1. Introdução

Instituições sociais são organizações oriundas da sociedade, por meio do qual os homens se organizam e coexistem. São fundamentais pois estabelecem normas, valores e regras que orientam o comportamento dos indivíduos e regulam as relações entre eles.

Neste tocante, como já se sabe, a família é a primeira instituição social da criança, ou seja, é o primeiro contato com o mundo, o primeiro ambiente social que a criança conhece, e é através das interações familiares que o menor começa a compreender o mundo ao seu redor e construir suas primeiras relações sociais.

O núcleo familiar é, portanto, o principal agente de socialização da criança, responsável por transmitir valores, costumes e crenças, além de prover os cuidados básicos e afetivos para o seu desenvolvimento cognitivo, emocional e físico.

Todavia, a família não é a única instituição social na vida da criança, tampouco na vida de jovens e adultos. As instituições sociais acompanham-nos desde a nossa inserção no mundo com a sociedade dividido em sociedades.

Posto isto, pode elencar-se na formação do cidadão enquanto ser social outras relações como por meio das escolas, trabalho, encontros religiosos, interações amigáveis /ou amorosas etc.

2. O ser humano como ser sociale 

O ser humano vive em sociedade e tem a dupla tarefa de desenvolver-se enquanto seres individuais e sociais. Enquanto seres individuais, o homem deve adaptar-se à vida individual, enquanto seres sociais, o homem precisa enquadrar-se à certas normas morais e sociais que permitem a pacífica vida entre integrantes de um mesmo grupo.

O homem possui uma necessidade inata de interação e conexão com outros indivíduos, o que é essencial para o seu desenvolvimento e bem-estar. Neste embate, a socialização é um processo contínuo e complexo, que envolve a aprendizagem de habilidades sociais, a construção de identidade e a internalização de normas e valores da sociedade em que está inserido.

A vida em sociedade permite ao homem compartilhar ideias, experiências e conhecimentos, além de possibilitar a divisão de tarefas e responsabilidades. A cooperação entre os homens é fundamental para a sobrevivência e desenvolvimento das sociedades, e essa cooperação só é possível por meio da interação social.

2.1.A família como a primeira instituição social da criança

A família configura-se como a primeira instituição social da criança, e é ela quem irá promover o desenvolvimento individual deste indivíduo. O núcleo familiar é considerado a base de tudo, mostrando-se extremamente necessária para a evolução do ser humano, pois é neste meio que a criança terá seus primeiros contatos com os sujeitos que contribuirão para a sua formação como cidadão.

Giddens (2012, p. 242) destaca o conceito de família:

Uma família é um grupo de pessoas ligadas diretamente por conexões de parentesco, cujos membros adultos assumem responsabilidades por cuidar das crianças. Os laços de parentesco são conexões entre os indivíduos estabelecidas seja pelo casamento ou pelas linhas de descendência que conectam parentes de sangue (mães, pais, filhos etc.).

De acordo com Pereira (2008, p. 43),

a família é considerada a instituição social básica a partir da qual todas as outras se desenvolvem, a mais antiga e com um carácter universal, pois aparece em todas as sociedades, embora as formas de vida familiar variem de sociedade para sociedade. A Organização das Nações Unidas (ONU), em 1984, refere a família como o elemento de base da sociedade e o meio natural para o crescimento e o bem-estar de todos os seus membros.

Nessa perspectiva, Assis (2014, p. 27) afirma que

as famílias têm se adaptado às novas formas de existência oriundas das mudanças da sociedade que vão desde o conflito entre os valores antigos e os novos, além da coexistência de interações enquanto uma rede dinâmica e ampla que envolve aspectos cognitivos, sociais, afetivos e culturais que fazem com que a família não mais seja definida apenas pelos laços de consanguinidade, mas sim por um conjunto de variáveis, incluindo o significado das interações e das relações entre as pessoas.

Nesse aspecto, ao longo do tempo, os valores são passíveis de mudanças e as pessoas tendem a absorver novas informações e formas de vida para se desenvolverem no âmbito social. Essas mudanças ocorrem em resposta às necessidades enfrentadas pela sociedade, buscando direcionar as transformações para uma sociedade mais justa. Para contribuir com essa transformação, é necessário que as pessoas se adaptem às mudanças sociais, possibilitando a colaboração na transformação do ambiente em que estão inseridas.

3. Família e escola: a prévia relação

Em diversas sociedades humanas, há uma variedade infinita de respostas culturais para atender às necessidades básicas. No entanto, a presença de instituições sociais é universal e fundamental para a organização e desenvolvimento de uma sociedade avançada.

O sociólogo Emile Dürkheim (1973, p. 34) destaca que

o ponto de partida é a família, o espaço privado das relações de intimidade e afeto, em que geralmente pode-se encontrar alguma compreensão e refúgio, apesar dos conflitos. É o espaço onde se aprende a obedecer a regras de convivência, a lidar com a diferença e a diversidade. Já a sociedade é uma realidade externa e anterior ao indivíduo, pois quando este nasce aquela já está constituída com seus costumes, conhecimentos e outros bens culturais.

Partindo dessa premissa, a família é a base para a formação do indivíduo. Ela é a primeira agência socializadora, responsável pelas primeiras relações, interações e aprendizagem. A família é a primeira instituição responsável pela educação informal, na qual são ensinados os hábitos humanos, tais como andar, falar, comer, crenças e cultura, formando os indivíduos, cuja formação será ampliada pelo conhecimento escolar. Portanto, é a partir desses fatores que se inicia a jornada da educação na sociedade.

Nessa concepção, Carvalho (2004, p. 47) posiciona-se acerca do papel da educação dando ênfase à participação da família com a escola:

a educação tem papel fundamental na produção, reprodução cultural e social e começa no lar/família, lugar da reprodução física e psíquica cotidiana – cuidado do corpo, higiene, alimentação, descanso, afeto –, que constitui as condições básicas de toda a vida social e produtiva. Como processo de socialização, a educação tem duas dimensões: social – transmissão de uma herança cultural às novas gerações através do trabalho de várias instituições; e individual – formação de disposições e visões, aquisição de conhecimentos, habilidades e valores. A dimensão individual é subordinada à social no contexto de interesses objetivos e relações de poder, neste caso baseadas na categoria idade-geração, seja na família, seja na escola.

Dessen e Polonia (2007, p. 22) destacam também:

A família e a escola emergem como duas instituições fundamentais para desencadear os processos evolutivos das pessoas, atuando como propulsoras ou inibidoras do seu crescimento físico, intelectual, emocional e social. Na escola, os conteúdos curriculares asseguram a instrução e a apreensão de conhecimentos, havendo uma preocupação central com o processo ensino-aprendizagem. Já na família os objetivos, conteúdos e métodos se diferenciam, fomentando o processo de socialização, a proteção, as condições básicas de sobrevivência e o desenvolvimento de seus membros no plano social, cognitivo e afetivo.

Assim, ambas as instituições são interdependentes, ou seja, uma complementa a outra. A família é responsável pela formação inicial do indivíduo no processo educacional, que ocorre informalmente. Enquanto isso, a escola é a instituição responsável pela educação formal, onde ocorre a mediação dos conhecimentos científicos, sociológicos, tecnológicos, antropológicos e filosóficos, diferentes dos saberes adquiridos em casa.

 

Conclusão

Em resumo, a família e a escola são instituições sociais complementares e essenciais para o desenvolvimento pleno e saudável do indivíduo. A família proporciona um ambiente seguro e estável para a criança, enquanto a escola oferece a educação formal e a formação cidadã. Juntas, essas instituições podem contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e próspera.

 

Referências

ASSIS, Cristina Ferreira. A relação família-escola em um território de alta vulnerabilidade social: um estudo de caso em Mariana/MG. 122f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Departamento de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2014.

CARVALHO, Maria Eulina Pessoa de. Modos de educação, gênero e relações escola-família. Cadernos de Pesquisa, v. 34, nº 121, p. 41-58, jan./abr. 2004.

DESSEN, Maria Auxiliadora; POLONIA, Ana da Costa. A família e a escola como contextos de desenvolvimento humano. Paideia, p. 21-32, 2007.

DÜRKHEIM, Émile. De la división del trabajo social. Buenos Aires: Schapire, 1973.

GIDDENS, Anthony. Sociologia. 6ª ed. Porto Alegre: Penso, 2012.

PEREIRA, M. A relação entre pais e professores: uma construção de proximidade para uma escola de sucesso. Málaga: Ed. Universidade de Málaga, 2008.

 

  1. Jane Gomes de Castro : Graduação Ciências Biológicas e Pedagogia; Especialização: Ecoturismo e Educação Ambiental
  2. Adriana Peres de Barros: Graduação  Pedagogia; Especialização em Educação Infantil e Psicopedagogia.