INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS INTEGRADAS NO ENVELHECIMENTO: Relações entre Déficits Cognitivos e Funcionalidade em Idosos
Por TRICIA MARCELA CRUZ SILVA GUERRA | 23/04/2025 | SaúdeINTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS INTEGRADAS NO ENVELHECIMENTO:
Relações entre Déficits Cognitivos e Funcionalidade em Idosos
INTEGRATED PHYSIOTHERAPEUTIC INTERVENTIONS IN AGING:
Relationships Between Cognitive Deficits and Functionality in Older Adults
Tricia Marcela Cruz Silva Guerra
Resumo
A crescente prevalência de transtornos neurocognitivos e de comprometimento funcional entre idosos reforça a necessidade de estratégias que promovam a autonomia, previnam quedas e favoreçam a qualidade de vida dos idosos. Este artigo se baseia em uma revisão bibliográfica realizada em 2022, com o objetivo de analisar a relação entre declínio cognitivo, capacidade funcional e risco de quedas, à luz de práticas de estimulação cognitiva e física voltadas ao envelhecimento saudável. Os estudos revisados evidenciam que a prevenção de incapacidades em idosos está fortemente relacionada à integração entre o fortalecimento das funções cognitivas e motoras, especialmente por meio de programas que combinam simultaneamente o treinamento físico e o estímulo mental, atuando de forma complementar e sinérgica na promoção da autonomia e funcionalidade. Evidências apontam que intervenções como oficinas cognitivas, exercícios multicomponentes e programas intergeracionais promovem melhorias no equilíbrio, na memória, na funcionalidade e nas relações sociais dos idosos. A análise sugere que a adoção de estratégias que integram a parte cognitiva e motora pode contribuir significativamente para a construção de um modelo de cuidado mais eficiente, humano e centrado nas reais necessidades da população idosa, com potencial de aplicação em políticas públicas de saúde.
Palavras-chave: Fisioterapia Geriátrica. Prevenção de Quedas. Envelhecimento Ativo. Estimulação Cognitiva. Reabilitação Funcional.
Abstract
The growing prevalence of neurocognitive disorders and functional decline among older adults reinforces the need for strategies that promote autonomy, prevent falls, and enhance their quality of life. This article is based on a literature review conducted in 2022, aiming to analyze the relationship between cognitive decline, functional capacity, and fall risk in light of cognitive and physical stimulation practices focused on healthy aging. The reviewed studies highlight that the prevention of disabilities in older adults is strongly linked to the integration of cognitive and motor function strengthening, especially through programs that simultaneously combine physical training and mental stimulation, acting in a complementary and synergistic manner to promote autonomy and functionality. Evidence suggests that interventions such as cognitive workshops, multicomponent exercises, and intergenerational programs lead to improvements in balance, memory, functionality, and social relationships among the elderly. The analysis indicates that adopting strategies that integrate both cognitive and motor components can significantly contribute to building a more efficient, human-centered model of care, aligned with the real needs of the aging population and with strong potential for integration into public health policies.
Keywords: Geriatric Physical Therapy. Fall Prevention. Active Aging. Cognitive Stimulation. Functional Rehabilitation.
INTRODUÇÃO
O envelhecimento humano tem sido, ao longo do tempo, objeto de interesse tanto da sociedade quanto das ciências, especialmente diante do expressivo crescimento da população idosa observado nas últimas décadas (DIAS; LIMA, 2012). Esse fenômeno, marcado por profundas transformações demográficas, representa um dos principais desafios contemporâneos em saúde pública, sobretudo no Brasil, onde se projeta que o país ocupará, até 2025, a sexta posição mundial em número absoluto de idosos (MOREIRA et al., 2020).
O processo de envelhecimento é contínuo, irreversível e multifatorial, envolvendo alterações fisiológicas, emocionais e sociais que afetam a funcionalidade e a qualidade de vida dos indivíduos. Entre as mudanças mais comuns estão aquelas relacionadas à cognição e ao equilíbrio postural, que contribuem significativamente para o aumento do risco de quedas, perda da autonomia e institucionalização (PINHEIRO et al., 2016; MARIANO et al., 2020).
Nesse contexto, a função cognitiva e a capacidade funcional emergem como indicadores fundamentais para um envelhecimento saudável e bem-sucedido. A literatura aponta que o declínio cognitivo está diretamente relacionado à limitação das habilidades motoras e à maior incidência de quedas, evidenciando a importância de estratégias integradas de estímulo físico e cognitivo, especialmente em populações institucionalizadas (KRUG et al., 2019; GOMES et al., 2020; MARIANO et al., 2020).
Compreender a relação entre alterações cognitivas, funcionalidade e risco de quedas é essencial para o planejamento de intervenções eficazes e de baixo custo, capazes de promover a autonomia e o bem-estar do idoso em diferentes contextos de cuidado (BORTOLI et al., 2015; CRUZ et al., 2015). A partir dessa perspectiva, este estudo visa analisar os impactos dos transtornos neurocognitivos e da capacidade funcional sobre a qualidade de vida de idosos, contribuindo para o desenvolvimento de práticas assistenciais e políticas públicas voltadas à promoção do envelhecimento ativo.
METODOLOGIA
Este artigo científico configura-se como uma revisão bibliográfica, conduzida no ano de 2022. A pesquisa foi realizada em bases de dados nacionais e internacionais reconhecidas, como PubMed, Scielo, Lilacs, Google Scholar e ScienceDirect, utilizando os seguintes descritores: geriatric physical therapy, fall prevention, cognitive stimulation, functional rehabilitation e active aging.
Foram adotados como critérios de inclusão os artigos publicados entre 2012 e 2022, nos idiomas inglês, português e espanhol, que abordassem intervenções fisioterapêuticas direcionadas à prevenção de quedas em idosos. Foram excluídas publicações com foco exclusivamente farmacológico, revisões duplicadas e estudos cujo conteúdo completo não estivesse disponível para consulta.
A análise dos dados foi realizada de maneira interpretativa, priorizando a identificação de estratégias terapêuticas alinhadas à proposta de integração entre dimensões cognitivas e motoras no contexto da fisioterapia geriátrica.
Essa metodologia possibilitou a seleção de estudos com alto grau de relevância científica, favorecendo a análise crítica de abordagens consolidadas e inovadoras que contribuam para a promoção de um envelhecimento saudável e funcional.
JUSTIFICATIVA
Diante desse cenário, é fundamental investigar abordagens que promovam a saúde e o bem-estar dos idosos. Este estudo se justifica pela necessidade de compreender o impacto da fisioterapia geriátrica, como ferramenta essencial para prevenir quedas, ampliar a autonomia funcional e responder às novas demandas geradas pelo envelhecimento populacional.
OBJETIVO
Analisar, por meio de revisão bibliográfica, a correlação entre o declínio cognitivo, a capacidade funcional e o risco de quedas em idosos, destacando a eficácia de intervenções fisioterapêuticas que integrem estimulação cognitiva e treino físico. O estudo visa evidenciar o potencial dessas estratégias na promoção do envelhecimento saudável, na prevenção de incapacidades e na contribuição para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à saúde da população idosa.
DISCUSSÃO
O envelhecimento populacional
O envelhecimento representa um fenômeno biológico natural, comum à maioria dos seres vivos, especialmente aos humanos. Trata-se de um processo contínuo, irreversível e em constante transformação, que vai além da simples contagem do tempo. Envolve mudanças complexas de ordem física, emocional e social, que se manifestam ao longo da vida. Entre as alterações mais comuns nessa fase estão a menor sensibilidade ao contraste, dificuldades na adaptação à baixa luminosidade, prejuízos na absorção de luz e alterações na percepção de profundidade, fatores que podem comprometer o equilíbrio postural e aumentar o risco de quedas, principalmente em idosos com catarata senil (PINHEIRO et al., 2016).
O processo de envelhecimento envolve transformações de ordem morfológica, funcional, bioquímica e psicológica, sendo progressivo e multifatorial, e muitas vezes percebido quando o indivíduo já apresenta certo comprometimento das funções cognitivas ou da autonomia funcional. Além disso, uma parcela significativa da população idosa desenvolve doenças crônicas ao longo da vida, as quais podem intensificar essas limitações, levando à necessidade de apoio de terceiros ou do uso de dispositivos específicos para a realização das atividades cotidianas e cuidados pessoais. Nesse contexto, estratégias que integrem estímulos cognitivos e motores tornam-se essenciais para a promoção da autonomia e da qualidade de vida de idosos institucionalizados (MARIANO et al., 2020).
Segundo Darraz et al. (2021), a prática regular de exercícios físicos na velhice, especialmente em contextos de fragilidade, está tradicionalmente relacionada à redução do risco de mortalidade, à preservação das funções cognitivas e funcionais, além de diminuir a incidência de doenças crônicas. Dentre os tipos de atividade, destaca-se o treinamento multicomponente, que integra exercícios de força, resistência, equilíbrio e marcha, sendo o mais recomendado para idosos.
O envelhecimento populacional representa um dos principais desafios contemporâneos em saúde pública. No cenário brasileiro, estima-se que aproximadamente 17,6 milhões de pessoas tenham mais de 60 anos (MOREIRA et al., 2020).
O envelhecimento biológico está associado à redução das capacidades funcionais, emocionais e adaptativas do organismo frente a situações de estresse. A senescência, por sua vez, é um processo natural, progressivo e multifatorial, com variações individuais influenciadas por aspectos genéticos, estilo de vida, condições ambientais e de saúde. Com o aumento da longevidade, é comum o surgimento de limitações físicas ou cognitivas, doenças crônicas, perda de autonomia e comprometimento funcional (MOREIRA et al., 2020).
Transtornos Neurocognitivos no Contexto do Envelhecimento Global
Segundo Nóbrega et al. (2022), o crescimento expressivo da população idosa tem contribuído para o aumento da incidência de doenças crônicas e incapacitantes, frequentemente associadas à dependência física e mental, além de uma maior prevalência de comorbidades e situações de vulnerabilidade. Nesse contexto, o envelhecimento populacional favorece o surgimento de doenças crônicas neurodegenerativas, especialmente aquelas que comprometem as funções cognitivas, como o Transtorno Neurocognitivo Leve e o Transtorno Neurocognitivo Maior (TNC).
Entre as múltiplas alterações fisiológicas decorrentes do envelhecimento natural, destacam-se a atrofia cerebral, a dilatação dos sulcos e ventrículos, bem como a perda neuronal — fatores intimamente ligados à manutenção da cognição, especialmente da memória, função essencial para a participação ativa do idoso na vida social (GOMES et al., 2020).
A capacidade funcional é reconhecida como um dos principais marcadores de um envelhecimento bem-sucedido. No entanto, é importante distinguir os conceitos de desempenho e capacidade funcional: enquanto o primeiro refere-se ao que o idoso efetivamente realiza em seu cotidiano, o segundo diz respeito ao potencial que ele possui para executar tais tarefas. Essa capacidade é mensurada por instrumentos padronizados que avaliam o desempenho nas atividades básicas de vida diária (ABVD), como higiene pessoal e alimentação; nas atividades instrumentais de vida diária (AIVD), como gerenciar finanças e fazer compras; e nas atividades avançadas de vida diária (AAVD), que exigem maior complexidade e envolvem funções físicas, cognitivas e sociais, essenciais para a autonomia e qualidade de vida.
Pesquisas apontam que o envelhecimento cognitivo está relacionado a uma combinação de fatores, incluindo alterações biológicas, estilo de vida e aspectos ambientais. Esses elementos, quando desfavoráveis, tendem a acelerar processos degenerativos psicobiológicos, resultando em menor atividade funcional e prejuízos nas habilidades cognitivas. Consequentemente, queixas de memória tornam-se mais evidentes no cotidiano, impactando a realização das tarefas de vida diária (GOMES et al., 2020).
A recuperação das funções cognitivas pode ocorrer por meio da estimulação de diferentes sistemas neurais, utilizando recursos simples e acessíveis, como atividades físicas e oficinas de estimulação cognitiva. Tais práticas contribuem para a reabilitação da capacidade mental, favorecendo uma melhor qualidade de vida para os idosos. As intervenções podem ser direcionadas a áreas específicas da cognição como memória, atenção, linguagem, entre outras, estimulando a concentração, o pensamento e o aumento da densidade sináptica cerebral, responsável pela plasticidade e dinâmica neural. Os Programas de Estimulação Cognitiva (PEC), nesse contexto, são compostos por estratégias e exercícios que visam reduzir ou compensar as dificuldades do dia a dia vivenciadas pelos idosos e seus familiares, potencializando as habilidades cognitivas preservadas (NÓBREGA et al., 2022).
O programa de estimulação cognitiva configura-se como uma abordagem terapêutica eficaz na promoção da saúde cerebral, favorecendo o fortalecimento das conexões sinápticas e a neuroplasticidade, ao estimular o aprendizado contínuo e o uso de novas estratégias cognitivas (GIL et al., 2015). Evidências apontam que os ganhos obtidos por meio da participação em programas voltados à estimulação da memória podem ser mantidos por períodos prolongados, variando de seis meses a até cinco anos após o início da intervenção.
Diante da acelerada transição demográfica, torna-se crescente a demanda por novas abordagens de estimulação cognitiva, que atendam a um número ampliado de indivíduos, favoreçam a interação entre diferentes faixas etárias e apresentem baixo custo operacional, exigindo assim a reformulação dos atuais modelos de promoção da saúde (GIL et al., 2015).
Relação entre Déficits Cognitivos, Capacidade Funcional e Qualidade de Vida no Envelhecimento
Diversas estratégias vêm sendo desenvolvidas com o objetivo de fortalecer a memória e favorecer a plasticidade cerebral, por meio de intervenções direcionadas ao estímulo cognitivo em populações idosas (DIAS; LIMA, 2012).
A capacidade funcional, especialmente no que diz respeito à dimensão motora, é um dos principais indicadores da qualidade de vida na população idosa. Seu comprometimento acarreta restrições na mobilidade, o que contribui para o aumento da fragilidade, eleva o risco de quedas, dependência, institucionalização e mortalidade, além de demandar cuidados prolongados e custos elevados aos serviços de saúde (MARIANO et al., 2020).
O déficit cognitivo está diretamente associado às limitações motoras, uma vez que alterações no sistema nervoso central provocam impactos relevantes sobre o desempenho físico. A redução dos tempos de reação, a perda de tecido neural, a diminuição da produção de neurotransmissores, bem como o declínio das funções auditiva, visual e vestibular, comprometem de forma significativa a capacidade de resposta motora. A cognição, nesse contexto, abrange processos mentais como percepção, memória, raciocínio e expressão de sentimentos e pensamentos, sendo fundamental para a elaboração de respostas adequadas aos estímulos do ambiente (MARIANO et al., 2020).
Mariano et al. (2020) destacam a importância do desenvolvimento de estratégias de intervenção por profissionais de saúde que promovam o envelhecimento ativo e saudável, com foco na melhoria da qualidade de vida e na preservação das capacidades funcionais e cognitivas da população idosa.
Nesse contexto, ações voltadas à manutenção, estimulação e reabilitação das funções cognitivas tornam-se fundamentais para a promoção da saúde integral dos indivíduos, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e para a preservação da independência na velhice. Essas intervenções ajudam a minimizar as limitações físicas, mentais e sociais associadas ao avanço da idade, além de ampliar o acesso à cidadania, à educação, ao trabalho, ao lazer e à convivência social. Também favorecem a comunicação com familiares e amigos, incentivam novas amizades e fortalecem os vínculos entre diferentes gerações (KRUG et al., 2019).
Integração entre Estímulo Físico e Cognitivo no Envelhecimento
Diante do aumento expressivo da população idosa no país, cresce também a atenção voltada à preservação da capacidade funcional, tema que vem ganhando destaque em diferentes áreas da saúde e do cuidado. Essa capacidade é compreendida como a aptidão do indivíduo para executar atividades essenciais à sua autonomia e ao autocuidado, permitindo-lhe viver de forma independente. Sua avaliação tem sido considerada um indicador relevante de saúde, mais abrangente do que a simples presença de doenças, por sua relação direta com a qualidade de vida. Nesse contexto, a mensuração da capacidade funcional passou a ser elemento fundamental tanto para a definição de intervenções apropriadas quanto para o acompanhamento da condição clínica dos idosos (PINTO et al., 2016).
A prática regular de exercícios físicos é apontada como uma estratégia eficaz na reabilitação das funções cognitivas, uma vez que favorece melhorias na atenção, memória e função executiva. Além disso, contribui para o aumento do fluxo de oxigênio cerebral, otimiza a produção e o metabolismo de neurotransmissores, acelera os tempos de resposta e atua na prevenção do declínio da função cardiovascular, frequentemente associado ao comprometimento cognitivo. Tais benefícios reforçam a importância de práticas integradas que aliem estimulação física e cognitiva no envelhecimento, como observado em programas intergeracionais voltados à promoção da saúde mental e da interação social entre idosos e jovens (KRUG et al., 2019).
Declínio Cognitivo e Risco de Quedas no Processo de Envelhecimento
As quedas entre idosos configuram um dos principais desafios em saúde pública, sendo consideradas, devido à sua elevada frequência, uma das principais causas de morbidade, mortalidade, redução da autonomia e comprometimento da qualidade de vida nessa fase da vida, afetando também o bem-estar dos cuidadores. Dentre os fatores associados a esse evento, destaca-se o comprometimento cognitivo como um importante fator de risco (BORTOLI et al., 2015).
O envelhecimento biológico afeta de maneira variável todos os sistemas do organismo, sendo o sistema nervoso central um dos mais impactados durante o processo de senescência. Esse processo envolve alterações na neurotransmissão e redução do volume cerebral, com predominância em regiões associadas às funções cognitivas, como os lobos frontal e temporal, além do sistema límbico. Tais mudanças contribuem para o aparecimento de déficits cognitivos, que podem variar desde manifestações leves até prejuízos significativos (CRUZ et al., 2015).
Além disso, estudos indicam que tanto indivíduos com comprometimento cognitivo leve quanto aqueles com quadros demenciais apresentam maior propensão a quedas, o que evidencia a importância de aprofundar investigações que relacionem o declínio cognitivo com a funcionalidade e segurança do idoso (CRUZ et al., 2015).
Diante do crescimento da população idosa e das consequências negativas associadas ao declínio cognitivo e à ocorrência de quedas, torna-se essencial o desenvolvimento de estudos que possibilitem identificar o perfil desses indivíduos e compreender a relação entre esses eventos (CRUZ et al., 2015).
Durante o envelhecimento, o sistema nervoso não é o único a apresentar declínio funcional. O equilíbrio postural depende da integração eficiente entre os sistemas vestibular, visual e somatossensorial (musculoesquelético), e qualquer disfunção em um desses componentes, ou na comunicação entre eles, pode aumentar a probabilidade de quedas (BORTOLI et al., 2015).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise da literatura evidencia que o envelhecimento populacional exige respostas cada vez mais eficazes por parte dos profissionais e das políticas de saúde. Diante do impacto dos transtornos neurocognitivos e da perda funcional na qualidade de vida dos idosos, torna-se indispensável a implementação de estratégias que associem a estimulação cognitiva à reabilitação física. Essa integração é essencial para preservar a autonomia, reduzir o risco de quedas e favorecer o envelhecimento com independência.
As evidências reforçam que intervenções multicomponentes, como exercícios físicos regulares aliados a oficinas cognitivas e programas intergeracionais, geram benefícios significativos na funcionalidade, no equilíbrio e nas relações sociais dos idosos. Tais abordagens devem ser incorporadas de forma sistemática aos serviços de saúde, fortalecendo uma atenção geriátrica mais preventiva, acessível e centrada nas reais demandas dessa população em crescimento.
REFERÊNCIAS
DARRAZ, Saliha Belmonte; GONZÁLEZ-ROLDÁN, Ana María; DE MARÍA ARREBOLA, Joaquín; MONTORO-AGUILAR, Casandra Isabel. Impacto do exercício físico nas variáveis relacionadas ao bem-estar emocional e funcional em idosos. Revista Espanhola de Geriatria e Gerontologia, [S.l.], v. 56, n. 3, p. 136-143, maio/jun. 2021.
PINHEIRO, Sarah Brandão et al. Avaliação do equilíbrio e do medo de quedas em homens e mulheres idosos antes e após a cirurgia de catarata senil. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 521-532, 2016. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1809-98232016019.150080.
MOREIRA, Lorrane Brunelle et al. Fatores associados à capacidade funcional de idosos adscritos à Estratégia de Saúde da Família. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 25, n. 6, p. 03 jun. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-81232020256.26092018.
NÓBREGA, Maria do Perpétuo Socorro de Sousa et al. Programas de estimulação cognitiva para idosos com ou sem síndromes demenciais supervisionados ou aplicados por enfermeiros: revisão integrativa. Cogitare Enfermagem, v. 27, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.5380/ce.v27i0.78943.
GIL, Gislaine; BUSSE, Alexandre Leopold; SHOJI, Fabiana Tintori; MARTINELLI, Patrícia Dancieri; MERCADANTE, Elisabeth Frohlich. Efeitos de um programa de estimulação cognitiva multidisciplinar intergeracional. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 18, n. 3, p. 545–556, jul./set. 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1809-9823.2015.14165.
DIAS, Maribel Silva; LIMA, Ricardo Moreno. Estimulação cognitiva por meio de atividades físicas em idosas: examinando uma proposta de intervenção. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 325-334, 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1809-98232012000200015.
KRUG, Rodrigo de Rosso; ONO, Lariane Mortean; FIGUEIRÓ, Thamara Hübler; XAVIER, André Junqueira; D’ORSI, Eleonora. Programa intergeracional de estimulação cognitiva: benefícios relatados por idosos e monitores participantes. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 35, e3536, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102.3772e3536.
GOMES, Erika Carla Cavalcanti; SOUZA, Sandra Lopes de; MARQUES, Ana Paula de Oliveira; LEAL, Marcia Carrera Campos. Treino de estimulação de memória e a funcionalidade do idoso sem comprometimento cognitivo: uma revisão integrativa. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 25, n. 6, p. 2445–2454, jun. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-81232020256.24662018.
PINTO, Andressa Hoffmann; LANGE, Celmira; PASTORE, Carla Albereci; LLANO, Patricia Mirapalheta Pereira de; CASTRO, Denise Przylynski; SANTOS, Fernanda dos. Capacidade funcional para atividades da vida diária de idosos da Estratégia de Saúde da Família da zona rural. Ciência & Saúde Coletiva, v. 21, n. 11, p. 3545–3552, nov. 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-812320152111.22182015.
CRUZ, Danielle Teles da et al. Associação entre capacidade cognitiva e ocorrência de quedas em idosos. Cadernos de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 23, n. 4, p. 386–393, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1414-462X201500040139.
BORTOLI, Cleonice Garbuio; PIOVEZAN, Mauro Roberto; PIOVEZAN, Elcio Juliato; ZONTA, Marise Bueno. Equilíbrio, quedas e funcionalidade em idosos com alteração da função cognitiva. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 18, n. 3, p. 567–577, jul./set. 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1809-9823.2015.14057.