretudo da Bahia, Jorge Amado criou personagens masculinos que ficaram para sempre na memória e na literatura como Antonio Balduíno, Vadinho, Pedro Arcanjo e Quincas Berro D'água. Personagens saídos do povo e apreendidos pela ficção realista do escritor, através da caricatura de tipos folclóricos como o malandro, o espertalhão, o honesto, o imbecil, o preguiçoso, o sedutor, o mulherengo, o jogador, o moralista. Para Pereira (2012, p. 19):

Foi observando as negras e mulatas do terreiro de Menininha do Gantois, em Salvador; as prostitutas do Largo do Pelourinho; as lavadeiras das calçadas do Senhor do Bonfim ou as jovens burguesas descendentes diretas do coronéis do cacau da região de Santo Amaro, Ilhéus e Itabuna que Jorge Amado criou uma galeria de tipos femininos inesquecíveis que mistura força, coragem, sensualidade, sabedoria, beleza e poder.

É importante enfatizar as mulheres como Gabriela, Tieta, Dona Flor, Teresa Batista, Adalgisa e Manela, fogosas, queimadas de sol, ancas cheias, sorriso farto, lábios sensuais. Pois, em cada uma delas, o escritor anuncia um ponto de vista da mulher nordestina e uma moral diferente, segundo a própria vida lhe ensina: o sofrimento da sobrevivência, a dupla jornada de trabalho, o desrespeito dos homens, o cuidado estremado com os filhos, a vontade de viver e de amar, a leveza e a liberdade com que se entregam ao prazer da carne.

Uma galeria de tipos femininos vividos pela atriz Sônia Braga, a mais perfeita encarnação desses personagens, conforme opina Jorge Amado, por representar os traços típicos da mulher brasileira nordestina: mulata, cabelos encaracolados, olhos negros e dinâmicos, estatura mediana, sorriso farto, ancas volumosas, sensualidade à flor da pele e uma força de interpretação dinâmica pouco vista na televisão. Ela já viveu Dona Flor, Gabriela, Tieta do Agreste e a filha-pequena de santo no Gantois. A relação desde o início entre o criador e a criatura foi tão forte que na primeira vez que a viu Jorge Amado intitulou-se seu amante preferido, enquanto esta ao ouvir tal declaração, intitulou-se sua filha dileta (AMADO, 1982).

Deve-se levar em conta que uma das figuras que sempre aparecem desse acervo, entre sexo, nudez e voluptuosidade, é a da mulher casada, mulher de família, certinha e bem comportada, que de repente rompe-lhe o senso moral, ou quebram-lhe os enlaces dos bons hábitos e descobre que a felicidade é virar prostituta. De acordo com Pereira (2012, p. 20):

Para que isso aconteça claro, é preciso o retrato do prostíbulo. Nos livros de Jorge Amado, que aborda a realidade social, político e econômica do Nordeste baiano, há sempre um bom lugar para os lupanares. Nas telenovelas, então, isso é catapultado à enésima potência, e mulheres deslumbrantes, sensualmente lindas e fartas de peitos e bundas aparecem rebolando em cenas  e mais cenas.

E é justamente aí que ingressa o retrato da dona de casa reservada, em que o marido é grosseirão, sem sensibilidade, nem na hora da mesa, e muito menos na hora da cama. Na visão de Jorge Amado, que conhecia bem a realidade social brasileira, principalmente na decadente região do cacau, que em nada difere do Brasil adentro, a delícia do sexo acontecia mesmo era nos prostíbulos.

Por isso, quando uma mulher casada, carola, entristecida ou não, mas no fundo da alma carente, conhecia, por acidente ou por curiosidade, a Casa da Luz Vermelha, sentia-se como se o mundo inteiro lhe fosse jogado no colo apenas com o calor das coisas boas. A partir daí, ou ela quer virar uma das Tias Chininhas ou quer ser tratada como tal.

Em Tieta, por exemplo, há casos exemplares, a começar pela protagonista de mesmo nome (Betty Faria), que após ser expulsa da cidadezinha de Santana do Agreste, vai para São Paulo e lá se torna prostituta, ganha não só a vida e a liberdade, mas muito dinheiro também como cafetina. Volta à cidade para se vingar, mas sem que ninguém saiba que ela fora mulher da vida. É quando a história deslancha (AMADO, 1982).

Nessa história deslanchada, há a irmã de Tieta, Elisa, a mulher de Timó­teo D'Alembert, que não surgia com tanto desejo quanto Elisa gostaria. Isso terminou crescendo na mulher duas taras, uma por Tarcísio Meira, que só aparece na novela em sonhos do personagem de Tássia Camargo, e outra pela vontade fatídica de querer ser tratada como prostituta.

Já em Porto dos Milagres, essa vontade acabou se tornando realidade. O personagem de Mônica Carvalho, Maria do Socorro, entrou por curiosidade num bordel e, como mariposa à luz, cheia de encantos, de lá não saiu nunca mais. Em Gabriela, um dos pontos centrais da trama exibida pela TV Globo como novelas das 23 horas é o prostíbulo.

Nos primeiros capítulos, ali, uma mulher da alta roda, vivida por Maitê Proença, teve um entrevero de deslumbres e quase sucumbe ao feitiço da ‘vida fácil’. Agora nos próximos capítulos vai se desenvolver a história de um casal de artistas, cuja mulher é vivida pela bela Bruna Linzmeyer, cujo personagem traz no nome o que ela é de fato, Anabela (PEREIRA, 2012, p. 22).

Essa personagem faz shows exatamente na Casa da Perdição, no formidável lugar da fuga e do esquecimento, o Bataclã. Onde a tentação está à solta. Por essas e por outras, que se tornam debates de nossa cultura popular, é que vale Jorge Amado.

 

Figura 13: Mulheres inesquecíveis criadas por Jorge Amado

Fonte: mdemulher.abril.com.br

É importante, no entanto, lembrar que há a tirania, os conflitos sociais, a arbitrariedade dos coronéis, a submissão feminina, a vida difícil no sertão, o mar, o mar, o belo mar azul do litoral, o emaranhado de vidas e desejos, fogo e ardência sob o sol do Nordeste, poder e polícia, discriminação, marginalidade, a vida e a morte de um povo. Há tudo isso na obra de Jorge amado.

Se a Globo é biblioteca de sua obra, a visita aos livros de verdade do autor de A morte e a morte de Quincas Berro D’água, também vale. As telenovelas podem ser apenas uma porta de entrada, mas uma porta bem servida, diga-se de passagem, (PEREIRA, 2012, p. 25).

4 LEITURA DO NORDESTE NA LINGUAGEM JORGEANA

 

 

A língua não é usada igualmente por todos os seus falantes. A utilização de uma língua varia de época para época, de região para região, de classe social para classe social, e assim sucessivamente. Nem mesmo de modo individual pode-se assegurar que esse uso seja único. Isso vai depender da circunstância, pois uma pessoa pode empregar diferentes variedades de uma só forma da língua.

Sabe-se que existem três marcos importantes para a sociolinguística que podem confundir facilmente: Variedade que corresponde a dialeto. Deste modo, por exemplo, as multiplicidades do português setentrional são os idiomas do português falado no norte de Portugal. A variedade standard é o modelo de língua de uma sociedade. De acordo com Bagno (2004, p. 23):

O termo variante é utilizado nos estudos de sociolinguística para designar o item linguístico que é alvo de mudança. Assim, no caso de uma variação fonética, a variante é o alofone. Representa, portanto, as formas possíveis de realização. No entanto, na linguística geral, o termo variante dialetal é usado como sinônimo de dialeto. A variável é o traço, forma ou construção linguística cuja realização apresenta variantes observadas pelo investigador.

Por isso, por causa das divergências geográficas e culturais no Brasil, e das divergências políticas da língua estabelecidas por esse incomensurável país, o português não evolucionou de forma igual. Há muitas diferenças entre as normas cultas das duas variantes da língua, principalmente no que se alude à fonética, à ortografia e ao princípio pronominal. Há, ainda, diversas variações de dialetos internos ao português do Brasil, que se ligam a variações regionais e sociais. Há dialetos que provam o nível social ao qual tem relação um indivíduo. Segundo Gagné (2002, p. 76):

Os dialetos mais prestigiados são das classes mais elevadas e o da elite é tomado não mais como dialeto e sim como a própria língua. A discriminação do dialeto das classes populares é geralmente baseada no conceito de que essa classe por não dominar a norma padrão de prestígio e usar seus próprios métodos para a realização da linguagem corrompe a língua com esses erros.

Isso implica dizer que as mudanças que vão ocorrendo na língua se devem à sociedade rica que sorve alguns vocábulos de fala das classes sociais mais baixas, que provocam uma transformação linguística, fazendo com que o erro já não seja mais erro. Neste caso, então, não se pode dizer que a classe rica contamina a língua. Para Faraco (2003, p. 159):

Não é difícil observar como a língua portuguesa é falada de modos diferentes pelo Brasil afora. Também não é difícil de observar como a língua varia conforme o estamento social dos falantes e como nós mesmos variamos continuamente nosso modo de falar.

Isso significa dizer que depende da situação em que se encontra o indivíduo, seja ela formal ou informal, quem sejam os interlocutores e, ainda o papel que se está exercendo num determinado momento.

Portanto, não existe a ou uma língua portuguesa, mas muitas línguas portuguesas. Há um conjunto de variedades, pois o falante não tem apenas uma, mas várias gramáticas registradas em seu cérebro. Segundo Faraco (2003, p. 160):

É claro que essas gramáticas não são totalmente independentes: como umas são parentes das outras, elas partilham múltiplos aspectos, várias áreas se recobrem em cada uma dessas gramáticas, como o vocabulário básico, os processos de formação de palavras, o coração da sintaxe.

            Pode-se dizer, então, que entre elas há mais similaridades do que contestações, mesmo que estas chamem mais a atenção de todos. Pelas afinidades é que se tem o sentimento de que o outro fala a mesma língua, ainda que o faça de modo diferente do falante brasileiro.

            A variação está ligada a cada região em que a língua é falada, pois varia de região para região. A primeira grande divisão geográfica do português alcança os diferentes países em que ele é falado. Fala-se diferentemente em Portugal, no Brasil, em Angola ou Cabo Verde.

            Em várias regiões do Brasil convivem, num mesmo espaço geográfico, diferentes variedades regionais. Tal maravilha decorre dos movimentos de migração de grandes fortuitos populacionais que aconteceram durante o século XX, quando a migração de pessoas nordestinas para o centro-sul, a migração de pessoas do sul para o centro-oeste e norte e o grande êxodo rural, inverteu a divisão populacional entre cidade e campo, tornaram o Brasil um dos países mais urbanizados do mundo trazendo para o ambiente urbano os falares rurais brasileiros. De acordo com Faraco (2003, p. 161):

As marcas linguísticas regionais participam ativamente dos processos de construção de nossa identidade. O modo como falamos a língua nos aproxima dos nossos conterrâneos.

            Sabe-se que o falar de cada região mostra a diferencia das pessoas de outras regiões. A variedade da língua regional é uma das marcas registradas e a tendência é permanecer mesmo quando se muda de região.

            Características como o gênero, a idade, o estamento socioeconômico, à medida que dão condições diferentes de experiências sociais e culturais, participando dos processos de distinção linguística. As distintas multiplicidades sociais são equivalentes ao ponto de vista da propriedade linguística, pois todas são do mesmo modo organizadas e são funcionalmente apropriadas para as pessoas que as utilizam.

A camada mais jovem da população usa um dialeto que se contrasta muito com o usado pelas pessoas mais idosas segundo Bagno (2004, p. 25), pois os jovens absorvem novidades e adotam a linguagem informal, enquanto os idosos tendem a serem mais conservadores.

As mulheres possuem algumas peculiaridades no uso da língua e os homens possuem outras. Para exemplificar essas variações referentes ao sexo observamos os diminutivos como bonitinho, gracinha, menininha, sendo usados mais pelas mulheres e aumentativos de nomes próprios como Carlão e Marcão sendo mais usados por homens.

Dependendo do lugar em que o indivíduo se encontra, ele utilizará a linguagem coloquial, formal ou informal e essa diferença de tratamento faz parte da variação estilística. Na visão de Bagno (2004, p. 26):

Alguns dialetos são usados com diferentes sotaques regionais como acontece na norma culta da língua portuguesa. Os sotaques não podem ser confundidos com dialeto, pois o que caracteriza o sotaque é apenas a diferença de pronúncia dos falantes.

Vale ressaltar, aqui, que a questão é que determinadas diferenças de som entre pronúncia podem ser censuradas pela sociedade, assim como determinadas diferenças do léxico e da gramática. A pronúncia e o idioma de uma pessoa se  alteram, de modo sistemático, conforme a formalidade ou informalidade da ocasião em que se encontra.

 

 

 

 

 

4.1 Expressões Usuais

 

 

A linguagem popular baiana é uma das principais vias de expressão do que se considera a baianidade. Até porque ela é fruto de outras duas importantes características do ethos baiano: o bom humor e a criatividade. 
Só mesmo o espírito baiano para inventar expressões como "espanta negrinha" (perfume barato), "pão donzelo" (pão puro, sem manteiga) ou "fazer terra" (tirar sarro em ônibus cheio). Essas e outras centenas de expressões, típicas de nosso dia-a-dia, refletem bem a brejeirice, a picardia, a malícia.

Abaixo algumas expressões nordestinas usadas pelo povo de alguns estados da região Nordeste, de acordo com Arruda (2011).

ü  A burrinha da felicidade" - Expressão usada para falar que alguém terá sorte ou que a sorte virá breve para a pessoa.

ü  A morte que matou a jumenta" - Comparação com algo que aconteceu de ruim ou falar que alguém que é tão ruim como a morte.

ü  Armazém de mangaio " - Local onde se vendem chapéus de palhas, cestos, balaios, cordas, etc.

ü  Ave Maria, o que foi? " - O que aconteceu ? qual o problema?

ü   Bater esteira " - Termo muito usado nas vaquejadas. Quando os dois cavalos correm, atrás do boi para derruba-lo, um dos cavaleiros fica próximo ao boi para empurra-lo até a linha de chegada da vaquejada.

ü  Tempo do ronca" - Um passado muito distante, coisa antiga.

ü  Apartar as vacas" - Separar as vacas no curral da fazenda.

ü  Bater mazuca" - Tipo de dança folclórica, onde se bate os pés.

ü  Bote tempo" - Dar um tempo, esperar por algo.

ü  Brincar de toca" - Brincadeira de criança, onde uma toca a outra e sai correndo.

ü  Buxo quebrado" - Criança ou adulto que tem a barriga grande.

ü  Padin Ciço" - Padre Cícero do Juazeiro do Norte-CE. E considerado como santo para o povo nordestino.

ü  Matuto do pé da serra" -  Pessoa que mora em lugar distante da cidade e que tem pouco contato. Caipira .

ü  Cabra bom" - Homem honesto/Amigo fiel/Homem guerreiro/homem trabalhador e leal.

ü  Cabra macho" - Homem valente/Homem trabalhador/Homem bom/Pessoa fiel.

ü  Cabra da peste" - Homem valente/Pessoa boa/Pessoa ruim.

ü  Cabra danado" - Homem bom/Homem ruim.

ü  Cabra frouxo" - Homem covarde.

ü  Cabra sem futuro" - Homem preguiçoso, vagabundo.

ü  Cachorro da mulesta" - Pessoa ruim. Ex: Fulano de tal é um cachorro da mulesta, só vive arrumando confusão.

ü  Cachorro que pega raposa e não pega um preá não presta" - É a mesma coisa que falar que um vaqueiro não sabe derrubar um boi . Em um outro sentido é falar que certa pessoa faz determinada função e não sabe fazer uma coisa simples na vida.

ü  Careço disso não" - Não preciso disso.

ü  Cega Maria ou Ir para a Cega Maria - Ir para um lugar muito pobre. Ex: Se o que eu estiver falando for mentira eu quero "Ir para a Cega Maria".

ü  Cururu teitei" - Apelido de pessoa chata. O "cururú" é um sapo e isso é uma forma de ofender alguém.

ü  Dar na telha" - Fazer algo improvisado/imediatamente.

ü  Dar um croque" - Dar um cascudo na cabeça. Tabefe.

ü  Dar uma piaba" - Dar um mergulho na água. Bater ou dar surra em alguém.

ü  Dar uma voltinha" - Pedir para dançar numa festa. Nas festas de interior é costume chegar próximo de uma mulher e pedir para "Dar uma voltinha".

ü  Dava fé deu" - Prestava atenção em mim, observar.

ü  De quem é essa riqueza ?" -  Utilizada quando se refere a um bem pessoal. De quem é esse carro ? Essa casa ? etc.

ü  Do tempo do calitó" - De em tempo muito antigo, recordação muito antiga.

ü  É de lascar" - Coisa muito difícil, algo que incomoda, aborrecimento.

ü  É lasca de vida" - Quando se refere ao modo de vida. Dificuldade financeira,aborrecimento.

ü  É mais fácil ver olho de mosquito" - Coisa difícil de enxergar. Algo distante/impossível.

4.2 Referência aos Personagens Jorgeanos

 

 

Segundo Gebara; Nogueira (2010), “Em suas obras, Jorge Amado retrata os costumes da sociedade baiana em diferentes épocas, mesclando o tom humorístico à visão otimista de mundo. as tramas de a morte e a morte de Quincas Berro D’água, Capitães da Areia, o compadre de Ogum e o sumiço da santa compõem­se da naturalidade de uma linguagem crua e lírica. Sua produção apresenta recursos estilísticos expressivos que aderem à multiplicidade temática. a variada rede de recursos mostra que é enganosa a imagem de um escritor supostamente ingênuo. na verdade, amado escreve com habilidade, ao criar heróis populares que se inserem na galeria de “malandros” da literatura brasileira”.

É possível que o primeiro deles tenha sido o Leonardo criado por Manuel Antonio de Almeida, em memórias de um sargento de milícias, como mostra o ensaio dialético da malandragem, de Antonio Candido. O malandro é personagem que transita por todas as camadas sociais, relaciona­se com diferentes pessoas e adapta­se às mais diversas situações (ABDALA, 1999).

Ágil e livre, atravessa dificuldades e geralmente atinge o “final feliz”. Por vezes tem conduta inadequada, sem que a punição seja severa. Na nossa literatura, há uma galeria de malandros, entre os quais poderiam figurar alguns personagens jorgeanos pelo modo como agem e se expressam. Vadinho, de dona flor e seus dois maridos, é um exemplo. Outro é o grupo de garotos de capitães da areia:

— olha, grande, o tal empregado tá sentado em ribado embrulho. Tu vai chegar na porta da rua, apertar a campainha e sumir depois. É pro homem se levantar e eu abafar o embrulho. Mas dá o suíte logo pro homem não te ver, pensar que foi sonho. Deixa passar o tempo de eu chegar na cozinha.O malandro acendeu um cigarro, falou para Dora:

— Tou aprendendo tocar um samba porreta. E tou cavando um violão, irmã.

— Tu tá tocando batuta mesmo, mano.

— É um tal de sucesso nas festa…

É na literatura que pode ocorrer uma descrição perfeita da variação lingüística, porque a linguagem é, para o autor, um elemento expressivo do retrato social, do ambiente e dos personagens. Como sabemos, há mais de 70 anos, a literatura brasileira nacionalizou suas obras por meio de temas e linguagens nacionais. Acreditamos que este “grito” tenha sido dado por Mário de Andrade, nos prenúncios do Modernismo, uma vez que sua obra aproximava - se da linguagem do povo e trabalhava com temas populares (ALTAMAN, 2001).

Tal temática é aprofundada com a geração de 30, composta pelos nordestinos Rachel de Queirós, Jorge Amado, Graciliano Ramos e José Lins do Rego, destacando - se também, em outra temática, o gaúcho Érico Veríssimo. Era a prosa regionalista. Não mais apenas na descrição geográfica e cultural da prosa romântica, mas uma narrativa de cunho social, retratando as classes marginalizadas, como o cortador de cana, o sertanejo fugindo da seca, os trabalhadores do cacau entre outros.

A obra de Jorge Amado revelou para o Brasil e o mundo a adequação da língua das classes estigmatizadas pelas elites culturais, descrevendo o modo de viver de uma gente que ansiava por liberdade (ALTAMAN, 2001).

O vocabulário, considerado como obsceno, encontrou aproveitamento no uso da língua, marcado pelos fatores situacionais. Isso foi uma das razões que mais influenciaram para a repercussão das críticas acerca da linguagem amadiana. Eram palavras conhecidas por todos e que apareciam com naturalidade nos textos, reproduzindo o falar das classes menos favorecidas (ALTAMAN, 2001).

Jorge Amado deu autenticidade à língua, principalmente na modalidade oral, sem vacilar em quebrar os preconceitos. Nos tempos de perseguição e opressão à expressão do pensamento, Jorge Amado, abastecido de ousadia e consciência política, retratou fielmente os costumes, dando expressão literária ao linguajar do povo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

            Um dos mais lidos ficcionistas de toda a história literária brasileira, nascido numa fazenda de cacau, em Pirangi, Itabuna, BA, cuja obra fundamenta-se na corrente regionalista da literatura nordestina e foi traduzida para mais de trinta idiomas. Filho de um dos desbravadores da região cacaueira passou a infância em Ilhéus, onde assistiu à luta entre fazendeiros e exportadores de cacau, que lhe inspirariam temas e tipos romanescos. Ele faleceu em 2001.

A intimidade com que expôs traços, costumes e contradições da cultura brasileira foram um dos fatores por trás da popularidade de que Amado desfrutou em vida. Mas no centenário de nascimento do escritor baiano, celebrado nesta sexta-feira, o reconhecimento sobre a importância de sua obra continua a crescer no Brasil e no exterior.

Consolidou definitivamente a sua fama mundial com a publicação de, entre outros, Gabriela, cravo e canela (1958) e Dona Flor e seus dois maridos (1966). Não havia mais retorno, com um tremendo sucesso popular e com livros traduzidos em dezenas de idiomas. Fundou o semanário cultural Para todos (1956), que dirigiu, e foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (1961), cadeira no 23. Entre seus vários outros romances estão O país do carnaval (1932), Cacau (1933), Suor (1934), Jubiabá (1935), Mar morto (1936), Terras do sem fim (1942), São Jorge dos Ilhéus (1944), Seara vermelha (1946), Os subterrâneos da liberdade (1952), Os velhos marinheiros (1961), Os pastores da noite (1964), Tenda dos milagres (1969), Teresa Batista cansada de guerra (1973), Tieta do Agreste (1977), Farda, fardão, camisola de dormir (1979), Tocaia grande (1984), O sumiço da santa (1988) e Navegação de cabotagem (1992).

Poucos brasileiros sintetizaram tão bem o país quanto Jorge Amado (1912-2001). Suas obras incorporaram personagens ao imaginário nacional, e sua própria história de vida seguiu um enredo emblemático, com intervenções políticas, defesa à liberdade de culto religioso, influência na intelectualidade e observação de costumes do povo.

 

 

 

6 REFERÊNCIAS

 

 

 

ABDALA Jr., Benjamim. O Romance Social Brasileiro - Margens do texto. São Paulo: Scipione, 1999.

ALTAMAN, Fábio; SILVA, Cândida. Viva o povo de JorgeInÉpoca, 13 de agosto, 2001, p. 95 a 95.

AMADO, Jorge. Capitães da Areia. Cia. das Letras, São Paulo, 2008. Texto extraído do site www.algosobre.com.br/resumos-literários/capitaes-da-areia.html

____________ Capitães da Areia. Romance, 54ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 1982.

____________ Dona Flor e Seus Dois Maridos: História Moral e de Amor. Romance, 37ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 1982.

____________ Gabriela, Cravo e Canela: Crônica de uma Cidade do Interior. Romance, 62ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 1982.

____________ Tenda dos Milagres. Romance, retratos do autor por Jordão de Oliveira e Zélia Amado. 28ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 1982.

ARRUDA, Gustavo. Deu com a Pleura! Matutices da Cidade Grande. Literatura Nacional. Editora Zit, São Paulo, 2011.

BAGNO, Marcos. Língua Materna: letramento, variação e ensino. São Paulo: Parábola, 2002.

CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: Linguagens. Volume único. São Paulo: Atual, 2003.

_____________________________________________________. Literatura Brasileira em Diálogo som Outras Literaturas e Outras Linguagens. Volume único. São Paulo, 2005.

GARCIA, C. O que é o Nordeste brasileiro. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1986.

HERNANDES, Roberta; MARTIN, Vima Lia. Língua Portuguesa. Projeto Eco, volume 3. Curitiba: Positivo, 2010.

JÚNIOR, Benjamin Abdala. O Romance Social Brasileiro. São Paulo, Scipione, 1993.

PEREIRA, Gilberto G. Globo: a Biblioteca de Jorge Amado. Tribuna do Planalto, ano 26, n° 1350. Goiânia, 2012.

 

XIMENES, Sérgio.  Dicionário da Língua Portuguesa. 3 ed. Ediouro. São Paulo: 2001.

ZILBERMAN, Regina. A Literatura Infantil na Escola. São Paulo: Global, 2003.