ISO 14001: UMA REFLEXÃO ACERCA DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Por NICODEMOS MENDES PEREIRA GOMES | 27/11/2024 | Adm

ISO 14001: UMA REFLEXÃO ACERCA DO SISTEMA DE 
GESTÃO AMBIENTAL 

Nicodemos Mendes Pereira Gomes
1

nico_mendes22@hotmail.com 

Soniely Monic Carlos
2

soniely.monic@gmail.com 

Mauricio Ademir Saraiva de Matos
3

mauriciosaraivamatos@outlook.com 

RESUMO 

O presente artigo tem por objetivo apresentar os benefícios oferecidos às empresas 
que optam por adotar o Sistema de Gestão Ambiental – SGA, através da norma ISO 
14001. Tendo como procedimento metodológico o levantamento bibliográfico e uma 
entrevista  realizada  com  o  Grupo  Sabará,  a  pesquisa  se  desenvolveu  visando 
responder  a  problemática  previamente  levanta,  sobre  qual a  influência  do  Sistema 
de  Gestão  Ambiental  na  Empresa  e  se  há  vantagens na  implantar  do  referido 
sistema. A metodologia adotada forneceu informações que evidenciam a importância 
do  SGA para  as  organizações,  uma  vez  que,  as  práticas  sustentáveis  geram 
benefícios que vão desde a  redução  do  custo  de  disposição  dos  resíduos,  até  a 
melhoria de sua imagem, frente a seus clientes, fornecedores e concorrentes. 

PALAVRAS-CHAVE: ISO 14001; Sistema; Gestão Ambiental. 

1.  INTRODUÇÃO 

Um dos grandes desafios enfrentados pelo homem tem sido aprender a lidar 
com as graves consequências da degradação ambiental, que vem tomando grandes 
proporções na atualidade. Reparar os danos causados à natureza e à sociedade é 
um trabalho árduo e de longo prazo, o que torna ainda maior a responsabilidade de 
todos  e  envolve  vários  setores  da  sociedade,  desde  as  instituições  públicas  e 
privadas até as sem fins lucrativos (ONGs e Associações). 

A preocupação com a escassez dos recursos naturais tem se intensificado 
nas  últimas  décadas,  período  em  que  se  observou,  por  um  lado, 
                                                            
1
Graduando do Curso de Administração do Centro Universitário Estácio do Recife. 
2
Graduanda do Curso de Administração do Centro Universitário Estácio do Recife. 
3
Docente e orientador do Centro Universitário Estácio do Recife. 


desenvolvimento econômico acelerado e, por outro lado, impactos negativos 
que  afetam  direta  ou  indiretamente  o  meio  ambiente,  o  que  evidencia  a 
relação  necessária  entre  as  questões  econômicas,  sociais  e  ambientais 
(MORAES; PUGLIESI; QUEIROZ, 2014). 

O  atual  cenário  impõe  às  organizações  a  necessidade  de  mudanças 
contínuas e adequações de seus produtos e processos de produção de modo a se 
adaptarem  a  nova  realidade  do  mercado.  Os  chamados  Sistemas  de  Gestão 
Ambiental  (SGA) –  objeto  de  estudo desta  pesquisa  -,  tem  se  mostrado  uma 
importante  ferramenta  na  busca  por  procedimentos  operacionais  que  ajudem  as 
organizações alcançarem as obrigações impostas por esse novo cenário. 
“As  preocupações  ambientais  têm  provocado  reorganizações  e  mudanças 
estratégicas nas empresas para equacionar uma gestão ambientalmente sustentável 
com  a  dinâmica  industrial  estabelecida” (CARRIERI,  1999  apud  CORREIA,  2006). 
Segundo  o  PMGA  (2006) - Prêmio  Mineiro  de  Gestão  Ambiental -, “o  caminho  mais 
evidente  para  a  sobrevivência  no  mercado  é  a  melhoria  da  gestão  ambiental  de 
forma sistêmica e consistente.” 
Com base nessas informações a relevância da discussão sobre o tema partiu 
da  necessidade  pessoal  do  autor,  que  busca  verificar  os  benefícios  oferecidos  as 
empresas que optam por adotar o Sistema de Gestão Ambiental, através da norma 
ISO  14001.  Essa busca  visa  identificar  como  se  dar  o  processo de implantação do 
SGA e quais as vantagens advindas de sua adoção. 
Assim,  levando  em  consideração  o  aumento  da  conscientização  do 
consumidor e de seu crescente interesse na forma como os produtos e serviços são 
produzidos, o presente trabalho buscará enfatizar a importância do SGA e da norma 
ISO  14001,  de  maneira  que  o  problema  desta  pesquisa  se  desenvolve  com  o 
seguinte questionamento: Qual a influência do Sistema de Gestão Ambiental na 
Empresa? Há vantagens em implantar este sistema? 
Tendo como objetivo geral, apresentar os benefícios oferecidos as empresas 
que  optam  por adotar  o  SGA  através  da  norma  ISO  14001,  e  visando  alcançar 
respostas à problemática levantada foi adotado como procedimento de investigação, 
a pesquisa bibliográfica e uma entrevista realizada com o Grupo Sabará. 
Segundo  Gil  (2008),  a pesquisa  bibliográfica “é  desenvolvida  com  base  em 
material  já  elaborado,  constituído  principalmente  de  livros  e  artigos  científicos.” A 


mesma  foi  utilizada  com  o  intuito  de  analisar  e  revisar  conceitos  considerados 
fundamentais para melhor adequação da teoria. 
Acrescenta-se  que  este  artigo  tem  caráter  qualitativo.  Segundo  Minayo 
(2001),  esse  tipo  de  análise “trabalha  com  o  universo  de  significados,  valores, 
crenças  e  atitudes,  correspondendo  a  um  espaço  mais  profundo  das  relações,  dos 
processos  e  dos  fenômenos  aos  quais  não  podem  ser  reduzidos  à 
operacionalização variáveis.” 
Desenvolvido  em  duas  etapas, buscou-se  inicialmente  selecionar conteúdos 
seguros  e  de  qualidade, que  fornecessem  o embasamento  teórico  necessário  para 
uma  melhor  compressão  acerca  da  temática  abordada.  A  segunda  etapa  foi 
constituída  por  uma  entrevista,  realizada  com  o  Grupo  Sabará,  objetivando  coletar 
dados que reafirmassem as constatações teóricas, de forma a fornecer um conteúdo 
mais  aprofundado  de  modo gerar no leitor uma  consciência  crítica  sobre  o referido 
assunto.  

2.  REFERENCIALTEÓRICO 

2.1.  SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) 

Atualmente  as  empresas  estão  inseridas  em  um  ambiente  corporativo  cada 
vez mais competitivo, no qual a busca pelo equilíbrio entre a organização, homem e 
meio ambiente pode ser vista como uma das peças chave para a sobrevivência da 
mesma  no  mercado.  O  SGA  surge  nesse  contexto,  como  sendo  um  importante  elo 
entre as ações executadas pela empresa e as novas obrigações exigidas à mesma.   
Apesar  de  muitas  empresas  ainda  demonstrarem  desinteresse  pelas 
questões ambiental, em geral essa situação vem mudando com o passar dos anos. 
Embora não exista uma estatística oficial para esta constatação, a mesma pode ser 
identificada  através  da observação do  atual  cenário  do  mercado,  além  de  que  o 
crescimento  da  conscientização  ambiental  entre  os  consumidores  é  visto  como  um 
estímulo  significativo  para  que  as  empresas  utilizem  técnicas  de  controle  para  a 
qualidade ambiental (MORAES; PUGLIESI, 2014). 
De acordo com Reyes e Wright (2001):  


Muitas  ferramentas  que  surgiram  com  a  preocupação  ambiental  focalizam 
apenas  em  um  único  aspecto  do  ciclo  de  vida  do  produto,  porém,  elas 
podem  ser  utilizadas  para  mitigar  impactos  ambientais  em  todas  as  suas 
fases. Para isso é necessário que a administração ambiental seja realizada 
por meio de um SGA bem estruturado. 

“Um  Sistema de Gestão Ambiental pode ser descrito como uma  metodologia 
pela qual as organizações atuam de maneira estruturada sobre suas operações para 
assegurar  a  proteção  do  meio  ambiente” (ROWLAND-JONES;  CRESSER,  2005). 
Ainda  segundo  os  autores, as  organizações  “definem  os  impactos  de  suas 
atividades  e,  então,  propõem  ações  para  reduzi-los.  Um  SGA  tem,  portanto,  o 
objetivo  de  controlar  e reduzir  continuamente  estes  impactos” (ROWLAND-JONES; 
CRESSER, 2005). 

Um SGA pode ser definido como parte do sistema de gestão organizacional 
utilizado  para  projetar,  implementar  e  gerenciar  a  política  ambiental.  Ele 
inclui  elementos  interdependentes,  tais  como  a  estrutura  organizacional,  a 
divisão de responsabilidades e o planejamento de práticas, procedimentos, 
processos e recursos necessários para a determinação da referida política e 
seus objetivos (FORTUNSKI, 2008). 

“O  propósito  dos  Sistemas  de  Gestão  Ambiental  pode  ser  sintetizado  como 
uma possibilidade de desenvolver, implementar, organizar, coordenar e monitorar as 
atividades  organizacionais  relacionadas  ao  meio ambiente  visando  conformidade  e 
redução de resíduos” (MELNYK; SROUFE; CALANTONE, 2002). “Além de contribuir 
com  a  responsabilidade  social  e  com  o  cumprimento  da  legislação,  estes  sistemas 
possibilitam  identificar  oportunidades de  redução  do  uso  de  materiais, energia  e 
melhorar a eficiência dos processos” (CHAN; WONG, 2006). 
Como  pode  ser  observado, “o  SGA  corresponde  a  um  conjunto  de normas 
planejamento e procedimentos organizacionais, administrativos e técnicos para que 
uma  empresa  possa  obter  o  mais  adequado  desempenho  ambiental”  (SILVA; 
PRZYBYSZ, 2014). 
Por  ser  o Sistema  de Gestão  Ambiental uma junção  de normas,  práticas  e 
procedimentos  técnicos  e  também  administrativos,  que  norteiam  todo  o  processo 
produtivo da empresa, sua implantação requer um grau de padronização elevado.  
Sua  implementação tem  como  principal  e  mais  importante  referência,  a 
Norma  ISO  14001, da  Associação  Brasileira  de  Normas  Técnicas  (ABNT),  que 


contém  um  conjunto  de  diretrizes  que  visam  controlar  os  impactos  ambientais 
decorrentes  das atividades  desempenhas  pela  empresa.  As  normas  e  como  as 
mesmas  devem  ser  observadas  pelas  empresas,  serão  apresentadas  no  tópico  a 
seguir, visando facilitar o seu entendimento. 

2.2.  NORMA NBR ISO 14001 

Pilz, et  al 2011  afirmam  em  seus  estudos  que  no  atual  cenário  de  mercado 
diante  dos  impactos  ambientais proporcionados pelo  crescimento  industrial, tendo 
provocado grandes problemas para os órgãos ambientais e autoridades, com isto a 
International Standardization Organization (ISO), buscou  desenvolver normas  que 
envolvessem  as  questões  ambientais  e  a  padronização  de  processos  utilizados 
pelas  organizações que  fazem o uso  de  recursos ambientais,  ou  que  de  alguma 
forma agridam o meio ambiente. 
A  norma  ISO  14001,  pode  ser  conceituada  como  uma  ferramenta  de 
gerenciamento de riscos ambientais, ou seja, a  mesma auxilia as organizações em 
seus  processos  produtivos,  de  modo  a  desenvolver  práticas  sustentáveis, 
contribuindo  para  a  minimização  e/ou  extinção  das  ações  que  agridem  o  meio 
ambiente. 

No  Brasil,  o  número  de  empresas  que  desenvolveram  a  gestão  ambiental 
com  base  na  norma  NBR  ISO  14001  vem  aumentando  a  cada  ano.  A 
consciência  ecológica  está  abrindo  caminhos  para  o  desenvolvimento  de 
novas  oportunidades  de  negócio  e,  com  isso,  facilitado  a  inclusão  das 
empresas brasileiras no mercado internacional (SILVA; MEDEIROS, 2004). 

Em  um  mercado  cada  vez  mais  competitivo,  uma  empresa  que  possui  a 
certificação ISO 14001, consegue projetar uma imagem de comprometimento com a 
redução dos impactos ambientais, uma vez que ajuda a organização na elaboração 
de  metas  e  objetivos  que  serão utilizados  visando  o cumprimento  da  legislação  e 
regulamentos vigentes sobre o tema. 

Um  dos  méritos  da  norma  ISO  14001,  de  acordo  com  Valle  (2002),  é  a 
uniformização  das  rotinas  e  dos  procedimentos  necessários  para  uma 
organização  certificar-se  ambientalmente,  cumprindo  um  roteiro  padrão  de 
exigências válido internacionalmente. 



De  acordo  com  Derisio  (2013),  a  terceira  edição  da  ISO  14001 está 
estruturada em 10 itens, conforme segue: 
1 – Escopo; 
2 – Referências normativas; 
3 – Termos e definições; 
4 – Contexto da organização; 
5 – Liderança; 
6 – Planejamento; 
7 – Apoio; 
8 – Operação; 
9 – Avaliação do desempenho; 
10 – Melhoria. 
“Nos  três  primeiros  itens  não  há  requisitos  a  serem  cumpridos  na  presente 
norma. Os requisitos desta terceira edição estão contidos entre os itens 4 (Contexto 
da Organização) e 10 (Melhoria)” (DERISIO, 2013). 
Para  que  a  empresa  consiga  obter  a  certificação  acima  citada,  é  necessário 
que a mesma considere em seu planejamento estratégico os aspectos ambientais e 
muitas  outras  questões  como  conformidade  legal  e  gerenciamento  dos 
fornecedores.  Para  que  tudo  isso  seja  gerenciado  corretamente,  as  organizações 
podem e devem utilizar como ferramenta, o Sistema de Gestão Ambiental (SGA). 

O Sistema de Gestão Ambiental com base na norma ISO 14001 tem como 
objetivo prover as organizações elementos de um SGA eficaz, que possam 
ser  integrados  a  outros  requisitos  da  gestão  e  auxiliá-las  a  alcançar  seus 
objetivos  ambientais  e  econômicos.  A  sua  finalidade  geral  é  equilibrar  a 
proteção  ambiental  e  a  prevenção  de  poluição  com  as  necessidades 
socioeconômicas.  Muitos  desses  requisitos  podem  ser  abordados 
simultaneamente  ou  reapreciados  a  qualquer  momento  (ISO,  2004  apud 
OLIVEIRA; PINHEIRO, 2010). 

Conforme  Avignon  e  Rovere  (2001)  descrevem  no  Manual  de  Auditoria 
Ambiental,  a implementação  de  um  Sistema  de  Gestão  Ambiental  está  calcado  em 
cinco princípios básicos, que são: 
  Princípio 1: conhecer o que deve ser feito; assegurar comprometimento com o 
SGA e definir a Política Ambiental. 


  Princípio 2: elaborar um plano de ação para atender aos requisitos da política 
ambiental. 
  Principio  3:  assegurar  condições  para  o  cumprimento  dos  objetivos  e  metas 
ambientais e implementar as ferramentas de sustentação necessárias. 
  Principio 4: realizar avaliações quali-quantitativas periódicas da conformidade 
ambiental da empresa. 
  Princípio 5: revisar e aperfeiçoar a política ambiental, os objetivos e metas e 
as ações implementadas para assegurar a melhoria continua do desempenho 
ambiental da empresa.  
A  análise  destes  princípios  deixa  evidente  que  se  faz  necessária  a 
implantação  de  uma  metodologia mais prática  para  que  o  Sistema  de  Gestão 
Ambiental  assegure  de  certa  forma,  a  redução  de  impactos  ambientais,  o 
atendimento  da  legislação  vigente  e  também  apresente  resultados  ambientais 
positivos que gerem melhorias na imagem institucional (SILVA; PRZYBYSZ, 2014). 

É  importante  ressaltar  que  a  norma  ISO  14001  não  estabelece  requisitos 
absolutos  para  o  desempenho  ambiental  além  do  comprometimento, 
expresso  na  política,  de  atender  à  legislação  e  regulamentos  aplicáveis  e 
com  a  melhoria  contínua.  Assim,  duas  organizações  que  desenvolvam 
atividades similares, mas que apresentem níveis diferentes de desempenho 
ambiental  podem  ambas,  atender  aos  seus  requisitos da  ISO  14001 
(SEBRAE, 2004). 

Segundo  Correia  (2006),  a  ISO  14001  é  baseada  na  metodologia  conhecida 
como  Plan,  Do,  Check,  Act  (PDCA  ou  planejar,  executar,  verificar  e  agir).  O  PDCA 
pode ser brevemente descrito da seguinte forma:  
  Planejar:  Estabelecer  os  objetivos  e  processos  necessários  para  atingir  os 
resultados em concordância com a política ambiental da organização.  
  Executar: Implementar os processos.  
  Verificar:  Monitorar  e  medir  os  processos  em  conformidade  com  a  política 
ambiental, objetivos, metas, requisitos legais e outros, e relatar os resultados.  
  Agir: tomar ações para continuamente melhorar o desempenho do sistema da 
gestão ambiental. 














Figura 2.1 – Modelo de Sistema de Gestão Ambiental (SGA) – ISO 14001 
Fonte: SILVA; PRZYBYSZ 2014 
“O  ciclo  PDCA  demonstra  claramente  que  as  melhorias  podem  ser 
monitoradas  em  resultados  que  podem  ser  mensuráveis  quando  exequíveis, 
proporcionando uma avaliação crítica e readequando-as quando for o caso” (SILVA; 
PRZYBYSZ, 2014). 






Figura 2.2 – Ciclo PDCA 
Fonte: Criação do autor 
Apesar da ISO 14001 exigir das empresas um comprometimento maior com a 
preservação do meio ambiente, através de melhorias contínuas em suas atividades 


produtivas,  sua  implantação  pode  ser  aplicada  apenas  em alguns  setores  da 
empresa.  Ou  seja,  cabe  a  organização  a responsabilidade  de  estipular  a amplitude 
de seu projeto, sendo essa amplitude devidamente descrita no certificado da ISO. 
Para  que  a  implantação  esteja  em  conformidade  com  as  especificações,  as 
empresas  precisam  seguir  alguns  requisitos  gerais presentes  na  NBR  ISO  14001 
(2015),  que  são:  “todas  as  organizações  devem  estabelecer,  documentar, 
implementar,  manter  continuamente  melhorar  o Sistema de  Gestão  Ambiental  e 
determinar como ele irá atender aos requisitos desta norma." 

2.3.  IMPLANTAÇÃO DA ISO 14001 – SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL 

“Dada  a  diversidade  de  culturas  organizacionais e  de  meios  de  produção  de 
bens  e  de  serviço,  considera-se  que  dificilmente  será  possível  adotar  uma  prática 
que  possa  ser  aceita  como  única  e  universal” (BEBER,  2011).  Sendo  assim,  o 
mesmo autor afirma que “isso se deve ao fato de que cada organização se constitui 
em  atividades  geralmente  específicas,  ditadas  por  um  conjunto  de  elementos 
regidos  por  fatores  internos  e  externos  que  possuem  um  dinamismo  próprio  e 
bastante particularizado” (BEBER, 2011). 
Como citado anteriormente, a implantação do Sistema de Gestão Ambiental, 
segue  a  metodologia  PDCA,  ou  seja,  todo  o  processo  é  regido  pela  sequência  do 
planejar, executar, verificar e agir. Para se obter um SGA de qualidade, a empresa 
primeiramente  precisará  desenvolver  uma  Política  Ambiental, na  qual estabelecerá 
suas estratégias ambientais. 
A  alta  administração  deve  estipular  uma  política  voltada  a  questões 
ambientais e  assegurar  que  dentro  do  escopo  definido  de  seu Sistema de Gestão 
Ambiental  (SGA),  a  política  “seja  apropriada  à  natureza,  escala  e  impactos 
ambientais de suas atividades, produtos e serviços” (NBR ISO 14001, 2015). 
Segundo  Barbieri  (2007), “uma  organização  conta  com  quatro  instrumentos 
para tornar sua política ambiental conhecida do público.” São eles: 
  Auto  avaliações:  são  declarações  emitidas  pela  própria  empresa, 
descrevendo sua conduta ambiental; 


  Confirmação do auto declaração por partes interessadas: stakeholders como 
clientes, fornecedores ou vendedores também podem testemunhar a favor da 
eficácia de um SGA, o que confere maior credibilidade à auto-declaração; 
  Confirmação da auto declaração por organização externa: para tornar a auto 
declaração  ainda  mais  confiável,  é  interessante  pedir  a  uma  entidade  de 
terceira parte que aprove o sistema de gestão ambiental da organização; 
  Certificação  ou  registro  do  SGA  por  uma  organização  externa:  nesse  caso, 
não  é  papel  da  empresa  definir  os  rumos  da  sua  conduta  ambiental,  ela 
precisa seguir a cartilha proposta por uma norma e se submeter à avaliação 
de um órgão credenciador para obter a certificação. 



Figura 2.3 – As três entidades envolvidas no processo de certificação 
Fonte: Adaptado de Curi, 2011 
A  NBR  ISO  14001  (2014), diz  que  em  sua  política  ambiental  a  empresa 
precisa: 
  Incluir um comprometimento com a melhoria contínua e com a prevenção da 
poluição; 
  Incluir  um  comprometimento  em  atender  aos  requisitos  legais  aplicáveis  e 
outros  requisitos  subscritos  pela  organização que  se  relacionem  a  seus 
aspectos ambientais; 
  Fornecer  uma  estrutura  para  o  estabelecimento  e  análise  dos  objetivos  e 
metas ambientais; 






Figura 2.4 – Os pilares da política ambiental 
Fonte: Adaptado de ABNT, 2004; Seiffert, 2011 


A  organização  deve  estabelecer,  documentar,  implementar,  manter  e 
continuamente  melhorar  o  SGA  em  conformidade  com  os  requisitos  da 
norma NBR 14001, determinando como atenderá a eles. Além disso, cabe à 
organização  definir  e  documentar  o  escopo  de  seu  SGA, indicando  a 
localidade da instalação e todos os processos realizados (ABNT, 2014). 

“Essa  documentação  deve  ser  apresentada  a  todos  que  trabalham  na 
organização ou que atuem em seu nome e estar sempre disponível para o público” 
(NBR ISO 14001, 2015). Essa documentação faz parte do processo de certificação, 
que será apresentado no tópico a seguir, que demonstrar o que a empresa precisa 
realizar de modo a conseguir a certificação ISO 14001.  

2.4.  PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO 

A certificação pela ISO 14001 é entendida como sendo uma forma oficial de 
validar  as  ações  e  atividades  de  uma  empresa  acerca  de  sua  responsabilidade 
frente às questões ambientais. Através dela, a organização mostra aos stakeholder 
(partes interessadas), que está em conformidade com as normas legais vigentes. 

A  certificação  não  é  obrigatória,  e  as  empresas  podem  aproveitar  muitos 
dos benefícios da norma sem precisar passar pelo processo de certificação. 
No  entanto,  a  certificação  independente – nas  quais  um  órgão  certificador 
independente audita  suas  práticas  com  base  nos  requisitos  da  norma – é 
uma forma  de  demonstrar  aos  seus  compradores,  clientes,  fornecedores  e 
outras  partes  interessadas  que  a  empresa  implementou  a  norma  de  forma 
adequada. Além disso, para algumas empresas, isso  ajuda a demonstrar a 
forma como cumpriram as exigências regulamentares ou contratuais (ABNT 
NBR ISO 14001, 2015). 

A  estrutura  da  norma  ISO  14001  pode  ser  aplicada  de  forma  ajustada  a 
realidade  da empresa,  sem  perder  a essência  dos requisitos,  princípios  e  aspectos 
norteadores  da  norma.  Isto  lhe  confere  um  caráter  universal,  pois, dessa  forma, 
pode  ser  adaptada  por  empresas  de  qualquer  região e  de  todos  os  portes 
(OLIVEIRA; SERRA, 2010). 
A  ISO  fornece  uma  metodologia  simples  e  fácil, para  que  as  organizações 
consigam  um  SGA  efetivo  e  com  isso  obtenham  a  certificação.  Segundo  Camargo 
(2013),  “em  primeiro  lugar,  a  empresa  precisa  adquirir  a  brochura  ou  arquivo 
eletrônico  que  contém  as  normas  a  serem  seguidas  para  obter  a  certificação.”Na 


prática, são oferecidas as empresas, uma gestão de uso e disposição de recursos, 
ou seja, as regras presentes na brochura contribuem na redução de custos e riscos, 
além  de  melhorar  o  desempenho,  no  que  tange  a  responsabilidade  socioambiental 
das mesmas. 
“Em seguida,  deve-se  adotar  as  normas  na  empresa  e  contratar  uma 
certificadora  independente  que  dirá  se,  de  fato,  os  padrões  estão  sendo  aplicados 
corretamente.  Após  esse  processo  a  empresa  será  considerada  certificada” 
(CAMARGO, 2013).  
Cabe salientar que “a etapa de certificação deverá ser proposta somente após 
a  implantação  do  SGA,  sendo  composta  por  uma  pré-auditoria  (que  antecede  a 
auditoria  final) e  pela  autoria  de  certificação,  que  constitui  o  processo  final – mas 
também inicial – do ciclo” (MORAES, 2012). 










Figura 2.5 – Etapas da certificação ambiental 
Fonte: Moraes 2012 
Moraes (2012), também afirma que a organização deve “gerenciar o Sistema 
de  Gestão  Ambiental  constantemente  e,  no  período  estipulado  pelo  órgão 
certificador,  caberá  também  a  ela  buscar  a  re-certificação;  desse  modo,  a 
manutenção do sistema apresenta um fluxo contínuo.” 



É  importante  considerar  que  uma  das  orientações  básicas  para  a 
elaboração da norma ISO 14001, foi sua aplicabilidade a todos os tipos  de 
organizações,  em  variadas  condições  geográficas,  culturais  e  sociais,  que 
permite  um  aprimoramento  contínuo  dos  processos.  Nesse  sentido,  é 
imprescindível  o  comprometimento  de  todos  os  níveis  organizacionais, 
como forma de alcançar equilíbrio entre proteção ambiental e necessidades 
socioeconômicas.  Essa  flexibilidade  pode  ser  considerada  um  importante 
fator motivador de sua implantação e difundida aceitação em nível mundial 
(SEIFFERT, 2011). 

Assim, “a  implantação  da  norma  ISO  14001  serve  como  um  relevante 
elemento  na  realização  de  negócios,  tornando-se  um  pré-requisito  para  transações 
entre  cliente  e  fornecedores  domésticos e  internacionais”  (SEIFFERT,  2011).  A 
implantação  da  referida  ISO  pode  ser  um processo  árduo  para  a  organização  que 
opta  por  sua  adoção,  uma  vez  que  apresenta  algumas  dificuldades  durante  o 
processo de certificação. 

2.5.  DIFICULDADES NA IMPLANTAÇÃO DA ISO 14001 

“Como  em  qualquer  outro  sistema  de  gestão,  a  implantação  da  ISO  14001 
requer  mudanças,  e  as  maiores  dificuldades  encontradas  estão  relacionadas  ao 
pessoal  envolvido,  ao  processo  produtivo  e  aos  fatores  econômicos” 
(ALBUQUERQUE, 2016). Desta forma: 

o de  caráter  econômico  ocorre  em  função  da  dificuldade  em  disponibilizar 
recursos  financeiros  para  possibilitar  a  aquisição  de  tecnologias  mais 
avançadas, visando adequação e melhoria dos processos, no que se refere 
à  minimização  dos  impactos  ambientais  de  determinadas  atividades 
(ALBUQUERQUE, 2016). 

Seiffert  (2009), “afirma  que nas  pequenas  e  médias  empresas  isso  é  mais 
agravante, uma vez que consideram uma baixa prioridade os temas ambientais por 
causa  de  suas  restrições  orçamentárias.”  Outro  ponto,  descrito  dessa  vez  por 
Albuquerque  (2016) “é  o atendimento  à legislação  ambiental  requerido  pela  norma, 
que envolve aspectos burocráticos que pode retardar a certificação.” 
Gibson e Tierney (2011) entendem que: 

As maiores barreiras para implementação de um SGA estão associadas às 
questões  pessoais,  dado  que  os  maiores  gestores  são  pressionados  a 
terem  maior  sucesso  e  a  implementação  do  SGA  impõe  um  fardo  pesado 
para os funcionários da organização. 


Berthelot  et  al.,  (2003)  perguntaram  às  empresas  canadenses  com 
certificação ISO 14001 sobre potenciais dificuldades da implantação da norma, e os 
respondentes listaram como principais aspectos: 
  Envolvimento da gestão; 
  Envolvimento dos funcionários; 
  Necessidade de treinamento dos funcionários; 
  Custos dos processos; 
  Falta de especialistas neste tema; 
  Muita documentação exigida; 
  Custos para obter informação necessária. 
Chavan (2005), afirmou que: 

Embora a norma ISO 14001 tenha sido criada para ajudar as organizações, 
há alguns  fatores  que  podem  impedir  uma  empresa  de  implementar  com 
sucesso um SGA. Dessa forma pode-se citar a indisponibilidade da equipe 
que  pode  se  opor  ao  aumento  de  suas  responsabilidades;  relutância  da 
administração para dar o tempo e os recursos necessários à implementação 
do  SGA,  e  na  crença  de  que,  uma  vez  implementado,  o  SGA  não  precisa 
ser revisto e melhorado. 

Vale  ressaltar  que,  apesar  de  toda  a  burocracia  e  dificuldades  enfrentadas 
pelas  organizações  no  decorrer  do  processo  de  certificação,  a  adoção  da  ISO 
14001,  concede  ganhos  e  benefícios  para  as  empresas  e  são  esses  benefícios 
responsáveis por encoraja e impulsionar as mesma a enfrentarem tais dificuldades, 
como pode ser visto a seguir.   

2.6.  OS BENEFÍCIOS DA CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL  

Apesar  das dificuldades  encontradas  durante  a  implantação  do  Sistema  de 
Gestão  Ambiental,  a  NBR  ISO  14001  é  apontada  como  sendo  importante  para  as 
empresas, fornecendo  em contrapartida as  dificuldades,  uma  série  de  benefícios  e 
vantagens,  que  fazem  valer  o  tempo  e  custos  desprendidos  em  favor  de  seu 
desenvolvimento e implementação. 

“A implantação de um SGA e a certificação ambiental em conformidade com 
a ISO 14001 tem proporcionado às empresas uma ótima oportunidade não 
só  de  cumprir  com  os  requisitos  legais,  mas  também  de  se  tornar  mais 


competitivas  e  melhorar  seu  desempenho  ambiental,  aumentando  também 
os lucros” (MORAES, 2012). 

“A norma ISO 14001 colabora para a produção de bens e serviços que geram 
empregos  e  tecnologias.  Além  disso,  promove  o  respeito  ao  planeta e  às  futuras 
gerações” (FURNIEL,  2011). Segundo o mesmo autor “com  essa  certificação,  as 
empresas  aumentam  a  visibilidade  no  mercado  nacional  e  internacional  e 
consolidam  a  credibilidade  junto  a  clientes,  fornecedores  e  colaboradores” 
(FURNIEL, 2011). 
Furniel (2011), também afirma que atualmente, “implementar a referida ISO é 
marca  inegável  do  comportamento  ético  empresarial  frente  à  sociedade  e  ao  meio 
ambiente.  Significa  que  o  consumo  sustentável  é  priorizado  e  incentivado  pela 
empresa.”  Ou  seja,  além  de  oferecer  vantagens  comerciais,  as  empresas  que 
possuem a certificação oferecida pela norma 14001, também conseguem projetar no 
mercado  uma  imagem  de  comprometimento  com  as  práticas  sociais,  conquistando 
com isso prestígio frente a seu público alvo. 
Para  Nascimento  e  Poledna  (2002),  os  benefícios  que  uma  empresa  pode 
atingir através da implantação da ISO 14001 são: 
  Redução do custo de disposição dos resíduos; 
  Melhoria  de  imagem,  da  relação  com  os  clientes,  além  de  melhorar  o 
relacionamento com as autoridades regulamentadoras; 
  Aumento do acesso aos fundos de investimento; 
  Redução do seguro de investimentos; 
  Redução dos riscos de responsabilidade de despoluição; 
  Redução do custo de energia; 
  Habilidade  para  correção  de  problemas  potenciais  antes  de  causar  danos 
ambientais; 
  Demonstração de comportamento ambiental esperado; 
  Organizações que sã pró-ativas, em oposição às reacionárias podem atingir 
estratégias  e  vantagens  competitivas  sustentáveis  através  de  sistemas  de 
gestão ambiental. 


Através da concepção ambientalmente correta, delineada pela ISO 14001, é 
que  as  indústrias  conseguem  melhorar  seu  desempenho  ambiental, 
evitando  multas  desnecessárias  pelos  órgãos  fiscalizadores  ambientais. 
Melhoram  a  imagem  perante  o  mercado  e  consumidores  e  conciliam 
preservação  com  produtividade,  pois  as  empresa  alcançam  benefícios 
financeiros  e  operacionais  resultante  da  utilização  de  alternativas 
ambientais (SILVA, 2016). 

Já Morrow  e  Rondinelli  (2002),  apontam  como  possíveis  benefícios  que 
motivam as organizações a buscarem a certificação:  
  A economia de recursos pela melhoria da eficiência e redução de custos com 
a  energia,  materiais,  multas  e  penalidades,  aumento  da  confiança  do 
investidor na organização e vantagens competitivas internacionais; 
  Avaliação  positiva  do  comprometimento  com  a  melhoria  do  desempenho 
ambiental e redução de riscos das companhias, por agências regulatórias do 
governo, companhias de seguro e instituições financeiras; 
  Aumento da eficiência das operações, aumento da consciência dos impactos 
ambientais entre funcionários; 
  Estabelecimento de uma forte imagem de responsabilidade social corporativa.  
Arimura et al., (2011): 

Analisaram  os  efeitos  da  ação  da  norma  no  gerenciamento  da  cadeia  de 
suprimentos de empresas japonesas e verificaram que sua adoção estimula 
as  empresas  a  cobrarem  de  seus  fornecedores  a  se  comprometerem  com 
práticas  ambientais,  o  que  pode  resultar  na  adoção  de  práticas  ambientais 
também pelos seus fornecedores. 

Como  pode  ser  observado, os  estudos  e  autores  aqui  citados,  levam a 
mesma  conclusão,  de  que  a  NBR  ISO  14001  garantem  as  empresas  um  ambiente 
mercadológico propicio a seu desenvolvimento, frente as exigências cada vez maior 
acerca  do  meio  ambiente.  São  benefícios  e  vantagens  que  vão  desde  a  simples 
economia  de  energia,  a projeção  positiva  da  marca  nos  grandes  mercados,  sejam 
eles nacionais e/ou internacionais. 
Mas, as vantagens não se restringem apenas as organizações, pelo contrário, 
as localidades em torno das empresas, assim como toda a região também ganham, 
uma  vez  que, o  SGA  baseado  na  ISO  14001 gera  mudanças  organizacionais  que 


contribuem  no  desenvolvimento  de  projeto  que  minimizam  os  impactos  causados 
pelas ações e atividades produtivas da empresa. 
Enfim,  como  afirma  Rocha  (2010), “os  benefícios  do  SGA  são  muitos  e  em 
vários  aspectos,  e  como  tal  serve  de  instrumento  de  gestão, esses  benefícios  são 
positivos, desde que acompanhados por um processo de reavaliação constante das 
ações nele empregadas.” 

3.  METODOGIA 

Para  Gil (1999,  p.  35), “o  método  científico é  um  conjunto  de procedimentos 
intelectuais  e  técnicos  utilizados  para  atingir  o  conhecimento.”  Ainda  segundo a 
autora  “para  que  seja  considerado  conhecimento  científico,  é  necessária  a 
identificação  dos  passos  para  a  sua  verificação,  ou  seja,  determinar  o  método  que 
possibilitou chegar ao conhecimento” (GIL, 1999, p. 35). 
Com  relação à abordagem  do  estudo,  esta  pesquisa  está  classificada  como 
uma  pesquisa  qualitativa,  já  que  analisa  dados  que  não  são  mensuráveis 
numericamente, mas que compreende investigações através de teorias, percepções 
dentre outros dados que não possuem natureza estatística. Sendo assim, o presente 
estudo foi dividido em duas etapas. 
Na  primeira  etapa  os autores  desenvolveram uma  pesquisa  bibliográfica,  visando 
realizar  um  levantamento  de  autores  e  obras  relacionados  com  o  tema  proposto.  A 
pesquisa  bibliográfica  “é  desenvolvida  com  base  em  material  já  elaborado, 
constituído principalmente de livros e artigos científicos” (GIL, 2007, p. 76), sendo a 
mesma  utilizada  com  o  intuito  de  analisar  e  revisar  conceitos  considerados 
fundamentais para melhor adequação da teoria. 
A etapa seguinte, contou  com  o  desenvolvimento de  uma entrevista realizada na 
segunda  quinzena  do  mês  de novembro de  2017, com  o  Grupo  Sabará. Composta  de 16 
perguntas, a mesma objetivou coletar informações que embasassem a discussão acerca da 
importância da implantação do Sistema de Gestão Ambiental nas organizações. 
Segundo Gil (1999, p. 35), a entrevista pode ser conceituada como sendo: 

Procedimento  racional  e  sistemático  que  tem  como  objetivo  proporcionar 
respostas aos problemas que são propostos. (...) A pesquisa é desenvolvida 


mediante  o  concurso  dos  conhecimentos  disponíveis  e  a  utilização 
cuidadosa  de  métodos,  técnicas  e  outros  procedimento  científicos  (...)  ao 
longo  de  um  processo  que  envolve  inúmeras  fases,  desde  a  adequada 
formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados. 

Tendo  base  nisto,  esta  pesquisa  é  considerada exploratória, uma  vez que 
“este  tipo  de  pesquisa  tem  como  objetivo  proporcionar  maior  familiaridade  com  o 
problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses” (GIL, 2007, 
p. 76). A autora ainda explica que “a grande maioria dessas pesquisas envolve: (a) 
levantamento  bibliográfico;  (b)  entrevistas  com  pessoas  que  tiveram  experiências 
práticas  com  o  problema  pesquisado e  (c)  análise  de  exemplos  que  estimulem  a 
compreensão” (GIL, 2007, p. 79). 
Sendo assim este conjunto metodológico de pesquisa foi realizado de forma a 
alcançar  os  objetivos  previamente  propostos,  tendo  em  vista  a  geração  de 
conhecimento para os leitores. 

4.  RESULTADOS E DISCUSSÕES 

A busca por informações que dessem suporte ao conteúdo apresentado pela 
reflexão  teórica  deu-se  através  de  uma  entrevista  realizada  com  o  Grupo  Sabará 
Químicos e Ingredientes S.A. Presente nos Estados do Ceará, Goiás, Pernambuco e 
São  Paulo,  o  mesmo  atua  no  segmento  de  produtos  químicos  para  tratamento  de 
água. Há mais  de  60  anos  no  mercado,  o  grupo  tem  como  principal público as 
companhias de água, cervejarias, usinas entre outros. 
Aproximar interesses econômicos, ambientais e sociais de diversos grupos e 
comunidades  é  apontado  como  sendo  um  dos  principais  trabalhos  realizados  pelo 
Grupo Sabará. O modo de agir e pensar da organização levou a mesma a optar por 
desenvolver um planejamento estratégico que resultou na conquista da Certificação 
ISO  14001  a  aproximadamente  3  anos  atrás,  com  re-certificação  marcada  para  o 
mês de abril do ano de 2018. 
O plano de implantação do SGA, que resultou na certificação, foi baseado na 
metodologia  PDCA  (Planejar,  Fazer,  Checar  e  Agir).    No início foi  desenvolvida  a 
Política  Ambiental,  contendo  as  diretrizes  de  cumprimento  da  legislação  vigente, 
necessárias  para  o  planejamento  e  implantação  adequada  do  referido  sistema. 


Colocado em prática, os procedimentos foram verificados, através de indicadores e 
auditorias realizadas pela empresa British Standards Institution – BSI. 
Questionado sobre  considerar  alto  o  investimento  feito  pela  empresa  para 
conseguir a certificação, obteve-se como resposta escrita, que sim. De acordo com o 
entrevistado, para certifica-se a empresa empregou uma alta quantia na contratação 
de  uma  consultoria  e  na  atualização  das  normas  internas  já  existentes,  visando 
adequá-las as exigências descritas na brochura da referida ISO. 
Segundo  o  entrevistado,  durante  o  processo  de  adequação  para  a 
implementação da ISO 14001, a empresa passou por algumas dificuldades, uma vez 
que  para  ser  uma  empresa  ambientalmente  correta,  demanda  custo,  tempo  e  uma 
consciência  ambiental  por  parte  de  todos  os  funcionários,  contudo,  mesmo  diante 
das  dificuldades,  o  grupo  permaneceu  perseverante  no  propósito  de  tornar  a 
organização ambientalmente correta. 
A perseverança na busca pela certificação resultou em conquistas, como por 
exemplo: aumento da visibilidade no mercado nacional e internacional; consolidação 
da  credibilidade  junto  aos  clientes,  fornecedores  e  colaboradores;  melhorias  no 
controle  de  custos;  melhorias  nos  processos  internos  ligados  as  questões 
ambientais,  além  de  contribuir  para  conformidade  dos  requisitos  legais.  Esta 
visibilidade  e  credibilidade  adquiridas  através  da  certificação  ocorrem,  pois  a 
empresa passa constantemente por auditorias realizadas por órgãos especializados.  
Com  um  Sistema  de  Gestão  Ambiental  estruturado  e  gerido  por  um 
Coordenador  de  Regulatórios,  o  grupo  optou  por  investir  neste  de  tipo  de  sistema 
por entender que há, na atualidade, uma crescente conscientização ambiental, além 
de que o mesmo gera benefícios financeiros e diminui os riscos legislativos ligados 
ao descumprimento de aspectos ambientais. 
Como  desfecho  da  entrevista,  indagou-se  sobre  qual  a  importância  do 
Sistema  de  Gestão  Ambiental  para  as  empresas  que  optam  por  sua  adoção. 
Conforme  o  entrevistado,  “ter  um  certificado  ISO  14001,  demonstra 
comprometimento  ambiental,  através  da  realização  de  práticas  sustentáveis.  Entre 
vários  outros  benefícios,  como  o  fortalecimento  da  imagem  socioambiental  da 
empresa, além da possibilidade de atuar no mercado internacional. 



5.  CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Ao  longo  dos  últimos  anos  as  empresas  passaram  a  ser  pressionadas  a 
apresentar  em  seus  processos  produtivos,  soluções  que  minimize  ou  elimine  os 
impactos negativos, provocados pelos mesmos ao meio ambiente. Essa cobrança se 
intensificou,  pois  na  atualidade  as  organizações  estão  inseridas  em  um  ambiente 
corporativo  cada  vez  mais  competitivo, em  que o  equilíbrio  entre  a  organização, 
homem  e  meio  ambiente  é  visto  como  peça  fundamental  para  a  sobrevivência  da 
mesma frente a seus concorrentes.  
Com base nos levantamentos realizados e aqui descritos, é possível perceber 
que,  para  que  uma  empresa  permaneça  em  condições  competitivas, a  mesma 
deverá  buscar  implantar  ferramentas que  ajudem  e  auxiliem  em  sua  gestão 
ambiental.  O  Sistema  de  Gestão  Ambiental  surgiu  nesse  contexto,  como  uma 
alternativa  real  e  factível,  que  uni  as  ações  executadas  pela  empresa  como as 
obrigações ambientais exigidas. 
O  SGA  é  apontado  como  um  sistema  que  uni  políticas,  práticas  e 
procedimentos  técnicos,  além  de  administrativos,  que  norteiam  todo  o  processo 
produtivo da empresa. Exige da mesma um  alto grau de padronização e por isso é 
baseado  na  Norma  ISO  14001,  da  Associação  Brasileira  de  Norma  Técnicas 
(ABNT). De suma importância para o sucesso da gestão ambiental, essa norma traz 
em seu contexto  um  conjunto  de  diretrizes  que  auxiliam  no  controle  dos  impactos 
ambientais decorrentes das atividades desempenhadas. 
O  referido  sistema  é  apontado  como  importante  ferramenta  de  gestão,  pois 
sua implantação segue a metodologia PDCA, muito conhecida e utilizada na gestão 
administrativa  das  empresas.  Com  outras  palavras,  o  SGA  rege  todo  processo 
produtivo com base na sequência do planejar, executar, verificar e agir. 
Os  estudos  realizados  pelos  autores  que  compõe  essa  pesquisa  e  a 
entrevista realizada com o Grupo Sabará, deixam claros que o referido sistema faz 
parte  do  processo  que  precisa  ser  implementado  na  organização,  de  modo  a 
conduzir a mesma a certificação ISO 14001, projetando no mercado uma imagem de 
comprometimento  com  as  questões  ambientais.  Enfatizando  sempre,  que  a  ISO 
14001  não  estabelece  requisitos  absolutos,  ou  seja,  as  organizações, 


independentemente de  seu  tamanho  ou  área  de  atividade,  podem  ambas,  atender 
aos requisitos exigidos. 
Quanto ao conceito do que vem a ser a ISO 14001, é possível dizer que ela é 
uma  forma  oficial  de  validar  as  ações  e  atividades  de  uma  empresa  acerca  de  sua 
responsabilidade  frente  às  questões  ambientais  e  que  através  dela,  a  organização 
mostra  aos stakeholder (partes  interessadas),  que  está  em  conformidade  com  as 
normas  legais, uma  vez  que  ajuda  a  organização  na  elaboração  de  metas  e 
objetivos que serão utilizadas visando o cumprimento da legislação e regulamentos 
vigentes sobre o tema. 
O  processo  de  certificação  é  algo  burocrático  e  também  demorado, 
requerendo da  empresa  um  grau de  esforços que  vão  desde  o  desprendimento  de 
recursos  financeiros,  até  as  mudanças  organizacionais.  Ou  seja,  para  conseguir  a 
certificação,  a  organização  precisa  executar  algumas  mudanças,  que  são  exigidas 
na  norma,  começando  na  aquisição  da  brochura  ou arquivo  eletrônico  da  referida 
norma, até a contração de uma certificadora independente que dirá se, os padrões 
estão sendo aplicados da forma correta. 
Apesar  de  a  norma  ter  sido  desenvolvida  visando  ajudar  as  organizações,  a 
mesma apresenta algumas desvantagens, que podem levar as empresas a optarem 
pela  não  implantação,  como  por  exemplo:  necessidade  de  treinamento  dos 
colaboradores;  os  elevados  custos  dos  processos;  a  burocracia;  déficit  de 
especialista na área e etc.  
Por outro lado, a norma ISO 14001 também apresenta benefícios, que podem 
superar,  e  muito,  os  obstáculos  enfrentados  durante  sua  implantação. A mesma 
fornece em contrapartida as dificuldades, uma série de vantagens, que fazem valer o 
tempo  e  os custos  desprendidos  em  favor  de  seu  desenvolvimento.  Essa 
constatação  teórica  foi  confirmada  pela  entrevista,  uma  vez  que  o  entrevistado 
ressaltou em sua fala que esta certificação aumenta a visibilidade da organização no 
mercado  nacional  e  internacional,  além  de  consolidar  a  credibilidade  junto  aos 
clientes.  
Conclui-se ressaltando que a implantação do Sistema de Gestão Ambiental e 
posteriormente  a  certificação  ISO  14001,  não  é  algo  obrigatório,  ou  seja,  as 
empresas  não  são  obrigadas  por lei a  adotarem  essa  ferramenta  em  seu  processo 


gerencial  e  nem  tão  pouco  possuir  a  certificação,  para  poder atuar  no  mercado 
brasileiro,  mas  que  segundo  os  autores  e  obras  citados  na  referente  pesquisa  e  a 
entrevista  realizada  com  o  Grupo  Sabará,  ter  um  certificado  da  ISO  14001  é 
importante,  pois  demonstra  comprometimento  ambiental,  através  de  práticas 
sustentáveis além de apresentar diversos outros benefícios. 
Por  fim,  destaca-se  que  a  temática  aqui  aborda  não  cessa  neste  estudo,  ou 
seja,  a  presente  pesquisa  não  intencionou,  em  momento  algum,  restringir  a 
contextualização do tema, as teorias aqui apresentadas, pelo contrário, os autores a 
colocam a disposição, para que seja utilizada como base para novas investigações, 
pois de acordo com os mesmos, a busca pelo conhecimento nunca tem fim e precisa 
ser considerada como um processo ininterrupto.   

6. REFERÊNCIAS 

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