INDIVIDUALISMO NA EDUCAÇÃO

Por Henrique Araújo | 14/02/2010 | Educação

INDIVIDUALISMO NA EDUCAÇÃO

                                       

 

          Atualmente na educação vem se caracterizando uma grande individualidade. Sentados em grupos, os alunos fazem seus trabalhos individuais. Problema: não há quem dirige os trabalhos grupais. Geralmente o professor diz o assunto e o resto os alunos fazem. São poucos professores que tentam coordenar os grupos. Muitos deixam que os alunos escolham outros indivíduos, há conversas paralelas, falta de interesse, preguiça, livros fora do assunto, não há acordo ou há os concordistas e até tem havido brigas em grupos de trabalhos. Os afazeres do grupo passa a ser feito por algum aluno mais interessado. Os outros assinam e recebem as notas por este um. Então valeu a pena este trabalho grupal? Houve o sentido de solidariedade e de humanidade? Até dispensa comentários.

          Este problema tem atingido muitas e muitas escolas. Se se analisar o problema, chega-se a conclusão de que ele vem lá de baixo, e desde o pré-primário, mas a origem de tudo está onde?

          Espalhados por aí vemos engenheiros, médicos, advogados e outros lecionando em vez de ocuparem seus postos. Conheci um químico lecionando Geografia  e padre lecionando história. É claro que na falta do professor catedrático, coloca-se o subsidiário, mas o problema é que estes fulanos estão ocupando a vaga de muitos que estudam Letras, Pedagogia, licenciaturas em geral.

          Que base pode dar um professor não treinado? Se for no caso de estudos individuais, ainda vai lá, mas dirigir grupos de estudantes, não é para qualquer um. E está-se tornando uma negação mesmo em todas as escolas os trabalhos em grupos.

          Sei que muita gente quer teimar comigo sobre o assunto, não adianta. Falo como aluno e como professor e por isto repito sempre: os trabalhos em grupos em classe ou em casa ou mesmo em pesquisas, são meros trabalhos individuais. Um faz e os outros assinam, às vezes até está em desacordo, mas como ele precisa de nota, tanto faz. Noutros casos existem os simples e humildes concordistas. Tudo que os outros dizem eles confirmam: “É isto mesmo”, “certo”, “concordo”, “ta bom”. Também pudera, ta mais por fora que castanha de caju.

          Quando o professor recebe o trabalho, não pergunta como foi o grupo, se houve entendimentos, se todos participaram, se ficou alguma dúvida. Ele recebe e dá uma nota tão individual como individual foi feito o trabalho individualizado do grupo. E os problemas continuam. Os grupos não rendem, os alunos enrolam o tempo, engarrafam o vento, contam piadas. Quando há um professor que entende de dinâmica de grupos, que sabe que numa equipe todos têm e precisam de trabalhos, todos discutem, debatem e chegam às conclusões, então haverá um grande proveito para todo o grupo. Mas por enquanto não estamos vendo este tipo de trabalho ainda. Enquanto houver este tipo de professor não adiantam os grupos. O professor tem que ser professor ou então desiste logo, pois tem tantos que desejam ser bons professores. Seria bem melhor que “alguns” fossem morar na roça, pelo menos matavam a fome de tanta gente. A missão ensinar é de competência de professores, educadores e não de técnicos de outras áreas. Ele precisa ter didática e metodologia. Que ensinamentos recebeu um engenheiro sobre isto? Estes profissionais estão nos lugares errados, neste caso será preciso fechar os cursos de educação. “Cada qual com seu igual” já dizia o velho ditado. Quem estuda engenharia, Direito, Economia e outros fora do magistério, deveriam ser bons profissionais em sua área. Ele só deveria ministrar aulas nos cursos que eles fizeram, mas não em outros. Existem tantas vagas nos fórum, tanto trabalho de engenharia, clínicas médicas, hospitais, igrejas onde estes profissionais do ramo deveriam atuar.

          Educador de verdade é aquela pessoa calma, entendido, paciente, sabe tratar as outras pessoas, tem uma dedicação distinta, sabem dirigir bem os alunos e os trabalhos escolares. E os trabalhos em grupos só terão proveitos se houver educador de verdade, caso contrário o ensino continuará sendo individualismo.