O EMPRESÁRIO MAUÁ:

 

Irineu Evangelista de Sousa nasceu no Rio Grande do Sul, veio de uma família pobre e deslocou-se para o Rio de Janeiro, onde conseguiu seu primeiro emprego como caixeiro de um estabelecimento comercial; depois, por volta de 40 anos, depois de voltar de uma viagem da Inglaterra, começa a desenvolver seus projetos.

Mauá, no Rio de Janeiro, adquiriu um estabelecimento industrial, onde foram desenvolvidas várias atividades, como tubos para encanamentos d’água, caldeiras para máquinas a vapor, guindastes, prensas, engenhos de açúcar, além da construção naval que era o carro chefe desse complexo. Em apenas um ano de funcionamento, sua empresa contava com cerca de mil operários.

Mauá participou da construção da segunda e terceira ferrovia no Brasil e também era o intermediário para conseguir empréstimo necessário para construção de outros empreendimentos no campo do transporte; ele também organizou companhias de navegação a vapor no Amazonas e no Rio Grande do Sul. Seu pioneirismo, também esteve presente na fundação de uma companhia de gás para iluminação das ruas do Rio de Janeiro, e no setor de comunicação, com a introdução do primeiro cabo de telégrafo submarino entre o Brasil e a Europa. Ele também destacou na inauguração do Banco Mauá, com filiais em muitos lugares fora do Brasil, em pleno século XIX.

 

FALÊNCIA

No Segundo Império, com o lado promissor da Era Mauá não conseguiu durar muito tempo. Suas iniciativas modernizadoras estavam no revés da manutenção da estrutura colonial agroexportadora e escravista e na concorrência com empreendimentos estrangeiros, principalmente ingleses. Esses, inescrupulosos pelo lucro, não mediam esforços, praticando as mais violentas sabotagens contra o empresário brasileiro, como o incêndio provocado que destruiu seu grande empreendimento, situado na Ponta de Areia, no Rio de Janeiro no ano de 1857.

Também não podemos esquecer que contribuiu para impedir a consolidação das iniciativas de Mauá, foi reformulação da tarifa Alves Branco pela tarifa Silva Ferraz em 1860, que reduziu as tarifas alfandegárias para máquinas, ferramentas e ferragens, favorecendo os interesses do capital estrangeiro. Para os setores mais conservadores do governo, o vanguardismo empresarial de Mauá associado ao seu posicionamento liberal e abolicionista, era visto como uma ameaça.

 Sua posição contrária à Guerra do Paraguai (1864-1870), criou mais inimizades no governo. Abandonado pelo próprio imperador, Mauá vê-se obrigado cada vez mais a se associar com os empresários britânicos, resultando na falência ou venda de suas empresas por preços reduzidos.