Insônia (Poesia)
Por Marcos Baptista Mendes | 23/10/2009 | PoesiasA distância silenciosa do olhar mistura-se em festa a minha dor.
Eu equilibrista sobre a linha do horizonte, tentando atravessar o vazio de cada minuto, o abismo da incerteza.
Um
monólogo compartilhado com a solidão companheira alimenta a tristeza e
a insônia, enquanto um pedaço de desespero descansa sobre o prato da
insanidade, regado pelo fel de cada ausência.
Vivo pela doce morte do eu, na esperança plácida de um breve rasgo de luz.
Como seria bom morrer!
Se teu corpo sugasse minhas forças...
Se teu fogo me fizesse as cinzas de uma sombra que se deixou encantar pelas chamas.
Como seria bom morrer!
Onde
a morte fosse um delírio... um estado de choque eterno... um tremor
incontido no corpo... e a alma escorresse lenta como fruto de uma
explosão.
Como seria bom morrer!
Se o último ato fosse um beijo... um abraço nos sepultasse em suspiros...e os sussurros compusessem acordes com gemidos.
Mas porque vivemos, não morro.
Não
sonho o céu e seu azul, para viver o tormento desta quietude inquieta,
que me arrasta cativo pelas veredas ermas da imaginação.
Como seria bom morrer!
Se
teus braços fossem sepulcro em flor... e teu cansaço caísse ao meu lado
discaradamente feliz... sem culpas... sem dores... sem nada... como
seria bom.