RESUMO

Feio, belo e grotesco são conceitos extremamente abstratos. Para compreendê-los é preciso observar uma série de quesitos, como o tempo histórico, que corresponde à época; a localização geográfica, pois esta delimita certas culturas em determinados grupos e, ainda, as questões sociológicas e antropológicas. Esses conceitos aplicam-se a inúmeras áreas, desde o vestuário, alimentação, costumes e, inclusive, à literatura. Desta forma, o que é belo para determinados grupos pode ser grotesco para outros. Faz-se necessária, nesta época de comunicação instantânea e acelerado processo de aculturação, uma análise do que representam esses conceitos. Contudo, o campo apresenta-se fértil demais, obrigando-nos a uma delimitação que possibilite esclarecimentos, sem, contudo, prover uma mutilação deste trabalho. Optamos, portanto, em centrar esforços no estudo do Insólito: o grotesco nos mitos, lendas e crenças propagadas pela narrativa ficcional, partindo das orais para as registradas pela escrita. Ainda assim, o campo de estudo apresenta-se vasto demais, sendo necessária a especificação de amostra determinada para este estudo, ainda assim impossibilitará o esgotamento da discussão. São analisados aspectos de narrativas obtidas em pesquisa de campo e de obras literárias de importância consagrada. Para tanto, a análise tem por base a luz de autores diversos, que fomentam o desenvolvimento deste trabalho.

Palavras-chave: insólito, grotesco, mito, lenda, crença.

INTRODUÇÃO

Nosso passado recente mostra que avós eram verdadeiras contistas quando, à beira da cama dos netos, transmitiam-lhes contos que aprenderam de seus antepassados. Desta maneira, muito da cultura popular foi preservado pela oralidade.
A origem dos contos remonta às raízes da formação dos povos, pois são encontrados em todas as culturas, no mundo inteiro. Boa parte dos contos da região sul veio com os colonizadores europeus, outros foram incorporados do folclore indígena e dos negros, que trouxeram consigo histórias do continente africano. A riqueza do folclore brasileiro é imensa, mas precisa ser preservada, já que vivemos uma época em que tudo ocorre de maneira muito rápida e sedutora, sobrando pouco tempo e quase nenhum interesse pelas narrativas contadas pelas avós que, hoje, fazem parte da mão de obra ativa em nossa sociedade.
A memória folclórica dos povos ainda é base para a (re)criação literária, filmográfica, musicográfica e de propaganda. A partir dela desenvolvem-se inúmeras idéias, algumas preservando, outras relendo e, ainda outras, trazendo novidades.
Pouco se têm registrado dos contos orais, principalmente na região sul e tal fato, por si só, já justificaria uma pesquisa para resgate cultural. É necessário, porém, verificar aspectos das narrativas que fizeram com que permanecessem sedutoras e o objeto deste estudo centra-se no insólito: o grotesco nos mitos e lendas propagados pela narrativa ficcional.
Observaremos, para tanto, aspectos particulares dos contos compilados, incluindo menções a obras literárias consagradas.


O MITO, A LENDA E O GROTESCO

Marilena Chauí, em sua obra Filosofia (2001, p. 23), afirma que "mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, da Terra, dos homens, (...) do bem e do mal, (...) das guerras, do poder". A palavra mito tem origem grega, derivando dos verbos mytheyo, que significa contar, narrar, e mytheo, significando nomear, designar. O mito, para os gregos, é um discurso aceito pelos ouvintes como verdadeiro, pois o narrador é alguém público, digno de confiança. Esta confiança vem do fato de o narrador ter testemunhado a narrativa, ou de tê-la recebido de quem testemunhou. A exemplo de narrativa mítica, temos a origem do amor, no nascimento do deus Eros .
Para definir lenda, recorremos aos dicionários. FERREIRA (2001, p. 453) afirma que a lenda faz parte da tradição popular, sendo "narração de caráter maravilhoso, em que os fatos históricos são deformados pela imaginação do povo ou poeta, (...) ficção, fábula", e LUFT (2001, p.420) complementa com "história fabulosa ou mentirosa, (...) mentira".
Podemos afirmar, portanto, que algumas características do mito e da lenda se confundem, sendo ambas narrativas. O primeiro busca explicação para algo que o homem não encontrava, na época de seu surgimento, conceitos que trouxessem entendimento; para compreender a segunda, pesquisamos João Alfredo de Freitas (apud Cascudo, 1965, PP 52-53), que atribui ao pouco conhecimento científico do povo a distorção de fatos, a grande influência das superstições e, conclui-se, ao surgimento das lendas. Elas, talvez, não procurem a explicação do surgimento de algo, mas tentam contar o que foi ouvido ou visto, sendo influenciado pela mente fantasiosa ou pelo medo.
Sob este aspecto, podemos afirmar que o contexto histórico é fator de influência não apenas no aparecimento dos mitos e lendas, mas em sua manutenção: a mente fantasiosa empenha-se em informar o que ouviu de outros, de maneira atrativa, e os detalhes precisam prender a atenção do ouvinte/leitor/interlocutor: o grotesco aparece nas narrativas.
Lewis afirma, em sua obra Um experimento na crítica literária (2005), que,

quando falamos de mitos (...) estamos geralmente pensando nas melhores espécies e esquecendo-nos da maioria. Se formos atrás de todos os mitos de um povo, provavelmente ficaremos horrorizados com o que iremos ler . A maior parte deles, o que quer que eles tenham significado para os antigos ou selvagens, são, para nós, sem sentido e chocantes; chocantes não apenas por sua crueldade e obscenidade, mas por sua aparente estupidez (...). Acima dessa vegetação rasteira e esquálida, os grandes mitos (...) erguem-se como olmos (p.41).

A idéia do autor vai ao encontro da afirmação de Freitas e ainda complementa com a magnífica qualidade de alguns, que estão além do comum. Lewis leva-nos a perceber que essa aparente estupidez e falta de sentido para os contemporâneos é o traço grotesco. Se buscarmos no dicionário Michaelis o verbete grotesco, veremos o significado de "caricato, ridículo, que provoca risos" (2009, p. 431). Esse termo, entretanto, é carregado de muito mais significação no sentido literário: no caso dos mitos e das lendas, foi um traço que, ousamos afirmar, permitiu sua perpetuação. Nem só o belo ou feio apresentam-se como características interessantes nas narrativas: o caricato, o que provoca risos - o grotesco, aparece em diversas obras, míticas, lendárias ou não.
Vitor Hugo, em Do Grotesco e do Sublime, reconhece que

No pensamento dos modernos (...), o grotesco tem papel imenso. Aí está por toda a parte; de um lado, cria o disforme, e o horrível, do outro, o cômico e o bufo. Põe ao redor da religião mil superstições originais, ao redor da poesia mil imaginações pitorescas. É ele que semeia, a mancheias, no ar, na água, na terra, no fogo, essas miríades de seres intermediários que encontramos bem vivos nas tradições populares da Idade Média (1988, p. 29).


Todos esses conceitos são, entretanto, abstratos. Ainda temos que apreendê-los e mantê-los em nossa memória, que para Richards (1971), é a "aparente revivificação da experiência passada", que ocorre devida a riqueza e complexidade desta experiência. O mesmo autor ainda propõe que esses efeitos devem-se ao "caráter organizado, sistemático, do nosso comportamento" (p. 87). Assim, a memória influencia na formação do caráter do indivíduo, podendo corresponder não apenas à época e ao local onde este vive, mas às influências provocadas por quem ele convive, pelo que ouve ? no caso das narrativas orais ? ou que lê, determinando influências sócio-culturais vistas na antropologia.


INSÓLITO NAS NARRATIVAS

De acordo com o léxico, o insólito foge às regras, é incomum, anormal (Michaelis, 2009, p. 480). Ora, mito e lenda são insólitos por natureza, já que são formas de explicar o inexplicável. Os conteúdos trazidos pelas narrativas, além de preservar traços históricos e antropológicos, ainda mostram o insólito: é o incomum que desperta interesse, curiosidade.
Se observarmos a abordagem de Bakhtin (2003), onde "cada elemento concludente (...) pode ser empregado em todas essas tendências (satírica, heróica, humorística) (...) é possível a satirização pelo aspecto físico, a limitação, a zombaria, (...) é possível também a heroificação através da imagem externa (...)", perceberemos que lendas, mitos, insólito e grotesco servem a um mesmo propósito: o de tornar a personagem interessante, tornar quem conta e o que conta interessantes, na tentativa de ser olmos entre a vegetação rasteira.
Assim, todos os aspectos da narrativa, seja o que se narra, como se faz e quem o realiza devem transcender ao comum: é tornando-se insólito que se perpetuará, se espraiará e atingirá um dos propósitos primordiais das narrativas, pois elas não podem apenas existir, precisam estar em todos os lugares, sempre.


AS NARRATIVAS COMPILADAS

Para a realização deste trabalho foram compiladas várias narrativas da região sul do Brasil, compreendendo a região geográfica do Vale do Rio Tubarão, litoral sul de Santa Catarina.
Nestes contos, podemos perceber traços interessantes e características recorrentes: o insólito aparece como recurso narrativo constante. É o incomum que está relatado, que transcende o tempo, mesmo sem registro escrito. Os aspectos míticos, lendários e grotescos aparecem e reaparecem nas histórias, parecendo que o comum é indigno de ser perpetuado.
As narrativas compiladas configuram o anexo deste trabalho e serviram de base para análise, à luz dos teóricos constantes das referências bibliográficas.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

O insólito é elemento presente em todas as narrativas, pois configura-se em característica atrativa para a perpetuação. Se observarmos os contos presentes no anexo deste trabalho, veremos acontecimentos incomuns, como homens vestidos com roupas todas brancas em uma região agrícola, incomum para o local em qualquer época; o fogo que surge espontaneamente, sem causa aparente; a transformação de uma mulher em cadela; fogo no lugar de cabelos: fatos insólitos. Essas mesmas características das lendas/mitos da região podem ser consideradas grotescas. Por tratar-se de locais onde a maioria da população tem pouca escolaridade, pode-se atribuir essas crenças ao pouco conhecimento científico do povo a distorção de fatos, a grande influência das superstições.
Nesse sentido, recorremos a Lewis (2005), pois esses fatos insólitos fazem parte da maioria dos mitos esquecidos: não importa o que tenham significado para os antigos, para nós eles são chocantes, sem sentido ou estúpidos. Não é o mesmo que a obra de Tolkien, por exemplo, que cria toda uma mitologia na trilogia O Senhor dos Anéis, de qualidade inquestionável. Por mais insólitos que sejam os fatos nela apresentados, eles sustentam-se por um enredo consistente que não se vê nas narrativas compiladas. Mas é justamente o fato de possuir traços grotescos que as faz perenes, já que, de acordo com Hugo, esses mesmos traços desempenham imenso papel: estar por toda a parte, ser disforme, horrível, cômico; semeando miríades de seres intermediários que estão sobrevivendo desde a idade média, muitos sequer sem registro escrito, nem mesmo podemos remontar seu surgimento.
É desta maneira que ficará na memória do que ouve, vivificando a experiência, influenciando o caráter de nosso comportamento (Richard, 1971, p. 87).
Por mais insólitas, mitológicas, lendárias ou grotescas que essas narrativas pareçam, elas devem ser registradas não apenas para serem guardadas para a posteridade, mas para que atinjam vários povos para que estes tenham conhecimento do aqui temos, assim como recebemos esses elementos culturais de outras paragens.
Longe de esgotar o assunto, o insólito, os mitos, as lendas e o grotesco já são, por si só, perenes e dignos de constituírem permanente objeto de estudo.








REFERÊNCIAS


BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

CASCUDO, Luís da Câmara. Antologia do Folclore brasileiro. São Paulo: Martins, 1965.
CHAUÍ, Marilena. Filosofia. São Paulo: Ática, 2001.
FERREIRA, Aurélio B. de H. Mini Aurélio Escolar século XXI. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2001.
HUGO, Victor. Do grotesco e do sublime. São Paulo: Perspectiva, 1988.
LEWIS, Clive Stapes. Um experimento na crítica literária. São Paulo: Unesp, 2007.
LUFT, Celso Pedro, Minidicionário Luft. São Paulo, Ática, 2001.
MICHAELIS. Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 2009.
RICHARDS, Ivor Armstrong. Princípios de crítica literária. Porto Alegre: Globo, 1971.

















ANEXO A ? COMPILAÇÃO DE ALGUNS CONTOS RECOLHIDOS


A arca

Voltando da praia para casa, por volta da meia noite, subindo uma elevação, um homem viu árvores da floresta de eucaliptos, que ladeava a estrada se curvarem sobre ele. Assustado, saiu correndo, olhou para trás e viu, saindo da floresta, uma pessoa toda vestida de branco. De longe, parecia um homem. Ainda mais assustado, apressou-se para chegar em casa. Alguns metros antes de chegar, dois outros homens pareciam aguardá-lo. Quando o viram, começaram a chamá-lo. Carregavam uma arca e insistiam para que o homem tirasse o que havia dentro dela. Nesse momento, um vendaval caiu sobre o local. O homem saiu correndo e se trancou em casa. Nunca mais viu aqueles homens.


A bola de fogo - Lenda I

Há alguns anos, aparecia uma luz no sambaqui do Camacho que se movimentava, passava por algumas casas e depois desaparecia.


A bola de fogo - Lenda II

Na localidade de Morro da Cruz vivia uma família que, de geração em geração, passava à filha mais velha, quando esta completava 15 anos, um colar de pérolas. A última mulher da família que herdou o colar e, ao lavar roupas num açude muito fundo que ficava na propriedade da família, acabou por perdê-lo nas águas. Ela, então, mergulhou para recuperá-lo, morrendo afogada. A partir daquela data, passou a aparecer nas redondezas, uma bola de fogo que atraía as pessoas para o açude: dizem que é a moça, pedindo ajuda para recuperar seu colar.


A cadela do Camacho

Conta a lenda que uma moça, ao completar 22 anos, debochou das coisas que as pessoas mais velhas contavam, e disse que era tudo uma grande mentira. Acreditaria apenas se ela se transformasse em uma cachorra. Passados sete dias, a moça sumiu. De acordo com as pessoas do povoado, viveu por sete anos em forma de cachorra, errante pelas ruas. Quando recuperou a forma humana, não se lembrava de nada, mas passou a acreditar nas lendas contadas pelos mais velhos.


Cabelos de fogo

Numa noite tempestuosa, aparecia um cão que ninguém vira antes. O cão da família se encolhia e gemia de medo. O cão estranho arranha a porta e, de repente, transforma-se num enorme homem peludo com os cabelos de fogo que diz que, se não abrirem a porta, matará o cão. Ninguém abre a porta, com muito medo, e o cão está morto na manhã seguinte.


O ouro dos Jesuítas

Na época das missões, os jesuítas que vieram catequizar os índios da região trouxeram consigo toda a sorte de tesouros. Por segurança, resolveram enterrá-los. Para marcar o lugar, plantaram uma árvore. Como houve muitas mortes no decorrer da época em que estiveram aqui, inclusive em confrontos com os índios, muitos destes esconderijos ficaram intocados. Então, cada vez que alguém se aproxima de uma destas árvores, à noite, sozinho, aparece uma vela mostrando o lugar. Acredita-se que apenas depois que o ouro for desenterrado a alma descansará.


Luz para o pescador

Um homem tinha um filho que trabalhava no Rio Grande como pescador. Todos os anos ele retornava no dia 30.10 e ficava com os pais até a virada do ano. Todos os anos, o filho voltava no dia 30 de outubro e ficava na casa dos pais até o início do ano novo, quando retornava para o Rio Grande. Um dia ele se atrasou, chegando no dia 31, foi assaltado e esfaqueado antes do anoitecer. A família não sabia do ocorrido e seu pai, á noite, não conseguia dormir. Foi, então, postar-se à frente da casa para esperar pelo filho. Viu muitas pessoas caminhando pelo descampado, todas com velas nas mãos, exceto o último da fila, em quem ele reconheceu o próprio filho. Pensando estar tonto pelo sono, concluiu que estivesse tendo alucinações por causa da preocupação com o filho. Na manhã seguinte, contou à mulher, que disse ser um sinal de que o filho estava morto, precisando que se acendessem velas. O velho escarneceu da esposa, mas no dia seguinte receberam a notícia do assassinato. O velho foi para o descampado e acendeu muitas velas. A ?miragem? do pescador nunca mais foi vista.


O alvoroço dos bichos

Em algumas noites, os animais alvoroçavam-se, os cavalos corriam, as galinhas cacarejavam espantadas, os cães latiam bravos para o nada. Numa dessas noites, o velho levantou da cama, como hipnotizado, em direção à lavoura. Seu filho passou a observar e percebeu que, nessas noites de alvoroço, o velho saía de casa. Ele decidiu segui-lo. Saindo em seu encalço, chamou, gritou, mas não conseguia resposta. Numa noite, antes de partir para a roça, o velho levou consigo uma corda. Apesar dos esforços do filho, não conseguia impedir o velho, que pretendia enforcar-se. O rapaz, então, ajoelhou-se em sua frente e começou a rezar. Dali em diante, tudo mudou: o velho voltou para casa, deixou de ser calado e alienado, e nunca mais saiu durante a noite e tudo voltou ao normal.


O lobisomem na ponte

Um homem saiu à noite para ir ao boteco. Eram cerca de oito da noite e ele usava o chapéu de palha de sua mãe. Atravessava uma ponte de uns 15 metros, quando, de repente foi atacado por um enorme cão. Ele não conseguia se desvencilhar do animal, apenas se debater e gritar. Um dos moradores do povoado, que estava próximo da ponte, ouvindo os gritos, veio para socorrer quem estivesse em apuros. Mas, tão logo chegou à cabeceira da ponte, o animal sumiu. O vizinho não acreditava no que acabara de ver, mas quando o homem se levantou e ele viu o estado de suas roupas, não teve dúvidas: só poderia ser o lobisomem!


Mitos sobre a origem do lobisomem

 A maldição está no sétimo filho: uma mulher que tem seis filhos, tendo um sétimo, fatalmente esse terá a maldição da lua cheia.
 Um casal que tem mais de sete filhos, o sétimo carrega a maldição: se for mulher, será bruxa, se for homem, será lobisomem.
 Quando se tem sete filhos do mesmo sexo, ao nascer o sexto, esse deve ser batizado como Sebastião, se for homem, e como Benta, se for mulher, quebrando a maldição da linhagem.
 Os lobisomens transformam-se nas encruzilhadas, sempre à luz da luz cheia.
 A fera deve procurar o cemitério antes de raiar o sol.
 A fera foge para transforma-se longe dos olhos das pessoas, pois o espetáculo é horrível.
 O lobisomem prefere atacar crianças que ainda não foram batizadas.

Notas:
Mito de Eros: Também conhecido como cupido, nasceu da relação sexual entre a deusa Penúria, sempre miserável e faminta, com o deus Poros, sempre astuto e engenhoso, onde, ao final de uma festa para a qual não foi convidada, ela come os restos da ceia e dorme com o deus.

Lendas que envolvem bolas de fogo podem ser fogo fátuo, que é proveniente de um gás que se desprende de cadáveres em decomposição. Como os sambaquis são verdadeiros cemitérios, é possível que ainda haja gás, mesmo não havendo sepultamentos neles há muitos anos. É possível que o movimento seja parte da imaginação local. Pode-se acrescentar que esse fenômeno está ligado à lenda do boi-tatá, pois este, à distância, dá a impressão de ser uma bola de fogo.

Camacho é um Balneário do município de Jaguaruna.

A expressão "essas coisas" refere-se às superstições.

"O Rio Grande" é município do Estado do Rio Grande do Sul, margeado pela Lagoa dos Patos, pólo pesqueiro da região.

A pressa em batizar os recém nascidos é justificada pela proteção.