Em Novembro de 2016 escrevi um artigo intitulado “O LIMITE DO CAPITALISMO NA ERA DAS MÁQUINAS INTELIGENTES” onde eu previa uma radical transformação no mercado de trabalho convencional, decorrente do ingresso de sistemas de automação e inteligência artificial, resultando na necessidade de se repensar o modelo mundial de distribuição de renda. Esta transformação já se torna realidade em diversos setores industriais e recentemente também se apresentou no segmento de serviços e de vendas no varejo. Há alguns meses a Amazon inaugurou uma loja que, apesar de aberta ao público, não emprega nenhum ser humano como funcionário, sendo os clientes integralmente supervisionados por sistemas inteligentes de sensores e câmeras. Tal sistema, que se integra também com aplicativos móveis, é capaz de identificar a retirada de qualquer item das prateleiras da loja, permitindo também que o mesmo seja colocado numa sacola e transportado para fora da loja pelo cliente sem preocupação alguma, desde que este tenha sido previamente cadastrado na Amazon e tenha registrado um cartão de crédito válido para suas compras. O sistema é inteligente o suficiente para detectar também a desistência da compra mediante a devolução do item na prateleira correspondente. Assim sendo, apesar da extrema praticidade e liberdade conquistada pelo cliente no momento da compra, tal sistema resultou no desemprego de funcionários que, potencialmente, poderiam estar atendendo aos clientes nos diversos setores da loja além de propiciar uma redução de custo operacional para o lojista em médio e longo prazo na medida em que os investimentos na nova tecnologia tenham sido amortizados. Considerando-se ainda a perda da interação e do calor humano na relação cliente / vendedor, este vendedor ora desempregado passa a integrar uma nova massa de pessoas que perderam sua capacidade de geração de renda com o trabalho e, por conseqüência, deixaram de fazer parte do conjunto de consumidores destes e de outros produtos que passam a ser comercializados de modo automatizado. As recentes estatísticas do mercado de comércio apontam que as vendas “on-line” já superaram as vendas presenciais, o que também propicia uma redução no espaço físico ou até mesmo a extinção de lojas físicas e a eliminação da mão de obra de vendedores de balcão mesmo sem o emprego da automação. Se somarmos a esta estatística a emergente substituição da mão de obra de venda lojista pelos sistemas automatizados, teremos alcançado uma dramática redução da mão de obra no comércio varejista, maximizando, entretanto, os lucros para proprietário do negócio. Por este motivo, apesar de minha tradicional defesa e atuação no desenvolvimento de novas tecnologias, registro agora uma grande preocupação que a emergente “Internet das Coisas” (IoT – Internet of Things) tenha o potencial de provocar uma forte redução da mão de obra humana nos diferentes setores da economia mundial, mesmo que consideremos que uma pequena parcela desta mão de obra possa vir a ser treinada para operar ou supervisionar estes novos sistemas de automação.