ISO 14001: UMA REFLEXÃO ACERCA DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
Por NICODEMOS MENDES PEREIRA GOMES | 27/11/2024 | AdmISO 14001: UMA REFLEXÃO ACERCA DO SISTEMA DE
GESTÃO AMBIENTAL
Nicodemos Mendes Pereira Gomes
1
nico_mendes22@hotmail.com
Soniely Monic Carlos
2
soniely.monic@gmail.com
Mauricio Ademir Saraiva de Matos
3
mauriciosaraivamatos@outlook.com
RESUMO
O presente artigo tem por objetivo apresentar os benefícios oferecidos às empresas
que optam por adotar o Sistema de Gestão Ambiental – SGA, através da norma ISO
14001. Tendo como procedimento metodológico o levantamento bibliográfico e uma
entrevista realizada com o Grupo Sabará, a pesquisa se desenvolveu visando
responder a problemática previamente levanta, sobre qual a influência do Sistema
de Gestão Ambiental na Empresa e se há vantagens na implantar do referido
sistema. A metodologia adotada forneceu informações que evidenciam a importância
do SGA para as organizações, uma vez que, as práticas sustentáveis geram
benefícios que vão desde a redução do custo de disposição dos resíduos, até a
melhoria de sua imagem, frente a seus clientes, fornecedores e concorrentes.
PALAVRAS-CHAVE: ISO 14001; Sistema; Gestão Ambiental.
1. INTRODUÇÃO
Um dos grandes desafios enfrentados pelo homem tem sido aprender a lidar
com as graves consequências da degradação ambiental, que vem tomando grandes
proporções na atualidade. Reparar os danos causados à natureza e à sociedade é
um trabalho árduo e de longo prazo, o que torna ainda maior a responsabilidade de
todos e envolve vários setores da sociedade, desde as instituições públicas e
privadas até as sem fins lucrativos (ONGs e Associações).
A preocupação com a escassez dos recursos naturais tem se intensificado
nas últimas décadas, período em que se observou, por um lado,
1
Graduando do Curso de Administração do Centro Universitário Estácio do Recife.
2
Graduanda do Curso de Administração do Centro Universitário Estácio do Recife.
3
Docente e orientador do Centro Universitário Estácio do Recife.
desenvolvimento econômico acelerado e, por outro lado, impactos negativos
que afetam direta ou indiretamente o meio ambiente, o que evidencia a
relação necessária entre as questões econômicas, sociais e ambientais
(MORAES; PUGLIESI; QUEIROZ, 2014).
O atual cenário impõe às organizações a necessidade de mudanças
contínuas e adequações de seus produtos e processos de produção de modo a se
adaptarem a nova realidade do mercado. Os chamados Sistemas de Gestão
Ambiental (SGA) – objeto de estudo desta pesquisa -, tem se mostrado uma
importante ferramenta na busca por procedimentos operacionais que ajudem as
organizações alcançarem as obrigações impostas por esse novo cenário.
“As preocupações ambientais têm provocado reorganizações e mudanças
estratégicas nas empresas para equacionar uma gestão ambientalmente sustentável
com a dinâmica industrial estabelecida” (CARRIERI, 1999 apud CORREIA, 2006).
Segundo o PMGA (2006) - Prêmio Mineiro de Gestão Ambiental -, “o caminho mais
evidente para a sobrevivência no mercado é a melhoria da gestão ambiental de
forma sistêmica e consistente.”
Com base nessas informações a relevância da discussão sobre o tema partiu
da necessidade pessoal do autor, que busca verificar os benefícios oferecidos as
empresas que optam por adotar o Sistema de Gestão Ambiental, através da norma
ISO 14001. Essa busca visa identificar como se dar o processo de implantação do
SGA e quais as vantagens advindas de sua adoção.
Assim, levando em consideração o aumento da conscientização do
consumidor e de seu crescente interesse na forma como os produtos e serviços são
produzidos, o presente trabalho buscará enfatizar a importância do SGA e da norma
ISO 14001, de maneira que o problema desta pesquisa se desenvolve com o
seguinte questionamento: Qual a influência do Sistema de Gestão Ambiental na
Empresa? Há vantagens em implantar este sistema?
Tendo como objetivo geral, apresentar os benefícios oferecidos as empresas
que optam por adotar o SGA através da norma ISO 14001, e visando alcançar
respostas à problemática levantada foi adotado como procedimento de investigação,
a pesquisa bibliográfica e uma entrevista realizada com o Grupo Sabará.
Segundo Gil (2008), a pesquisa bibliográfica “é desenvolvida com base em
material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.” A
mesma foi utilizada com o intuito de analisar e revisar conceitos considerados
fundamentais para melhor adequação da teoria.
Acrescenta-se que este artigo tem caráter qualitativo. Segundo Minayo
(2001), esse tipo de análise “trabalha com o universo de significados, valores,
crenças e atitudes, correspondendo a um espaço mais profundo das relações, dos
processos e dos fenômenos aos quais não podem ser reduzidos à
operacionalização variáveis.”
Desenvolvido em duas etapas, buscou-se inicialmente selecionar conteúdos
seguros e de qualidade, que fornecessem o embasamento teórico necessário para
uma melhor compressão acerca da temática abordada. A segunda etapa foi
constituída por uma entrevista, realizada com o Grupo Sabará, objetivando coletar
dados que reafirmassem as constatações teóricas, de forma a fornecer um conteúdo
mais aprofundado de modo gerar no leitor uma consciência crítica sobre o referido
assunto.
2. REFERENCIALTEÓRICO
2.1. SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA)
Atualmente as empresas estão inseridas em um ambiente corporativo cada
vez mais competitivo, no qual a busca pelo equilíbrio entre a organização, homem e
meio ambiente pode ser vista como uma das peças chave para a sobrevivência da
mesma no mercado. O SGA surge nesse contexto, como sendo um importante elo
entre as ações executadas pela empresa e as novas obrigações exigidas à mesma.
Apesar de muitas empresas ainda demonstrarem desinteresse pelas
questões ambiental, em geral essa situação vem mudando com o passar dos anos.
Embora não exista uma estatística oficial para esta constatação, a mesma pode ser
identificada através da observação do atual cenário do mercado, além de que o
crescimento da conscientização ambiental entre os consumidores é visto como um
estímulo significativo para que as empresas utilizem técnicas de controle para a
qualidade ambiental (MORAES; PUGLIESI, 2014).
De acordo com Reyes e Wright (2001):
Muitas ferramentas que surgiram com a preocupação ambiental focalizam
apenas em um único aspecto do ciclo de vida do produto, porém, elas
podem ser utilizadas para mitigar impactos ambientais em todas as suas
fases. Para isso é necessário que a administração ambiental seja realizada
por meio de um SGA bem estruturado.
“Um Sistema de Gestão Ambiental pode ser descrito como uma metodologia
pela qual as organizações atuam de maneira estruturada sobre suas operações para
assegurar a proteção do meio ambiente” (ROWLAND-JONES; CRESSER, 2005).
Ainda segundo os autores, as organizações “definem os impactos de suas
atividades e, então, propõem ações para reduzi-los. Um SGA tem, portanto, o
objetivo de controlar e reduzir continuamente estes impactos” (ROWLAND-JONES;
CRESSER, 2005).
Um SGA pode ser definido como parte do sistema de gestão organizacional
utilizado para projetar, implementar e gerenciar a política ambiental. Ele
inclui elementos interdependentes, tais como a estrutura organizacional, a
divisão de responsabilidades e o planejamento de práticas, procedimentos,
processos e recursos necessários para a determinação da referida política e
seus objetivos (FORTUNSKI, 2008).
“O propósito dos Sistemas de Gestão Ambiental pode ser sintetizado como
uma possibilidade de desenvolver, implementar, organizar, coordenar e monitorar as
atividades organizacionais relacionadas ao meio ambiente visando conformidade e
redução de resíduos” (MELNYK; SROUFE; CALANTONE, 2002). “Além de contribuir
com a responsabilidade social e com o cumprimento da legislação, estes sistemas
possibilitam identificar oportunidades de redução do uso de materiais, energia e
melhorar a eficiência dos processos” (CHAN; WONG, 2006).
Como pode ser observado, “o SGA corresponde a um conjunto de normas
planejamento e procedimentos organizacionais, administrativos e técnicos para que
uma empresa possa obter o mais adequado desempenho ambiental” (SILVA;
PRZYBYSZ, 2014).
Por ser o Sistema de Gestão Ambiental uma junção de normas, práticas e
procedimentos técnicos e também administrativos, que norteiam todo o processo
produtivo da empresa, sua implantação requer um grau de padronização elevado.
Sua implementação tem como principal e mais importante referência, a
Norma ISO 14001, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que
contém um conjunto de diretrizes que visam controlar os impactos ambientais
decorrentes das atividades desempenhas pela empresa. As normas e como as
mesmas devem ser observadas pelas empresas, serão apresentadas no tópico a
seguir, visando facilitar o seu entendimento.
2.2. NORMA NBR ISO 14001
Pilz, et al 2011 afirmam em seus estudos que no atual cenário de mercado
diante dos impactos ambientais proporcionados pelo crescimento industrial, tendo
provocado grandes problemas para os órgãos ambientais e autoridades, com isto a
International Standardization Organization (ISO), buscou desenvolver normas que
envolvessem as questões ambientais e a padronização de processos utilizados
pelas organizações que fazem o uso de recursos ambientais, ou que de alguma
forma agridam o meio ambiente.
A norma ISO 14001, pode ser conceituada como uma ferramenta de
gerenciamento de riscos ambientais, ou seja, a mesma auxilia as organizações em
seus processos produtivos, de modo a desenvolver práticas sustentáveis,
contribuindo para a minimização e/ou extinção das ações que agridem o meio
ambiente.
No Brasil, o número de empresas que desenvolveram a gestão ambiental
com base na norma NBR ISO 14001 vem aumentando a cada ano. A
consciência ecológica está abrindo caminhos para o desenvolvimento de
novas oportunidades de negócio e, com isso, facilitado a inclusão das
empresas brasileiras no mercado internacional (SILVA; MEDEIROS, 2004).
Em um mercado cada vez mais competitivo, uma empresa que possui a
certificação ISO 14001, consegue projetar uma imagem de comprometimento com a
redução dos impactos ambientais, uma vez que ajuda a organização na elaboração
de metas e objetivos que serão utilizados visando o cumprimento da legislação e
regulamentos vigentes sobre o tema.
Um dos méritos da norma ISO 14001, de acordo com Valle (2002), é a
uniformização das rotinas e dos procedimentos necessários para uma
organização certificar-se ambientalmente, cumprindo um roteiro padrão de
exigências válido internacionalmente.
De acordo com Derisio (2013), a terceira edição da ISO 14001 está
estruturada em 10 itens, conforme segue:
1 – Escopo;
2 – Referências normativas;
3 – Termos e definições;
4 – Contexto da organização;
5 – Liderança;
6 – Planejamento;
7 – Apoio;
8 – Operação;
9 – Avaliação do desempenho;
10 – Melhoria.
“Nos três primeiros itens não há requisitos a serem cumpridos na presente
norma. Os requisitos desta terceira edição estão contidos entre os itens 4 (Contexto
da Organização) e 10 (Melhoria)” (DERISIO, 2013).
Para que a empresa consiga obter a certificação acima citada, é necessário
que a mesma considere em seu planejamento estratégico os aspectos ambientais e
muitas outras questões como conformidade legal e gerenciamento dos
fornecedores. Para que tudo isso seja gerenciado corretamente, as organizações
podem e devem utilizar como ferramenta, o Sistema de Gestão Ambiental (SGA).
O Sistema de Gestão Ambiental com base na norma ISO 14001 tem como
objetivo prover as organizações elementos de um SGA eficaz, que possam
ser integrados a outros requisitos da gestão e auxiliá-las a alcançar seus
objetivos ambientais e econômicos. A sua finalidade geral é equilibrar a
proteção ambiental e a prevenção de poluição com as necessidades
socioeconômicas. Muitos desses requisitos podem ser abordados
simultaneamente ou reapreciados a qualquer momento (ISO, 2004 apud
OLIVEIRA; PINHEIRO, 2010).
Conforme Avignon e Rovere (2001) descrevem no Manual de Auditoria
Ambiental, a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental está calcado em
cinco princípios básicos, que são:
Princípio 1: conhecer o que deve ser feito; assegurar comprometimento com o
SGA e definir a Política Ambiental.
Princípio 2: elaborar um plano de ação para atender aos requisitos da política
ambiental.
Principio 3: assegurar condições para o cumprimento dos objetivos e metas
ambientais e implementar as ferramentas de sustentação necessárias.
Principio 4: realizar avaliações quali-quantitativas periódicas da conformidade
ambiental da empresa.
Princípio 5: revisar e aperfeiçoar a política ambiental, os objetivos e metas e
as ações implementadas para assegurar a melhoria continua do desempenho
ambiental da empresa.
A análise destes princípios deixa evidente que se faz necessária a
implantação de uma metodologia mais prática para que o Sistema de Gestão
Ambiental assegure de certa forma, a redução de impactos ambientais, o
atendimento da legislação vigente e também apresente resultados ambientais
positivos que gerem melhorias na imagem institucional (SILVA; PRZYBYSZ, 2014).
É importante ressaltar que a norma ISO 14001 não estabelece requisitos
absolutos para o desempenho ambiental além do comprometimento,
expresso na política, de atender à legislação e regulamentos aplicáveis e
com a melhoria contínua. Assim, duas organizações que desenvolvam
atividades similares, mas que apresentem níveis diferentes de desempenho
ambiental podem ambas, atender aos seus requisitos da ISO 14001
(SEBRAE, 2004).
Segundo Correia (2006), a ISO 14001 é baseada na metodologia conhecida
como Plan, Do, Check, Act (PDCA ou planejar, executar, verificar e agir). O PDCA
pode ser brevemente descrito da seguinte forma:
Planejar: Estabelecer os objetivos e processos necessários para atingir os
resultados em concordância com a política ambiental da organização.
Executar: Implementar os processos.
Verificar: Monitorar e medir os processos em conformidade com a política
ambiental, objetivos, metas, requisitos legais e outros, e relatar os resultados.
Agir: tomar ações para continuamente melhorar o desempenho do sistema da
gestão ambiental.
Figura 2.1 – Modelo de Sistema de Gestão Ambiental (SGA) – ISO 14001
Fonte: SILVA; PRZYBYSZ 2014
“O ciclo PDCA demonstra claramente que as melhorias podem ser
monitoradas em resultados que podem ser mensuráveis quando exequíveis,
proporcionando uma avaliação crítica e readequando-as quando for o caso” (SILVA;
PRZYBYSZ, 2014).
Figura 2.2 – Ciclo PDCA
Fonte: Criação do autor
Apesar da ISO 14001 exigir das empresas um comprometimento maior com a
preservação do meio ambiente, através de melhorias contínuas em suas atividades
produtivas, sua implantação pode ser aplicada apenas em alguns setores da
empresa. Ou seja, cabe a organização a responsabilidade de estipular a amplitude
de seu projeto, sendo essa amplitude devidamente descrita no certificado da ISO.
Para que a implantação esteja em conformidade com as especificações, as
empresas precisam seguir alguns requisitos gerais presentes na NBR ISO 14001
(2015), que são: “todas as organizações devem estabelecer, documentar,
implementar, manter continuamente melhorar o Sistema de Gestão Ambiental e
determinar como ele irá atender aos requisitos desta norma."
2.3. IMPLANTAÇÃO DA ISO 14001 – SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
“Dada a diversidade de culturas organizacionais e de meios de produção de
bens e de serviço, considera-se que dificilmente será possível adotar uma prática
que possa ser aceita como única e universal” (BEBER, 2011). Sendo assim, o
mesmo autor afirma que “isso se deve ao fato de que cada organização se constitui
em atividades geralmente específicas, ditadas por um conjunto de elementos
regidos por fatores internos e externos que possuem um dinamismo próprio e
bastante particularizado” (BEBER, 2011).
Como citado anteriormente, a implantação do Sistema de Gestão Ambiental,
segue a metodologia PDCA, ou seja, todo o processo é regido pela sequência do
planejar, executar, verificar e agir. Para se obter um SGA de qualidade, a empresa
primeiramente precisará desenvolver uma Política Ambiental, na qual estabelecerá
suas estratégias ambientais.
A alta administração deve estipular uma política voltada a questões
ambientais e assegurar que dentro do escopo definido de seu Sistema de Gestão
Ambiental (SGA), a política “seja apropriada à natureza, escala e impactos
ambientais de suas atividades, produtos e serviços” (NBR ISO 14001, 2015).
Segundo Barbieri (2007), “uma organização conta com quatro instrumentos
para tornar sua política ambiental conhecida do público.” São eles:
Auto avaliações: são declarações emitidas pela própria empresa,
descrevendo sua conduta ambiental;
Confirmação do auto declaração por partes interessadas: stakeholders como
clientes, fornecedores ou vendedores também podem testemunhar a favor da
eficácia de um SGA, o que confere maior credibilidade à auto-declaração;
Confirmação da auto declaração por organização externa: para tornar a auto
declaração ainda mais confiável, é interessante pedir a uma entidade de
terceira parte que aprove o sistema de gestão ambiental da organização;
Certificação ou registro do SGA por uma organização externa: nesse caso,
não é papel da empresa definir os rumos da sua conduta ambiental, ela
precisa seguir a cartilha proposta por uma norma e se submeter à avaliação
de um órgão credenciador para obter a certificação.
Figura 2.3 – As três entidades envolvidas no processo de certificação
Fonte: Adaptado de Curi, 2011
A NBR ISO 14001 (2014), diz que em sua política ambiental a empresa
precisa:
Incluir um comprometimento com a melhoria contínua e com a prevenção da
poluição;
Incluir um comprometimento em atender aos requisitos legais aplicáveis e
outros requisitos subscritos pela organização que se relacionem a seus
aspectos ambientais;
Fornecer uma estrutura para o estabelecimento e análise dos objetivos e
metas ambientais;
Figura 2.4 – Os pilares da política ambiental
Fonte: Adaptado de ABNT, 2004; Seiffert, 2011
A organização deve estabelecer, documentar, implementar, manter e
continuamente melhorar o SGA em conformidade com os requisitos da
norma NBR 14001, determinando como atenderá a eles. Além disso, cabe à
organização definir e documentar o escopo de seu SGA, indicando a
localidade da instalação e todos os processos realizados (ABNT, 2014).
“Essa documentação deve ser apresentada a todos que trabalham na
organização ou que atuem em seu nome e estar sempre disponível para o público”
(NBR ISO 14001, 2015). Essa documentação faz parte do processo de certificação,
que será apresentado no tópico a seguir, que demonstrar o que a empresa precisa
realizar de modo a conseguir a certificação ISO 14001.
2.4. PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO
A certificação pela ISO 14001 é entendida como sendo uma forma oficial de
validar as ações e atividades de uma empresa acerca de sua responsabilidade
frente às questões ambientais. Através dela, a organização mostra aos stakeholder
(partes interessadas), que está em conformidade com as normas legais vigentes.
A certificação não é obrigatória, e as empresas podem aproveitar muitos
dos benefícios da norma sem precisar passar pelo processo de certificação.
No entanto, a certificação independente – nas quais um órgão certificador
independente audita suas práticas com base nos requisitos da norma – é
uma forma de demonstrar aos seus compradores, clientes, fornecedores e
outras partes interessadas que a empresa implementou a norma de forma
adequada. Além disso, para algumas empresas, isso ajuda a demonstrar a
forma como cumpriram as exigências regulamentares ou contratuais (ABNT
NBR ISO 14001, 2015).
A estrutura da norma ISO 14001 pode ser aplicada de forma ajustada a
realidade da empresa, sem perder a essência dos requisitos, princípios e aspectos
norteadores da norma. Isto lhe confere um caráter universal, pois, dessa forma,
pode ser adaptada por empresas de qualquer região e de todos os portes
(OLIVEIRA; SERRA, 2010).
A ISO fornece uma metodologia simples e fácil, para que as organizações
consigam um SGA efetivo e com isso obtenham a certificação. Segundo Camargo
(2013), “em primeiro lugar, a empresa precisa adquirir a brochura ou arquivo
eletrônico que contém as normas a serem seguidas para obter a certificação.”Na
prática, são oferecidas as empresas, uma gestão de uso e disposição de recursos,
ou seja, as regras presentes na brochura contribuem na redução de custos e riscos,
além de melhorar o desempenho, no que tange a responsabilidade socioambiental
das mesmas.
“Em seguida, deve-se adotar as normas na empresa e contratar uma
certificadora independente que dirá se, de fato, os padrões estão sendo aplicados
corretamente. Após esse processo a empresa será considerada certificada”
(CAMARGO, 2013).
Cabe salientar que “a etapa de certificação deverá ser proposta somente após
a implantação do SGA, sendo composta por uma pré-auditoria (que antecede a
auditoria final) e pela autoria de certificação, que constitui o processo final – mas
também inicial – do ciclo” (MORAES, 2012).
Figura 2.5 – Etapas da certificação ambiental
Fonte: Moraes 2012
Moraes (2012), também afirma que a organização deve “gerenciar o Sistema
de Gestão Ambiental constantemente e, no período estipulado pelo órgão
certificador, caberá também a ela buscar a re-certificação; desse modo, a
manutenção do sistema apresenta um fluxo contínuo.”
É importante considerar que uma das orientações básicas para a
elaboração da norma ISO 14001, foi sua aplicabilidade a todos os tipos de
organizações, em variadas condições geográficas, culturais e sociais, que
permite um aprimoramento contínuo dos processos. Nesse sentido, é
imprescindível o comprometimento de todos os níveis organizacionais,
como forma de alcançar equilíbrio entre proteção ambiental e necessidades
socioeconômicas. Essa flexibilidade pode ser considerada um importante
fator motivador de sua implantação e difundida aceitação em nível mundial
(SEIFFERT, 2011).
Assim, “a implantação da norma ISO 14001 serve como um relevante
elemento na realização de negócios, tornando-se um pré-requisito para transações
entre cliente e fornecedores domésticos e internacionais” (SEIFFERT, 2011). A
implantação da referida ISO pode ser um processo árduo para a organização que
opta por sua adoção, uma vez que apresenta algumas dificuldades durante o
processo de certificação.
2.5. DIFICULDADES NA IMPLANTAÇÃO DA ISO 14001
“Como em qualquer outro sistema de gestão, a implantação da ISO 14001
requer mudanças, e as maiores dificuldades encontradas estão relacionadas ao
pessoal envolvido, ao processo produtivo e aos fatores econômicos”
(ALBUQUERQUE, 2016). Desta forma:
o de caráter econômico ocorre em função da dificuldade em disponibilizar
recursos financeiros para possibilitar a aquisição de tecnologias mais
avançadas, visando adequação e melhoria dos processos, no que se refere
à minimização dos impactos ambientais de determinadas atividades
(ALBUQUERQUE, 2016).
Seiffert (2009), “afirma que nas pequenas e médias empresas isso é mais
agravante, uma vez que consideram uma baixa prioridade os temas ambientais por
causa de suas restrições orçamentárias.” Outro ponto, descrito dessa vez por
Albuquerque (2016) “é o atendimento à legislação ambiental requerido pela norma,
que envolve aspectos burocráticos que pode retardar a certificação.”
Gibson e Tierney (2011) entendem que:
As maiores barreiras para implementação de um SGA estão associadas às
questões pessoais, dado que os maiores gestores são pressionados a
terem maior sucesso e a implementação do SGA impõe um fardo pesado
para os funcionários da organização.
Berthelot et al., (2003) perguntaram às empresas canadenses com
certificação ISO 14001 sobre potenciais dificuldades da implantação da norma, e os
respondentes listaram como principais aspectos:
Envolvimento da gestão;
Envolvimento dos funcionários;
Necessidade de treinamento dos funcionários;
Custos dos processos;
Falta de especialistas neste tema;
Muita documentação exigida;
Custos para obter informação necessária.
Chavan (2005), afirmou que:
Embora a norma ISO 14001 tenha sido criada para ajudar as organizações,
há alguns fatores que podem impedir uma empresa de implementar com
sucesso um SGA. Dessa forma pode-se citar a indisponibilidade da equipe
que pode se opor ao aumento de suas responsabilidades; relutância da
administração para dar o tempo e os recursos necessários à implementação
do SGA, e na crença de que, uma vez implementado, o SGA não precisa
ser revisto e melhorado.
Vale ressaltar que, apesar de toda a burocracia e dificuldades enfrentadas
pelas organizações no decorrer do processo de certificação, a adoção da ISO
14001, concede ganhos e benefícios para as empresas e são esses benefícios
responsáveis por encoraja e impulsionar as mesma a enfrentarem tais dificuldades,
como pode ser visto a seguir.
2.6. OS BENEFÍCIOS DA CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL
Apesar das dificuldades encontradas durante a implantação do Sistema de
Gestão Ambiental, a NBR ISO 14001 é apontada como sendo importante para as
empresas, fornecendo em contrapartida as dificuldades, uma série de benefícios e
vantagens, que fazem valer o tempo e custos desprendidos em favor de seu
desenvolvimento e implementação.
“A implantação de um SGA e a certificação ambiental em conformidade com
a ISO 14001 tem proporcionado às empresas uma ótima oportunidade não
só de cumprir com os requisitos legais, mas também de se tornar mais
competitivas e melhorar seu desempenho ambiental, aumentando também
os lucros” (MORAES, 2012).
“A norma ISO 14001 colabora para a produção de bens e serviços que geram
empregos e tecnologias. Além disso, promove o respeito ao planeta e às futuras
gerações” (FURNIEL, 2011). Segundo o mesmo autor “com essa certificação, as
empresas aumentam a visibilidade no mercado nacional e internacional e
consolidam a credibilidade junto a clientes, fornecedores e colaboradores”
(FURNIEL, 2011).
Furniel (2011), também afirma que atualmente, “implementar a referida ISO é
marca inegável do comportamento ético empresarial frente à sociedade e ao meio
ambiente. Significa que o consumo sustentável é priorizado e incentivado pela
empresa.” Ou seja, além de oferecer vantagens comerciais, as empresas que
possuem a certificação oferecida pela norma 14001, também conseguem projetar no
mercado uma imagem de comprometimento com as práticas sociais, conquistando
com isso prestígio frente a seu público alvo.
Para Nascimento e Poledna (2002), os benefícios que uma empresa pode
atingir através da implantação da ISO 14001 são:
Redução do custo de disposição dos resíduos;
Melhoria de imagem, da relação com os clientes, além de melhorar o
relacionamento com as autoridades regulamentadoras;
Aumento do acesso aos fundos de investimento;
Redução do seguro de investimentos;
Redução dos riscos de responsabilidade de despoluição;
Redução do custo de energia;
Habilidade para correção de problemas potenciais antes de causar danos
ambientais;
Demonstração de comportamento ambiental esperado;
Organizações que sã pró-ativas, em oposição às reacionárias podem atingir
estratégias e vantagens competitivas sustentáveis através de sistemas de
gestão ambiental.
Através da concepção ambientalmente correta, delineada pela ISO 14001, é
que as indústrias conseguem melhorar seu desempenho ambiental,
evitando multas desnecessárias pelos órgãos fiscalizadores ambientais.
Melhoram a imagem perante o mercado e consumidores e conciliam
preservação com produtividade, pois as empresa alcançam benefícios
financeiros e operacionais resultante da utilização de alternativas
ambientais (SILVA, 2016).
Já Morrow e Rondinelli (2002), apontam como possíveis benefícios que
motivam as organizações a buscarem a certificação:
A economia de recursos pela melhoria da eficiência e redução de custos com
a energia, materiais, multas e penalidades, aumento da confiança do
investidor na organização e vantagens competitivas internacionais;
Avaliação positiva do comprometimento com a melhoria do desempenho
ambiental e redução de riscos das companhias, por agências regulatórias do
governo, companhias de seguro e instituições financeiras;
Aumento da eficiência das operações, aumento da consciência dos impactos
ambientais entre funcionários;
Estabelecimento de uma forte imagem de responsabilidade social corporativa.
Arimura et al., (2011):
Analisaram os efeitos da ação da norma no gerenciamento da cadeia de
suprimentos de empresas japonesas e verificaram que sua adoção estimula
as empresas a cobrarem de seus fornecedores a se comprometerem com
práticas ambientais, o que pode resultar na adoção de práticas ambientais
também pelos seus fornecedores.
Como pode ser observado, os estudos e autores aqui citados, levam a
mesma conclusão, de que a NBR ISO 14001 garantem as empresas um ambiente
mercadológico propicio a seu desenvolvimento, frente as exigências cada vez maior
acerca do meio ambiente. São benefícios e vantagens que vão desde a simples
economia de energia, a projeção positiva da marca nos grandes mercados, sejam
eles nacionais e/ou internacionais.
Mas, as vantagens não se restringem apenas as organizações, pelo contrário,
as localidades em torno das empresas, assim como toda a região também ganham,
uma vez que, o SGA baseado na ISO 14001 gera mudanças organizacionais que
contribuem no desenvolvimento de projeto que minimizam os impactos causados
pelas ações e atividades produtivas da empresa.
Enfim, como afirma Rocha (2010), “os benefícios do SGA são muitos e em
vários aspectos, e como tal serve de instrumento de gestão, esses benefícios são
positivos, desde que acompanhados por um processo de reavaliação constante das
ações nele empregadas.”
3. METODOGIA
Para Gil (1999, p. 35), “o método científico é um conjunto de procedimentos
intelectuais e técnicos utilizados para atingir o conhecimento.” Ainda segundo a
autora “para que seja considerado conhecimento científico, é necessária a
identificação dos passos para a sua verificação, ou seja, determinar o método que
possibilitou chegar ao conhecimento” (GIL, 1999, p. 35).
Com relação à abordagem do estudo, esta pesquisa está classificada como
uma pesquisa qualitativa, já que analisa dados que não são mensuráveis
numericamente, mas que compreende investigações através de teorias, percepções
dentre outros dados que não possuem natureza estatística. Sendo assim, o presente
estudo foi dividido em duas etapas.
Na primeira etapa os autores desenvolveram uma pesquisa bibliográfica, visando
realizar um levantamento de autores e obras relacionados com o tema proposto. A
pesquisa bibliográfica “é desenvolvida com base em material já elaborado,
constituído principalmente de livros e artigos científicos” (GIL, 2007, p. 76), sendo a
mesma utilizada com o intuito de analisar e revisar conceitos considerados
fundamentais para melhor adequação da teoria.
A etapa seguinte, contou com o desenvolvimento de uma entrevista realizada na
segunda quinzena do mês de novembro de 2017, com o Grupo Sabará. Composta de 16
perguntas, a mesma objetivou coletar informações que embasassem a discussão acerca da
importância da implantação do Sistema de Gestão Ambiental nas organizações.
Segundo Gil (1999, p. 35), a entrevista pode ser conceituada como sendo:
Procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar
respostas aos problemas que são propostos. (...) A pesquisa é desenvolvida
mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização
cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimento científicos (...) ao
longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada
formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados.
Tendo base nisto, esta pesquisa é considerada exploratória, uma vez que
“este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses” (GIL, 2007,
p. 76). A autora ainda explica que “a grande maioria dessas pesquisas envolve: (a)
levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências
práticas com o problema pesquisado e (c) análise de exemplos que estimulem a
compreensão” (GIL, 2007, p. 79).
Sendo assim este conjunto metodológico de pesquisa foi realizado de forma a
alcançar os objetivos previamente propostos, tendo em vista a geração de
conhecimento para os leitores.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A busca por informações que dessem suporte ao conteúdo apresentado pela
reflexão teórica deu-se através de uma entrevista realizada com o Grupo Sabará
Químicos e Ingredientes S.A. Presente nos Estados do Ceará, Goiás, Pernambuco e
São Paulo, o mesmo atua no segmento de produtos químicos para tratamento de
água. Há mais de 60 anos no mercado, o grupo tem como principal público as
companhias de água, cervejarias, usinas entre outros.
Aproximar interesses econômicos, ambientais e sociais de diversos grupos e
comunidades é apontado como sendo um dos principais trabalhos realizados pelo
Grupo Sabará. O modo de agir e pensar da organização levou a mesma a optar por
desenvolver um planejamento estratégico que resultou na conquista da Certificação
ISO 14001 a aproximadamente 3 anos atrás, com re-certificação marcada para o
mês de abril do ano de 2018.
O plano de implantação do SGA, que resultou na certificação, foi baseado na
metodologia PDCA (Planejar, Fazer, Checar e Agir). No início foi desenvolvida a
Política Ambiental, contendo as diretrizes de cumprimento da legislação vigente,
necessárias para o planejamento e implantação adequada do referido sistema.
Colocado em prática, os procedimentos foram verificados, através de indicadores e
auditorias realizadas pela empresa British Standards Institution – BSI.
Questionado sobre considerar alto o investimento feito pela empresa para
conseguir a certificação, obteve-se como resposta escrita, que sim. De acordo com o
entrevistado, para certifica-se a empresa empregou uma alta quantia na contratação
de uma consultoria e na atualização das normas internas já existentes, visando
adequá-las as exigências descritas na brochura da referida ISO.
Segundo o entrevistado, durante o processo de adequação para a
implementação da ISO 14001, a empresa passou por algumas dificuldades, uma vez
que para ser uma empresa ambientalmente correta, demanda custo, tempo e uma
consciência ambiental por parte de todos os funcionários, contudo, mesmo diante
das dificuldades, o grupo permaneceu perseverante no propósito de tornar a
organização ambientalmente correta.
A perseverança na busca pela certificação resultou em conquistas, como por
exemplo: aumento da visibilidade no mercado nacional e internacional; consolidação
da credibilidade junto aos clientes, fornecedores e colaboradores; melhorias no
controle de custos; melhorias nos processos internos ligados as questões
ambientais, além de contribuir para conformidade dos requisitos legais. Esta
visibilidade e credibilidade adquiridas através da certificação ocorrem, pois a
empresa passa constantemente por auditorias realizadas por órgãos especializados.
Com um Sistema de Gestão Ambiental estruturado e gerido por um
Coordenador de Regulatórios, o grupo optou por investir neste de tipo de sistema
por entender que há, na atualidade, uma crescente conscientização ambiental, além
de que o mesmo gera benefícios financeiros e diminui os riscos legislativos ligados
ao descumprimento de aspectos ambientais.
Como desfecho da entrevista, indagou-se sobre qual a importância do
Sistema de Gestão Ambiental para as empresas que optam por sua adoção.
Conforme o entrevistado, “ter um certificado ISO 14001, demonstra
comprometimento ambiental, através da realização de práticas sustentáveis. Entre
vários outros benefícios, como o fortalecimento da imagem socioambiental da
empresa, além da possibilidade de atuar no mercado internacional.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo dos últimos anos as empresas passaram a ser pressionadas a
apresentar em seus processos produtivos, soluções que minimize ou elimine os
impactos negativos, provocados pelos mesmos ao meio ambiente. Essa cobrança se
intensificou, pois na atualidade as organizações estão inseridas em um ambiente
corporativo cada vez mais competitivo, em que o equilíbrio entre a organização,
homem e meio ambiente é visto como peça fundamental para a sobrevivência da
mesma frente a seus concorrentes.
Com base nos levantamentos realizados e aqui descritos, é possível perceber
que, para que uma empresa permaneça em condições competitivas, a mesma
deverá buscar implantar ferramentas que ajudem e auxiliem em sua gestão
ambiental. O Sistema de Gestão Ambiental surgiu nesse contexto, como uma
alternativa real e factível, que uni as ações executadas pela empresa como as
obrigações ambientais exigidas.
O SGA é apontado como um sistema que uni políticas, práticas e
procedimentos técnicos, além de administrativos, que norteiam todo o processo
produtivo da empresa. Exige da mesma um alto grau de padronização e por isso é
baseado na Norma ISO 14001, da Associação Brasileira de Norma Técnicas
(ABNT). De suma importância para o sucesso da gestão ambiental, essa norma traz
em seu contexto um conjunto de diretrizes que auxiliam no controle dos impactos
ambientais decorrentes das atividades desempenhadas.
O referido sistema é apontado como importante ferramenta de gestão, pois
sua implantação segue a metodologia PDCA, muito conhecida e utilizada na gestão
administrativa das empresas. Com outras palavras, o SGA rege todo processo
produtivo com base na sequência do planejar, executar, verificar e agir.
Os estudos realizados pelos autores que compõe essa pesquisa e a
entrevista realizada com o Grupo Sabará, deixam claros que o referido sistema faz
parte do processo que precisa ser implementado na organização, de modo a
conduzir a mesma a certificação ISO 14001, projetando no mercado uma imagem de
comprometimento com as questões ambientais. Enfatizando sempre, que a ISO
14001 não estabelece requisitos absolutos, ou seja, as organizações,
independentemente de seu tamanho ou área de atividade, podem ambas, atender
aos requisitos exigidos.
Quanto ao conceito do que vem a ser a ISO 14001, é possível dizer que ela é
uma forma oficial de validar as ações e atividades de uma empresa acerca de sua
responsabilidade frente às questões ambientais e que através dela, a organização
mostra aos stakeholder (partes interessadas), que está em conformidade com as
normas legais, uma vez que ajuda a organização na elaboração de metas e
objetivos que serão utilizadas visando o cumprimento da legislação e regulamentos
vigentes sobre o tema.
O processo de certificação é algo burocrático e também demorado,
requerendo da empresa um grau de esforços que vão desde o desprendimento de
recursos financeiros, até as mudanças organizacionais. Ou seja, para conseguir a
certificação, a organização precisa executar algumas mudanças, que são exigidas
na norma, começando na aquisição da brochura ou arquivo eletrônico da referida
norma, até a contração de uma certificadora independente que dirá se, os padrões
estão sendo aplicados da forma correta.
Apesar de a norma ter sido desenvolvida visando ajudar as organizações, a
mesma apresenta algumas desvantagens, que podem levar as empresas a optarem
pela não implantação, como por exemplo: necessidade de treinamento dos
colaboradores; os elevados custos dos processos; a burocracia; déficit de
especialista na área e etc.
Por outro lado, a norma ISO 14001 também apresenta benefícios, que podem
superar, e muito, os obstáculos enfrentados durante sua implantação. A mesma
fornece em contrapartida as dificuldades, uma série de vantagens, que fazem valer o
tempo e os custos desprendidos em favor de seu desenvolvimento. Essa
constatação teórica foi confirmada pela entrevista, uma vez que o entrevistado
ressaltou em sua fala que esta certificação aumenta a visibilidade da organização no
mercado nacional e internacional, além de consolidar a credibilidade junto aos
clientes.
Conclui-se ressaltando que a implantação do Sistema de Gestão Ambiental e
posteriormente a certificação ISO 14001, não é algo obrigatório, ou seja, as
empresas não são obrigadas por lei a adotarem essa ferramenta em seu processo
gerencial e nem tão pouco possuir a certificação, para poder atuar no mercado
brasileiro, mas que segundo os autores e obras citados na referente pesquisa e a
entrevista realizada com o Grupo Sabará, ter um certificado da ISO 14001 é
importante, pois demonstra comprometimento ambiental, através de práticas
sustentáveis além de apresentar diversos outros benefícios.
Por fim, destaca-se que a temática aqui aborda não cessa neste estudo, ou
seja, a presente pesquisa não intencionou, em momento algum, restringir a
contextualização do tema, as teorias aqui apresentadas, pelo contrário, os autores a
colocam a disposição, para que seja utilizada como base para novas investigações,
pois de acordo com os mesmos, a busca pelo conhecimento nunca tem fim e precisa
ser considerada como um processo ininterrupto.
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