Introdução

A baixa produtividade advinda do atraso tecnológico, escala reduzida e a falta de especialização vêm tornando o isolamento econômico brasileiro cada vez maior, sendo assim, a economia que está em baixa tem ainda mais dificuldades em se recuperar. Na última década com a criação do plano real, que resultou no controle da inflação do País, houve uma fase de crescimento sustentável, mas esse período acabou quando o país começou a gerar Pibinhos. Sendo assim foi possível concluir que este crescimento só foi possível graças a uma bonança externa, caracterizado graças as altas das exportações e o influxo de capitais estrangeiro, resultando em financiamento externo. (BACHA, 2013).

Segundo Bacha (2013), a queda nos preços das commodities e o maior risco do cenário estrangeiro em 2011, fez com que a renda advinda destes acabaram por não financiar mais as pressões inflacionarias, dando origem a altas taxas de inflação e a retomada dos Pibinhos no país. Neste momento a taxa de cambio também deixa de se tornar atrativa.

Diagnóstico da doença brasileira

A doença brasileira está caracterizada pela elevada inflação, combinada com o reduzido crescimento, tendo como consequências o baixo investimento, alta carga tributária e infraestrutura, educação e saúde precárias. Quando se compara com os outros países dos BRICS e possível perceber o quanto é baixa esta relação.  Mas uns dos pontos principais dessa “doença” e o fato do Brasil ter diminuído sua participação no comercio exterior uma vez que a maior integração do país no mercado internacional é um forte indutor para a redução da carga tributária, aumento da taxa de investimento e melhoria da infraestrutura e qualidade de ensino. (BACHA,2013).

Segundo Bacha (2013), baseando no princípio de Albert Hirschman: em lugar de buscar um impossível crescimento simultâneo de todos os setores, a melhor estratégia para o desenvolvimento e provocar um desequilíbrio regenerador, forçando os demais requisitos para o desenvolvimento a se alinharem com uma nova realidade. A partir daí então não teria empecilhos uma substituição das importações desde que essa traga como resultados novas fontes de exportação.

O Brasil fez uma excelente indústria de transformação no primeiro momento, mas deixou a desejar uma vez que as indústrias produzem apenas internamente, não se integraram a cadeias internacionais de valor. A partir daí é possível entender porque o Brasil está em 7° lugar na economia mundial e no ranking das exportações em 25°. Essa anomalia brasileira é questionável, uma vez que países em transição para o primeiro mundo são grandes exportadores, o Brasil pelo contrário, mesmo estando em desenvolvimento e desejando integrar o primeiro mundo apresenta baixa exportação. Outro ponto de vista negativo para o país e quando se analisa o lado das importações de bens e serviços, sendo apenas 13% do PIB. (BACHA, 2013).

Sendo assim acaba por se concluir que o Brasil é um dos países mais fechados ao comercio exterior do mundo, mesmo sendo um mercado atraente para investimentos. Multinacionais veem o País como um ótimo lugar para se explorar o mercado interno. As mesmas lucram ao investir no País e o Brasil pelo contrário erra ao continuar com a economia protegida, tais recursos poderiam ser empregados com maior eficiência em atividades exportadoras. (BACHA, 2013).

Imperativo de integração

O isolamento do país em relação ao resto do mundo, pode ser prejudicial, uma vez que, muitos países só conseguirão se desenvolver como uma integração ao resto do mundo. Muitos países conseguiram superar a sua renda média, quando basearam a sua economia nas exportações, como os países do sudoeste Asiático e da periferia Europeia. Esses países utilizando seus recursos atingiram a chamada: uma crescente integração ao comércio internacional. (BACHA, 2013).

Segunda Bacha (2013), para um país passar do chamado país pobre, para um país de renda média não é necessário um grande comércio, mas é importante que o mercado interno tenha uma boa dimensão, como acontece no Brasil. Utilizando a substituição de importações pode resultar numa transferência do campo para a cidade,” o crescimento da produtividade agregada que esse deslocamento populacional propicia é suficiente para elevar a renda nos estágios iniciais do desenvolvimento”. (BACHA, 2013, pag.5).

Com a mão de obra ilimitada, os ganhos adicionais de produtividade, elevam a renda fazendo que a renda média passe para renda elevada, mas as empresas têm um papel importante, pois através da integração ao resto do mundo que se obtêm uma boa especialização e tecnologia. O Brasil atualmente corresponde a 3,3% do PIB mundial, este valor faz o país ficar longe da tecnologia mundial.

Fazendo uma comparação do Brasil com a Coréia do Sul, nos anos 60 a Coreia baseou sua economia nas exportações, enquanto o Brasil baseou-se nas importações. Na década de 70, as exportações apresentavam 15% do PIB da Coréia, e as importações 7% do PIB brasileiro. Em 2012, cinquenta anos depois, as exportações chegaram a representar 58,5% do PIB da Coréia e as importações 12,5% do PIB do Brasil. O PIB per capita da Coréia é US$ 32.800, já no Brasil seu PIB per capita de US$ 12.100. Esse potencial da Coréia está ligado a sua infraestrutura, educação e a sua tecnologia, mas isso só foi possível, com a decisão do governo coreano basear sua economia em exportação no seu processo de industrialização. (BACHA, 2013).

Segundo Bacha (2013), para o Brasil é um grande desafio mudar sua estratégia de integração, pois para o país deixar de ser renda média é necessário se abrir para o comercio internacional. Definido um plano de integração competitiva, este projeto não precisar ser totalmente voltado a exportação, dado que o país é muito grande para isso. Mesmo se o país entre no programa de integração, é obtenha um grande avanço nas exportações, ainda sim ficaria bem atrás dos países avançados que representam 4/5 da demanda interna. Um outro exemplo, se o país aumentasse suas exportações no PIB, isso não ocorrerá devido a uma contenção da demanda interna, porque nesse caso não é importante um superávit comercial, mas ao contrário, às exportações acrescidas corresponderão a maiores importações.

Para um dado PIB, a demanda interna será a mesma que antes, com a diferença que uma parcela dela será atendida por importações já que uma parcela do PIB se destinará às exportações. A proposta de integração aqui veiculada, portanto, mesmo no curto prazo, é plenamente consistente com uma melhoria das condições de vida da população. De fato, o que se antecipa com a integração é uma maior demanda por mão de obra e um aumento do salário real dos trabalhadores.

O certo é que, somente aumentado significamente a participação das exportações de commodities e conseguiremos desenvolver uma indústria e um setor de serviços internacionalmente competitivos. (BACHA, 2013, pag.6).

A multinacional tem um papel importante no processo de integração, embora as mesmas exploram o mercado interno, as mesmas não vão abandonar o país se lhe for oferecido alternativas atraentes no seu mercado o suficiente para desenvolverem a atividade exportadora. As multinacionais, tem um papel decisivo no Brasil, pois elas permitem o país integrar-se ao comercio internacional. (BACHA,2013).

Elementos de um programa de integração

 

            Neste contexto Bacha (2013), expõe um programa para ser implantado gradualmente, para este projeto é fundamental um consenso político e social para sua sustentação. Esse consenso dever ser feito através de duas constatações:

  • 1 contatação: se o Brasil continuar no isolamento econômico, o pibinhos vão a continuar sendo gerados. O país tem um enorme potencial para expansão do mercado interno propiciado pela nova classe média, é uma ampla possibilidade de melhoria da infraestrutura e dos serviços através das concessões a parcerias públicos-privada.” Ampla possibilidade de melhoria da infraestrutura e dos serviços públicos através de concessões e parcerias públicos-privados. E o petróleo do pré-sal pode em breve unir-se à exploração dos minérios e à expansão da agricultura para tornar o país uma potência na área das commodities” (BACHA,2013, pag.7). Para essas iniciativas darem certo uma mentalidade competitiva tem que ser estabelecida para, a preservação de mercado contra invasão de importados, evitar inadequadas concessões e parcerias público-privada e evitar o encarecimento da exploração do pré-sal. Assim, as oportunidades de investimentos abertas vão expandir o mercado interno e vão dar sustentar os princípios de “exportabilidade”;
  • 2 º constatação: acordos comerciais internacionais, esse mecanismo de política comercial dos países é uma característica irreversível da regulamentação do comércio internacional.

O programa de integração tem três pilares:

  1. Reforma fiscal – simplificar e reduzir a carga tributária sobre as empresas, sem que isso implique no aumento da dívida pública. Para essa diminuição deverá ser feito um estudo sobre os componentes do gasto público e as reformas necessárias para manter o crescimento sobre controle. Assim, esta reforma, contribuiria para a diminuição do “custo Brasil”, que é um problema que as empresas brasileiras sofrem ao tentar ingressar no comercio internacional.
  2.  Troca por tarifa de câmbio – adotas medidas de câmbio que ajudem nas exportações e importações no Brasil.
  3.  Acordos comerciais internacionais – com a abertura do mercado interno as exportações no Brasil, poderá fazer acordos com seus parceiros comerciais visando acordos multilaterais, regionais e bilaterais. Esse programa de integração apresentado é unilateral. Porém, com a abertura, os acordos comerciais são necessários “os ganhos comerciais que vierem dos acordos serão acordos serão adicionais àqueles propiciados por essa política de dinamização do crescimento econômico brasileiro.” (BACHA, 2013, pag.12).