Informatização Da Rede De Bibliotecas Da Secretaria Municipal De Educação De Florianópolis / SC
Por Noeli Viapiana | 30/07/2008 | ArteINTRODUÇÃO
No mundo globalizado e na nova era informacional, é preciso estar sempre
atualizado e apto a trabalhar com as tecnologias de informação e comunicação –
TIC´s.
Os profissionais da informação, em especial os Bibliotecários, já não podem
mais ignorar a presença e a convivência com novas TIC´s (softwares, bancos de
dados ou aplicativos relacionados à disponibilização de informações na Internet) no
seu ambiente de atuação profissional, pois além de facilitar os processos de
trabalho, proporcionam melhoria na qualidade dos serviços/produtos, otimizam os
serviços e não desperdiçam tanto material impresso no armazenamento dos dados
em ambientes onde estes recursos estão inseridos.
Assim sendo, as Bibliotecas investem em sistemas de gerenciamento de
informação para aprimorar seus serviços. Entretanto, adquirir e implantar um sistema
automatizado de Bibliotecas requer a atuação do profissional Bibliotecário para
garantir a qualidade nos serviços.
A informatização de uma Biblioteca ou de uma Rede de Bibliotecas não é um
processo simples e deve ser bem definido, pois envolvem a escolha do software e o
projeto para a sua implantação, que abrange os objetivos, as etapas e a metodologia
a ser utilizada.
Esses sistemas devem proporcionar melhorias quanto ao gerenciamento das
atividades referentes aos processos de aquisição, catalogação, circulação de
materiais (empréstimo e consulta) e relatórios.
Diante disso, as Bibliotecas da Secretaria Municipal de Educação – SME
estão sendo informatizadas, a fim de aperfeiçoarem seus serviços, modernizarem o
tratamento técnico, o empréstimo e a agilizar o acesso e a recuperação da
informação.
1 A REDE DE BIBLIOTECAS DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE FLORIANÓPOLIS
A Rede de Bibliotecas da SME é gerenciada pela Coordenadoria de
Bibliotecas Escolares e Comunitárias – CBEC. Essa mesma Rede é composta de 38
Bibliotecas, 1 localizada no Centro de Educação Continuada da própria Secretaria e
37 nas Escolas do Ensino Fundamental, designadas Bibliotecas Escolares e
Comunitárias que atendem ao coletivo e escolar (alunos, professores, equipe
pedagógica, diretores e demais funcionários), como também a comunidade onde
estão inseridas nos diversos bairros do município.
Essas Escolas possuem alunos de 1ª à 4ª séries (Escolas Desdobradas) e de
1ª à 8ª séries (Escolas Básicas), contendo a maior delas, aproximadamente 1.200
alunos. As Escolas e seus respectivos endereços estão no Anexo.
As Bibliotecas têm espaços físicos variados, possuem equipamentos e
mobiliário. O acervo é diversificado, com livros, sendo a maioria de literatura, contém
obras de referência, periódicos, materiais cartográficos e audiovisuais.
O quadro de pessoal das Bibliotecas é composto por profissionais
Bibliotecários, Auxiliares de Biblioteca (profissionais readaptados) e Estagiários. O
quadro é formado por 33 Bibliotecários, sendo que 30 atuam nas Bibliotecas das
Escolas, 01 na Biblioteca da SME e 02 na CBEC. Possuem também 27 Auxiliares de
Biblioteca e 05 Estagiários.
No processamento técnico utilizamos a Classificação Decimal de Dewey –
CDD, Tabela Cutter Sanborn e AACR2.
Dentre as atividades realizadas pelos Bibliotecários nas Bibliotecas,
destacam-se algumas delas:
- Difundir a importância da leitura e os seus benefícios;
- Orientar o usuário para a leitura e pesquisa;
- Preservar e disseminar a informação;
- Planejar ações para os serviços da Biblioteca;
- Realizar o empréstimo e reserva do acervo;
- Processar o acervo através de técnicas biblioteconômicas;
- Executar os serviços de seleção e aquisição, bem como, permuta e descarte
do acervo;
- Restaurar o acervo e zelar por sua conservação;
- Orientar o usuário sobre o funcionamento e uso adequado do acervo;
- Manter a biblioteca organizada;
- Organizar eventos juntamente com os demais profissionais;
- Receber, controlar e entregar aos alunos e professores os livros didáticos
para os alunos do Ensino Fundamental oriundos do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação – FNDE/Programa Nacional do Livro Didático
– PNLD;
- Fazer cumprir o Regimento Interno das Bibliotecas da SME;
- Realizar a informatização das Bibliotecas.
INFORMATIZAÇÃO DA REDE DE BIBLIOTECAS DA SECRETARIA MUNICIPAL
DE FLORIANÓPOLIS
A informatização possibilita o trabalho em Rede, a qual é abordada por
Romani e Borszcz (2006):
[...] as redes de informação são consideradas um conjunto de unidades
informacionais, que agrupam pessoas e/ou organismos com as mesmas
finalidades, onde a troca de informações é feita de maneira organizada e
regular, por meio de padronização e compartilhamento de tarefas e
recursos. As redes assumem um papel importante, onde o principal objetivo
é fundamentado na promoção, geração, adequação, transferência e
disseminação das mesmas. Elas permitem a articulação de procedimentos e
informações que vão ao encontro da satisfação das necessidades de seus
clientes.
Assim sendo, pode oferecer aos usuários maior eficiência nos serviços e
variadas opções na busca de informações, tanto em nível de Biblioteca local, como
em outras unidades de informação e vai além da compra de equipamentos e escolha
do software.
É necessário levar em conta tópicos referentes à gestão das bases de dados
que precisam ser inseridas, com as quais o software possa apoiar na realização de
atividades e prestação de serviços.
Além da escolha e implantação de software e de hardware, para um projeto
de informatização de Bibliotecas, é necessário considerar aspectos referentes à rede
de comunicação (o terceiro elemento das chamadas TIC´s) e à gestão das bases de
dados que precisam ser introduzidas (ou construídas), com as quais o(s) software(s)
possa(m) apoiar o desenvolvimento das atividades e de prestação de serviços. Com
relação às bases de dados, Paranhos (2004, p. 15) ressalta que:
Estas bases de dados referem-se a usuários, a fornecedores e, em
especial, aos dados bibliográficos que representam o acervo de
documentos a ser disponibilizado. É com um conjunto de decisões sobre
todos estes aspectos que se desenvolve e se implementa o processo de
informatização de biblioteca que efetivamente contribua para a melhoria da
prestação de serviços e controle de atividades, na busca incessante do
melhor atendimento aos usuários e da maior racionalização e economia na
gestão de Bibliotecas.
Dentre os vários softwares de informatização de Bibliotecas que o mercado
oferece, dois deles foram inseridos na informatização das bibliotecas da SME.
Primeiramente, optou-se pela utilização do WinISIS, e em segundo momento,
escolheu-se o Pergamum, que é utilizado atualmente.
Na primeira tentativa, em 2004, a SME adquiriu o software WinISIS (CDS/ISIS
1.5 for Windows – July 2003 – UNESCO), da Biblioshop.
De acordo com Paranhos (2004, p. 18): O software ISIS tem a característica
de poder ser, ao mesmo tempo, tanto a ferramenta de construção de aplicativos
(uma linguagem de programação) quanto um Sistema de Gerenciamento da Base de
Dados - SGBD.
Esse software possui como benefícios:
- Agilidade no controle de circulação do livro;
- Recuperação otimizada da informação;
- Acesso on-line de todas as Bibliotecas da SME;
- Trabalha automático com penalidades;
- Agilidade no processamento técnico;
- Ferramenta de busca para recuperar a informação por assunto, título, área e
palavras-chave;
- Tombamento do acervo;
- Possibilita a formação de uma Rede de Bibliotecas Escolares cooperantes e
controle de livro reserva.
Após um período de avaliações deste software, a equipe técnica da CBEC
decidiu utilizar o Sistema Pergamum para a informatização de suas Bibliotecas, pois
atendia as exigências da Secretaria.
Então, no final de 2005 foi adquirido o software Pergamum – Sistema
Integrado de Bibliotecas (Versão 6.0) e recomeçado o processo de informatização,
pois o software WinISIS não permitia a importação Formato USMARC (Padrão
Internacional de Catalogação dos Registros Bibliográficos), que possibilita a
cooperação de dados entre Bibliotecas.
O Pergamum é:
Um sistema informatizado de gerenciamento de Bibliotecas, desenvolvido
pela Divisão de Processamento de Dados da Pontifícia Universidade
Católica do Paraná. [...]. O Sistema contempla as principais funções de uma
Biblioteca, funcionando de forma integrada da aquisição ao empréstimo,
tornando-se um software de gestão de Bibliotecas. [...] PUC-PR.
(Pergamum, 2007).
Para tal, foi necessária a adequação da infra-estrutura tecnológica para
atender os requisitos de hardware como Banco SQL Server/ Sybase e banco Oracle.
O software oferece as seguintes características pertinentes nos módulos:
Processamento Técnico – Campos e códigos de catalogação AACR2, segundo
nível, para todo tipo de documento; Entrada de dados on-line; Formato USMARC
dos registros bibliográficos para exportação e importação; Importação de dados de
centros de catalogação cooperativa on-line e CD-ROM via formato ISO-2709;
Exportação de dados no formato ISO-2709, para intercâmbio de registros
bibliográficos; Geração de etiquetas de código de barras para empréstimo e etiqueta
de lombada dos documentos; Inclusão de novos exemplares de um mesmo título;
Manutenção controle de autoridade (Nomes, Assuntos, Títulos); Construção
automática de lista de autoridades a partir dos registros incluídos; Incorporação de
textos digitalizados; Controle de periódicos com Kardex e indexação de artigos;
Controle de aquisição interligado com o processo de catalogação.
Circulação de Materiais – Controle de empréstimo para qualquer tipo de
documento, reserva, cobrança personalizada com prazos diferenciados por tipos de
materiais e usuários, devoluções, renovações, atrasos, cobranças de devolução,
multas, negociações e suspensões; controle de usuários e de materiais para fins de
definição automática de prazos e condições de empréstimo e uso; emissão de
relatórios; Bloqueio automático para usuários que atingiram um dos limites
estabelecidos; Bloqueio intencional para usuários atribuído pela Biblioteca;
Estatísticas.
Consulta e Recuperação – Emissão de listas de publicações por assuntos e
autores; Consulta e pesquisa on-line; Pesquisa utilizando operadores booleanos “E”
e “OU”; Pesquisa por autoridades; Definição de instrumentos de alerta e
Disseminação Seletiva de Informação – DSI, conforme o perfil dos usuários;
Elaboração e impressão de bibliografias; Acesso multiusuário.
Internet – Consulta ao catálogo: pesquisa por autor, título e assunto, pesquisa
booleana, pesquisa por autoridades, material incorporado ao acervo, consulta às
coleções de periódicos (Kardex); Cadastro de comentários e sugestões de
aquisição; Consulta de material pendente, histórico de empréstimo, débitos,
aquisições vinculadas à área de interesse (DSI); Reserva; Renovação; Visualização
de sumários; Solicitação de compra de materiais (apenas para pessoas autorizadas),
acompanhamento do processo de aquisição pelo solicitante; Interação on-line com
fornecedores no processo de licitação.
Processo Gerencial – Controle de listas de sugestão, seleção, aquisição,
reclamações e recebimento de material; Compatibilidade com o sistema de
patrimônio da Instituição; Controle financeiro dos recursos orçamentários para
aquisição de material bibliográfico; Controle de fornecedores por compra e doação;
Mala direta para editoras e Instituições com as quais mantém intercâmbio de
publicações; Emissão de cartas cobrança, reclamações e agradecimento de
doações; Controle de recebimento dos materiais; Controle de assinaturas de
periódicos; Controle e Registro de material bibliográfico para fins patrimoniais;
Emissão de relatórios de entrada e recebimento de documentos por período, de
circulação e empréstimo, por período; Contabilização de estatísticas, processamento
técnico, atualização listas de autoridades, por período; Controle e avaliação do
inventário do acervo através de código de barras.
3 IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA PERGAMUM NA REDE DE BIBLIOTECAS DA
SECRETARIA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS
A organização da implantação do sistema na Rede de Bibliotecas iniciou com
reuniões, formações e elaboração de manuais de procedimentos.
Em primeiro momento, no fim de 2005, realizou-se uma reunião com todos os
Bibliotecários, a fim de repassar informações sobre o software adquirido e definir
uma comissão que participasse da formação juntamente com a equipe do
Pergamum, uma vez que, a formação deve ser um processo contínuo no profissional
dentro de uma instituição. Também seria atribuída a essa comissão, a
responsabilidade de discutir e tomar decisões acerca do planejamento e
organização da informatização das Bibliotecas da SME, sendo orientada pela CBEC.
Foi formada, então, por 10 bibliotecários e 2 estagiárias do curso de Biblioteconomia
que atuavam na Biblioteca da SME.
No início do ano letivo da Rede Municipal de Ensino – RME em 2006, os
bibliotecários que integravam o referido grupo, elaboraram um manual de
procedimentos para utilização do Pergamum, em seguida, em meados do mesmo
ano, capacitaram os demais Bibliotecários.
Logo após isso, o Centro de Processamento de Dados – CPD da Prefeitura
Municipal de Florianópolis – PMF, começou a instalação do Pergamum nas
bibliotecas onde atuavam os profissionais bibliotecários.
No início do ano letivo de 2007, o CPD estava realizando a instalação via
acesso remoto, ou seja, o computador das bibliotecas era acessado pelo próprio
CPD através do VNC (Virtual Network Computing), mas desta forma estava sendo
moroso, em função da baixa velocidade da Internet.
Para agilizar este serviço, optou-se em passar a responsabilidade para a
própria CBEC e assim, através de orientações do CPD, a bibliotecária responsável
pela informatização, recomeçou a instalação do software nas bibliotecas que ainda
não o possuíam.
Atualmente, das 38 bibliotecas, 30 já estão com o Pergamum (versão 7.0) e a
meta é atingir todas até o final de 2007.
CONCLUSÃO
Tendo em vista que a informatização faz parte da atualização dos novos
tempos e numa Rede de Bibliotecas a implantação de um software é ferramenta
essencial no suporte a serviços eficazes para os usuários, gestão de acervos, e, em
geral, administração de serviços prestados por Bibliotecas, em especial, as
Escolares.
A implantação de sistemas de informação precisa ser planejada de modo a
oferecer serviços que atendam a demanda de seus usuários.
É importante observar, alguns aspectos de orientação referentes à
Informatização de Bibliotecas, tais como: a escolha do software compatível e os
benefícios de acordo com a realidade da instituição, destacando desde o
compartilhamento de dados e intercâmbio de informações, bem como, a utilização
de padrões e formatos específicos, o treinamento, o suporte técnico e a manutenção
em tempo hábil.
Informatizar bibliotecas é um serviço complexo, pois além do exposto, envolve
muitos outros aspectos como, a falta de recursos humanos capacitados para auxiliar
o bibliotecário nas atividades, bem como, equipamentos e Internet adequados.
Em vista do exposto, acreditamos que este trabalho poderá auxiliar e
contribuir aos profissionais bibliotecários de outras Redes de Bibliotecas
relacionados ao planejamento de implantação de software para bibliotecas
escolares.
REFERÊNCIAS
BIBLIOSHOP on line: informatização de bibliotecas & software. Disponível em:
<http://www.biblioshop.com.br>. Acesso em: 29 ago. 2007.
LUCAS, Elaine Rosangela de Oliveira; KLEINUBING, Luiza da Silva; SOUZA, Nicole
Amboni de. Sistema informatizado em unidades de informação: o processo de
implantação no SENAI-SC. Disponível em:
https://wwws.pucpr.br/sistemas_s/pergamum/pergamum/php/trab_apresent.php.
Acesso em: 02 out. 2007.
PARANHOS, Wanda Maria Maia da Rocha. Fragmentos metodológicos para
projetos e execução de gestão informatizada de coleções de documentos e serviços
em bibliotecas. Enc. BIBLI: R. Eletr. Bibl. Ci. Inf., Florianópolis, n. esp., 2º sem.
2004.
PERGAMUM – Sistema Integrado de Bibliotecas. Disponível em:
<https://wwws.pucpr.br/sistemas_s/pergamum/pergamum/php/infogerais.php>.
Acesso em: 29 ago. 2007.
ROMANI, Claudia; BORSZCZ, Iraci (Orgs.). Unidades de Informação: conceitos e
competências. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2006.