Insensibilidade humana
Por Eliege Emidio | 04/05/2010 | Poesias
Estamos todos mortos!
Ao amor nenhuma porta,
Nem a mínima fração do universo!
Toda emoção ficou encerrada
Em um único monossilábico verso:
O mais silencioso da última poesia.
O sentimento desfigurou-se,
Foi posto à margem, ultrapassado
Pela mecanização do coração humano,
Ora entorpecido; cruel máquina fria!
Às lágrimas sentidas ausência de nexo,
Afinal, o dinheiro e o sexo
Dão a tônica destes novos dias!
Regozijarmo-nos com o outro
É besteira, futilidade, pura fantasia!
O amor, já quase ridicularizado,
É superada fraqueza dos nossos ancestrais.
O prazer de ter, sentir prazer e nada mais
Confina-nos numa tola e aparente comunhão.
Não importam mais as dores, as nossas feridas.
Tentamos seguir entre as máquinas ambulantes
Sem flores, nem tempo de sorrir.
Próximos, mas distantes uns dos outros
Definhando-nos burramente,
Quando assim pensamos nos construir.
Aos poucos, morremos
Sem palco, nem história!
Da existência sumiremos num instante.
E faleceremos sem despedida
Anônimos, atônitos e mecanizados!
Urgentemente e sem sequer havermos provado
Do gosto mais pleno da humana vida.