Israel e Palestina: Por um Estado Binacional

Por Leôncio de Aguiar Vasconcellos Filho | 23/10/2025 | Política

Nesta semana, tem-se discutido sobre o acordo realizado entre o governo israelense e o Hamas. O pacto, comemorado globo afora, afirma ser necessário um cessar-fogo nesta data, a libertação dos cerca de vinte reféns judeus ainda vivos em poder do grupo (bem como a liberação de cerca de quarenta e oito corpos de outros que, infelizmente, não tiveram essa sorte) e a soltura de dois mil palestinos das prisões de Israel (vários, inclusive, condenados à prisão perpétua).

Benjamin Netanyahu é um Chefe de Estado altamente impopular no Oriente Próximo, especialmente se levarmos em conta a reação, legítima mas genocida, na Faixa de Gaza, bem como o ataque ao Qatar, resultante na morte de alguns cidadãos. Então, isolado politicamente, fez algo que nenhum governante israelense até hoje perpetrou, que é a submissão total ao governo dos EUA. Trump assumiu o vácuo de legitimidade de Netanyahu e costurou o acordo, liderando-o, seja em relação aos judeus, seja em relação aos países árabes aliados.

O interessante é que os entusiastas do pacto não percebem a faca de dois gumes que representa. Ele não desmantela o Hamas, que nem mesmo seria convertido em partido político. Ao revés, os dois mil palestinos libertados se juntariam ao próprios Hamas, ao também palestino Jihad Islâmica ou ao libanês Hezbollah, ainda financiados por párias como o Irã, cioso de vingar seu destroçado programa nuclear. E é justamente a essa paralisação que fará os persas arregimentarem o maior número possível de palestinos, a fim de integrar e fortalecer tais grupos, para voltar a atacar Israel, pois nenhum dos lados aceita os termos da Partilha da Palestina, de 1947: os judeus não querem aceitar o retrocesso de suas fronteiras, a fim de satisfazer os palestinos moderados, ao passo que os radicais negam qualquer forma de existência da Israel, agora, sim, dominado pelos EUA, que farão o que quiserem na região sob o epíteto de “heróis”. Por isso mandam seus soldados “fiscalizarem” a implementação do acordo.

"O poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente", já dizia Lord Acton. Se é assim, que se aproveite o poder absoluto para que os EUA fortaleçam sua presença militar na região, a fim de inibir possíveis variantes que inflacionem os preços das commodities (é o que eles, da forma primaz, mais desejam), mas também direcionem à existência não de dois, mas um único Estado binacional (Israel-Palestina). Para tanto, Israel anexaria ao seu atual território a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, reconstruindo-as, de modo que todos os seus cidadãos, especialmente israelenses e palestinos, tenham os mesmos direitos, incluindo a opção por uma ou ambas as nacionalidades. Desta forma, os EUA poderiam combater, diretamente, quaisquer grupos terroristas, por meio das suas forças, ou de Israel-Palestina, e, assim, isolar, ainda mais, o regime iraniano com adicionais sanções econômicas e políticas.

É isso o que se propõe.