Inocência
 
Olhai
às flores
nos jardins e nos campos,
nos bosques e nos pântanos.
Graças a êles,
o mundo subsiste.
 
Olhai
Às borboletas
nos prados e nos vergéis,
na primavera e no verão,
Graças a êles,
o mundo subsiste.
 
Olhai
Os sapos, os peixes e lagartos,
 nos rios e nos mares.
Graças a êles,
o mundo subsiste.
 
 
Olhai
Os passarinhos
nos ninhos entre moitas,
nos cimos e nas árvores.
Graças a êles,
o mundo subsiste.
 
Olhai
Os bebês
nas casas e nas choças,
onde estiverem.
Graças a êles,
o mundo subsiste,
 
Olhai
Os pequeninos,
em toda parte,
em todos os tempos.
Graças a êles,
o mundo subsiste.
 
Olhai
O mel
Das abelhas
Escorrendo,
em gotas lentas.
Graças a êles,
o mundo subsiste.
 
Olhai
O nascer do sol,
A magia da lua,
As estrelas cadentes,
A suave cálida noitinha.
Graças a êles,
o mundo subsiste.
 
Olhai
As ondas do mar
Morrendo,
Sôbre a fôfa areia semovente.
Graças a êles,
o mundo subsiste.
 
 
Olhai
Os amantes
Em murmúrio
Apaixonado
Nos bosques enluarados.
Graças a êles,
o mundo subsiste.
 
 
Doçura, sonhos e calma,
De moroso tédio, vão se
Os dias,
Graças a êles,
o mundo subsiste.
 
Quero morrer
Com o doce gôsto de orações nos
 lábios
Aqueles que não acreditam na vida
Eterna
Não a terão.