Odeio a sensação que matei algo. Ou alguém. No entanto, acho que matei algo, algo que fez parte de mim. E tenho para mim que fiz isso varias vezes, todas as vezes que resolvi não parar o que estava fazendo. Todas as vezes que achei melhor ignorar o que pedia à minha consciência pra se libertar, e por puro comodismo não fui. Em resumo, todas as vezes que não dediquei um tempo meu a escrever.
Isso porque antes de escrever algo os pensamentos richicoteiam em minha cabeça, até que eu me ponha na frente de um computador, ou de uma folha de papel, e os transcreva. Muito mais que transcrever eu os liberto. Posso dizer que doei algo de mim ao mundo, e que ao sair eu os coloquei gentilmente no papel.
É triste quando isso não acontece. O pensamento richicoteia, e richicoteia, e depois desaparece. Já não consigo mais resgatá-lo. Poderia ter salvo, mas não salvei. Tudo porque eu não me prestei a isso quando era necessário.
Sinto-me mal quando isso acontece.