O presente artigo possui como objetivo analisar as atividades desenvolvidas no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos de idosos em um Município do Estado do Ceara. Atualmente, o envelhecimento no Brasil é cada vez mais significativo e acelerado, refletindo diretamente no relacionamento familiar. A população idosa é de grande valia para o resto da sociedade, pois estes possuem muitos conhecimentos e experiencias de vida, que servem de auxílio para a compreensão da realidade por parte dos mais novos. Ao articularmos o tema: assistência social destinada a pessoas idosas, é relevante entender o que é assistência social. A mesma se configura como uma política pública estabelecida pela Constituição Federal (1988) que prevê a proteção ao idoso no Brasil, por intermédio da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). A Política Nacional de Assistência Social - PNAS foi formulada para combater as práticas assistencialistas, ou seja, entende a assistência social como direito do cidadão. (PEREIRA, 2010). O presente trabalho dá uma ênfase maior no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), que é um equipamento localizado em comunidades em vulnerabilidade social e porta de entrada da assistência social. São oferecidos serviços que objetivam o fortalecimento de vínculo familiar e comunitário e promove atividades propostas pela PNAS na busca de melhoria das condições de vida e de cidadania da população beneficiária. O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) são os grupos divididos por faixa etária, ou seja, há grupos exclusivos para pessoas com mais de 60 anos. Nesses grupos acontecem atividades com proposito de produzir o debate e a reflexão sobre o papel e o lugar da pessoa idosa na sociedade e suas possibilidades de contribuição social, respeitando sempre as necessidades e limitações dos participantes.

Metodologia

Trata-se de uma pesquisa qualitativa de natureza descritiva do tipo relato de experiência, a partir de vivências de Estágio Supervisionado Especifico em Psicologia Social II em um CRAS do interior do Ceará. O SCFV desse equipamento é composto por 30 idosos com 60 a 90 anos, é facilitado pela orientadora social e supervisionado pela psicóloga do serviço. Resultado e Discussão A partir das vivências e observações, pôde-se perceber que os grupos de terceira idade proporcionam um enriquecimento tanto nas condições de saúde, sociocultural e socialização dos idosos. A grande maioria procura melhorar a qualidade de vida buscando os referidos grupos, que incentivam a pratica de atividades físicas e esportes, influenciando positivamente na melhora da saúde. Constatou-se que, antes de frequentar os grupos, os idosos conviviam com dores físicas, que os impediam de realizar atividades comuns do cotidiano. A prática de atividades físicas é basilar e essencial na promoção da qualidade de vida na terceira idade, abrangendo a qualidade de vida física e mental, minimizando os riscos de ansiedade e os sintomas de depressão, além de aumentar a autoestima e autonomia Os idosos encontram nos grupos um ambiente com possibilidades de dividir as experiências pessoais, suas incertezas e aflições, fortalecendo as relações de apoio, permitindo, assim uma avaliação e reflexão do seu viver. Nesse convívio social surge a oportunidade de sair da rotina e dos deveres de casa encontrar pessoas em condições iguais, manter conversas sobre assuntos aleatórios, distrair-se com novidades. Essas estratégias de fato são capazes de fornecer ao processo de envelhecimento mais prazer, qualidade e dignidade. Pois são nesses locais que recebem lições de cidadania, de participação e de como colaborar com o bem comum, aprendendo que para cumpri-las não há fronteira de idade. A terceira idade precisa ser vista como uma fase da vida cheia de expectativas e oportunidades que precisam ser conquistadas a cada dia. A sociedade brasileira precisa mudar sua forma de ver o envelhecimento simplesmente como uma degeneração, pois a expectativa de vida está aumentando cada vez mais, alcançando no Rio Grande do Sul uma média de 75 anos segundo os últimos dados do IBGE (1993). O foco de atuação dos profissionais de Psicologia e demais profissionais dos CRAS deve ser as condições de vida das pessoas, a pobreza estrutural (OLIVEIRA ET AL., 2014), em acordo com as diretrizes e os objetivos da PNAS, por meio da oferta de serviços e programas baseados na organização e na hierarquização das ações em rede, uma atuação interdisciplinar e integrada com o contexto local, identificando e potencializando os recursos psicossociais, fomentando a participação social e no controle dessa política. (MACEDO ET AL, 2018) Para Almeida et al. (2010), houve uma diferença significativa na qualidade de vida dos idosos que participam de grupos de convivência em relação aos idosos que não participam. Os idosos que participam demonstraram maior domínio da capacidade funcional, estado geral de saúde, saúde mental e aspectos sociais. Percebe-se assim então a quão benéfica é a participação dos idosos em grupos de convivência relacionada à qualidade de vida desses indivíduos. Durante estágio foi compreendido que a participação ativa em um grupo interfere na avaliação do idoso relacionado à sua qualidade de vida, pois proporciona um suporte social, contribui para minimizar os sentimentos de solidão e abandono, podendo também reduzir os sintomas ou até evitar um possível quadro de depressão. Conclusão Conclui-se a importância dos grupos de convivência na vida dos idosos que buscam melhorar sua qualidade de vida. A participação do psicólogo nos grupos de convivência tem se mostrado positiva, pois são discutidos os aspectos psicológicos envolvidos no envelhecimento, as limitações e dificuldades dessa fase bem como as possibilidades saudáveis de enfrentamento desse processo. Estimulando os idosos à descoberta de práticas corporais e estímulos mentais saudáveis de enfrentamento desse processo. Desta forma, os grupos de convivência para a terceira idade devem ser propagados e implantados, com finalidade de contribuir para uma vida com mais independência funcional refletindo na melhoria na qualidade de vida e melhor condição emocional durante o envelhecimento.

Referências

ALMEIDA, E. A.; MADEIRA, G. D.; ARANTES, P. M.; ALENCAR, M. A. Comparação da Qualidade de Vida entre Idosos que Participam de Grupos de Convivência na cidade de Itabira-MG. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro, v. 13, n. 3, p. 435-443. 2010. CREPOP. Referências Técnicas para atuação do(a) psicólogo(a) no CRAS/SUAS. Brasilia, 2008, p. 58. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Anuário Estatístico do Brasil. Rio de Janeiro, IBGE, 1993 MACEDO, Orlando Júnior Viana et al. Atuação dos Profissionais de Psicologia nos CRAS do interior da Paraíba. Trends Psychol., v.26, n.2, June 2018. June 2018 . PEREIRA-PEREIRA, Potyara A. política de Assistência Social: avanços e retrocessos. Fio Cruz, 2010. In: Cadernos do CEAM nº 11. Brasília: CEAM/UnB, 2002