JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por NEUDIRAN GONÇALVES NUNES DE MÉLLO | 05/03/2020 | Educação

JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

SANTOS, Neudiran Gonçalves Nunes

RESUMO

Os jogos, na Educação Infantil, não só divertem como extraem das atividades objetos suficientes que podem gerar saber, interesse e ainda fazem com que os alunos reflitam com alguma motivação. As atividades desenvolvidas dentro da sala de aula devem ser utilizadas para que seja possível obter um bom desempenho na aprendizagem das crianças, principalmente as que têm dificuldades para aprender. Os jogos e as brincadeiras estão associados ao mundo infantil, vistos como diversão, entretenimento e passatempo, não apenas brincar por brincar já que, pedagogicamente falando, é sempre possível tornar a brincadeira uma situação de aprendizagem, em que a criança aprende brincando, e isso desenvolve seu poder de tomada de decisão e a sua autonomia, levando-a a reconhecer-se, reconhecer o outro e construir sua própria identidade através de diversas linguagens específicas da criança. As atividades lúdicas são interpretadas como uma ação ou atividade que tem a finalidade de produzir diversão e prazer para quem participa de sua realização, já que possui um conceito diretamente ligado à brincadeira, à diversão e ao encanto transformando o lugar em que se encontram. É através dos jogos e brincadeiras que as crianças desenvolvem algumas habilidades importantes, como a atenção, a memorização, o imaginário, a concentração, a preservação, a classificação, a avaliação e o resumo, a interpretação, a discussão, a organização etc. Os jogos, na Educação Infantil, não só divertem como extraem das atividades objetos suficientes que podem gerar saber, interesse e ainda fazem com que os alunos reflitam com alguma motivação.

Palavras-chave: Atividades. Jogos. Brincadeiras. Autonomia. Entretenimento.

INTRODUÇÃO

            É no ambiente escolar que as relações sociais de um indivíduo se modificam e se tornam mais complexas, devido às diversas experiências colocadas em prática, à criatividade, ao aprendizado e ao cumprimento de regras comportamentais, ética e postura social demonstradas.

            A Educação Infantil é a primeira fase da Cida escolar da criança. Essa fase tornou-se um direito da criança brasileira, por determinação da LDB de 1996, em que creches passam do assistencialismo para a função educativa, pois tem como objetivo principal “o desenvolvimento integral da criança em seus aspectos cognitivos, afetivos, físico e social.”

            O lúdico na Educação Infantil tem se tornado uma estratégia muito sucedida para estimular o desenvolvimento cognitivo e de aprendizagem da criança. Essa atividade é significativa por desenvolver capacidades de atenção, de percepção, de memória, de sensação e outros aspectos essenciais para a aprendizagem.

            Sendo assim, o desenvolvimento do lúdico no ambiente escolar requer do professor uma fundamentação teórica bem estruturada, manejo e atenção para compreender a subjetividade de cada criança, bem como compreender que as atividades precisam estar adequadas às situações. É bastante interessante que os jogos e as brincadeiras sejam planejados e sistematizados para mediar progressos e dar condições à criança a brincar em grupo, desenvolvendo várias habilidades.

            O tema escolhido ajudará a compreender o quanto os jogos e as brincadeiras contribuem para a aprendizagem das crianças nessa fase escolar. Os jogos e as brincadeiras são significativos para mudar a conduta das crianças depois que elas se apropriam das regras. Pois, a partir da assimilação das regras e transformações em seu comportamento, é possível saber se os jogos e as brincadeiras tiveram significação ou não para elas, dando possibilidade de construir o conhecimento em outras áreas.

Desse modo, levando em conta que a criança constrói sua própria história e sua cultura, os jogos e as brincadeiras são ferramentas que põem o pensamento infantil em ação e isto quer dizer que é muito importante ter uma atividade, a qual a criança possa acessar os processos que buscam facilitar a aprendizagem. É através dos jogos e das brincadeiras que a criança aprende de forma prazerosa e criativa, promovendo o seu desenvolvimento.

           A brincadeira oferece oportunidade à criança a descoberta, a criatividade, a invenção, a reorganização do que já sabe, produzindo novos saberes ou assimilando ao seu modo o que ocorre no cotidiano, aumentando o vocabulário, desenvolvendo o pensamento, ofertando à criança a atenção para aquele momento específico que a brincadeira oferece.

As atividades lúdicas são uma forma de trabalhar a aprendizagem com os jogos e as brincadeiras, levando os alunos à construção dos conhecimentos e dos conteúdos mais facilmente, e que possa despertar na criança o gosto pelo brincar e, por meio destas brincadeiras e jogos, o professor irá trabalhar os problemas encontrados nos seus alunos, proporcionando um bom desenvolvimento intelectual e um bom relacionamento entre educador e educando.

           Diante da necessidade de variar a prática pedagógica desenvolvida nas aulas de Educação Infantil, uma vez que alguns professores ainda empregam a pedagogia tradicional, é que se tem a pretensão de realizar este trabalho sobre a importância de aprender brincando na Educação Infantil, para que sejam fundamentados e construídos recursos de ensino para melhorar a qualidade das aulas por meio dos jogos e das brincadeiras com a finalidade de mostrar que essas atividades não devem ser utilizadas apenas para entretenimento.

Este Projeto de Ensino tem como objetivos analisar a prática dos jogos e brincadeiras como instrumento facilitador da aprendizagem na Educação Infantil; verificar de que forma os jogos e as brincadeiras podem ser incluídas no planejamento escolar e o uso de tais recursos pelos professores e investigar a integração e execução dos jogos e brincadeiras às metodologias de ensino.

Foram usados para a fundamentação teórica desse Projeto de Ensino: Arantes; Barbosa, Brasil, Dias, LDB, Lima, Santos, Silva e Vituri para aprofundar os conhecimentos acerca do tema abordado. Além disso, serão utilizadas entrevistas com professores que serão analisadas através de gráficos, bem como atividades lúdicas com as crianças da Educação Infantil, as quais serão avaliadas por meio da sua participação nas atividades propostas para averiguar como eles veem o lúdico na sala de aula e se interagem adequadamente com o mesmo.

 

 

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

 

 

A brincadeira está presente em lugares e tempos distintos. Dessa forma, cada jogo e cada brincadeira possui um significado no contexto histórico e social no qual a criança vive. Os jogos e as brincadeiras vivenciados ao longo do tempo estão vivos na vida infantil, mas com formas de brincar diferentes, sendo renovados a partir da recriação e da imaginação de cada criança.

Acredita-se que o brincar deve ter prioridade na vida da criança. Como é uma das linguagens significativas do homem, oportuniza a comunicação, a descoberta do mundo, a socialização e o desenvolvimento integral. O lúdico é uma ferramenta que permite inserir a criança na cultura, através do qual permeia suas experiências internas com a realidade externa. Embira seja muito pouco explorado, é um facilitador da interação com o meio. De acordo com Santos; Costa; Martins (2015, p. 75):

 

“O brincar constitui-se em um conjunto de práticas, conhecimentos e fatos construídos e acumulados pelos sujeitos no contexto em que estão inseridos e que facilitam a aprendizagem, ensinando e repassando valores essenciais para a vida do ser humano, dando a ele uma nova concepção de mundo.”

 

 

            Levando em consideração essa afirmação dos autores, pode-se dizer que ao longo dos tempos a educação tem mostrado necessidade de implantação de uma nova pedagogia, visto que são diversas as dificuldades que as instituições escolares tem para executar um trabalho de qualidade e são diversos os desafios que os professores enfrentam para desenvolverem suas atividades e tornarem-se formadores de opiniões.

Entretanto, ao planejar atividades lúdicas é muito importante que o professor tenha em sua mente que a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere habilidades ao brincar, desenvolve competências, estimula a autoconfiança e a autonomia, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e atenção que são fundamentais para o seu bom desempenho da na escola e na vida.

Um brinquedo, o brincar e um jogo podem ter diversos significados e podem ser entendidos de diferentes maneiras em sociedades distintas. Há autores que defendam uma simples diferenciação entre as três formas aqui apresentada. Porém, é notável que a utilização delas quando bem empregadas, embora que estes estejam em diferentes contextos, provoque a mesma satisfação, pois uma correlaciona-se com a outra, e desta forma permite o desenvolvimento e, assim, consequentemente a aprendizagem da criança. O brinquedo proporciona a liberdade, e estimula a imaginação e a criatividade, permitindo que a criança reproduza aspectos do seu cotidiano, de sua realidade, favorecendo assim, uma vivência do real a partir do imaginário (CUNHA, ARRUDA e LOPES, 2009, p. 100 Apud REIS, 2016, p. 03).

 Sendo assim, o brinquedo tem um sentido restrito, já que está condicionado ao objeto, e se apresenta material, técnica e culturalmente, carregado de peculiaridades de seus fundadores, que lhe agregam marcas e cultura.

 O jogo fornece à criança a oportunidade da aprendizagem em habilidades diferentes, em consequência, é importante que a criança encontre-se num ambiente agradável, planejado e estimulante, para que o seu desenvolvimento se dê de forma cooperativa e socializada, procurando conscientizar o educando da necessidade de obedecer a regras, preparando-o para a vida adulta, quando as regras são partes do dia a dia. Assim, o brinquedo, o brincar e os jogos são importantes e indispensáveis para a construção do desenvolvimento infantil. Segundo Maluf (2008 Apud REIS, 2016, p. 04):

 

“Os primeiros anos da vida da criança são decisivos em sua formação biopsicossocial, pois trata-se de um período de construção de identidade, nessa fase deve-se, portanto, adotar estratégias que permitam o desenvolvimento positiva das estruturas, físicas, emocionais e afetivas, sendo as atividades lúdicas uma dessas estratégias.”

 

  Desse modo, o lúdico é de extrema importância para desenvolver o psicossocial do indivíduo. A brincadeira traz benefícios sociais, afetivas e cognitivas, e permite avanços na capacidade de raciocínio, de criatividade, de leitura e de escrita, pois a criança quando brinca atribui significado às suas relações sociais, desenvolve as funções superiores e aprende a agir diante dos seus problemas.

           É do brincar que se ramificam os outros tipos de artes, sendo esta como um estágio preparatório para a criação artística da criança, o autor também ressalta a importância das relações de interesse que a criança encontrará pelas atividades lúdicas, relações estas, que estão diretamente relacionadas com a vivência social da criança, com os estímulos que são fornecidos e a forma como será direcionada, visto que atividades que geram maior interesse traz maiores resultados para o desenvolvimento criativo infantil. (VIGOSTKY, 2009 Apud REIS, 2016, p. 05).

             O modo como o professor fará a intervenção durante a brincadeira definirá o curso dela, bem como os resultados no desenvolvimento que serão obtidos. O professor deve incluir na brincadeira questões problematizadoras que conduzam os estudantes a encontrar as respostas na própria situação de ludicidade. Para Dias (2013, p. 06):

 

“O brincar é uma atividade culturalmente definida e representa uma necessidade para o desenvolvimento infantil. Historicamente, o homem sempre brincou, por meio dos diversos povos e culturas e no decorrer da história, mas ao longo do tempo, as formas de brincar, os espaços e os tempos de brincar, os objetos foram se transformando.”

 

Considerando tal afirmação pode-se dizer que as brincadeiras na rua, em casa e na escola, e as festas, são parte profundamente expressiva para a inclusão no universo social. Por meio do brincar, ocorre o processo de humanização ética infantil, por isso, precisa ser usado para o desenvolvimento das crianças, tanto em casa, como na escola, especialmente porque é necessário que haja parceria entre os pais e a escola. A criança não irá se desenvolver, se um não tiver a ajuda do outro, se um jogar a responsabilidade para outro. Pois, todos são responsáveis pela educação, pelo desenvolvimento infantil.

É preciso que a pré-escola seja mais do que um espaço agradável, onde se brinca. Deve ser um lugar motivador, educativo, seguro, afetivo, com educadores realmente preparados para acompanhar a criança nesse processo intenso e diário de descobertas e de crescimento. Necessita-se propiciar a possibilidade de uma base sólida que irá influenciar o desenvolvimento futuro dessa criança.

Dessa forma, se as atividades executadas na pré-escola tornam as experiências infantis ricas e possuem um significado para a vida das crianças, elas podem beneficiar o processo de desenvolvimento e aprendizagem, seja no nível do reconhecimento e da representação dos objetos e das suas vivências, seja no nível da expressão de seus pensamentos e afetos. Na concepção de Dias (2013, p. 07):

 

“Nas brincadeiras, se aprende e são incorporados conceitos, preconceitos e valores. Nas brincadeiras, se materializam as trajetórias singulares de vida das crianças, seus valores e suas experiências. O brincar faz parte integral da formação da criança e os pais e a escola devem encarar isso de maneira a estar seriamente comprometido com o brincar de forma a desenvolver e educar a criança.”

 

             Por meio do lúdico a criança desenvolve a sua capacidade de imaginação, abstração e aplicar ações voltadas para o mundo real e o fantástico. O brinquedo estimula a criança a desenvolver diversas habilidades na sua formação geral e isso acontece de maneira espontânea, sem compromisso e sem obrigatoriedade. A brincadeira é parte integrante da infância de toda criança e quando utilizada de forma adequada na Educação Infantil produz significado pedagógico, estimula o conhecimento, a aprendizagem e o desenvolvimento.

O ser humano, desde a concepção ultrapassa por uma série de processos de desenvolvimentos, formando um ser biopsicossocial e espiritual, devido à interação entre o indivíduo e seu meio. Pode-se dizer que a infância é a fase em que a criança vai gradativamente e lentamente se adequando ao mundo. Ao falar em desenvolvimento, integra-se tal termo à ideia de crescimento, sobretudo o físico e o biológico. Mas essa expressão vai muito mais além do que é apenas visível. O desenvolvimento humano resulta num processo de construção de uma série de fatores, entre influências biológicas, intelectuais, sociais e culturais (REIS, 2013, p. 09).

             A formação infantil é influenciada por meio das trocas sociais, isto é, por meio da interação com o meio que a criança vai se desenvolvendo, consequentemente com as práticas educativas que irá ser submetida. Caso não aconteça essa interação entre o individuo e o meio, o desenvolvimento permanecerá defasado, devido à ausência de situações adequadas à aprendizagem.

 Assim, a relação entre o desenvolvimento e a aprendizagem está conectada ao fato de o indivíduo viver em meio social, sendo este a alavanca para os dois processos, um caminhando ao lado do outro.

             A criança necessita de tempo e espaço para realizar as brincadeiras, um espaço rico com jogos e brincadeira e a estimulação do lúdico, que pode acontecer no espaço familiar, bem como na escola. A diferença entre elas é que na escola a brincadeira tem um foco organizado pelo educador, com vistas ao processo de ensino e aprendizagem do educando.

É através dos jogos e das brincadeiras que o educador pode ensinar. É dessa maneira que o professor poderá ajudar na estrutura e no conhecimento da criança sobre a realidade e a cultura, pois, além da criança estar no mundo, ela está em si mesmo, e deve se tornar consciente sobre a sua ação no meio social. Dessa forma, ela percebe, entende o papel do outro, aprende a comportar-se e a sentir-se como eles.

O lúdico tem relação com jogos, brincadeiras, interesse, prazer, auxilia no desenvolvimento da criatividade e propicia bem estar aos alunos, cabendo ao professor a utilização do lúdico como recurso para desenvolver diversas capacidades em seus estudantes para que o ensino-aprendizagem ocorra de modo espontâneo, divertida e principalmente significativo. Para Friedmann (1996, p. 69 Apud SILVA, 2014, p. 14):

 

“As brincadeiras estão presentes na vida das crianças, com diferenciações em diversos tempos e culturas, mas destaca-se praticamente em relação ao desenvolvimento da aprendizagem das crianças na Educação Infantil, ação esta natural na vida das crianças, integrada ao seu dia a dia, a sua rotina, além de propor prazer e alegria, são ações universais, estão na história da humanidade ao longo dos tempos, fazem parte da cultura de um país, de um povo.”

 

            Assim sendo, percebe-se que os jogos e as brincadeiras são atos positivos ao desenvolvimento da criança, possibilitando-lhe a socialização, a interação, e o desenvolvimento integral, permitindo-lhe facilidades diante da sua aprendizagem.  O brincar proporciona à criança o encontro com o mundo e, através das brincadeiras, tenha uma relação com os demais indivíduos, criando e inventando. E, como ponto de partida, o lúdico proporciona à criança elementos imprescindíveis à sua vida, como sua cultura. Para Silva (2014, p. 15):

 

“A brincadeira valoriza o espaço para que a criança possa brincar o professor utilizar o lúdico como forma de poder facilitar a construção da aprendizagem, além de possibilitar reconhecer a identidade, despertar a autonomia, local cheio de estímulos, agrados, alegria, diversão, desenvolve muitas habilidades, considera-se um local transformador.”

 

É através da brincadeira que as crianças se relacionam com outras pessoas, descobrem o mundo, aprendem, crescem e se desenvolvem com qualidade, saúde e estimulam de maneira direta a criatividade, a sensibilidade e a interação. Pois, o lúdico ajuda até mesmo no desenvolvimento infantil, pois brinca, inventa, cria e fantasia fatos que presencia na sua vida diária.

Vale ressaltar que a brincadeira valoriza o ambiente para que a criança possa brincar. Ao educador, usar o lúdico como forma de facilitar a construção da aprendizagem, possibilita-lhe o reconhecimento da identidade, do despertar da autonomia, lugar cheio de estímulos, agrados, alegria, diversão, desenvolve várias habilidades, considera-se um lugar de transformação.

As brincadeiras ainda dão possibilidade às crianças para desenvolver sua criatividade, imaginação, socialização, limites, sobretudo por estar se relacionando com outras crianças. De acordo com Silva (2014, p. 15):

 

“O brincar, atualmente, é uma ação considerada lúdica no qual trabalha na criança seu desenvolvimento cognitivo, motor, social e afetivo, principalmente por ser uma ação no qual proporciona a socialização e interação com outras crianças, estimulando consecutivamente a autonomia, curiosidade, criatividade, raciocínio, ou seja, ela prende brincando, se divertindo, pois a brincadeira proporciona as crianças uma aprendizagem alegre e prazerosa.”

           

É importante frisar que, com os jogos e as brincadeiras, a criança constrói sua identidade, age sobre a própria realidade, traduzindo seu cotidiano através desta, comunicando-se com o mundo ao seu redor, dando lugar ao imaginário e à criatividade. Assim, o lúdico permite que se explore e se construa o conhecimento, as informações, a motivação, os estímulos.

Não obstante, através da ludicidade as crianças aprendem de modo mais prazeroso, contribuindo para seu desenvolvimento, além de ajudar na incorporação de valores morais e culturais, visando construir sua autoimagem e sua autoestima, despertando potencialidades nas crianças como o senso crítico e a criatividade.

O Referencial Curricular Nacional apresenta como função das instituições de Educação Infantil conceder a todas as crianças que a frequentam, sem discriminações, elementos da cultura que permitam enriquecer sua inserção na sociedade e seu desenvolvimento. Tornando possível através de situações interativas o desenvolvimento da identidade infantil, promovendo um papel de socialização. Conforme Silva (2014, p. 19):

 

“Os RCNEI defendem o brincar como uma atividade necessária no cotidiano escolar, por possibilitar às crianças momentos de experiências e ampliação de novas descobertas. Por meio desse ato as crianças se desenvolvem em diferentes aspectos, como, por exemplo, em relação a autonomia, a cognição, a linguagem, a motricidade, entre outros, visto que nas brincadeiras s crianças têm a oportunidade de participarem, criarem, interagirem umas com as outras e assim resolverem situações que venham surgir durante as atividades favorecendo assim uma melhor compreensão e capacidade de resolução.”

 

É na Educação Infantil que a criança é vista como uma especialista na arte de brincar, por isso os jogos e as brincadeiras deve ser parte integrante do cotidiano da Educação Infantil, em que o lúdico pode ser trabalhado de modo interdisciplinar, melhorando a prática pedagógica dos educadores e a aprendizagem das crianças, sendo fundamental que se compreenda as diferentes maneiras de brincar e usá-las de modo que propicie para cada criança no momento mais apropriado.

O educador que trabalha com a Educação Infantil deve desenvolver seu trabalho focado nas brincadeiras, estando atento à idade das crianças, para que cada atividade trabalhada possibilite ao educador alcançar os objetivos propostos, além de materiais coerentes e necessários. Assim, Silva (2014, p. 20) afirma que:

 

“As brincadeiras, na Educação Infantil, fazem com que as crianças assimilem mais facilmente e melhor, possibilita construir um conhecimento específico, organizado. Assim as aulas devem ser planejadas de forma prazerosa, desafiadora, motivadora, permitindo mais um espaço de aprendizagem, além de interessante, utilizando as brincadeiras e os jogos o professor deve ter claro quais os objetivos pretende atingir ao final de suas aulas.”

 

Com o trabalho do educador, os jogos e as brincadeiras acabam se tornando um recurso pedagógico dinâmico, o que não é fácil, mas proporciona diversos benefícios e resultados satisfatórios para o desenvolvimento infantil. Atualmente, os educadores têm uma diversidade de brincadeiras, de atividades lúdicas que favorecem a aprendizagem na Educação Infantil.

Os jogos e as brincadeiras revelam e apóiam o desenvolvimento da criança. O educador deve tomar conhecimento disso e não exercer uma pressão que possa ignorar a fase do faz de conta, do brincar e dançar. Geralmente, são atribuídas responsabilidades muito precoces aos estudantes e assumir as brincadeiras no ambiente escolar é uma postura que pede muita reflexão aos professores.

É importante destacar que a Educação Infantil tem uma função importantíssima no preparo da criança para a alfabetização e precisa cumprir tal função com competência, pois é o início formativo da criança, é a partir daí que ela terá o primeiro contato com o processo de aprendizagem formal e sistematizada, onde a criança também aprende com o meio, e o aprendizado espontâneo que se torna a base do conhecimento científico, sendo a base para todos os anos escolares que ela vai ter no futuro. Do ponto de vista de Silva (2014, p. 22a):

 

“É essencial que o professor e a escola estejam conscientes de que uma criança é criança porque brinca, enxergando-a como um ser em processo de desenvolvimento. Além disso, o professor da Educação Infantil precisa gostar de lidar com crianças e entender suas necessidades. Para isso, o planejamento auxilia na organização do docente em sala de aula, o qual pode realizar um trabalho com as atividades lúdicas voltadas para a Educação Infantil.”

 

 

É importante que quando o professor for planejar sua aula, que o mesmo pense sobre a atividade lúdica a ser utilizada, pois ao planejar a sua atividade, o professor deve procurar providenciar tudo o que for necessário, desde o espaço, o tempo que vai utilizar para realizar a atividade, os materiais adequados para cada atividade ou jogo. É possível também refletir quais os meios que serão utilizados para poder estimular as brincadeiras e quais são os objetivos que querem atingir ao realizar a atividade (CHAVES, 2005 Apud SILVA, 2014, p. 22b).

Compete ao professor da Educação Infantil considerar não só as características das crianças, mas, sobretudo reconhecer as necessidades delas, o cuidar deve fazer parte do fazer pedagógico até a pós-graduação, já que são educadores do ser humano, aos quais essa dimensão é essencial.

Na pré-escola é muito importante propor às crianças a brincadeira com os jogos de regras que o exigem cumprimento de regras, de concentração e de raciocínio e, sobretudo, os simbólicos, em que se assumem funções. Elas se apropriam dos elementos da realidade e lhes dão novos significados. Através da fantasia, aprendem sobre cultura.

Os jogos e as brincadeiras precisam ter coerência com cada faixa etária, conforme os interesses dos estudantes e ser um importante estimulante e não somente de função pedagógica, ou uma atividade que possa perder o sentido e a criança vir a se desinteressar dela, deste modo quando o educador optar por uma atividade lúdica, o mesmo deve ter em sua mente não somente o conteúdo trabalhado, mas os interesses dos alunos.

O trabalho executado por meio dos jogos e das brincadeiras proporciona às crianças um aprendizado prazeroso, ela consegue conhecer a si mesmo, determina suas relações de emoção, trabalha com o corpo, pois para ela o brincar é um processo usado para seu desenvolvimento com prazer.

A brincadeira, com o passar do tempo nas escolas teve suas finalidades alteradas, tornou-se um ato que, aos poucos, acabou sendo desvalorizada e de ser compreendida como algo fundamental no desenvolvimento infantil.

É através da brincadeira que a criança constrói sua identidade, pois quando brinca age sobre a própria realidade, traduzindo seu cotidiano por meio desta ação, comunicando-se com o mundo a sua volta, dando lugar ao imaginário e à criatividade.

Com o trabalho lúdico, o educador precisa ser como um intermediário, possibilitando ao processo de ensino e aprendizagem a reflexão da prática relacionando a teoria, por meio de metodologias, técnicas e objetivos que se desejam alcançar, deve oferecer ao educando a responsabilidade, a confiança, o respeito e todas as possibilidades de desenvolvimento ao ensino e aprendizagem. Conforme Vituri (2014, p. 07):

 

“A criança que não brinca não se desenvolve, portanto brincar não é perda de tempo. Os brinquedos possibilitam o desenvolvimento integral da criança porque ela se envolve efetivamente e socialmente; tudo isso acontece de maneira envolvente, onde a criança cria e recria regras e busca soluções para resolver problemas que aparecem durante a brincadeira.”

 

Neste sentido, o ato de brincar é bem mais que um processo do que mesmo um produto. O brinquedo dá facilidade para a apreensão da realidade. Brincar é atividade e vivência que exige movimentação física. O brincar exige da criança participação total.

O brincar torna-se importante no desenvolvimento infantil, portanto, as brincadeiras e os jogos surgem gradualmente na vida da criança dos mais simples aos mais complexos. É a partir destes subsídios que a criança obtém experiências, que participarão da formação da sua identidade. Desse modo, é possível afirmar que os brinquedos e as brincadeiras são fontes inesgotáveis que conduzem a uma aprendizagem prazerosa e eficiente. E o jogo é um excelente meio facilitador da aprendizagem.

É por meio da brincadeira que a criança aprende a respeitar regras, a desenvolver seu relacionamento social e a respeitar a si mesmo e ao próximo. Através da ludicidade a criança começa a se expressar com mais facilidade, ouvir, respeitar e discordar de opiniões, exercendo sua liderança, sendo liderados e compartilhando sua alegria de brincar. Em contrapartida, em um espaço sério e sem estímulos, as crianças evitam expressar seus pensamentos e emoções, com medo de constrangimentos. Segundo Piers; Landau (Apud SANTOS; COSTA; MARTINS, 2015, p. 83):

 

“A ludicidade como forma de aprendizagem é um estímulo para o educando, pois sabe-se que por meio da mesma consegue-se estimular várias áreas do desenvolvimento infantil, como: cognitiva, motora e afetiva, desperta também as potencialidades através do meio em que a criança se encontra e dos conteúdos a serem passados, de formas eficientes que causem estímulos para o aprendizado.”

 

Sendo assim, entende-se que o lúdico está intimamente ligado ao ser humano desde o inicio da história. O desenvolvimento infantil depende estritamente da atividade, pois a criança, quando não está dormindo, brinca de forma exaustiva, e é neste momento que os jogos, o faz de conta, brincadeiras e os brinquedos começam a apresentar-se, e será por meio deles que a criança vai desenvolver boa parte de suas habilidades motoras e cognitivas.

Entretanto, ao planejar atividades lúdicas é de suma importância que o professor tenha em sua mente que quando a criança brinca experimenta, descobre, inventa, aprende e confere habilidades, desenvolve competências, estimula a autoconfiança e a autonomia, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e atenção que são fundamentais para o bom desempenho da criança no ambiente escolar e na vida. Na opinião de Vituri (2015, p. 85):

 

“O brincar no contexto educacional propicia meios de aprendizagens, bem como permite que os adultos sejam perceptivos e aprendam com as crianças e suas necessidades. O que vai servir de termômetro no desenvolvimento da aprendizagem e os professores possam replanejar e promover novas aprendizagens seja no domínio cognitivo e afetivo.”

 

Considerando tal afirmação, pode-se dizer que o lúdico em sala de aula não precisa estar pautado somente no desenvolvimento de jogos e brincadeiras, pois devem ter associação aos conteúdos em todo momento. Devem-se buscar metodologias criativas e produtivas para lidar com a extensão lúdica nos diferentes contextos educativos e para fins éticos válidos preservando, então, a extensão lúdica da aprendizagem.

Na verdade, os brinquedos têm grandes significados e conforme seus usos a criança transitará para a vida adulta com valores que foram cultuados em sua infância, integrando sua personalidade, de forma positiva e pode ocorrer de maneira negativa. De acordo com Arantes; Barbosa (2017, p. 107):

“A brincadeira é desenvolvida pela criança desde que ela ainda é considerada um bebê, no entanto, ela ainda não possui uma função especificada. A brincadeira contribui significativamente com o desenvolvimento da criança aguçando sua percepção sobre os objetos e ambientes no qual está inserida.”

 

Vale ressaltar que a infância é um período na vida da criança onde ela está descobrindo que no meio em que vive tudo é novidade, porém são poucas as coisas que lhe chamam a atenção. Assim sendo, usar o lúdico para o envolvimento da criança em circunstâncias de aprendizagem é de suma importância no desenvolvimento de uma prática pedagógica que possa colaborar para a construção de conhecimentos expressivos.

Sabe-se que a brincadeira é usada como ferramenta para o desenvolvimento do lúdico, especialmente na Educação Infantil, visto que busca proporcionar situações novas, de dinâmicas, momentos prazerosos, ampliando suas vivências, percepções, imaginações.

Os momentos lúdicos, de brincadeiras, jogos e com uso de brinquedos, proporciona diversos momentos de aprendizagem e são bem vistos pelas crianças, apreciados de forma eficaz e qualitativa. Neste sentido, Arantes; Barbosa (2017, p. 111) afirmam que:

 

“O lúdico é um importantíssimo instrumento pedagógico se o professor que fizer uso dele tiver conhecimentos prévios em relação à dinâmica que irá desenvolver. Um professor que planeja a aula, que se preocupa com os pontos positivos e negativos que ela possui, será contemplado com o grande avanço dos alunos em relação a vários conteúdos de forma divertida e eficaz.”

 

Desse modo, o lúdico é uma possibilidade que o docente, mediador do conhecimento, tem pela busca da melhoria da aprendizagem, pois, além de ser estimulante, pode considerar diversos conteúdos como: matemática, ciências, português, bem como o equilíbrio, o desenvolvimento cognitivo e motor, enfim, influencia no desenvolvimento integral do estudante.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

O presente Projeto de Ensino é de extrema importância para a formação profissional e para aprofundar os conhecimentos do tema e a prática educativa lúdica, já que é um instrumento facilitador na Educação Infantil, possibilitando ao professor e à escola propostas metodológicas variadas através dos jogos didáticos e brincadeiras, pois se percebe a necessidade de se trabalhar novos métodos de ensino que desperte o interesse do educando colaborando para a formação do mesmo.

O desenvolvimento do lúdico na Educação Infantil é possível e essencial, pois o mesmo é uma importante ferramenta para construir conhecimentos significativos e para a formação e desenvolvimento da criança.

Os jogos e as brincadeiras precisam ser considerados uma influência para o processo de desenvolvimento da criança, isto é, beneficiam o desenvolvimento da autoestima, da criatividade, gerando mudanças de qualidade em suas estruturas mentais. Através dos jogos e das brincadeiras, as crianças podem desenvolver ao mesmo tempo algumas noções da vida social, noção das regras e sua socialização.

Contudo, a importância da inclusão dos jogos e das brincadeiras no dia a dia da Educação Infantil faz com que os professores assumam um compromisso de propiciar as crianças a brincadeira e o aprendizado de forma simultânea, além do processo de conscientização sobre as questões sociais e históricas.

As brincadeiras colaboram para desenvolver a criança, sendo que no ambiente escolar os mesmos precisam ter a intervenção docente, pois nesse espaço o que se busca é transmitir e assimilar os saberes constituídos socialmente pela humanidade.

O trabalho com o lúdico viabiliza diversos aprimoramentos em vários campos do desenvolvimento cognitivo, motor, social e afetivo. Por meio do brincar, a criança inventa, descobre, experimenta, adquire habilidades, desenvolve sua criatividade, autoconfiança, autonomia, aumenta o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da atenção. Por ser dinâmico, o lúdico proporciona situações prazerosas e o aparecimento de comportamentos e assimilação de regras sociais. Auxilia no desenvolvimento do intelecto, tornando claras suas emoções, angústias, ansiedades, reconhecendo seus problemas, proporcionando soluções e promovendo um enriquecimento na vida interior da criança.

Deve-se ressaltar que a importância das atividades lúdicas para a criança durante a fase da Educação Infantil é comprovada ao analisar os subsídios no processo de desenvolvimento da aprendizagem descritos. Consente ao indivíduo a interação social e a descoberta de novos conhecimentos a partir das vivências relevantes para o papel do brincar na constituição do pensamento infantil.

Há, por conseguinte, uma necessidade de motivar a criança desde cedo com brinquedos, jogos e brincadeiras apropriadas para sua idade, beneficiando deste modo, seu desenvolvimento e sua aprendizagem. Nesse sentido, o educador como mediador do conhecimento, precisa estar atento às necessidades dos estudantes, e procurar as melhores atividades que lhes parecem estar mais próximas da aprendizagem da criança, pois as atividades lúdicas vão bem além de simples brincadeiras, visto que a contação de histórias, as cantigas de roda e o teatro de fantoches também se apresentam como atividades lúdicas.

Portanto, o aspecto lúdico promove aprendizagem e desenvolvimento integral da criança. Por fim, desenvolve o indivíduo como um todo, desse modo, a educação infantil precisa considerar o lúdico como parceiro, que seja rotina em sua prática, já que é vastamente preciso para o desenvolvimento e para a aprendizagem da criança.

 

REFERÊNCIAS

 

ARANTES, Adriana Rocha Vilela; BARBOSA, Jéssica Thaynara da Silva. O Lúdico na Educação Infantil. Revista online De Magistro de Filosofia, Ano X, no. 21, 1º. Semestre de 2017.

DIAS, Elaine. A Importância do Lúdico no Processo de Ensino-Aprendizagem na Educação Infantil.  Revista Educação e Linguagem – Artigos – ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1 (2013)

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