JOSÉ FERREIRA DA SILVA

INTRODUÇÃO AO LIVRO DE NAUM

AUTOR

            O livro de Naum tem como título o nome do profeta, que, segundo a Bíblia de estudo Andrews e outras obras e autores, o próprio que o escreveu. O livro está localizado no Antigo testamento e faz parte do grupo conhecido como os profetas menores. A própria Bíblia em si não traz muitas informações pessoais sobre o personagem que leva o nome do livro, além das que constam em suas profecias. Naum 1:1 “Sentença contra Nínive. Livro da visão de Naum, o elcosista” é um claro exemplo da simplificação de informações sobre o mesmo, se tornando assim escarças no decorrer dos três capítulos que compõem o livro. Existem teólogos que contestam a autoria do livro. Segundo (CHAMPLIN, 2001, v.5, p. 3594), o fato do nome do autor como sua origem desconhecida se tornarem meros artifícios literários, segundo ele, não servem como nenhuma comprovação histórica genuína.

DATA

            A datação exata do período em que o livro de Naum foi escrito, de certa forma não existe. Mas, embora se tenha dificuldades para dizer com exatidão o período em que Naum viveu e posteriormente o período em que o livro foi escrito, temos um ponto de partida interessante descrito no Capítulo 3: 7,8. Partindo daqui encontramos a queda de Tebas descrita no capitulo 3:8, a mesma aconteceu por volta de 663 a. C. de acordo com o portal eletrônico advenz esse é um indicio que o ministério de Naum ocorreu neste tempo. A bíblia de estudos Andrews relata que:

A queda de Tebas, mencionada em 3:8, ocorreu em 663 a. C., a primeira data para a escrita. A queda de Nínive, mencionada em 3:7, aconteceu em 612 a.C., a última data. Portanto, o livro foi escrito em algum momento entre 663 a.C. e 612 a. C. (Bíblia de Estudos Andrews, 2015, p. 1170).

            Portanto, as informações contidas no próprio livro revelam a possível datação no qual o livro foi escrito, devido a coerência nos dados históricos apresentados.

CIRCUNSTÂNCIA HISTÓRICA

            Cada livro bíblico foi escrito em um contexto histórico diferente, com mensagens especificas ou gerais, em períodos de tempos em que realmente era necessário o uso do que está descrito nas escrituras. Como dados históricos do livro de Naum, já temos o que foi descrito acima sobre sua datação de autoria. O seu contexto histórico como podemos observar nos capítulos que compõe o mesmo, remonta uma época vivida na cidade de Nínive. Sobre o contexto histórico, Champlin afirma, que a Assíria era a grande potência mundial da época:

Assíria. Este é o nome do império que dominou todo o mundo bíblico antigo, entre os séculos IX e VII A.C. A Assíria, entretanto, teve começos bem humildes, porquanto o seu território era apenas uma pequena região em formato triangular, entre os rios Tigre e Zabe. Ao norte e a leste fazia limites com a Media e com as montanhas da Armênia. Não obstante, a história desse antiquíssimo povo pode ser acompanhada desde antes de 1700 A.C. Os séculos XVII a XI A.C., no caso da Assíria, são chamados os séculos do reino antigo, caracterizado pelo desenvolvimento de várias cidades-esta- dos fortificadas. Com Tiglate-Pileser I (1114—1076 A.C.) começou o período do império assírio propriamente dito. Porém, antes mesmo disso, no século XIV A.C., a Assíria tinha poder comparável ao do Egito. (CHAMPLIN, 2001, p. 3593).

            Sobre este mesmo ponto de partida em harmonia com a Bíblia de estudos Andrews, temos a informação que, o chamado ao profeta Naum acontece na Nínive em que Jonas pregou e levou o povo ao arrependimento a cerca de 100 anos antes.

TEMA CENTRAL

            Em cada livro bíblico podemos perceber uma ideia central, um tema em que permeia o livro inteiro, nos levando a uma mensagem especifica ou geral para um determinado fim. Ao analisar os capítulos do livro de Naum chegamos a percepção que, a ideia central do livro é o castigo proferido aos ninivitas por não chegarem ao arrependimento e assim evitarem as consequências de suas infidelidades ao Senhor. No contexto histórico em que o livro foi escrito percebemos o retrocesso dos Ninivitas após a conversão demonstrada na história de Jonas.

            As velhas práticas retornavam aos costumes dos ninivitas, destruição impiedosa de populações inteiras com todos os requintes de brutalidade lendária já conhecida, era somente uma das várias atrocidades que levaram o livro de Naum iniciar em seu cabeçalho como uma sentença. Essa é a primeira palavra do livro, sendo que o ultimo versículo é composto por uma interrogação. Champlin diz ser o livro de Naum, um complemento a contraparte do livro de Jonas. É possível subdividir o livro em um esboço de cinco partes, segundo a Bíblia de estudos Andrews:

  1. Cabeçalho (1:1).
  2. Visão de Deus, o Guerreiro divino (1: 2-8).
  3. Ameaça à Assíria, consolo para Judá (1: 9-15).
  4. Nínive é atacada e destruída (2: 1-3:17).
  5. Lamento contra o rei assírio (3: 18,19).

Neste esboço percebemos a trajetória de Nínive até se cumprir o que estava descrito no Capítulo 1:1.

DESTINATÁRIO

            Nos três capítulos que remontam o livro de Naum, percebemos uma mensagem direta de Deus aos Ninivitas, assim como tendo exposto tudo o que ocorreria através do profeta, existe algo em especial para a Assíria da época descritos nitidamente (1: 14, 3: 18) sendo que, Nínive era conhecida como a capital da Assíria no contexto histórico do livro. Como acontecimentos finais que discorrem o livro em estudo Champlin relata que:

O poderoso império assírio, cujo poder foi, durante séculos, sentido e temido, da Mesopotâmia ao Mediterrâneo, ruiu rapidamente após a morte de Assurbanipal (cerca de 630 A. C.). Sob o assédio combinado dos vigorosos medos do norte, da Pérsia e dos caldeus, do sul da Babilônia, caiu a antiga cidade de Assur, em 614 A. C. Quando a renomada cidade de Nínive foi destruída, em 612 A. C., terminou o domínio assírio do Oriente Próximo e Médio. (CHAMPLIN, 2001, p. 3597).

            Segundo a Bíblia de estudos Andrews em sua nota de rodapé sobre as últimas palavras do capitulo três finalizando o livro, refere-se a continuidade do poder Assírio que prosseguiu de sobremaneira opressor. Neste livro, também temos como destinatário o povo de Israel, representados nos textos de 1: 13 e 2: 2. Mesmo com as sentenças proferidas, a brutalidade de ninivitas e assírios, o triste fim de cada uma das nações, conclui-se que, Deus demonstra um grande amor por seu povo prometendo ampara-lo e restabelece-lo, cuidando de cada detalhe da história.

REFERÊNCIAS

BÍBLIA. Português. Bíblia de estudos Andrews: Antigo e Novo Testamento. Tradução João Ferreira de Almeida. Tatuí, SP: Casa publicadora brasileira, 2015.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo testamento interpretado: Versículo por versículo. 2. ed. São Paulo: Agnus, 2001. v. 5. Isaías/Malaquias.

ADVENZ. Disponível em: <http://advenz.com/comentario-biblico-adventista-en-pdf/>. Acesso em: 10 de maio 2018.