Indústria nacional de brinquedos deve crescer no país com a crise de montadoras chinesas

Por Victor Augusto de Alencar | 01/04/2020 | Economia

Pandemia do novo coronavírus abalou importações, favorecendo a produção de peças próprias no Brasil.

O novo coronavírus, cientificamente denominado como Covid-19, é o assunto que mais tem chamado a atenção das pessoas em todo o mundo. A epidemia que começou na província chinesa de Wuhan, no final de 2019, tem ganhado proporções catastróficas em vários países.

Um dos setores mais afetados pela expansão da doença é a indústria, que precisa manter seus funcionários afastados para que não haja uma maior circulação do vírus. E é exatamente a indústria que ajuda, por exemplo, na fabricação da maioria dos brinquedos vendidos no Brasil.

No entanto, em meio a tantas notícias ruins a respeito do novo coronavírus, esse baque na indústria chinesa pode acabar sendo uma grande oportunidade para o desenvolvimento da indústria nacional brasileira.

Indústria Nacional

Segundo Synesio Batista, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos, a Abrinq, até o ano de 1994, a indústria nacional tinha uma fatia majoritária no mercado, o correspondente a 98%.

Esse quadro muda no ano seguinte com a redução da tarifa de importação de 445 produtos, proposta implementada por Ciro Gomes, que era o ministro da Fazenda naquele período. Com isso, a participação foi reduzida a 13%, um número muito menor que o anterior.

Com o passar dos anos, a indústria nacional brasileira foi retomando os seus trabalhos e conseguiu retomar o patamar de 52% do mercado de brinquedos, enquanto a China abrange 48% daquilo que é vendido no Brasil.

Novo quadro: coronavírus

Com a chegada do Covid-19, as chances da China continuar como uma imensa fatia do mercado de brinquedos é muito pequena. Sabe-se que a maior venda desses produtos no Brasil acontece no início de outubro, mais especificamente no dia 12, quando é comemorado o Dia das Crianças.

Para que os brinquedos de produção chinesa cheguem a tempo de serem comercializados aqui, as fábricas do gigante asiático teriam que estar a pleno vapor até abril, cenário que vem se mostrando cada vez mais distante, graças aos impactos avassaladores do novo coronavírus.

“O que está se descortinando é uma tempestade perfeita e, se eles não derem conta, nós estamos aqui preparados, com capacidade instalada e vontade de fazer”, declarou Synesio Batista.

O presidente da Associação afirma ainda que a produção em território brasileiro não afetaria os preços dos brinquedos. “Não vejo impacto para o consumidor. Os brinquedos importados da China são de valor unitário pequeno. Esse tema não nos preocupa. O consumidor não pagará pelo coronavírus, afirmou.

Outros setores beneficiados

Além dos brinquedos, vários outros setores acabarão sendo beneficiados com a queda da produção chinesa. Um exemplo é a Indústria de Máquinas e Equipamentos, que hoje em dia importa quase 20% dessas ferramentas da China.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos, a Abimaq, José Velloso, essa situação acaba aparecendo como uma oportunidade para o Brasil, podendo haver uma substituição dos produtos chineses por aqueles produzidos aqui.

Outro setor possivelmente beneficiado é o de plásticos, que pode ter até um aumento na demanda, principalmente para materiais da área de saúde, fundamentais durante esse momento de pandemia.

De acordo com José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico, a Abiplast, seringas, frascos de remédio e bolsas de soro entram nessa produção que pode acabar beneficiando a indústria nacional.

Esse possível crescimento da indústria nacional seria de grande ajuda para o Brasil em um momento em que os dados da Economia não são nada animadores. Isso porque com a chegada do Covid-19 em terras brasileiras, ainda não é possível saber, com certeza, quais serão os impactos causados pelo vírus e sua duração.