INTEGRANTES DO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM DOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS

 

Resumo

A inclusão escolar pode ser definida consensualmente pelos autores pesquisados, como um sistema pedagógico voltado para atender a todos, respeitando as diferenças. Porém, não é a realidade de todas as instituições de ensino publico regular  onde a inclusão ainda é um projeto político muito longe da realidade almejada por alunos, pais e professores. Constatam-se vários equívocos que contribuem para o insucesso do processo de inclusão no ensino publico regular. Um deles é a falta de formação adequada do profissional de educação.

É necessário reconhecer as diferenças culturais, sociais e afetivas, que envolvem a inclusão do aluno com dificuldades cognitivas, mesmo que a desigualdade de participação do conhecimento seja muito ampla, é necessária muita atenção do educador para que a inclusão se torne realidade. A falta de conhecimento muitas vezes também leva o docente a não interpretar com clareza o problema que surge durante seu cotidiano, levando-o tomar algumas atitudes exclusivas, como por exemplo, a ignorância da dificuldade do aluno, por conseguinte o seu isolamento pedagógico.

INTRODUÇÃO

Para que o processo de ensino aprendizagem dos alunos portadores de deficiência ocorra de maneira eficaz, faz-se necessária a formação contínua dos professores, para que estes possam estar sempre atualizados sobre as inovações da medicina, sobre as novas descobertas e sobre a contribuição para diagnósticos mais precisos em relação às dificuldades encontradas pelos seus alunos. Tal formação conduz um trabalho com maior precisão e eficácia para o aprimoramento da pratica pedagógica inclusiva dentro e fora da sala de aula.

Outro aspecto importante que vale ressaltar é a relevância da família no processo de inclusão. Nessa pesquisa e em experiências em sala de aula, pode ser verificado que a má informação da família com as dificuldades das crianças geram problemas que alguns pais definem como fardos para suas vidas. A ignorância das suas necessidades gera um conflito entre a escola e a família no sentido de que mesmo se a instituição obtiver sucesso em suas praticas pedagógicas inclusivas entre professores, funcionários e alunos, não refletirá efeito na vida do aluno se a família não for inclusiva também. A base de toda a sociedade é a família, e é nessa forma de socialização, principalmente, que o aluno cria raízes para sua inclusão social para toda vida.

Acredita-se que a inclusão de pessoas com necessidades cognitivas só é possível com a participação de todos os atores do processo educacional, estes ainda devem ter o apoio da comunidade, de órgãos competentes. Dessa forma, será construído, de fato, o principio fundamental da escola inclusiva que é o de que todas as crianças, juntas participando da eficaz educação, independentemente das dificuldades ou diferença entre elas, e, acima de tudo, construindo uma nova ética escolar, no sentido de inovar a formação continuada dos educadores, tornando-os capazes de conceber e de ministrar uma educação democrática, respeitando as diferenças sem discriminação. 

 A FAMÍLIA

É comum ver as famílias de pessoas com necessidades especiais, procurando atendimento ou até mesmo frequentando serviços diferentes sem saber o que estão fazendo. Isso demonstra que há uma discussão sobre o poder do conhecimento nas decisões das melhores escolhas para seus filhos. É necessário que a família conte com serviços de avaliação e de entendimento às crianças e adolescentes, para que estes possam freqüentar os espaços comuns da comunidade desde o inicio de suas vidas, juntamente com seus familiares. Mas antes, a família precisa adquirir conhecimentos sobre as necessidades especiais de seus filhos e desenvolver um gerenciamento dessas necessidades e potencialidades. Quando isso não acontece, inicia-se um processo segregação e de exclusão já no contexto familiar (ARANHA, 2004).

Para as pessoas com necessidades especiais, a aceitação familiar é o principal fator para a inclusão. No entanto, não é tarefa fácil envolver a família no programa de reabilitação de seus filhos.

Temos que criar condições básicas para se alcançar esse nível superior de conduta. Mudar hábitos, criar um sistema dentro da família onde todos os seus componentes devem participar de alguma forma. Informar sempre aos membros desta sobre seus atos, a dimensão deles, não é tarefa simples, envolve diversas engrenagens já comprometidas, mas que podem ser retificadas (ROSADAS, 1989, p.6).

Martins (2004) também destaca a importância de fortalecer vínculos das escolas com as famílias. É preciso, portanto que as famílias possam decidir e fazer escolhas pelos filhos e pela escola que desejam para eles, para assim construir um vínculo mútuo.

Os trabalhos em grupo, por exemplo, favorecem a troca de experiências e permitem reflexões sobre atitudes de enfrentamento e gerenciamento das dificuldades cotidianas com os filhos no contexto familiar e mesmo na orientação para o encaminhamento nas áreas da saúde e educação, com vistas à inclusão (ARANHA, 2004).

É muito importante que os pais participem das reuniões com os professores, pois , “[...] a assiduidade dos pais às reuniões dos seus filhos está ligada ao interesse para com o desenvolvimento educacional das crianças bem como a receptividade do professor em conquistá-los” (Almeida, 2004.  Em : http://www.educacaoonline.pro.br >. Acesso em: 08 de Junho de 2015).

Vários são os motivos para que  pais não comparecem às reuniões, porém o educador, sempre que tiver oportunidade, deve procurar conversar com estes pais ressaltando a importância desses encontros.

A família precisa construir padrões cooperativos e coletivos de enfrentamento dos sentimentos, de analise das necessidades de cada membro do grupo como um todo, de tomada de decisões, de busca dos recursos e serviços que entende necessários para seu bem estar e uma vida de qualidade (ARANHA, 2004, p.7).

Martins (2004) afirma que a família deve manter laços estreitos com a escola, uma parceria que é necessária para o desenvolvimento do processo inclusivo. Pois, até mesmo a falta de informações dos pais sobre as necessidades especiais da criança, e também dos recursos da comunidade e sobre os procedimentos desses recursos, leva esses pais, segundo Aranha (2004), a procurarem sempre o mesmo serviço ou determinado profissional, assim, deixam de analisar o conjunto de suas necessidades, deixam de tomar decisões precisas e deixam de exigir qualidade de atendimento que desejam.

Polity também versa sobre a importância dos pais no processo de escolarização dos filhos

Os pais, incluídos no processo, abandonam a posição de espectadores e passam a ser parceiros na busca de soluções. Delimitar funções, responsabilidades, trabalhar com a ansiedade e com a aceitação, contar com o apoio de um sistema mais amplo e, sobretudo, ter a quem recorrer, estas são algumas possibilidades do trabalho em rede, dentro da instituição (POLITY, 2004, p.7).

Rosadas (1989) acredita que a família bem informada, desejosa de sucesso, correta com seu filho, motiva e dá segurança à criança deficiente.

Por isso “[...] é essencial que se invista na orientação e no apoio à família, para que esta possa melhor cumprir com seu papel educativo junto a seus filhos” (Aranha 2004, p.7). Afinal, como se resume Cury (2003, p. 19) “Os filhos não precisam de pais gigantes, mas de seres humanos que falem a sua linguagem e sejam capazes de compreendê-los e instruí-los para o futuro”, grifo nosso. 

 O ALUNO E A DIFICULDADE COGNITIVA

No Censo Demográfico de 2000, o IBGE incluiu, no questionário de coleta de dados, perguntas especificamente relacionadas aos brasileiros portadores de necessidades especiais. Esta Lei, desde 1989, a tornou obrigatória, porém esta coleta específica e detalhada não era realizada. O Censo de 1991, por exemplo, registrou a existência de apenas 2.198.988 deficientes no Brasil, o equivalente a 1,5% da população brasileira à época.

O Censo populacional do IBGE, no ano 2000, nos permitiu saber que 14,5% da população do País - o equivalente a 24,6 milhões de pessoas - declarara possuir algum tipo de deficiência. São crianças, adolescentes, idosos, homens e mulheres que, pelas mais diversas razões, apresentam limitações de capacidade (DINIZ, 2004). O Brasil é o país da América Latina que mais insere alunos com necessidades especiais em escolas regulares, seguido do México e Chile. Atualmente, 34,4% dos 566.753 estudantes com necessidades especiais freqüentam o nível regular de ensino no Brasil (GUIJARRO, 2005).

A aprendizagem é para o aluno deficiente ou não, a tarefa central do seu desenvolvimento. Pois é através dela que a criança utiliza recursos provenientes de sua hereditariedade ou do meio em que vive, no sentido de uma otimização funcional, de modo a garantir uma adaptação psicossocial no maior numero de circunstancias possíveis (FONSECA, 1995).

As dificuldades de aprendizagem já não são uma exceção do sistema educacional. Segundo Fonseca (1995), o insucesso do aluno com necessidades cognitivas é também o resultado de outros insucessos sociais, políticos, culturais, educacionais, pedagógicos, etc. a consideração que a dificuldade de aprendizagem é um problema estritamente da criança deve ceder lugar a outra idéia, bem mais real e concreta, que é considerar essa dificuldade um reflexo das dificuldades de ensino.

O grande desafio dos tempos atuais é aprender a viver com as diferenças e com a heterogeneidade das pessoas e não mais idealizar o aluno homogêneo que aprende sempre da mesma forma (CARDOSO, 2001).

A aprendizagem resulta em mudanças no comportamento de quem aprende. Dessa forma, os produtos de aprendizagem podem ser classificados, pois são de diferentes naturezas. Consensualmente esses produtos são agrupados em automatismos, elementos cognitivos e elementos afetivos, também conhecidos por apreciativos. A aprendizagem cognitiva caracteriza-se pelo processamento com predominâncias dos elementos de natureza intelectual, tais como percepção, raciocínio e memória. Nenhum ser humano adquire um costume ou um hábito motor sem alguma coerência afetiva ou cognitiva (CAMPOS, 2000).

Para Wadsworth (2003, p. 144) “o desenvolvimento cognitivo, o desenvolvimento afetivo e o desenvolvimento social são incomparáveis. Portanto, quando são conceituados separadamente, não causa surpresa a existência de paralelos entre eles”.

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