O presente trabalho busca fazer uma reflexão sobre a intervenção dos (as) assistentes sociais com as famílias. Intervenções muitas vezes demarcadas pelos impactos societários. Vivemos em tempos em que não só o mundo trabalho modificou-se, mas também os arranjos familiares modificaram-se. Segundo COSTA (2013, p..) pode-se conceituar família como:

A família não é algo natural, mas sim uma instituição social criada pelo ser humano, que se organiza de maneira diversa em situações e períodos diferentes para responder às necessidades sociais que se apresentam aos indivíduos ao longo dos processos históricos.

A temática família é de grande relevância para o Serviço Social, pois se entende que a família não é algo natural, é uma instituição social, construída através de um processo histórico, econômico, englobando também conceitos de gênero e dos papéis sociais atribuídos a cada membro do núcleo familiar. Diante dos impactos econômicos da sociedade contemporânea, tais como: desemprego, flexibilização do trabalho e diminuição de políticas sociais, por exemplo, acabam atingindo diretamente as famílias, principalmente as mais empobrecidas que necessitam em grande maioria de políticas sociais que venham atender suas necessidades. Conforme a Política Nacional da Assistência Social (2004, p. 29) identifica-se que:

[...] são funções básicas da família: prover a proteção e a socialização de seus membros; constituir-se como referências morais, de vínculos afetivos e sociais, de identidade grupal, além de ser mediadora das relações dos seus membros com outras instituições sociais e com o Estado.

Como citado acima, quando a família não consegue cumprir suas funções básicas, entra em cena as demandas para o/a assistentes sociais e demais profissionais que venham atender as necessidades do núcleo familiar. A família independente de sua estrutura, também deve ser cuidada e protegida. Sendo assim, os profissionais que intervém no núcleo familiar devem apresentar comprometimento ético com a profissão e com o usuário a quem presta seu trabalho.

Observa-se que as demandas que chegam aos profissionais são em maioria demandas de famílias em situação de vulnerabilidade social, famílias com fragilidade nos vínculos afetivos, ou até mesmo a ruptura dos laços afetivos, famílias em situação de violência e de abandono. É pertinente destacar que muitas demandas estão diretamente ligadas às transformações societárias, fatores econômicos e sociais que contribuem para incapacidade da família cumprir seu papel protetivo.

O profissional que atuar nas demandas do núcleo familiar deve utilizar dos seus instrumentos (meios), e que compreenda as demandas na sua totalidade, observando suas contradições, o processo de resistência que a família apresenta. O profissional deve trabalhar para desnaturalizar qualquer forma de discriminação, e isto, inclui também a discriminação e preconceito aos novos arranjos familiares, da família contemporânea, formados por casais do mesmo sexo, e que estes enfrentam o preconceito até mesmo pelo Estado, que ainda privilegia casal heterossexual como um modelo de família. 

Deste modo, o profissional que atuar com demandas das famílias tem de buscar promover a garantia de direito dos cidadãos, possibilitando sua autonomia. Para que o trabalho do profissional apresente resultados, é necessário que sejam realizadas sucessivas aproximações com a família, conhecendo suas particularidades e a partir daí criar mecanismos e estratégia para atender suas necessidades. 

Salienta-se que por mais que o profissional dedique-se, crie estratégias, utilize seus instrumentos de trabalho, o mesmo não se realizará somente a partir da sua atuação. É necessário que as instituições e o Estado desenvolvam programas, projetos e serviços que garantam o acesso dos cidadãos/ãs e assim buscando fortalecer, emancipar e dar autonomia para que as famílias.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Política Nacional de Assistência Social, Secretaria Nacional de Assistência Social, Brasília, 2004.

Costa, Simone Tavares da Silva. A Família Brasileira na Atualidade: entre a proteção social e a vulnerabilidade. 2013. In: IV jornada internacional de políticas públicas. Disponível em: http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2013/JornadaEixo2013/anais-eixo5-pobrezaepoliticaspublicas/afamiliabrasileiranaatualidade-entreaprotecaoeavulnerabilidade.pdf.