INTRODUÇÃO À TEOLOGIA: PERFIL, ENFOQUE E TAREFAS:

Uma abordagem Crítica sobre as  Tarefas da Teologia   de acordo com Murad (2005)

 

Jaime do Castelo Pedro: Doutorando em Humanidades

Alice Freitas de Oliveira: Mestre em Gestão e Administração Educacional

 

Resumo

O presente artigo aborda sobre a obra “Introdução à Teologia: Perfil, enfoque e tarefas”, de Murad (2005), no seu oitavo capítulo relactivamente as tarefas da teologia. De acordo com o autor, emergem ao longo das reflexões anteriores muitas tarefas urgentes e importantes para a teologia como a articulação com a espiritualidade e prática pastoral, o que fazer dos novos enfoques teológicos, o redimensionamento de sua lógica e de sua linguagem. Neste contexto, a teologia toma um novo rumo de acordo com os contextos em que se inserem e não se descarta o conceito da origem da teologia. Para o autor, na teologia existem tarefas gerais (a hermenêutica, a crítico-construtiva e a dialógica) e específicas (a tarefa da práxis, de unidade interna na diversidade, aprimoramento dos instrumentais pré-teológicos, algumas prioridades teológicas no terceiro mundo, teologia e ecologia, formação de leigos e sacerdotes, produção de teologia pastoral e comunicação, e a articulação com a pastoral e a espiritualidade). Há uma transmissão de valores éticos religiosos na passagem de geração em geração, tendo em conta as experiências de cada contexto. Na perspectiva do autor, o conhecimento nunca é totalmente objectivo. Quando alguém lê a realidade, interpreta-se a si e define-se diante dela. O teólogo ou qualquer outro cristão possui uma pré-compreensão. Concluimdo-se que as saídas concretas para a situação por sua vez pairam na onda em que a fé sem obras é morta. Sublinha-se que a teologia é muito mais sabedoria, conhecimento que se une às experiências de cada contexto, produzindo amor, luz, que se busca da na presensa de Deus. A teologia é o pensamento reflexivo da fé. Sendo neste contexto, comparada a teologia com um triânglo o qual se pode denominar de triângulo teológico, constituido por fé, oração e Cristo.

Palavras-chave: Teologia, Tarefas, Fé.

 

Abstract

This article deals with the work "Introduction to Theology: Profile, Focus and Tasks", by Murad (2005), in his eighth chapter on the tasks of theology. According to the author, many urgent and important tasks for theology, such as the articulation with pastoral spirituality and practice, emerge from the foregoing reflections, which make new theological approaches, the resizing of their logic and their language. In this context, theology takes a new direction according to the contexts in which it is inserted and the concept of the origin of theology is not ruled out. For the author, in theology there are general tasks (hermeneutics, critical-constructive and dialogical) and specific (the task of praxis, of internal unity in diversity, improvement of pre-theological instruments, some theological priorities in the third world, theology ecology, formation of lay and priests, production of pastoral theology and communication, and articulation with pastoral and spirituality). There is a transmission of religious ethical values ​​in the passage from generation to generation, taking into account the experiences of each context. From the author's point of view, knowledge is never entirely objective. When someone reads reality, one interprets oneself and sets oneself before it. The theologian or any other Christian has a pre-understanding. Concluding that the concrete outputs for the situation in turn lie in the wave in which faith without works is dead. It is emphasized that theology is much more wisdom, knowledge that is united to the experiences of each context, producing love, light, which is sought from the presence of God. Theology is the reflective thought of faith. In this context, theology is compared with a triangle which can be called the theological triangle, constituted by faith, prayer and Christ.

Keywords: Theology, Tasks, Faith.

 

INTRODUÇÃO À TEOLOGIA: PERFIL, ENFOQUE E TAREFAS:

Uma abordagem Crítica sobre as  Tarefas da Teologia   de acordo com Murad (2005)

 

O presente artigo aborda sobre a obra “Introdução à Teologia: Perfil, enfoque e tarefas”, de Murad (2005), no seu oitavo capítulo relactivamente as tarefas da teologia. De acordo com o autor, emergem ao longo das reflexões anteriores muitas tarefas urgentes e importantes para a teologia como a articulação com a espiritualidade e prática pastoral, o que fazer dos novos enfoques teológicos, o redimensionamento de sua lógica e de sua linguagem. Neste contexto, a teologia toma um novo rumo de acordo com os contextos em que se inserem e não se descarta o conceito da origem da teologia.

Ainda o mesmo, afirma que na teologia pretende-se responder aos desafios dos nossos tempos. Nesta ordem de ideia, tendo em conta a globalização, o modernismo e a dinámica do conhecimento, não se esquecendo da era da tecnologia, é necessário adequar-se a teologia com o mundo real e contemporâneo de modo a intervir nas atitudes e persoadir nos objectivos fundamentais da teologia.

Para o autor, na teologia existem tarefas gerais (a hermenêutica, a crítico-construtiva e a dialógica) e específicas (a práxis, a unidade interna o aprimoramento dos instrumentos pré-teológicos e a formação de novos quadros eclesiásticos e leigos).

De acordo com Murad (2005), a teologia reinterpreta e organiza os dados revelados, vividos e compreendidos na/pela comunidade eclesial, em diferentes contextos socioculturais e histórico. Aqui, há uma transmissão de valores éticos religiosos na passagem de geração em geração, tendo em conta as experiências de cada contexto. Por sua vez a necessidade da hermenêutica percebe-se por factores como a descoberta da historicidade, a revelação das culturas, o reconhecimento do sujeito cognoscente, a percepcão do conflito social e a semiótica.

Segundo o mesmo, relactivamente à historicidade, sujeito e sociedade, a verdade é busca, dependente de sua historicidade concreta, fundamentalmente processual e contextualizada, sem deixar de ter valor universal; do contrário só existe como abstração conceitual. Assim, está presente a transmissão dos valores morais, a prática num deslizo em função do contexto em que se insere. Porém, não se deixa de lado a reinterpretação dos dados da fé para novas situações e contextos. Logo, apela-sa na rigorosidade, empenho, domínio, fé e busca da revelação para que a tal reinterpretação não seja distorcida.

Na perspectiva do autor, o conhecimento nunca é totalmente objectivo. Quando alguém lê a realidade, interpreta-se a si e define-se diante dela. O teólogo ou qualquer outro cristão possui uma pré-compreensão. Neste contexto,  mesmo que a ideia primária seja original há sempre uma subjectividade no acto de transpace ou diálogo na tentativa de reinterpretá-lo o mesmo conhecimento.

O  autor afirma que o teólogo dirige a luz para uns aspectos e deixa na sombra outros. É a função da teologia tanto levar em conta a participação activa do sujeito que conhece, faz, lê e ouve teologia, como evitar que ela se reduza a mera produção subjectiva. Em paralelo com o autor, cabe ao teólogo saber distinguir entre o bem e o mal, saber se separar do mundo, porque na teologia as acções práticas são importantes e a subjectividade deve ser convergente.

Na óptica do autor, o perverso processo que conduz ao empobrecimento não deriva de calamidades imprevisíveis ou de carência de recursos naturais, mas de mecanismos definidos. Nota-se, porém, que o que traz a pobreza é a maneira como são aplicadas as estratégias e não na falta do que necessitamos.

O autor enfatiza ainda que a hermenêutica teológica ajuda a remover as inferências da ideologia dominante, que entrou no discurso  cristão. Realiza a libertação da teologia, a fé se faz práxis humanizadora, criadora de relações sociais mais justas e fraternas, por meio de teologia da libertação e da prática libertadora. Neste contexto, a teologia que entrou no discurso cristão tinha propósito de tornar o homem manso para ser explorado e dominado, que o decorrer do tempo ela se transformou em libertadora a partir de descobertas e práticas viradas para o bem de todos.

Como justifica o autor ao afirmar que o teólogo próximo do mundo dos pobres, ouvindo seus clamores e sentindo a interpelação ética que surge  de sua situação, vê o rosto de Deus. Assim se conjuga ao se pensar que o teólogo deve ser um observador participante e se possível alguém mergulhado na etnografia antropóloga. O ver o rosto de Deus tem um sentido comparado com a ética de compaixão de Hans Jonas (2006), porém, o teólogo deve ter amor ao seu próximo e não se esquecer que Deus é bom até para os malfeitores.

Na vertente em que o autor sublinha que o teólogo encontra sinais de Deus onde parecia não haver nada. Busca saídas concretas para situação, pois o gemido do sofrimento do povo não se apazigua com livros escritos, nem se silencia por detraas de estantes de biblioteca. Assemelha-se ao trecho com a situação do apóstolo Paulo, que antes era contra a apalavra e depois se tornou um pregador da boa nova. As saidas concretas para a situação por sua vez pairam na onda em que a fé sem obras é morta Tiago (2:17), pois, precisamos de praticar o bem por acções concretas.

De acordo com Segundo (1978), existem duas condições necessárias para termos um círculo hermenêutico em teologia, nomeadamente: as perguntas que surgem do presente sejam tão ricas, gerais e básicas, que nos obriguem a mudar nossas concepções custumeiras da vida, da morte, do conhecimento, da sociedade, da política e do mundo em geral. Nesta ordem de ideia, as perguntas devem ter pertinência, não devem ser restritas e devem abrangir a generaliade de modo a atingirem a nossa vida.

Segundo o autor, conforme a simeótica, o sentido do texto não e algo objectivo e palpável que nele reside em estado puro, como se alguém pudesse garimp’a-lo com os instrumentos apropriados. Porém, a interpretação de um texto recai à subjectividade, cada um lê e interpreta a sua maneira. Assim, e necessário que imprendam esforços para o mínimo de convergência de ideias no campo teológico. Tendo em conta que o mesmo afirma que busca-se o sentido a partir do texto e não somente da mente do autor. Surge dai o conflito das interpretações, a medida em que cada leitor acha que percebeu e vai interpretar melhor do que o outro.

Entrando na mesma onda do autor, conciliando com Geffré (1989), sobre os desafios para a tarefa hermenêutica a teologia como nova linguagem interpretativa apóia-se nela para explicar as significações do mistério cristão em função do presente da Igreja e da sociedade. Nesta onda, a teologia possui sua própria linguagem e critérios da verdade, não podendo ser a partir do empirismo, tendo em conta que a teologia focaliza-se na realidade invisísil obtida por meio de fé.

Concordando com o autor, a tarefa crítico-construtiva reúne duas características. Enquanto crítica, questiona, desinstala e purifica. Enquanto construtiva, justifica, harmoniza e integra. Assim sendo, existe uma relação directa entre a tarefa crítica e construtiva, isto é, as duas tarefas trazem o domínio e a consolidação teológica. Esta tarefa converge no julgamento da realidade apontando os erros para a mudança de comportamento e mentalidade o que poderá reflectir na prática das acções a serem realizadas, durante as pregações, na relação dialógica com outras religiões e na situação real e a ideal do povo, tendo em conta que devemos aprender com os outros numa visão da ética cristã.

De acordo com Seckler (1984), o objecto da religião – o divino, o santo, a totalidade-se contrapõe ao mundo. Neste contexto, quando estamos dentro da relegião devemos conhecer o bem e o mal, abstemo-nos de práticas e pensamentos pecaminosos, não obedecemos a nossa vontade, mas mergulhamos na fé. Como se pode confirmar na Bíblia sagada em Rm (12:2).

Segundo o autor, a teologia é chamada a tarefa dialogal com condições epistemeológicas, linguísticas, psicológicas, sócio-históricas, espirituais e teológicas. Nesta ordem de ideia, o teólogo deve possuir amplo conhecimento, tendo em conta a subjectividade do saber.

Por sua vez, na perpectiva do autor, para a efectivação das tarefas gerais, são desdobradas as mesmas em tarefas específicas como: a tarefa da práxis, de unidade interna na diversidade, aprimoramento dos instrumentais pré-teológicos (relação com a ciência), algumas prioridades teológicas no terceiro mundo, teologia e ecologia, formação de leigos e sacerdotes, produção de teologia pastoral e comunicação, e a articulação com a pastoral e a espiritualidade. Na práxis está a teologia como ciência eclesial e social, exige uma libertação da teologia e resgatam-se elementos positivos da prática cristã. Para a tarefa de unidade interna na diversidade, a teologia cria e desenvolve eixos temáticos que tentam estruturar as distintas disciplinas da mesma área. Sobre o aprimoramento dos instrumentais pré-teológicos (relação com a ciência), o teólogo necessita servir-se de diferentes instrumentais. Em algumas prioridades teológicas no terceiro mundo, aqui a teologia estimula a produção de novos enfoques de acordo com as realidades locais. Na teologia e ecologia, tudo se descute ou se presta atenção sobre o planeta Terra. Relactivamente à formação de leigos e sacerdotes, tem se investido maioritariamente na formação da teologia por meio de cursos e processos de formação permanente. Para a produção de teologia pastoral e comunicação, a hermenêutica da teologia compreende a eaboração de linguagens compreensíveis e significativas para diversos ambientes. E por fim a articulação com a pastoral e a espiritualidade exige a realização de maior produção teológica em nível pastoral, a teologia ilumina a espiritualidade, dando-lhe a devida compreensão e interpretação religiosa.

Concluindo, sublinha-se que a teologia é muito mais sabedoria, conhecimento que se une às experiências de cada contexto, produzindo amor, luz, que se busca da na presensa de Deus. A teologia é o pensamento reflexivo da fé. Sendo neste contexto, comparada a teologia com um triânglo. Neste triângulo teológico, estão representados tês elementos equidistantes: a fé adquirida a partir de uma revelação, sendo o firme fundamento das coisa que não se vêm mas sim do que se esperam; a oração, que é o pão de cada dia do teólogo por meio da qual se “conversa” com Deus e busca-se o fortalecimento; o Cristo que é o caminho da santidade, o justo, especial, ungido e santo. A teologia por sua vez, tenta fazer chegar a fé cada vez mais perto da oração, a oração cada vez mais perto do Cristo e o Cristo santifica o teólogo dando fé e esperançã na divindade.

O estudo da teologia faz-se com entrega tolal, inteligência, coração, paciência, compromisso e sobre tudo fé, tendo em conta que é o firme fundamento das coisas que não se vê mas se esperam. Aqui paira a esperança divina. Facto que se pode assemelhar com Gálatas (2:19-20) “estou cricificado com Cristo logo, já não sou eu quem vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim”. Todavia, as saidas concretas para a situação por sua vez pairam na onda em que a fé sem obras é morta.

Referências Bibliográficas Inicias

  • Geffré, C. (1989). Como fazer teologia hoje. Hermenêutica teológica. Capítulo 3. São Paulo: Paulinas.
  • Jonas, H. (2006). O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Tradução de Marijane Lisboa e Luiz Barros Montez. Rio de Janeiro: Contraponto. Ed. PUC-RJ.
  • Murad, A. (2005). Introdução à Teologia: Perfil, enfoques, tarefas. (5ª ed.). Edições Loyola. Brasil
  • Seckler, M.  (1984). Reflexión sobre la tareas críticas de la teologia. Salteo 23.
  • Segundo, J. L. (1978). Libertação da Teologia. São Paulo. Loyola.
  • The Gideons International. (s.d.). Novo Testamento, Salmos e Provérbios. Nashiville: USA.