Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo, Joaquim Nabuco como ficou conhecido, nasceu na Rua do Aterro da Boa Vista (atual Rua da Imperatriz Tereza Cristina), em Recife-Pernambuco, a 19 de agosto de 1849. Era filho do Conselheiro e Senador do Império, José Tomás Nabuco de Araújo, um rico jurista e político baiano, que se radicou no Recife, e de Ana Benigna de Sá Barreto. Joaquim Nabuco se opôs de maneira veemente a escravidão, contra a qual ele lutou tanto por meio de atividades políticas e quanto de seus escritos. Ele fez campanha contra a escravidão na Câmara dos Deputados de 1878, e fundou a Sociedade Anti-Escravidão Brasileira. Ele foi em grande parte responsável pela abolição da escravidão em 1888, e depois da derrubada da monarquia brasileira ele se retirou da vida pública por algum tempo. Foi batizado no Cabo, tendo como padrinhos os senhores do Engenho Massangana, Joaquim Aurélio Pereira de Carvalho e Ana Rosa Falcão de Carvalho. Com a morte da madrinha, foi morar no Rio de Janeiro com os pais, onde fez o curso primário e o secundário. Escreveu, em 1869, o livro A escravidão, no qual defendeu, em um júri, um escravo negro que assassinara o seu senhor, obra que permaneceu inédita até 1988, quando foi publicado pela Fundação Joaquim Nabuco, no Recife.

Em 1872, vendeu o Engenho Serraria que herdou de sua madrinha e com a venda, passou um ano na Europa, fazendo contatos com intelectuais e políticos e se preparando para o futuro Joaquim Nabuco cursou Humanidades no Colégio Pedro II e Direito, sendo que os três primeiros anos fez em São Paulo, concluindo esses cursos em Recife. Tinha 21 anos quando se formou. Sendo advogado e jornalista, chegou à carreira diplomática por influência do seu pai. . Foi adido de Legação em Washington, de 1876 a 1877 e no ano seguinte em Londres. Tornou-se Deputado Geral e legista de 1879 a 1881. De sua atuação política registrou-se a defesa de eleições diretas, a participação não católica no Parlamento e a emancipação dos escravos.
Em 1872, estreou seu livro "Camões e os Lusíadas" por ocasião do tricentenário de "Os Lusíadas". Dois anos depois, escreveu, em francês, a poesia "Amour et Dieu". Após quase uma década sem nada publicar, lançou em 1883 o livro "O abolicionismo" no qual empregou pela primeira vez a expressão "Reforma Agrária" e defendeu as idéias de que " a democratização do solo" e a emancipação dos escravos eram interligadas.
De formação conservadora, filho de urna das mais tradicionais - famílias do país, ligada à economia açucareira nordestina e à política imperial, o monarquista Nabuco apresentou, em agosto de 1880, minucioso projeto de lei propondo a abolição da escravatura em 1890 e a indenização de seus proprietários. O projeto se chocava com a proposta dos militantes radicais, em geral republicanos, que queriam abolição imediata e sem indenização. Isto fez com que Nabuco não conseguisse a reeleição em 1881.
Em 1882, depois de um exílio voluntário em Londres, retornou ao Brasil em 1884, tornando-se Deputado em 1885. Publicou, em 1895, "Balmaceda" e um ano mais tarde "A Intervenção estrangeira durante a revolta". Casou-se com Evelina Torres Soares Ribeiro, filha do barão de Inhoã e fazendeiro em Maricá, na província do Rio de Janeiro, em 1889. Foi um político monarquista que se viu obrigado ao recolhimento enquanto figura pública, após a Proclamação da República, 1889. Desse momento em diante amadurece o escritor, pois, de 1890 a 1900 seus livros passam a aparecer na Revista Brasileira e no Jornal do Comércio. Nabuco foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, junto com Machado de Assis, sendo o primeiro ocupante da Cadeira nº 27 da qual Maciel Monteiro era Patrono. Uma de suas obras-primas "Um estadista no império", em que narra sobre a atuação política do seu pai, um líder da Magistratura e da Câmara com passagem brilhante pelo Ministério da Justiça. Um livro com mais de 1.000 páginas que foi para as livrarias em 1898 e 1899.
Já no início do século XX escreveu "Minha Formação" em que descreve e justifica seu Projeto Memorialista e Historiográfico de Político Monarquista. É nesse livro que Nabuco trata das suas impressões sobre a sua terra Pernambuco, do engenho Massangana, na zona do Cabo, da sua madrinha, a viúva Ana Rosa Falcão de Carvalho e da grande influência que essa mulher teve na sua formação, pois ficou sob seus cuidados quando os pais viajaram para a Corte. Em Massangana ele passou a infância, até a morte da madrinha, tendo contato direto com a escravidão, podendo compreender o mal que isto fazia ao país.

"O traço todo da vida é para muitos um desenho da criança esquecido pelo homem, mas ao qual ele terá sempre que se cingir sem o saber. Pela minha parte acredito não ter nunca transposto o limite das minhas quatro ou cinco primeiras impressões. Os primeiros oito anos da vida foram assim, em certo sentido, os de minha formação, instintiva ou moral, definitiva". (Massangana - Minha Formação, 1900.)

Gilberto Freyre prefaciou uma edição comentando o quanto o livro foi escandaloso na época, porque Nabuco demonstrou orgulho pelo fez e viveu em um período que estava na moda ser republicano, enquanto ele se confessa monarquista sem pudor de tratar das relações de poder.
Em 1899, o Presidente Campos Sales o convidou para ser o advogado do Brasil na questão dos limites com a Guiana Inglesa e, um ano depois foi para Londres, sendo nomeado ministro. Foi embaixador do Brasil em Washington no ano de 1905 e lá mesmo faleceu, cansado e surdo, de arteriosclerose, a 17 de janeiro de 1910.
Após sua morte, os próprios republicanos passaram a reconhecer a firmeza de caráter e ideologia liberal de Joaquim Nabuco, sendo comum encontrar-se em todo Brasil homenagem a esse grande político, em nomes de ruas, de escolas e de entidades populares. Um exemplo é o do Município Joaquim Nabuco em Pernambuco, em que as autoridades locais para homenageá-lo deram seu nome, em 1953, à localidade que se formou com o distrito sede, Joaquim Nabuco, e pelos povoados de Usina Pumati, Arruado e Baixada da Areia que, em 1892, pertencia ao município de Palmares.
Nos dias 19 e 20 de agosto, a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) está realizando o Seminário Nacional Joaquim Nabuco e a Nossa Formação. O evento faz parte de uma série de atividades que estão sendo programadas, em 2010, em comemoração ao Ano Nacional Joaquim Nabuco. De acordo com a programação, a abertura do Seminário começa a partir de Mesa Solene de Abertura com Fernando Lyra, presidente da Fundaj, Thomas Shannon, embaixador dos Estados Unidos no Brasil, e Eduardo Campos, governador do Estado de Pernambuco.

Referências Bibliográficas:

CAMPOS, Eduardo, Imprensa Abolicionista, Igreja, Escravos e Senhores: estudos. Fortaleza: Secretaria de Cultura e Desporto / Banco do Nordeste do Brasil, 1984.

FREYRE, Gilberto, Casa Grande & Senzala. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 2005.

INSTITUTO PROGRESSO EDITORIAL, Obras completas de Joaquim Nabuco XII, Campanhas de Imprensa [1884 ? 1887]. São Paulo: Instituto Progresso Editorial S.A, 1949.

NABUCO, Joaquim, Minha Formação. Porto Alegre: Paraula, 1995.

NABUCO, Joaquim, O Abolicionismo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
WWW. Culturadigital. Minc/nordeste Comunicação - Representação Regional Nordeste do MinC, 2010.