Inteiro por pedaços
Publicado em 24 de junho de 2011 por Josué Firmino dos Santos
Inteiro por pedaços
Das frestas de um coração ferido soam reclamos de uma alma que, frágil e sem ânimo, não consegue ecoar seus lamentos no peito de quem, feito pedra, quebrou o encanto. E este coração, quase vencido, sentindo que o belo está perdendo a cor, ver a vida escoando-se de um corpo que fissurado, vai perdendo os estímulos. Neste esvair-se, sente o envergar da viga, pelo peso do vazio que embaça os sentimentos, e então, esbraveja entoando a devolução da seiva e da respiração.
Reconstruir um coração que era virgem e agora lacrima porque alguém o quebrou, é tarefa que, só o tempo pode lapidar, irrigar o vínculo e repor o viço. Pois é ele, o tempo, que rege a hora e clareia o amanhecer do recomeço.
Os degraus da vida não abrem mão do romper o que é virgem, misturar o que é puro, quebrar o que é inteiro e multiplicar o que é único; tentando justificar que é preciso aperfeiçoar para se tornar consistente.
Como cada ser só se torna inteiro pela junção de pedaços, cada um se destina à busca da sua essência. O risco, é que na ânsia de compor o inteiro, faça o enlace de forma precipitada com pessoas que, quando parecem ter feito a harmonia de dois em um, desgarram-se extraindo o néctar e degenerando o mel que o favo espera acolher. E neste encaixa e desencaixa, o coração que busca a recomposição, vai crostando-se e ressecando a fonte que goteja a regeneração.
É o fim? Ainda não! Pois o “destino” fez o ser incompleto e carente; não isentou ninguém de ir à caça do seu inteirar-se; pôs em cada um a necessidade do côncavo em busca do seu convexo. E neste tanger os dias, por ainda não ser o fim, o coração se elege editor do clicar e virar a página, e mais uma vez, percorre suas pautas com os apelos dos sentimentos, sem dar ouvidos aos ditames da razão. Aí então ...