DEBORA RIBEIRO¹

RESUMO

O presente artigo busca analisar a utilização de jogos e brincadeiras como interação entre as crianças na Educação Infantil. A Metodologia utilizada foi à pesquisa bibliográfica, por ser a realizada em livros, revistas e artigos da internet. Justifica-se porque enfatiza a dinâmica do ensino e reforça a interação nos processos de aprendizagens das crianças que tem a brincadeira como um hábito de sua vivencia, tendo assim grande importância para o professor da Educação Infantil, em particular do período de alfabetização, por despertar o interesse das crianças. Portanto, pode-se concluir que usar o jogo no processo educativo é uma opção de cada profissional. A consciência profissional do docente influencia muito a sua prática, pois apesar do jogo ser uma atividade espontânea nas crianças, isso não significa que o professor não necessite ter uma atitude ativa sobre ele, inclusive, uma atitude de observação que lhe permitirá conhecer muito sobre as crianças com que trabalha. Esses saberes elementares podem garantir o sucesso do aprendizado tanto no ambiente da sala de aula, como fora dele.

Palavras-chave: Jogo. Brinquedo. Interação. Aprendizagem. Educação Infantil.

Objetivo geral: Conhecer o uso de jogos cooperativos e brincadeiras envolvendo as crianças no cotidiano escolar, ampliando as propostas educativas utilizadas pelas instituições de ensino.

Objetivos específicos: Relatar a importância dos jogos e das brincadeiras para o desenvolvimento da criança; Analisar o jogo como recurso pedagógico; e mostrar como o jogo pode ser utilizado como potência no processo de aprendizagem.

INTRODUÇÃO

O presente Artigo busca estudar a utilização de jogos e brincadeiras como interação entre as crianças na Educação Infantil. A criança não precisa somente de brinquedos modernos e sim formas de dar liberdade à imaginação, que propicie o prazer em aprender e conhecer o ambiente e as situações que a rodeiam, bem como promover a troca de experiências com o outro.

De acordo com as orientações prescritas nos Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil (BRASIL, 1998, volumes I, 27e III, p. 37):

A brincadeira favorece a autoestima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui, assim para a interiorização de determinados modelo de adultos, no âmbito de grupos sociais diversos.

Assim, de acordo com o tema, o problema de pesquisa é: O uso dos jogos em sala de aula serve, como ferramenta de aprendizagens para potencializar os processos de alfabetização?

A localidade da pesquisa será na escola, exclusivamente em sala de aula.

Teve como público alvo as crianças da Educação Infantil. O objetivo foi conhecer o uso de jogos as propostas educativas utilizadas pelas instituições de ensino.

A Metodologia utilizada foi pesquisa bibliográfica, que segundo Gil (1991), por ser realizada em livros, revistas e artigos da internet. Pode ser classificada também como qualitativa, por se caracterizar pela necessidade da partilha de informações e reflexões acerca da realidade pesquisada.

Segundo Gil (1991, p. 145) “Justificativa consiste na apresentação, de forma clara e sucinta, das razões de ordem teórica ou prática que justificam a realização da pesquisa”.

Por isso esta pesquisa se justifica. Pois, entendem se que essas atividades também proporcionam nas crianças o desenvolvimento físico e mental, favorecendo tanto o desenvolvimento pessoal como o social, de forma harmoniosa.

Enfim, também mostrar como que a criança evolui com o jogo, e o jogo da criança vai evoluindo paralelamente o seu desempenho, integrando ao seu desenvolvimento.

DESENVOLVIMENTO

A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E DAS BRINCADEIRAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

Os jogos juntamente com a recreação e o lazer para o desenvolvimento da criança é considerado um exercício de fundamental importância, pois tem como objetivo prepara-las para uma vida adulta mais saudável.

Esses exercícios tem por finalidades fazer com que as crianças descubram e desenvolvam as suas verdadeiras potencialidades e habilidades, aprendendo assim a incorporar valores, desenvolvendo sua própria autonomia, criatividade, coordenação motora, além de melhorar o seu raciocínio logico, aumento de atenção e concentração e principalmente ensina a lidar com as derrotas e vitórias aprendendo a ganhar e perder (PETRY, 1996).

 

De acordo com Oliveira (1992) citado por Weiss (1997), o brincar é considerado uma fonte de lazer, mas é, respectivamente, fonte de conhecimento; é esta dupla natureza que se leva a considerar o brincar parte integrante da atividade educacional.

 

Além de possibilitar o exercício daquilo que é próprio no processo de desenvolvimento e aprendizagem, brincar é uma situação em que a criança constitui significados, sendo formada tanto para a assimilação dos papéis sociais e compreensão das relações afetivas que ocorrem em seu meio, como para a construção do conhecimento.

O jogo infantil é uma atividade física e mental que tem um papel fundamental para o desenvolvimento da criança, pois através da inserção dele a criança pode vivenciar inúmeras maneiras de aprendizagem de forma integral e harmoniosa.

A criança evolui com o jogo e o jogo da criança vai evoluindo paralelamente ao seu desenvolvimento, ou melhor, dizendo, integrado ao seu desenvolvimento. Portanto deve ser incluído nas atividades realizadas como uma estratégia de ensino indispensável para a obtenção de novos conhecimentos, propiciando assim melhor aprendizagem por meio de brincadeiras, descontração e alegria (CAMPOS, 2005).

 

Vygotsky (1979, p. 45) diz que: “A criança aprende muito ao brincar. O que aparentemente ela faz apenas para distrair-se ou gastar energia é na realidade uma importância ferramentada para o seu desenvolvimento cognitivo, emocional, social e psicológico”.

Portanto, ao ensinar por meio de jogos o educador desenvolve de forma mais interessante, tornando as atividades mais atraentes, descontraídas e dinâmicas, sendo que o jogo deve ser prazeroso para a criança, contribuindo assim para melhor formação de sua personalidade, bem como o desenvolvimento de aspectos motor, intelectual, criativo, emocional, social e cultura (PETRY, 1996).

O JOGO COMO RECURSO PEDAGÓGICO

 

Campos (2005) afirma que o jogo é uma atividade que tem valor educacional intrínseco. Mas além desse valor educacional, que lhe é inerente, ele tem sido utilizado como recurso pedagógico.

 

Assim, várias são as razões que levam as educadoras a recorrer ao jogo e a utilizá-lo como um recurso nos processos das aprendizagens, assim de acordo com Petry (1996), temos que:

 

  • O jogo corresponde a um impulso natural da criança e, nesse sentido, satisfaz uma necessidade interior, pois o ser humano apresenta uma tendência lúdica.

 

  • A atitude de jogo apresenta dois elementos que a caracterizam, como o prazer e o esforço espontâneo.

 

  • O jogo também é portador de um interesse intrínseco, canalizando as energias no sentido de um esforço total para a consecução de seu objetivo. Portanto, é uma atividade excitante, mas é, também, esforço voluntário. 

 

Pode se afirmar também que mobiliza os esquemas mentais, sendo uma atividade física e mental, o jogo aciona e ativa as funções psiconeurológicas e as operações mentais, estimulando o pensamento.

 

Como já foi dito anteriormente, o jogo é prazer, pois sua principal característica é a capacidade de absorver o jogador de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo. É este aspecto de envolvimento emocional que torna o jogo uma atividade com forte teor motivacional, capaz de gerar um estado de vibração e euforia.

 

Quando nos referimos às características do jogo, afirmamos que ele já é por si uma forma de ordenação do tempo, do espaço e dos movimentos sendo que esta ordenação se expressa principalmente através das regras.

 

Outro motivo para o uso no processo de aprendizagem é decorrente dos anteriores, pois o jogo integra as varias dimensões da personalidade: afetiva, motora e cognitiva. Como atividade física e mental que mobiliza as funções e operações, o jogo aciona as esferas motora e cognitiva, e à medida que gera envolvimento emocional apela para a esfera afetiva.

Neste particular, o jogo se assemelha a atividade artística, como um elemento integrador dos vários aspectos da personalidade. O ser que brinca e joga é, também, o ser que age, sente, pensa, aprende se desenvolve.

Froebel (1778-1852) apud Campos (2005) pregava uma pedagogia da ação, e mais particularmente do jogo. Ele dizia que a criança, para se desenvolver, não devia apenas olhar e escutar, mas agir e produzir.

Essa necessidade de criação, de movimento, de jogo produtivo deveria encontrar seu canal de expansão através da educação. Como a natureza da criança tende a ação, a instrução deveria levar em conta seus interesses e suas atividades espontâneas.

Por isso, considerava que o trabalho manual, os jogos e os brinquedos infantis tinham uma função educativa básica: é através dos jogos e brinquedos que a criança adquire a primeira representação do mundo e, é por meio deles, que ela penetra no mundo das relações sociais, desenvolvendo um senso de iniciativa e auxílio mútuo.

 

O JOGO COMO POTÊNCIA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

 

A alfabetização é vista como a construção de um conhecimento e de um conceito do que é ler e escrever, que tem suporte não só na criatividade e no raciocínio logico da criança, mas também nas suas relações sócio afetivas.

 

Nessa perspectiva, ler e escrever não são decifrar códigos e copiar textos, e sim uma nova maneira de se expressar, de se comunicar com os outros e com o mundo. Assim como é a própria criança que constrói a noção de numero, o mesmo caminho ela percorre para a aquisição da leitura e da escrita necessitando da informação do adulto.

 

A escola tradicional considera a alfabetização apenas como uma decodificação da correspondência entre grafemas e fonemas, que conduzem à decifração de um texto e a sua copia; a criança é considerada apenas uma folha em branco, pronta a receber o conhecimento proporcionando pelo professor. Como afirma Albanese:

No método fônico, a ênfase esta em ensinar a criança  a  associar rapidamente letras e fonemas. Ou seja, a criança aprende rapidamente que o código que representa a letra “o” é associado ao som “o”. Para isso, o método fônico lança mão de material didático com textos produzidos para esse fim. “Vovó viu a uva”. Por exemplo, pode ser usado para ensinar à criança que aquele código da letra “v” é associado a um som (ALBANESE, 2006, p. 44).

Para solucionar o problema dos baixos níveis de aprovação das crianças existe sim a possibilidade de criar propostas alternativas de alfabetização, que só se faz através das práxis.

Só que essas práxis devem vir acompanhada de uma reflexão critica da ação pedagógica, como caminho de busca novas formas e estratégias. De nada adianta só analisar e compreender os dados do insucesso escolar, o importante é transforma-los. Esses avanços só são possíveis na construção de um novo momento pedagógicos, social e políticos para a alfabetização.

De acordo com algumas leituras sobre o assunto, pode-se considerar que os jogos em sala de aula, além de promover a socialização e a afetividade, são uma ótima proposta pedagógica, que deve ser valorizada pelo professor alfabetizador.

Já foi comprovado que o jogo tem um papel muito importante nas áreas de estimulação da pré-escola e é uma das formas mais naturais da criança entrar em contato com a realidade. E também uma característica do comportamento infantil em que a criança dedica a maior parte de seu tempo a ele.

 

Vygotsky, citado por Oliveira (2008), classifica o brincar em algumas fases: “Durante a primeira fase a criança começa a se distanciar de seu meio social, representado pela mãe, começa a falar, andar e movimentar-se em volta das coisas”. Nesta fase, o ambiente a alcançar por meio do adulto e pode-se dizer que a fase se estende até em tornos dos sete anos. “A segunda fase é caracterizada pela imitação, a criança copia os modelos dos adultos”. E “A terceira fase é marcada pelas convenções que surgem de regras e convenções a elas associadas”.

Assim, o jogo, compreendido sob a ótica do brinquedo e da criatividade, deverá encontrar maior espaço para ser entendido como educação, na medida em que os professores compreenderem melhor toda sua capacidade potencial de contribuir para com o desenvolvimento da criança.

CONCLUSÃO

Apesar de ser um assunto muito discutido por alguns autores, os jogos têm um papel amplo na educação infantil, pois pelo jogo as crianças exploram os objetos que as cercam, melhoram sua agilidade física, experimentam seus sentidos, e desenvolvem seu pensamento.

Algumas vezes o realizarão sozinhas, em outras, na companhia de outras crianças, desenvolvendo também o comportamento em grupo. Podendo assim afirmar que com os jogos as crianças aprendem a se conhecer, conhecer o mundo que as rodeia e aos outros.

 

Usar o jogo no processo educativo é uma opção de cada profissional. A consciência profissional do docente influencia muito a sua prática, pois apesar do jogo ser uma atividade espontânea nas crianças, isso não significa que o professor não necessite ter uma atitude ativa sobre ele, inclusive, uma atitude de observação que lhe permitirá conhecer muito sobre as crianças com que trabalha.

 

É faz necessário que o Educador se assuma como um pesquisador e crítico de sua prática pedagógica, fazendo indagações, questionando o seu saber e buscando respostas com base nas pesquisas realizadas no cotidiano de suas atividades docentes, sobretudo no retorno dado pelos alunos às metodologias adotadas.

 

Se tornando importante para ele conhecer as diversas práticas analisadas na perspectiva histórica, sociocultural, e, ainda, conhecer o desenvolvimento do seu aluno nos seus múltiplos aspectos como: afetivo, cognitivo e social, bem como refletir criticamente sobre seu papel diante dos discentes e da sociedade.

 

Esses saberes elementares podem garantir o sucesso do aprendizado tanto no ambiente da sala de aula, como fora dele.

 

REFERENCIAS

ALBANESE, Ronaldo. Alfabetização, a polêmica do bê-á-bá. In: Educação. Ano 10, no 144. São Paulo: Segmento. Out. 2006. p. 42-54.

BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educação nacional no. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. D.O. U. de 23 de dezembro de 1996.

 

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Características do referencial nacional para a educação infantil.  Vol. 3. Brasília: MEC/SEF, 1998.

CAMPOS, M. M., Rosemberg F. Ferreira, I.M. Creches e pré-escolas no Brasil. São Paulo: Cortez, 2005.  (Cap. 1 - A Constituição de 1998).

 

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991.

OLIVEIRA, Zilma M. Ramos de.  L. S. Vygotsky: algumas ideias sobre desenvolvimento e jogo infantil. 2008. Disponível em: www.crmariocovas.  Acesso em: 12 de Março de 2016.

PETRY, Rose Mary; QUEVEDO, Zeli. A magia dos jogos na alfabetização. 4.ed. Porto Alegre: Quarup, 1996.

 

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1979.

 

WEISS, Luise. Brinquedos e engenhocas: atividades lúdicas com sucatas. 2. ed. São Paulo: Scipione, 1997. 

 

 

  1. Graduanda em Pedagogia pela Faculdade de Estudos Sociais Aplicados de Viana-FESAV. Artigo publicado com avaliação na Disciplina De Didática 1 da Professora Doutora Monique Ferreira Monteiro Beltrão. 2017.