RESUMO
Este trabalho pretende compreender como sucedeu o processo de internacionalização da Ambev no período de 2000 a 2004 na perspectiva das teorias de internacionalização. Para tal expõe um panorama histórico das duas grandes cervejarias Companhia Antártica Paulista e Cervejaria Brahma que integravam o Grupo Ambev e uma abordagem do processo de fusão pelo qual a Ambev formou. Pertinentemente apresenta um arcabouço teórico para mais adiante fundamentar a análise e pretender demonstraram que as teorias do poder de mercado, a teoria do Paradigma Eclético e o modelo de Uppsala concorrem para caracterizar o processo de internacionalização da Ambev em um aspecto teórico. Os dados para a elaboração dessa pesquisa foram provenientes de uma base documental cientifica.
Palavras-chave: Ambev, Internacionalização, Fusão, estratégias, Mercado.

1 INTRODUÇÃO
Esta monografia se constitui de análises do processo de internacionalização da AMBEV (Companhia de Bebidas das Américas).
A reflexão feita aqui, considera sobretudo o início das empresas sob o contexto histórico, cultural e econômico em uma temporalidade política e seus desdobramentos no cenário econômico do Brasil.
A globalização assume um aspecto circunstancial que se expressa como problemática recorrente no cotidiano das empresas, sejam elas nacionais ou multinacionais. O encadeamento do processo de globalização revela-se face a um acirrado modelo concorrencial entre as empresas dissipando os limites geográficos no que se refere a transações comerciais.
Galvão (1997) citado Feistel (2017, p.49), cita que:
O fenômeno da globalização, vem sendo acompanhado por outras mudanças importantes tanto na esfera internacional quanto na nacional: vem provocando uma aceleração dos processos de abertura comercial em todo o mundo, inclusive nas nações menos industrializadas, vem obrigando cada nação a adotar mecanismos de desregulamentação em suas economias e assumir ousadas iniciativas de privatização, entregando ao mercado a operação de muitas das principais indústrias do país antes nas mãos do estado.
Dado a particularidade do modelo concorrencial que resulta do processo de globalização, as organizações empresarias, definem estratégias que pretendem abranger novos mercados no seu segmento de atuação que estão além das fronteiras nacionais.
Desse modo, para se defenderem da acirrada competição no mercado interno e se manterem em condição eficiente em referência ao mercado, as empresas buscam se expandir objetivando assimilar novas tecnologias, reduzir seus custos totais, afim de se consolidarem para enfrentar o cenário competitivo que se revela.
Em decorrência das práticas das empresas em buscar novos mercados em outros países surge o processo de internacionalização, que pode ser caracterizado sob a forma de operações de exportações dos seus produtos, investimentos estrangeiros diretos ou contratos e franquias, cada uma dessas no que lhes concerne, sendo aplicada em conformidade com as estratégias e resultados esperados face ao mercado em que essas firmas pretendem operar.
Goulart, Brasil e Arruda (1996) citado por Rosa (2006, p.14) cita que:
A internacionalização pode ser definida como um processo crescente e continuado de envolvimento de uma empresa com as operações em outros países fora da sua base de origem e constituí um fenômeno antigo e amplamente estudado.
A ocorrência do processo de internacionalização no que tange ao Brasil, é relativamente recente, tão logo que as empresas brasileiras recorreram por intermédio do processo de internacionalização a partir da década de 1990, não obstante, haviam algumas empresas brasileiras transnacionais que se resumia em empresas estatais e empresas exportadoras de commodities.
Goulart, Brasil e Arruda (1996) citado por Rosa (2006) complementam que: Nações mais bem desenvolvidas dispõem de empresas que se lançam a frente no processo de internacionalização em virtude de encontrar-se relativamente com uma estrutura produtiva e em uma condição tecnológica proeminente.
O cenário econômico em que se deparavam as empresas brasileiras anteriormente a década de 90, ou seja, um modelo econômico com viés protecionista, contribuiu para explicitar a pratica de internacionalização considerada por muitos tardia das organizações empresarias brasileiras, pois em um ambiente econômico fechado, isto é, com moderada concorrência, toda a oferta das empresas que se situam neste mercado é absorvida internamente.
No entanto, posteriormente essa perspectiva protecionista se modificou, visto que se verificou no Brasil a abertura comercial e concomitantemente o crescimento da concorrência.
Para tal, a reação das empresas brasileira foi inicialmente se expandir para a América do Sul atendo-se a mercados internacionais com proximidade geográfica, como, por exemplo, o início do processo de internacionalização da Ambev, foco deste trabalho.
Diante do exposto, convêm ressaltar que a Ambev obteve êxito no seu processo de internacionalização que se demonstra pelas incessantes e lineares expansões internacionais executadas e concretizadas ao longo do seu processo de evolução.
Assim sendo, este trabalho tem como objetivo explorar o processo de internacionalização da Ambev, bem como analisar as estratégias adotadas pela a empresa que sustentaram sua expansão e assimilar as motivações de sua internacionalização sob o prisma das teorias de internacionalização
A Ambev, já ocupa a posição de maior empresa privada brasileira em valor de mercado. A sua participação no seguimento de cerveja alcança algo em torno de 70% do mercado nacional. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE BARES E RESTAURANTES, 2017).
Ressalta-se que este setor em que se demonstra com aspectos de concentração, tem impactos consideráveis na economia brasileira o que se comprova quando se verifica que o setor responde por 4% do valor adicionado da indústria de transformação e possui a capacidade de gerar cerca de 144 mil empregos formais. (CERVIERI JÚNIOR et al, 2017).
Conforme Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (2017), o setor cervejeiro realizou investimento no Brasil no montante 20 bilhões entre os anos de 2011 e 2014, e tem um peso de 1,6 no PIB nacional. Um outro aspecto que confere relevância para o setor é sua característica como notável gerador de tributos que se mostra com números expressivos de 21 bilhões de impostos gerados por ano. É nesse segmento em que se situa a Ambev, objeto de estudo desse trabalho.
Para a realização deste estudo se usufruiu de um método exploratório tanto em revisão bibliográfica quanto a análise de dados primários e secundários. Desse modo o trabalho desenvolveu-se fundamentado em livros, artigos, textos acadêmicos e técnicos, bem como relatórios oficias emitido pela empresa estudada. Para tanto, a presente monografia está desenvolvida em quatro capítulos, os quais foram organizados respeitando um curso lógico, partindo de uma abordagem teórica até a aplicação dessa no processo que aqui se pretende explorar.
O primeiro capitulo, se constituem da introdução, que tem como propósito oportunizar o leitor uma contextualização a respeito do conteúdo discutido, para tal se faz menção aos processos de globalização e internacionalização sob a ótica das empresas, mais especificamente no que concerne ao caso da Ambev, que por sua vez se expõe neste capitulo através de uma sucinta abordagem a fim de que o leitor possa se familiarizar com a empresa que será objeto de estudo. Ainda no capitulo exposto registra-se os métodos e procedimentos adotados para a elaboração do projeto.
Sistematicamente, o segundo capítulo proporciona o arcabouço teórico que contribui para compreender ante um contexto conceitual, as estratégias e as razões que despertaram o interesse da Ambev em se expandir comercialmente além das fronteiras nacionais ambicionando novos mercados de atuação. Assim sendo se apresenta neste capitulo contraposição dos conceitos de globalização, transnacionalização e internacionalização. Imediatamente expõe as teorias de internacionalização e seus modelos aplicáveis, em perspectivas que se contrapõe em algumas circunstâncias e ocasionalmente se complementam em outras.
O terceiro capitulo é organizado de forma a propiciar ao leitor o conhecimento do panorama histórico da Ambev, todavia previamente proporciona uma concisa abordagem da configuração do setor de bebidas e seus impactos na economia brasileira. Posteriormente retrata de que modo ocorreu o processo de fusão que concebeu a o Grupo Ambev, e como esse episódio foi debatido pelos órgãos governamentais reguladores que compunham o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), aqui cabe ressaltar que no presente capítulo ainda pondera a respeito do Órgão de modo abrangente, isto é, desde sua estrutura organizacional até suas responsabilidades e funcionalidades. Complementando evidencia como ocorreu o processo de internacionalização da Ambev sob o aspecto cronológico.
O último capítulo, propõe-se associar as teorias abordadas a realidade em que se adaptava a Ambev, com o intuito em conseguir apresentar um arcabouço teórico apropriado para explicar de modo coerente as vias de fato em que a Ambev se fez valer para se expandir internacionalmente e quais foram as suas motivações para persistir no seu processo de internacionalização.
Finalmente, uma reflexão apresentas as últimas considerações, dando destaque a elementos centrais do estudo proposto, revisitando as discussões desenvolvidas em todos os capítulos do projeto.