Introdução: A dor lombar se caracteriza como um dos quadros disfuncionais que mais afetam o ser humano, atingindo aproximadamente 80% dos indivíduos em algum período de sua vida. Objetivo: avaliar a influência imediata da técnica de manipulação global da pelve, sobre a oscilação do centro de pressão corporal (COP), em indivíduos com dor lombar crônica. Metodologia: O presente estudo trata-se de um ensaio clínico de corte, composto por 18 indivíduos do sexo feminino, sendo os mesmos alunos matriculados em cursos da Universidade Estadual do Oeste do ParanáUNIOESTE/Paraná/BR. A pesquisa se desenvolveu em cinco etapas: inicialmente os participantes foram submetidos à avaliação para os critérios de inclusão e exclusão. Na segunda etapa, foi realizado o teste de Gillet para identificar se havia disfunções da articulação sacroilíaca. A terceira etapa consistiu em avaliação da estabilometria, seguida da etapa de manipulação com técnica global de pelve (quarta etapa). A coleta era finalizada com a reavaliação estabilométrica. Os dados foram tabulados no programa Excel 7.0 Microsoft Oficce®, e a análise estatística deu-se por meio do teste Teste t Student pareado, com α<0,05. Resultados: O resultado da estabilometria apresentou diferença significativa (α = 0,02) quando comparados pré (0,39cm2 ) e pós (0,51cm2 ) manipulação. Conclusão: A técnica de manipulação global de pelve apresentou influência no sistema postural estático, resultando em uma maior oscilação do centro de pressão corporal após a manipulação. Palavras chaves: Dor lombar; Manipulação global da pelve; Equilíbrio postural.

INTRODUÇÃO

A cintura pélvica é um conjunto de estruturas que equilibram forças para a coluna vertebral e membros inferiores (MMII). Esse conjunto, que constitui um sistema articulado, é formado pela coluna vertebral, sacro, ilíaco e MMII. As interações entre essas estruturas que se articulam na cintura pélvica influenciam outros sistemas articulares à distância, podendo ser eles ascendentes ou descendentes, constituindo a biomecânica corporal estática (KAPANDJI, 2002). As disfunções da articulação sacroilíaca caracterizam-se por alterações biomecânicas do posicionamento anatômico em uma ou em ambas as articulações sacroilíacas. Uma disfunção sacroilíaca pode levar a uma série de padrões álgicos, como por exemplo, dor na região anterior dos joelhos, tendinites da pata de ganso (tendões dos músculos sartório, grácil e semitendíneo), lombalgias e lombociatalgias (RIBEIRO et al, 2003). A dor, em geral, se apresenta sobre o segmento articular hipermóvel, por isso o lugar que o paciente refere dor é raramente aquela região onde é necessária a correção (RICARD; SALLÉ, 2002). Essas alterações ilíacas podem causar repercussões em outras estruturas, como por exemplo, podem levar a fixação da espinha ilíaca anterossuperior (ASI) em qualquer grau diminuindo a capacidade de tração da coluna vertebral, restrição das articulações lombossacras e degeneração discal, bem como essas fixações podem ser responsáveis por uma hipermobilidade lombossacra, fonte de protrusão discal e de ciatalgia (RICARD; SALLÉ, 2002). A dor é a principal queixa relacionada à região lombar, caracterizada por experiência sensorial e emocional provocada por uma lesão tecidual. Esta apresenta várias causas e fatores de risco, o que torna sua etiologia não muito bem definida (BRIGANÓ; MACEDO, 2005). Cecin (2001) afirma que 80% de todas as pessoas apresentam pelo menos um episódio de dor lombar em algum estágio da vida. Todas essas alterações que possam causar a lombalgia apresentam um tratamento complexo, quando comparado à maioria dos tratamentos. Por isso, a fisioterapia se torna um recurso essencial para a reabilitação do paciente (MACEDO et al, 2009). Existem vários recursos capazes de intervir sobre a dor, a incapacidade e a qualidade de vida. Entre eles, destacam-se as técnicas de cinesioterapia, eletroterapia, hidroterapia, reeducação postural, manipulação osteopática, entre outros (MOREIRA, 2011). Segundo Chaitow (1982), um dos objetivos da manipulação osteopática é recuperar a biomecânica fisiológica em áreas que apresentam disfunções. Nesse processo, para recuperar ou melhorar a função do sistema músculo-esquelético, outras áreas se beneficiarão, principalmente as áreas envolvidas pelas mesmas vias nervosas e cirtulatórias. 4 Outros estudos sugerem que as manipulações osteopáticas apresentam resultados melhores sobre a dor lombar crônica do que outros tratamentos, como a acupuntura e o uso de medicamentos (GILES; MULLER,1999). A terapia manual, utilizada como tratamento em pacientes com lombalgia, contribui para equilibrar e diminuir o processo álgico. Entre várias técnicas da terapia manual, o thrust (alta velocidade de baixa amplitude de movimento) é a técnica mais usada para correção de disfunções músculo-esqueléticas (GÓIS et al, 2007). A cintura pélvica é um importante centro de equilíbrio de forças, atuando sobre a postura ortostática do indivíduo. Alterações desse segmento podem levar a uma resposta inadequada, causando alterações no equilíbrio ortostático. Enoka (2000) descreve que a postura é uma resposta neuromecânica que atua na manutenção do equilíbrio, o que é possível quando a somatória de forças que atuam sobre ele é igual a zero. Outros fatores fisiológicos também podem influenciar a postura ortostática do ser humano. A respiração, os batimentos cardíacos e o retorno venoso geram oscilações constantes no equilíbrio, que podem ser verificadas através do deslocamento do centro de pressão (SCHMIDT et al, 2003). Com a perspectiva de avaliar a oscilação do centro de pressão corporal (COP), pode ser utilizada a Estabilometria ou Posturografia Estática. A estabilometria permite analisar o equilíbrio postural por meio da quantificação das oscilações do corpo utilizando o deslocamento do COP durante a fase de apoio, para definir a posição média ao redor desse centro. Para essa técnica de análise da oscilação do COP podem ser utilizadas as plataformas de força ou a baropodometria (SCHMIDT et al, 2003). Por ser a lombalgia um sintoma com grande frequência, e a terapia manipulativa osteopática apresentar efeitos na diminuição da dor e na correção das disfunções biomecânicas, que podem levar a desequilíbrios posturais, fazem-se necessários mais estudos nessa área (FREITAS, 2010). JUSTIFICATIVA Apesar de existirem vários estudos comprovando a eficácia da terapia manipulativa osteopática em indivíduos com lombalgia, sabe-se pouco sobre o seu efeito sobre o centro de pressão corporal (COP). OBJETIVO O presente estudo tem como objetivo, avaliar a influência imediata da técnica de manipulação global da pelve sobre a oscilação do centro de pressão corporal de indivíduos com dor lombar crônica. [...]