RESUMO

 Conceituar a indisciplina escolar é hoje uma tarefa árdua e que exige cuidado e atenção, pois se trata de uma questão cada vez mais presente no dia a dia do educador e que há vários fatores envolvidos. O presente projeto busca analisar o contexto da indisciplina na escola pública, procurando entender o por que desse problema está cada vez mais se agravando e o que a escola pode fazer para diminuir a incidência desse mal que tem assombrado toda a comunidade escolar. Para a melhor compreensão do assunto uma pesquisa teórica será realizada, tendo como base os escritos de autores como Vasconcelos, Tiba, Perrenoud, dentre outros assim como a leitura de textos como os de Aquino e Brito, para, conhecendo o assunto ter mais propriedade para realizar a pesquisa de campo, comparando as opiniões dos alunos e professores entrevistados e as teorias estudadas. Através dos estudos realizados será possível refletir o que é possível fazer para diminuir a incidência de casos de indisciplina em sala de aula e promover a integração entre todos os personagens pertencentes a entidade educacional em questão. É preciso também perceber a relação existente entre a maneira como a família educa os filhos e os casos de indisciplina, uma vez que grande parte dos alunos com problemas de desinteresse e sem limites em sala de aula é por que agem dessa forma em suas casas perante seus pais, e, por último, refletir sobre o fato de que a indisciplina interfere de forma negativa na aprendizagem dos alunos.

Palavras-chave: Indisciplina; Limites; Aprendizagem.  

ABSTRACT
Conceptualize school indiscipline is now a chore and requires care and attention, because it is an increasingly present issue on the day of the educator and that there are several factors involved. This project seeks to analyze the context of indiscipline in public school, trying to understand why this problem is increasingly getting worse and what the school can do to decrease the incidence of this evil that has haunted the whole school community. For a better understanding of the subject a theoretical research will be conducted, based on the writings of authors such as Vasconcelos, Tiba, Perrenoud, among others as well as reading texts such as Aquinas and Brito, for knowing the subject property to have more conduct field research, comparing the opinions of students and teachers interviewed and studied theories. Through the studies will be possible to reflect what can be done to decrease the incidence of indiscipline in the classroom and promote integration between all the characters belonging to the educational entity. One must also understand the relationship between the way family educates children and cases of indiscipline, since many of the students with problems of disinterest and without limits in the classroom is by that act that way at home before their parents, and, finally, reflect on the fact that indiscipline interfere negatively on student learning.

Keywords: Indiscipline; limits; Learning.

 
   

 

INTRODUÇÃO

      

                  A indisciplina escolar é hoje um fator que se destaca entre as preocupações que perdura o cenário educacional, fazendo parte da convivência de alunos e professores e sendo apontada como um dos principais obstáculos para que o processo de ensino-aprendizagem venha a ocorrer com a qualidade que se pretende.

               É certo que as consequências deixadas pela indisciplina tanto para quem participa dela diretamente como indiretamente são graves e exigem medidas de combate efetivas e urgentes, uma vez que, caso não seja diagnosticada a causa e sanados os seus efeitos no próprio ambiente escolar pode ganhar proporções muito maiores e atingir a sociedade como um todo, visto que, muitos dos problemas sociais existentes na atualidade tiveram início com problemas de indisciplina seja na família ou na escola.

                Partindo de tal problemática, a pesquisa em questão busca analisar a indisciplina escolar partindo de vários pontos de vista, desde professores e membros do núcleo gestor, alunos, pais e sociedades, procurando reconhecer os fatores que provocam esse fenômeno e propor estratégias para intervir nas raízes da indisciplina. Partindo do ponto de vista dos professores, diretores e coordenadores escolares pretende-se verificar como esses, que convivem diretamente com a realidade desse dilema no contexto de uma sala de aula e no ambiente escolar como um todo percebe a indisciplina do aluno e que estratégia utiliza para enfrentá-la. Ainda nesse ponto, pretende-se nesse projeto monográfico analisar se os educadores compreendem os vários tipos de indisciplina que existem, desde os que causam desordem na sala, aos que se camuflam na sala de aula e deixam passar-se por despercebidos, além disso, busca-se saber até que ponto os professores se colocam como responsáveis ou vítimas da indisciplina e como vêem os alunos que cometem esses atos. No caso dos alunos, tentará fazer uma comparação entre seus pensamentos e de seus educadores, procurando compreender até que ponto eles percebem a dimensão dos atos indisciplinares ocasionados por eles ou pelos colegas e como eles acreditam que esses atos podem trazer efeitos negativos na aprendizagem.

                   Na primeira parte do projeto buscar-se a fazer uma pesquisa bibliográfica a cerca do tema em destaque, analisando até que ponto a indisciplina escolar tem interferido no andamento da educação mundial. Nos dois primeiros capítulos será feito uma revisão literária com base nos estudos de alguns teóricos que abordam a indisciplina, procurando conhecer as principais causas que dão origem a essa problemática e suas consequências para alunos, professores e sociedade em geral. Ainda nessa parte do projeto será feito um detalhamento dos principais tipos de atos indisciplinares dos alunos e como a escola pode se comportar em cada situação.

               Na segunda parte será realizada ma pesquisa de campo de cunho qualitativo na escola de Escola de Ensino Fundamental Maria Sóther Pereira, localizada na sede da cidade de Cariús-Ce, onde serão analisados dentre outros pontos:

  • Como o núcleo gestor e corpo docente da referida escola lidam com os diversos casos de indisciplina existentes;
  • Até que ponto os atos de indisciplina dos alunos interferem em sua aprendizagem e dos demais estudantes;
  • O que o núcleo gestor e o grupo de professores tem feito para minimizar os problemas causados pela indisciplina escolar;
  • Até onde a atuação dos pais dos alunos da referida comunidade influencia nos problemas de indisciplina dos alunos;

              Encontradas as respostas das perguntas supracitadas será feito uma análise detalhada de cada situação fazendo o elo entre os resultados obtidos e os referenciais teóricos revisados, buscando chegar a um consenso a cerca do assunto e propor soluções que possam amenizar esses atos.

              Por fim, serão escritas as considerações finais do projeto, onde serão colocados os principais resultados alcançados no decorrer da pesquisa, as aprendizagens adquiridas e os principais pontos abordados. Nessa parte da pesquisa o autor colocará sua reflexão a cerca do impacto que essa pesquisa trouxe para sua vida pessoal e profissional.

                 Conhecendo o grande desafio que é trabalhar a indisciplina escolar e os malefícios que esse problema pode causar para a aprendizagem dos alunos e para sua convivência social a pesquisa monográfica em questão tem como objetivo geral analisar a indisciplina escolar a partir da perspectiva pedagógica e social, ou seja, perceber as conseqüências que a indisciplina pode trazer tanto para a formação acadêmica e estudantil do indivíduo como para sua formação enquanto cidadão pertencente a uma sociedade.

                 Para que o objetivo geral seja atingido alguns objetivos específicos serão traçados no decorrer do projeto, onde, dentro de cada um, a meta estabelecida no início da pesquisa vai aos poucos sendo alcançada, dentre esses, destaca-se:

  • Verificar os tipos de indisciplina mais presentes na escola;
  • Reconhecer como os problemas de indisciplina interferem na aprendizagem dos estudantes;
  • Reconhecer a visão de professores e alunos sobre a indisciplina escolar;
  • Perceber como a escola pode agir diante dos problemas causados pela indisciplina escolar;

  

1  INDISCIPLINA ESCOLAR: QUESTÕES NORTEADORAS

 

1.1 Origem da indisciplina escolar

 

                   Como se já não fosse grande o bastante o desafio que a escola tem de fazer no seu dia a dia, que é conseguir com que tantas crianças e adolescentes venham a aprender diante de suas particularidades, outro grande dilema tem rodeado as instituições educacionais, sobretudo as públicas que é a indisciplina escolar, fenômeno que se tornou pauta principal de reuniões de professores, núcleo gestor e pais.

                   Ao mesmo tempo em que a escola sofre com os atos indisciplinares dos diversos tipos, principalmente vindo de alunos, ela sente a responsabilidade, enquanto veículo de transformação social, de procurar formas de resolver esses problemas, principalmente tentado firmar parcerias com os pais e outras entidades, como conselhos tutelares, secretarias de ação social, dentre outras.  Diante de tal situação a primeira providência a ser tomada por parte da escola é buscar conhecer a origem dos atos indisciplinares que tem afligido a comunidade escolar, já que não são poucos os fatores que provocam a indisciplina.

                   Segundo o Novo Dicionário Aurélio (1999), disciplina é o regime de ordem imposta ou livremente consentida; ordem que convém ao funcionamento regular duma organização (militar, escolar etc.); relações de subordinação do aluno ao mestre ou ao instrutor; observância de preceitos ou normas; submissão a um regulamento; ensino, instrução, educação.

                  Contudo, há de se fazer uma reflexão quando se fala em indisciplina escolar e, sobretudo buscar o significado ou conceitos mais próximos que defina essa questão tão complexa e presente em nossa realidade.

Em geral o conceito de indisciplina é definido em relação ao conceito de disciplina, que na linguagem corrente significa regra de conduta comum a uma coletividade para manter boa ordem e, por extensão, a obediência à regra. Evoca-se também a sanção e o castigo que se impõem quando não se obedece a regra. Assim, o conceito de disciplina esta relacionado com a existência de regra.(PARRAT-DAYAN, 2008, p.18 apud BRITO 2013, p. 27)

                   O que o autor relata na citação acima é que costumasse colocar a indisciplina como algo que está sempre relacionado à disciplina ou ao cumprimento de ordens imposta pela sociedade ou por um pequeno grupo, quando na verdade o próprio indivíduo que está agindo como indisciplinado não sabe ou não aceita aquele modelo de disciplina que lhe é imposto e por isso busca formas de mostrar seu descontentamento através de ações que para a sociedade não está correto.

                 Carvalho 1996 (p. 129 apud Sganzella p. 4) dá as seguintes definições para indisciplina:

1. instrução e direção dada por um mestre a seu discípulo[...] 2. submissão do discípulo à instrução e direção do mestre. [...] 3. imposição de autoridade, de método, de regras ou preceitos[...] 4. respeito à autoridade; observância de método, regras ou preceitos.

[...] 5. qualquer ramo de conhecimentos científicos, artísticos,  lingüísticos, históricos, etc.: as disciplinas que se ensinam nos colégios. [...] 6. o conjunto das prescrições ou regras destinadas a manter a boa ordem resultante da observância dessas prescrições e regras: a disciplina militar; a disciplina eclesiástica. [...]

 

 [Fsl1]                   Ainda na mesma concepção sobre indisciplina Parrat-Dayan (2008, p.8) coloca também que: “ser disciplinado não é obedecer cegamente, é colocar a si próprio regras de conduta em função de valores e objetivos que se quer alcançar. Já Weber (2009, p. 20) ao definir indisciplina destaca: “disciplinar do original em latim significa ensinar, formar.

                    Sobre as causas da indisciplina escolar há de se tomar cuidado como irá se lidar com cada uma, para não causar conflitos maiores, uma vez que muitos dos problemas de indisciplina vêm da própria convivência familiar, através da relação entre o estudante e sua família, seja através de violência física ou até mesmo da maneira como é tratado pelos pais, o que irá gerar grande influência em sua vida estudantil. Nesse cenário pode-se situar aquelas crianças sem limites e que acham que podem ganhar tudo no grito, pois é assim que se resolvem as coisas em sua casa, já que os pais, como forma de contornar diversas situações como a falta de tempo para os filhos e outros problemas como brigas conjugais se tornam flexíveis além da conta com os seus filhos.

(...) as crianças de hoje em dia não tem limites, não reconhecem a autoridade, não respeitam as regras, a responsabilidade por isso é dos pais, que teriam se tornado muitos permissivos. (AQUINO, 1997, p.7).

                   É preciso que se abra o olhar para a dura realidade em que vivem muitos de nossos alunos, convivendo com pais divorciados, em um lar onde reinam as brigas e muitas vezes a própria violência física, crianças que desde cedo são apresentadas ao mundo das drogas e da prostituição e que nesse mundo aprendem a descontar a raiva que sente do próprio roteiro que a vida lhes deu através de atos de indisciplina, e a escola, enquanto instituição formadora e acolhedora precisa acolher esses indivíduos e tentar resgatá-los dessa situação, ao invés de puni-los e excluí-los ainda mais.

                  Segundo Antunes (2011, p. 19), “A indisciplina quase sempre emana de três focos: a escola e sua estrutura, o professor e sua conduta e o aluno e sua bagunça”. Ou seja, não há um culpado único para a indisciplina, mas há vários fatores que provocam esse malefício à educação.

                    Outro fator que contribui para a indisciplina escolar é a maneira como muitos educadores tentam controlar as ações em suas aulas, não permitindo que os alunos tenham atitudes que se vinculem a autonomia, dando pouca liberdade para que os estudantes interajam com os demais, o que faz com que para muitos jovens aquele momento de aula seja visto como uma prisão, como algo ruim, de maneira que os atos indisciplinares, trazendo como consequências atos indisciplinares que venham colocar em risco a sala de aula como um todo. Para evitar tais atos é preciso que os professores façam do ambiente na sala de aula um local de liberdade e Tolerância onde os estudantes possam mostrar seus valores e interajam entre si, adquirindo o que chamamos de autodisciplina, que é a possibilidade de controlar seus impulsos e vontades individuais em prol do coletivo, agindo dessa forma será possível a formação de jovens conscientes de seu papel social e comedido quanto a suas atitudes.

                Sobre esse fato MOREIRA ET all MEDEIROS, 2007, p.51, apud BRITO 2013, p. 31 cita que:

Uma criança que faz birra para que seus pais a atendam, podemos identificar o reforço e seus efeitos claramente. Cada vez que a criança faz birra(comportamento/resposta) e seus pais a atendem (consequência), aumentam as chances (a probabilidade) de que na próxima vez que a criança queira algo, ela se comporte da mesma forma.

                      Como diz Aquino 1997, a indisciplina realmente não existe somente atrás do meio sociocultural, ou econômico, ela nasce também através da falta de afetividade, do resgate de valores e principalmente da falta de dialogo, em um ambiente onde não há compreensão, dialogo amor e socialização familiar; com certeza tem-se um sentimento de revolta, e desgosto e uma criança que nasce em um lar desequilibrado; onde não existe a afetividade familiar, logicamente, sentirá rejeitado pela vida, o desanimado, e a tendência será descontar, em tudo e todos a sua revolta.

                    As crianças indisciplinares não admitem receber ordens e não aceitam regras, nem tão pouco, limites impostos pelo professor ou pela escola, e isso se dá muitas vezes por que essas crianças não sabem sequer o que é disciplina e precisam ser apresentadas a ela.

                   Disciplina representa a maneira de agir do individuo, em sentido de cooperação, bem como de respeito e acatamento às normas de convívio de uma comunidade.

Em sentido didático, representa a maneira de agir do educando, no sentido de cooperação no desenvolvimento das atividades escolares e respeito pelos colegas. (NERECI Citada em Giancanterino, 1989, p.25).

                   Pode-se concluir que a indisciplina é apresentada em alguns aspectos, ou seja, esta se torna evidenciada na relação social do aluno com os demais colegas, no que se diz cooperação entre estes. Ainda esta torna, visível mediante ao acatamento às normas em relação ao convívio com a comunidade que se encontra inserida. Convém esclarecer que a disciplina também apresenta no sentido de cooperação no desenvolvimento das atividades escolares e no respeito com os colegas.

Para Vasconcelos (2009, p.240).

(...) é muito comum ouvirmos dos professores a queixa de que os pais não estabelecem limites, não educam seus filhos com princípios básicos como saber se comportar respeitar os outros, saber esperar sua vez, etc.

                 Nesta perspectiva fica explícito que os pais, enquanto primeiros educadores não estão cumprindo o seu papel, como deveria ocorrer, sendo assim, não impõe limites nos filhos, não os ensina os princípios éticos e morais. De acordo com o autor a família não estar cumprindo a função civilizatória básica, ou seja, não esta criando um ser humano racional civilizado. Isto implica que se continuar assim, os valores morais estão ameaçados de extinção.

 

1.2 Causas e consequências da indisciplina escolar

 

 

                   Muito tem se discutido sobre a indisciplina procurando encontrar os culpados e a solução para esse problema que tem afligido o ambiente escolar e tirado sono de professores, gestores e até de alguns alunos que não aceitam esse ato. Por se falar em culpa se fala muito a família como a origem desse problema, uma vez que na maioria dos casos esse dano tem início na infância ates mesmo de se iniciar a vida escolar e se prolonga por muitos anos trazendo sérias consequências ao adolescente.

                   Estudos revelam que em lugares mais pobres com famílias mais desestruturadas o problema a indisciplina é mais é mais perceptível, e vem junto com a fome e o desequilíbrio emocional e psicológico, estando enraizado em famílias extremamente pobres e traz como consequências distúrbios psicológicos que podem perdurar pelo resto da vida.

Tiba ( 1996, p.110) cita que:

O único animal que construiu uma civilização foi o ser humano. A civilização é caminhar evolutivo da sociedade. A sociedade é composta de organização, famílias e indivíduos, assim como o corpo humano é formado por aparelhos, composto por órgãos que por sua vez, são formados por células.

                 Nessa citação, Tiba comparou a organização do ser humano com a do próprio corpo humano, onde se pode entender a importância da união entre estes e que nenhum passa sem o outro; comparando então família e sociedade denota-se que ambas devem andar juntos, ou seja, é do meio de uma família que se tem um cidadão, o qual atuara em sei meio social.

               Contudo, a situação social da família não é o único fator que provoca a indisciplina escolar, já que há famílias bem sucedidas, onde as crianças possuem lares estruturados e com subsídios para que sejam educadas de maneira correta, mas que mesmo assim sejam indisciplinadas na escola, o que na maioria desses casos é ocasionada pela falta de limites e regras, por excessos de mimos e pelo fato de não saber dividir espaço. Estes tipos de criança querem repetir tais atitudes na escola, ornando-se inconsequentes nos seus atos e achando que tudo gira em seu redor.

 E então Tiba (1996 , p. 168) nos dizia:

Há pais que, que por pagarem uma escola, acham que a mesma é responsável pela educação de seus filhos. Quando a escola reclama de maus comportamentos ou das indisciplinas do aluno, os pais jogam a responsabilidade sobre a própria escola.

                A cada dia que passa a indisciplina tem tornado-se um problema cada vez maior, tanto para a família como para a escola, e ambas não estão conseguindo lidar com a situação. O indivíduo chega a sala de aula, atrapalha as atividades, briga com os outros, agride-os, rasga os cadernos e não quer participar das aulas, fica conversando nos horários de aulas sem limitações, pula em cima das carteiras quebrando-as, sem falar que tem alunos agressivos que ameaça a professora de morte. E este aluno indisciplinado começa então a perturbar as aulas, não querendo deixar a educadora ministrá-los, e essa realidade alem de estar nos lares e na escola vai também para o meio social, e quando este individuo vai para a sociedade tem-se mesmo um chefe de família desequilibrado ou quem sabe ate um drogado, ou melhor um traficante.

                Pode-se perceber que a indisciplina é proveniente de vários fatores, ou meios. Na família a indisciplina é gerada por seqüelas psicológicas, emocionais e estruturais, na sociedade pode ganhar proporções ainda maiores, ou seja, serem excluídos ou entrarem no mundo da criminalidade, e na escola era as maiores e mais sérias consequências. Há também os casos de indisciplina ser gerada pelo próprio professor, que usa de autoritarismo e exalta ainda mais os ânimos em sala de aula, achando que desta forma conseguir manter a ordem da sala, mas lamentavelmente, só causa transtorno este abuso de poder e exercido nos domínios intelectual e ético.

 

2 O ALUNO-PROBLEMA E SUA RELAÇÃO COM A INDISCIPLINA ESCOLAR

 

                  Nunca se refletiu tanto sobre as dificuldades enfrentadas pelos professores em salas de aula de ensino básico, como forma de, tentando conhecer os diversos fatores que tem sido empecilho para uma boa ação docente tentar criar estratégias de amenizá-las em nossas escolas. Dentre esses fatores que assombram a profissão docente está a indisciplina escolar, considerada por muitos o grande desafio da escola atual, afastando a cada dia os jovens da busca pela profissão de educador e desestimulando professores com vasta experiência em sala de aula e que dizem nunca ter vivido algo parecido. Nesse contexto o sociólogo Phillipe Perrenoud afirmou que nunca foi tão difícil ser professor.

               Diante de um problema tão sério que é a indisciplina escolar vem em mente a figura do aluno-problema, como aquele que além de não aprender e não buscar de forma alguma superar suas dificuldades ainda interferem na aprendizagem dos demais. São muitas as causas dessa chamada indisciplina escolar que leva a atuação problemática dos alunos, dentre os quais estão os distúrbios de aprendizagem, os chamados déficits cognitivos, os distúrbios de comportamento e muitos outros que são sempre colocados à tona quando se fala de indisciplina escolar. Fato é que as consequências já são desse problema são visíveis e tem afetado toda a sociedade.

               Dentre as inúmeras espécies de alunos-problema que se considera existir, uma pesquisa realizada pela revista nova escola, de dezembro de 1998 coloca como as principais, a falta de respeito e de limite dos alunos e o desinteresse como as principais formas de indisciplina encontradas no interior das instituições educacionais e a situação tem se agravado a cada dia, a ponto de, costumeiramente se ver nos meios de comunicação casos de agressão cometidas por alunos a colegas e professores no próprio recinto escolar..

 

2.1 O aluno desrespeitador

          

                  É comum ouvir-se de professores de diferentes áreas que os alunos de hoje não são mais respeitadores como os de antigamente, o que pode ter sido ocasionado pela flexibilidade além do ponto que muitas escolas oferecem, ou pelas frequentes mudanças nas tendências educacionais e nas metodologias que tiraram o autoritarismo e a centralidade do professor e até mesmo pelas transformações tecnológicas que permitiram uma vivência de mundo bem maior às crianças e jovens se comparadas a tempos atrás, todos esses pontos juntos somados a imaturidade dos estudantes podem ter resultado nesse desrespeito tão propagado em sala de aula. Outro fator que certamente contribuiu para o crescente número de casos de desrespeito em sala de aula foi a expansão do ensino, com maior número de pessoas nas escolas, obrigatoriedade do ensino, a crescente qualidade que não veio acompanhada da quantidade, daí o enorme desafio do professor, fazer com que esses estudantes permaneçam em sala de aula, mas com postura diferente, que percebam a importância dos estudos para a sua vida.

                 É preciso também que se perceba que o que antes as pessoas chamavam de respeito era na verdade uma repressão ao direito de os alunos expressarem seus pensamentos, o que não implica dizer que não deva existir regras que devem ser seguidas por todos, inclusive pelos jovens, mas é necessário refletir as mudanças que ocorreram no cenário educacional da nossa época aos dias atuais.

 

2.2 O aluno sem limites

 

                Outro tipo de indisciplina comum nas escolas parte daqueles alunos ditos, sem limites, que não aprenderam em casa a obedecer às regras e acham que o mundo gira em torno de si. E esses não são casos raros em sala de aula e tem afetado seriamente a disciplina escolar.

                 Dentre as muitas hipóteses para a existência desses estudantes prevalece na visão de professores e muitos teóricos a ideia de que a falta de limites está diretamente ligada a falta de controle dos pais em relação a atuação para com os filhos, o que não vale apenas para crianças cuja família não possui estrutura financeira suficiente, uma vez que muitos pais de classe média e alta compensam a falta de tempo para educar os filhos com presentes, o que contribui para a falta de limites e a desobediência de regras.

Em geral, a maioria dos professores imagina que o trabalho de disciplinarização moral da criança (de introjeção das regras e, portanto, da constituição dos famigerados "limites"), a cargo mormente dos pais, é um pré-requisito para o trabalho de sala de aula. E esta idéia, embora correta em parte, também precisa ser repensada, pelo menos em parte. (AQUINO 1997, P.9)

                Contudo, não se pode generalizar quando se diz que a falta de limites dos alunos provém da convivência familiar, pois sabemos que nem sempre os alunos mal-educados e sem limites em casa tem o mesmo comportamento na escola, da mesma forma que em todos os alunos com esses problemas de indisciplina na escola agem da mesma forma em casa, o que deixa claro a existência de outros fatores que provocam a ocorrência do aluno sem limites.

                É comum professores solicitarem da escola que chamem os pais para que resolvam os problemas disciplinares de seus filhos, mas já imaginou se os pais também convocassem os professores para resolver os problemas de seus alunos a cada vez que cometessem um ato indisciplinar? Diante disso é preciso que se saiba distinguir o papel da família e da escola e perceber que nem sempre os problemas recorrem num e outro ambiente deve precisamente ocorrer no outro. Há também a necessidade de se distinguir o papel a família enquanto primeira instituição e responsável pela conduta da criança e pela transmissão dos primeiros valores e da escola, enquanto instituição responsável pela ordenação do pensamento do aluno e pela promoção do conhecimento.

                 No entanto, o que acontece muitas vezes, é que muitos professores, diante das dificuldades do dia-a-dia, acabam se colocando como tarefa principal a normatização moral dos hábitos da criança e do adolescente, exercendo tarefas que não são suas de natureza, para que, só a partir daí ele possa desencadear o trabalho do pensamento. Um bom exemplo disso é um outro tipo de máxima muito freqüente no meio pedagógico que reza, a nosso ver, equivocadamente: "para ser professor, é preciso antes ser um pouco pai, amigo, conselheiro etc."

                Esse tipo de pensamento no trabalho pedagógico, segundo AQUINO 1997, p. 11, não é correto por pelo menos três razões:

* Em primeiro lugar, trata-se de um desperdício da qualificação e do talento específico do professor, porque ele não se profissionalizou para ser uma espécie de pai "postiço". Para uma ocupação como a paternidade não se exige uma preparação profissional cada um é pai ou mãe de um jeito peculiar e assistemático. No caso do professor, exige-se uma preparação lenta e especializada, devendo ele atuar de maneira semelhante aos seus colegas de profissão e de modo diverso dos profissionais de outras áreas;

* Em segundo lugar, trata-se de um desvio de função, porque ele não foi contratado para exercer tarefas parentais, e dele não se espera isso. Por mais que o trabalho em sala de aula demande muitas vezes exigências adicionais ao âmbito estritamente pedagógico, não se podem delegar ao professor funções para as quais ele não esteja explicitamente habilitado. É preciso, então, que o trabalho docente se restrinja a um alvo específico: o conhecimento sistematizado, por meio da recriação de um campo lógico-conceitual particular. Não confundir seu papel com o de outros profissionais e outras ocupações: eis uma tarefa de fôlego para o professor de hoje em dia.

* Em terceiro, trata-se de uma quebra do "contrato" pedagógico, porque o seu trabalho deixa de ser realizado. Se o professor abandona seu posto, se ele não cumpre suas funções específicas, quem fará isso por ele? Se o professor não se responsabilizar imediatamente pelo conhecimento, quem o fará?

                 Sendo assim, necessário que a escola perceba que seus professores não podem e nem devem assumir responsabilidades familiares, mesmo sabendo que essa instituição, família, está desestruturada e não cumpre com suas obrigações, uma vez que as obrigações de um educador para com seu educando já são por si só árduas e desafiadoras, e se essas obrigações já forem cumpridas de forma correta já será um grande progresso. Quanto a essa ausência da família uma das saídas seria a parceria de outras instituições como ação social para tentar reaproximar esses setores e amenizar esse problema tão grave.

 

2.3 O aluno desinteressado

 

                Outro fator preponderante quando se fala em indisciplina é que "para os alunos, a sala de aula não é tão atrativa e prazerosa quanto o mundo que eles vivenciam fora da escola, principalmente os veículos de informação tecnológica como a televisão e ainda mais a internet com seu leque de opções. Por esses e outros motivos muitos falam que a escola e os professores estão muito atrasados em elação a seus estudantes, o que provoca a falta de interesse e a apatia dos jovens. A saída, então, seria ela se modernizar com o uso, por exemplo, de recursos didáticos mais atraentes e assuntos mais atuais, além disso, há a necessidade de a escola se apropriar dos mais diversos meios tecnológicos como forma de melhorar o ensino-aprendizagem e trazer novamente os alunos ao convívio escolar".

                 Busca-se muito hoje tornar o estudante um sujeito ativo e atuante diante da sociedade e os muitos veículos tecnológicos pode ser um grande aliado par que isso aconteça, uma vez que leva o indivíduo às mais diversas informações na só do lugar onde ele vive, mas do mundo como um todo, o que falta é formação para que s educadores saiba como conduzir esses meios de informações, tornando-os um veículo metodológico e pedagógico. Por outro lado, há de se ter cuidado com a forma como conduz esses veículos, já que na escola, portanto, não se "repassam" informações simplesmente: ensina-se o que elas querem dizer, para muito além do que elas dizem. O trabalho pedagógico-escolar é mais da ordem da desconstrução, da desmontagem das informações, e isso se faz com o raciocínio lógico-conceitual propiciado pelos diferentes campos de conhecimento, representados nas disciplinas escolares.

Por essas e outras, escola é lugar sempre do passado, no bom sentido do termo. E deve continuar sendo! Muitas vezes conotamos o passado como velho, antiquado, ultrapassado, em desuso. Não é esse, em absoluto, o caso do conhecimento escolar. Pode-se afirmar com segurança que, de certo modo, o conhecimento sistematizado é a grande dádiva que os nossos antepassados nos legaram, a única herança que as gerações anteriores podem deixar para as gerações default fonts, para os "forasteiros" recém-chegados ao velho mundo. (AQUINO 1997, p. 13)

                Esse é um dos motivos pelo qual temos a impressão de que os alunos não têm interesse algum nas aulas que estamos ministrando. Ou então, que os conteúdos escolares não estão sendo acessíveis, e em parte é isso que ocorre em alguns casos, o que lecionamos em sala está muito distante do que vive os jovens em suas vidas particulares.

                Além do distanciamento família e escola outros fatores contribuem para a falta de interesse dos estudantes, como os problemas familiares e a falta de estrutura da família, a falta de perspectiva de futuro e de oportunidades de emprego e progressão nos estudos em algumas cidades, a acomodação e a falta de sonhos que aflige muitos jovens atualmente, a carência de bons exemplos até mesmo na própria família e muitos outros que tem sido motivo de questionamentos por parte de muitos professores.

                Fato é que o desinteresse escolar constitui um tipo de indisciplina que tem preocupado muito os teóricos e educadores, uma vez que o aluno desinteressado geralmente além de não está preocupado com a sua aprendizagem ainda prejudica a dos demais, e o que tem se notado, principalmente nos últimos anos é que a incidência de alunos que não demonstram nenhum interesse pelos estudos tem crescido, o que se deve sobretudo, as facilidades que encontram no ensino público, as formas de avaliação que muitas vezes permitem a aprovação sem o estudo necessário, dentre outros motivos.

 

3 COMO O PROFESSOR PODE LIDAR COM A INDISCIPLINA ESCOLAR

 

 

                   Não são poucos os casos em que em sala os professores deixam em segundo plano a aprendizagem dos alunos e focam seu pensamento nos atos de indisciplina que perturbam o andamento da aula e em muitas situações evita inovar nas aulas como em casos de trabalhos em grupo ou atividades que exigam movimentos com receio de que percebam que seus alunos não estão se comportando bem.

                   LUNA 2004 (apud BRITO 2013, p. 39) entendem que o maior prejudicado quando acontece esse tipo de situação supracitada é o próprio aluno que deixa de aprender e de se desenvolver enquanto estudante e futuro profissional. O mesmo autor afirma ainda que a educação com isso tem perdido o seu foco no que diz respeito a sua finalidade maior que é a de educar.

                  Sérgio Miranda (1999, p. 32) esclarece que “o conteúdo é fundamental, mas se não for bem colocado não atinge o ouvinte, e em vão terá sido gasto o seu verbo”. Miranda (1999, p. 32-33) demonstra que existem três elementos para uma boa comunicação: o conteúdo (a palavra) representa 7% dessa influência; alguns professores, advogados, padres, pastores etc. que foram famosos no passado pelo conhecimento e pela erudição que possuíam hoje não conseguem atrair nem convencer plateia alguma, pois lhes faltam os principais componentes da influência: o tom de voz, que representa 38% dessa influência, e a fisiologia (linguagem do corpo), que aparece como principal fator, com 55%.

                    Ainda mediante tal situação ao invés de fugir dos problemas de indisciplina que os afetam professores deveriam planejar ainda melhor suas aulas e inovar nas metodologias como forma de conquistar os estudantes para os estudos e minimizar os efeitos da indisciplina. SIDMAN 2003, relata que o atual cenário educacional brasileiro desestimula o aluno e o afasta da escola. Sabendo disso é preciso que gestores e educadores revejam o jeito de fazer educação e que dá maneira que está o sistema de ensino contribui para os atos de mal comportamento vistos nas escolas.

                 Segundo Freire (2011, p. 24), “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. Ou seja, o educador não deve se colocar em sala de aula como o dono da verdade ou o detentor do saber, mas um facilitador para a descoberta da aprendizagem dos alunos. O mesmo autor em outra citação coloca que “Não há docência sem deiscência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina alguma coisa a alguém”. Freire (2011, p. 25).

                    Há, no entanto, algumas estratégias que os professores podem e devem utilizar para melhorar suas aulas e diminuir os problemas de comportamento, dentre os quais pode-se frisar a necessidade de manter sempre o aluno em atividade de maneira que esteja com sua mente ocupada nos estudos, acompanhar seu desenvolvimento escolar, avaliar e elogiar as atividades realizadas pelos alunos e também se auto avaliar, procurando está em constante evolução. Outro fator essencial para combater a indisciplina escolar é o reforço positivo que precisa ser trabalhado pelos professores, uma vez que pesquisas apontam que um dos motivos que levam a indisciplina é o fato do aluno não está compreendendo o conteúdo ou está sendo deixado de lado pelo professor e pela turma.

Promover consequências reforçadoras positivas para o comportamento do aluno[... ] implica em avaliar não apenas o produto de seu comportamento(quantos problemas de aritmética ele conseguiu acertar, por exemplo), mas o seu comportamento,[...] que passos ele deve ter dado para chegar a solução, ressaltando ao máximo aproximações ao desempenho adequado/correto e criando condições para que ele aprenda o que ainda não sabe. Para aumentar as chances de o aluno ser positivamente reforçado, é necessário garantir que as tarefas sejam compatíveis com o que ele já sabe e aumentar a dificuldade delas gradativamente. (PEREIRA; MARINOTTI; LUNA, 2004, p.13)

                   Outro fator contribuinte para que a indisciplina ocorra são os atos aversivos que são comuns nas escolas e que levam alunos que por natureza já tem aversividade ao estudo a se tornarem ainda mais desestimulados e por consequência indisciplinados. Para diminuir esses casos é preciso que a comunidade escolar como um todo evite ao máximo entrar em conflito com os alunos e mostrar que quem manda é diretor ou professor, essas atitudes não só não contribuem para manter a paz na instituição como deixa o clima mais tenso e propício a atos de indisciplina. Ações como o diálogo e a conquista com certeza surtem mais efeito e transformam o ambiente escolar em um lugar mais agradável e prazeroso para se conviver.

                    A punição e o castigo que para muitos são aliados da escola se mostram na verdade como principais causas de atos de indisciplina e por vezes até de violências. Sidman (2003, apu BRITO 2013, p. 40) ressalta que:

 A punição é usada, para que aja mudança na maneira das pessoas agirem, para colocar fim à conduta indesejável, como retirar um brinquedo de uma criança quando esta se comporta mal. Além da retirada de um reforçador positivo, a punição também pode acontecer ao inserir um reforço negativo, como repreender ou ridicularizar uma criança que se comporte mal, a repreendendo.

                    Segundo Skinner (2003), a punição não significa mudança no comportamento posterior, porém, na maioria das vezes, é apenas algo imediato, trata-se então de algo temporário. Outro aspecto da punição é que ela depende mais do comportamento de outra pessoa, de tempo em tempo, para reestabelecer o efeito aversivo. O comportamento tende a repetir assim que as contingencias punitivas forem retiradas.

                    Picado (2009) lembra que punir já é algo delicado, pois geralmente a criança punida acredita que a punição acontece a ela e não ao seu comportamento, o que pode trazer consequência na sua autoestima. Este tipo de atitude pode gerar no aluno comportamento de fuga. E Sidmam (2003, p. 106) afirma: “reforço negativo gera fuga [...] reforçamento negativo torna uma ação mais provável, punição usualmente torna uma ação menos provável. ”

                    Acima de tudo, educadores e gestores têm de ter em mente que somente conscientizando seus discentes da importância dos estudos e fazendo-os se preocuparem com sua própria aprendizagem poderão resolver pelo menos em parte esse dilema que cerca o seu dia a dia e que aflige sua profissão docente.

 

RESUMO

 

 Conceituar a indisciplina escolar é hoje uma tarefa árdua e que exige cuidado e atenção, pois se trata de uma questão cada vez mais presente no dia a dia do educador e que há vários fatores envolvidos. O presente projeto busca analisar o contexto da indisciplina na escola pública, procurando entender o por que desse problema está cada vez mais se agravando e o que a escola pode fazer para diminuir a incidência desse mal que tem assombrado toda a comunidade escolar. Para a melhor compreensão do assunto uma pesquisa teórica será realizada, tendo como base os escritos de autores como Vasconcelos, Tiba, Perrenoud, dentre outros assim como a leitura de textos como os de Aquino e Brito, para, conhecendo o assunto ter mais propriedade para realizar a pesquisa de campo, comparando as opiniões dos alunos e professores entrevistados e as teorias estudadas. Através dos estudos realizados será possível refletir o que é possível fazer para diminuir a incidência de casos de indisciplina em sala de aula e promover a integração entre todos os personagens pertencentes a entidade educacional em questão. É preciso também perceber a relação existente entre a maneira como a família educa os filhos e os casos de indisciplina, uma vez que grande parte dos alunos com problemas de desinteresse e sem limites em sala de aula é por que agem dessa forma em suas casas perante seus pais, e, por último, refletir sobre o fato de que a indisciplina interfere de forma negativa na aprendizagem dos alunos.

 

Palavras-chave: Indisciplina; Limites; Aprendizagem.

                                                              

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

ABSTRACT


Conceptualize school indiscipline is now a chore and requires care and attention, because it is an increasingly present issue on the day of the educator and that there are several factors involved. This project seeks to analyze the context of indiscipline in public school, trying to understand why this problem is increasingly getting worse and what the school can do to decrease the incidence of this evil that has haunted the whole school community. For a better understanding of the subject a theoretical research will be conducted, based on the writings of authors such as Vasconcelos, Tiba, Perrenoud, among others as well as reading texts such as Aquinas and Brito, for knowing the subject property to have more conduct field research, comparing the opinions of students and teachers interviewed and studied theories. Through the studies will be possible to reflect what can be done to decrease the incidence of indiscipline in the classroom and promote integration between all the characters belonging to the educational entity. One must also understand the relationship between the way family educates children and cases of indiscipline, since many of the students with problems of disinterest and without limits in the classroom is by that act that way at home before their parents, and, finally, reflect on the fact that indiscipline interfere negatively on student learning.

Keywords: Indiscipline; limits; Learning.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

SUMÁRIO

 

 

INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 10

CAPITULO 01 INDISCIPLINA ESCOLAR: QUESTÕES NORTEADORAS .......... 12

   1.1 Origem Da indisciplina escolar ................................................................... 12

   1.2 Causas e consequências da indisciplina escolar  .................................... 16

 

CAPITULO 02 O ALUNO-PROBLEMA E SUA RELAÇÃO COM A INDISCIPLINA ESCOLAR................................................................................................................ 18

   2.1 O aluno desrespeitador ................................................................................ 19

   2.2 O aluno sem limites ...................................................................................... 20

   2.3 O aluno desinteressado ............................................................................... 22

CAPITULO 03 COMO O PROFESSOR PODE LIDAR COM A INDISCIPLINA ESCOLAR..................................................................................................................24

CAPITULO 04 MARCO METODOLÓGICO ................................................... 27
   4.1 Contexto de pesquisa ................................................................................... 28

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 33

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 40

APÊNDICE ............................................................................................................... 42

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

 INTRODUÇÃO

 

 

             

                  A indisciplina escolar é hoje um fator que se destaca entre as preocupações que perdura o cenário educacional, fazendo parte da convivência de alunos e professores e sendo apontada como um dos principais obstáculos para que o processo de ensino-aprendizagem venha a ocorrer com a qualidade que se pretende.

               É certo que as consequências deixadas pela indisciplina tanto para quem participa dela diretamente como indiretamente são graves e exigem medidas de combate efetivas e urgentes, uma vez que, caso não seja diagnosticada a causa e sanados os seus efeitos no próprio ambiente escolar pode ganhar proporções muito maiores e atingir a sociedade como um todo, visto que, muitos dos problemas sociais existentes na atualidade tiveram início com problemas de indisciplina seja na família ou na escola.

                Partindo de tal problemática, a pesquisa em questão busca analisar a indisciplina escolar partindo de vários pontos de vista, desde professores e membros do núcleo gestor, alunos, pais e sociedades, procurando reconhecer os fatores que provocam esse fenômeno e propor estratégias para intervir nas raízes da indisciplina. Partindo do ponto de vista dos professores, diretores e coordenadores escolares pretende-se verificar como esses, que convivem diretamente com a realidade desse dilema no contexto de uma sala de aula e no ambiente escolar como um todo percebe a indisciplina do aluno e que estratégia utiliza para enfrentá-la. Ainda nesse ponto, pretende-se nesse projeto monográfico analisar se os educadores compreendem os vários tipos de indisciplina que existem, desde os que causam desordem na sala, aos que se camuflam na sala de aula e deixam passar-se por despercebidos, além disso, busca-se saber até que ponto os professores se colocam como responsáveis ou vítimas da indisciplina e como vêem os alunos que cometem esses atos. No caso dos alunos, tentará fazer uma comparação entre seus pensamentos e de seus educadores, procurando compreender até que ponto eles percebem a dimensão dos atos indisciplinares ocasionados por eles ou pelos colegas e como eles acreditam que esses atos podem trazer efeitos negativos na aprendizagem.

                   Na primeira parte do projeto buscar-se a fazer uma pesquisa bibliográfica a cerca do tema em destaque, analisando até que ponto a indisciplina escolar tem interferido no andamento da educação mundial. Nos dois primeiros capítulos será feito uma revisão literária com base nos estudos de alguns teóricos que abordam a indisciplina, procurando conhecer as principais causas que dão origem a essa problemática e suas consequências para alunos, professores e sociedade em geral. Ainda nessa parte do projeto será feito um detalhamento dos principais tipos de atos indisciplinares dos alunos e como a escola pode se comportar em cada situação.

               Na segunda parte será realizada ma pesquisa de campo de cunho qualitativo na escola de Escola de Ensino Fundamental Maria Sóther Pereira, localizada na sede da cidade de Cariús-Ce, onde serão analisados dentre outros pontos:

  • Como o núcleo gestor e corpo docente da referida escola lidam com os diversos casos de indisciplina existentes;
  • Até que ponto os atos de indisciplina dos alunos interferem em sua aprendizagem e dos demais estudantes;
  • O que o núcleo gestor e o grupo de professores tem feito para minimizar os problemas causados pela indisciplina escolar;
  • Até onde a atuação dos pais dos alunos da referida comunidade influencia nos problemas de indisciplina dos alunos;

              Encontradas as respostas das perguntas supracitadas será feito uma análise detalhada de cada situação fazendo o elo entre os resultados obtidos e os referenciais teóricos revisados, buscando chegar a um consenso a cerca do assunto e propor soluções que possam amenizar esses atos.

              Por fim, serão escritas as considerações finais do projeto, onde serão colocados os principais resultados alcançados no decorrer da pesquisa, as aprendizagens adquiridas e os principais pontos abordados. Nessa parte da pesquisa o autor colocará sua reflexão a cerca do impacto que essa pesquisa trouxe para sua vida pessoal e profissional.

                 Conhecendo o grande desafio que é trabalhar a indisciplina escolar e os malefícios que esse problema pode causar para a aprendizagem dos alunos e para sua convivência social a pesquisa monográfica em questão tem como objetivo geral analisar a indisciplina escolar a partir da perspectiva pedagógica e social, ou seja, perceber as conseqüências que a indisciplina pode trazer tanto para a formação acadêmica e estudantil do indivíduo como para sua formação enquanto cidadão pertencente a uma sociedade.

                 Para que o objetivo geral seja atingido alguns objetivos específicos serão traçados no decorrer do projeto, onde, dentro de cada um, a meta estabelecida no início da pesquisa vai aos poucos sendo alcançada, dentre esses, destaca-se:

  • Verificar os tipos de indisciplina mais presentes na escola;
  • Reconhecer como os problemas de indisciplina interferem na aprendizagem dos estudantes;
  • Reconhecer a visão de professores e alunos sobre a indisciplina escolar;
  • Perceber como a escola pode agir diante dos problemas causados pela indisciplina escolar;

  

1  INDISCIPLINA ESCOLAR: QUESTÕES NORTEADORAS

 

1.1 Origem da indisciplina escolar

 

                   Como se já não fosse grande o bastante o desafio que a escola tem de fazer no seu dia a dia, que é conseguir com que tantas crianças e adolescentes venham a aprender diante de suas particularidades, outro grande dilema tem rodeado as instituições educacionais, sobretudo as públicas que é a indisciplina escolar, fenômeno que se tornou pauta principal de reuniões de professores, núcleo gestor e pais.

                   Ao mesmo tempo em que a escola sofre com os atos indisciplinares dos diversos tipos, principalmente vindo de alunos, ela sente a responsabilidade, enquanto veículo de transformação social, de procurar formas de resolver esses problemas, principalmente tentado firmar parcerias com os pais e outras entidades, como conselhos tutelares, secretarias de ação social, dentre outras.  Diante de tal situação a primeira providência a ser tomada por parte da escola é buscar conhecer a origem dos atos indisciplinares que tem afligido a comunidade escolar, já que não são poucos os fatores que provocam a indisciplina.

                   Segundo o Novo Dicionário Aurélio (1999), disciplina é o regime de ordem imposta ou livremente consentida; ordem que convém ao funcionamento regular duma organização (militar, escolar etc.); relações de subordinação do aluno ao mestre ou ao instrutor; observância de preceitos ou normas; submissão a um regulamento; ensino, instrução, educação.

                  Contudo, há de se fazer uma reflexão quando se fala em indisciplina escolar e, sobretudo buscar o significado ou conceitos mais próximos que defina essa questão tão complexa e presente em nossa realidade.

Em geral o conceito de indisciplina é definido em relação ao conceito de disciplina, que na linguagem corrente significa regra de conduta comum a uma coletividade para manter boa ordem e, por extensão, a obediência à regra. Evoca-se também a sanção e o castigo que se impõem quando não se obedece a regra. Assim, o conceito de disciplina esta relacionado com a existência de regra.(PARRAT-DAYAN, 2008, p.18 apud BRITO 2013, p. 27)

                   O que o autor relata na citação acima é que costumasse colocar a indisciplina como algo que está sempre relacionado à disciplina ou ao cumprimento de ordens imposta pela sociedade ou por um pequeno grupo, quando na verdade o próprio indivíduo que está agindo como indisciplinado não sabe ou não aceita aquele modelo de disciplina que lhe é imposto e por isso busca formas de mostrar seu descontentamento através de ações que para a sociedade não está correto.

                 Carvalho 1996 (p. 129 apud Sganzella p. 4) dá as seguintes definições para indisciplina:

1. instrução e direção dada por um mestre a seu discípulo[...] 2. submissão do discípulo à instrução e direção do mestre. [...] 3. imposição de autoridade, de método, de regras ou preceitos[...] 4. respeito à autoridade; observância de método, regras ou preceitos.

[...] 5. qualquer ramo de conhecimentos científicos, artísticos,  lingüísticos, históricos, etc.: as disciplinas que se ensinam nos colégios. [...] 6. o conjunto das prescrições ou regras destinadas a manter a boa ordem resultante da observância dessas prescrições e regras: a disciplina militar; a disciplina eclesiástica. [...]

 

 [Fsl1]                   Ainda na mesma concepção sobre indisciplina Parrat-Dayan (2008, p.8) coloca também que: “ser disciplinado não é obedecer cegamente, é colocar a si próprio regras de conduta em função de valores e objetivos que se quer alcançar. Já Weber (2009, p. 20) ao definir indisciplina destaca: “disciplinar do original em latim significa ensinar, formar.

                    Sobre as causas da indisciplina escolar há de se tomar cuidado como irá se lidar com cada uma, para não causar conflitos maiores, uma vez que muitos dos problemas de indisciplina vêm da própria convivência familiar, através da relação entre o estudante e sua família, seja através de violência física ou até mesmo da maneira como é tratado pelos pais, o que irá gerar grande influência em sua vida estudantil. Nesse cenário pode-se situar aquelas crianças sem limites e que acham que podem ganhar tudo no grito, pois é assim que se resolvem as coisas em sua casa, já que os pais, como forma de contornar diversas situações como a falta de tempo para os filhos e outros problemas como brigas conjugais se tornam flexíveis além da conta com os seus filhos.

(...) as crianças de hoje em dia não tem limites, não reconhecem a autoridade, não respeitam as regras, a responsabilidade por isso é dos pais, que teriam se tornado muitos permissivos. (AQUINO, 1997, p.7).

                   É preciso que se abra o olhar para a dura realidade em que vivem muitos de nossos alunos, convivendo com pais divorciados, em um lar onde reinam as brigas e muitas vezes a própria violência física, crianças que desde cedo são apresentadas ao mundo das drogas e da prostituição e que nesse mundo aprendem a descontar a raiva que sente do próprio roteiro que a vida lhes deu através de atos de indisciplina, e a escola, enquanto instituição formadora e acolhedora precisa acolher esses indivíduos e tentar resgatá-los dessa situação, ao invés de puni-los e excluí-los ainda mais.

                  Segundo Antunes (2011, p. 19), “A indisciplina quase sempre emana de três focos: a escola e sua estrutura, o professor e sua conduta e o aluno e sua bagunça”. Ou seja, não há um culpado único para a indisciplina, mas há vários fatores que provocam esse malefício à educação.

                    Outro fator que contribui para a indisciplina escolar é a maneira como muitos educadores tentam controlar as ações em suas aulas, não permitindo que os alunos tenham atitudes que se vinculem a autonomia, dando pouca liberdade para que os estudantes interajam com os demais, o que faz com que para muitos jovens aquele momento de aula seja visto como uma prisão, como algo ruim, de maneira que os atos indisciplinares, trazendo como consequências atos indisciplinares que venham colocar em risco a sala de aula como um todo. Para evitar tais atos é preciso que os professores façam do ambiente na sala de aula um local de liberdade e Tolerância onde os estudantes possam mostrar seus valores e interajam entre si, adquirindo o que chamamos de autodisciplina, que é a possibilidade de controlar seus impulsos e vontades individuais em prol do coletivo, agindo dessa forma será possível a formação de jovens conscientes de seu papel social e comedido quanto a suas atitudes.

                Sobre esse fato MOREIRA ET all MEDEIROS, 2007, p.51, apud BRITO 2013, p. 31 cita que:

Uma criança que faz birra para que seus pais a atendam, podemos identificar o reforço e seus efeitos claramente. Cada vez que a criança faz birra(comportamento/resposta) e seus pais a atendem (consequência), aumentam as chances (a probabilidade) de que na próxima vez que a criança queira algo, ela se comporte da mesma forma.

                      Como diz Aquino 1997, a indisciplina realmente não existe somente atrás do meio sociocultural, ou econômico, ela nasce também através da falta de afetividade, do resgate de valores e principalmente da falta de dialogo, em um ambiente onde não há compreensão, dialogo amor e socialização familiar; com certeza tem-se um sentimento de revolta, e desgosto e uma criança que nasce em um lar desequilibrado; onde não existe a afetividade familiar, logicamente, sentirá rejeitado pela vida, o desanimado, e a tendência será descontar, em tudo e todos a sua revolta.

                    As crianças indisciplinares não admitem receber ordens e não aceitam regras, nem tão pouco, limites impostos pelo professor ou pela escola, e isso se dá muitas vezes por que essas crianças não sabem sequer o que é disciplina e precisam ser apresentadas a ela.

                   Disciplina representa a maneira de agir do individuo, em sentido de cooperação, bem como de respeito e acatamento às normas de convívio de uma comunidade.

Em sentido didático, representa a maneira de agir do educando, no sentido de cooperação no desenvolvimento das atividades escolares e respeito pelos colegas. (NERECI Citada em Giancanterino, 1989, p.25).

                   Pode-se concluir que a indisciplina é apresentada em alguns aspectos, ou seja, esta se torna evidenciada na relação social do aluno com os demais colegas, no que se diz cooperação entre estes. Ainda esta torna, visível mediante ao acatamento às normas em relação ao convívio com a comunidade que se encontra inserida. Convém esclarecer que a disciplina também apresenta no sentido de cooperação no desenvolvimento das atividades escolares e no respeito com os colegas.

Para Vasconcelos (2009, p.240).

(...) é muito comum ouvirmos dos professores a queixa de que os pais não estabelecem limites, não educam seus filhos com princípios básicos como saber se comportar respeitar os outros, saber esperar sua vez, etc.

                 Nesta perspectiva fica explícito que os pais, enquanto primeiros educadores não estão cumprindo o seu papel, como deveria ocorrer, sendo assim, não impõe limites nos filhos, não os ensina os princípios éticos e morais. De acordo com o autor a família não estar cumprindo a função civilizatória básica, ou seja, não esta criando um ser humano racional civilizado. Isto implica que se continuar assim, os valores morais estão ameaçados de extinção.

 

1.2 Causas e consequências da indisciplina escolar

 

 

                   Muito tem se discutido sobre a indisciplina procurando encontrar os culpados e a solução para esse problema que tem afligido o ambiente escolar e tirado sono de professores, gestores e até de alguns alunos que não aceitam esse ato. Por se falar em culpa se fala muito a família como a origem desse problema, uma vez que na maioria dos casos esse dano tem início na infância ates mesmo de se iniciar a vida escolar e se prolonga por muitos anos trazendo sérias consequências ao adolescente.

                   Estudos revelam que em lugares mais pobres com famílias mais desestruturadas o problema a indisciplina é mais é mais perceptível, e vem junto com a fome e o desequilíbrio emocional e psicológico, estando enraizado em famílias extremamente pobres e traz como consequências distúrbios psicológicos que podem perdurar pelo resto da vida.

Tiba ( 1996, p.110) cita que:

O único animal que construiu uma civilização foi o ser humano. A civilização é caminhar evolutivo da sociedade. A sociedade é composta de organização, famílias e indivíduos, assim como o corpo humano é formado por aparelhos, composto por órgãos que por sua vez, são formados por células.

                 Nessa citação, Tiba comparou a organização do ser humano com a do próprio corpo humano, onde se pode entender a importância da união entre estes e que nenhum passa sem o outro; comparando então família e sociedade denota-se que ambas devem andar juntos, ou seja, é do meio de uma família que se tem um cidadão, o qual atuara em sei meio social.

               Contudo, a situação social da família não é o único fator que provoca a indisciplina escolar, já que há famílias bem sucedidas, onde as crianças possuem lares estruturados e com subsídios para que sejam educadas de maneira correta, mas que mesmo assim sejam indisciplinadas na escola, o que na maioria desses casos é ocasionada pela falta de limites e regras, por excessos de mimos e pelo fato de não saber dividir espaço. Estes tipos de criança querem repetir tais atitudes na escola, ornando-se inconsequentes nos seus atos e achando que tudo gira em seu redor.

 E então Tiba (1996 , p. 168) nos dizia:

Há pais que, que por pagarem uma escola, acham que a mesma é responsável pela educação de seus filhos. Quando a escola reclama de maus comportamentos ou das indisciplinas do aluno, os pais jogam a responsabilidade sobre a própria escola.

                A cada dia que passa a indisciplina tem tornado-se um problema cada vez maior, tanto para a família como para a escola, e ambas não estão conseguindo lidar com a situação. O indivíduo chega a sala de aula, atrapalha as atividades, briga com os outros, agride-os, rasga os cadernos e não quer participar das aulas, fica conversando nos horários de aulas sem limitações, pula em cima das carteiras quebrando-as, sem falar que tem alunos agressivos que ameaça a professora de morte. E este aluno indisciplinado começa então a perturbar as aulas, não querendo deixar a educadora ministrá-los, e essa realidade alem de estar nos lares e na escola vai também para o meio social, e quando este individuo vai para a sociedade tem-se mesmo um chefe de família desequilibrado ou quem sabe ate um drogado, ou melhor um traficante.

                Pode-se perceber que a indisciplina é proveniente de vários fatores, ou meios. Na família a indisciplina é gerada por seqüelas psicológicas, emocionais e estruturais, na sociedade pode ganhar proporções ainda maiores, ou seja, serem excluídos ou entrarem no mundo da criminalidade, e na escola era as maiores e mais sérias consequências. Há também os casos de indisciplina ser gerada pelo próprio professor, que usa de autoritarismo e exalta ainda mais os ânimos em sala de aula, achando que desta forma conseguir manter a ordem da sala, mas lamentavelmente, só causa transtorno este abuso de poder e exercido nos domínios intelectual e ético.

 

2 O ALUNO-PROBLEMA E SUA RELAÇÃO COM A INDISCIPLINA ESCOLAR

 

                  Nunca se refletiu tanto sobre as dificuldades enfrentadas pelos professores em salas de aula de ensino básico, como forma de, tentando conhecer os diversos fatores que tem sido empecilho para uma boa ação docente tentar criar estratégias de amenizá-las em nossas escolas. Dentre esses fatores que assombram a profissão docente está a indisciplina escolar, considerada por muitos o grande desafio da escola atual, afastando a cada dia os jovens da busca pela profissão de educador e desestimulando professores com vasta experiência em sala de aula e que dizem nunca ter vivido algo parecido. Nesse contexto o sociólogo Phillipe Perrenoud afirmou que nunca foi tão difícil ser professor.

               Diante de um problema tão sério que é a indisciplina escolar vem em mente a figura do aluno-problema, como aquele que além de não aprender e não buscar de forma alguma superar suas dificuldades ainda interferem na aprendizagem dos demais. São muitas as causas dessa chamada indisciplina escolar que leva a atuação problemática dos alunos, dentre os quais estão os distúrbios de aprendizagem, os chamados déficits cognitivos, os distúrbios de comportamento e muitos outros que são sempre colocados à tona quando se fala de indisciplina escolar. Fato é que as consequências já são desse problema são visíveis e tem afetado toda a sociedade.

               Dentre as inúmeras espécies de alunos-problema que se considera existir, uma pesquisa realizada pela revista nova escola, de dezembro de 1998 coloca como as principais, a falta de respeito e de limite dos alunos e o desinteresse como as principais formas de indisciplina encontradas no interior das instituições educacionais e a situação tem se agravado a cada dia, a ponto de, costumeiramente se ver nos meios de comunicação casos de agressão cometidas por alunos a colegas e professores no próprio recinto escolar..

 

2.1 O aluno desrespeitador

          

                  É comum ouvir-se de professores de diferentes áreas que os alunos de hoje não são mais respeitadores como os de antigamente, o que pode ter sido ocasionado pela flexibilidade além do ponto que muitas escolas oferecem, ou pelas frequentes mudanças nas tendências educacionais e nas metodologias que tiraram o autoritarismo e a centralidade do professor e até mesmo pelas transformações tecnológicas que permitiram uma vivência de mundo bem maior às crianças e jovens se comparadas a tempos atrás, todos esses pontos juntos somados a imaturidade dos estudantes podem ter resultado nesse desrespeito tão propagado em sala de aula. Outro fator que certamente contribuiu para o crescente número de casos de desrespeito em sala de aula foi a expansão do ensino, com maior número de pessoas nas escolas, obrigatoriedade do ensino, a crescente qualidade que não veio acompanhada da quantidade, daí o enorme desafio do professor, fazer com que esses estudantes permaneçam em sala de aula, mas com postura diferente, que percebam a importância dos estudos para a sua vida.

                 É preciso também que se perceba que o que antes as pessoas chamavam de respeito era na verdade uma repressão ao direito de os alunos expressarem seus pensamentos, o que não implica dizer que não deva existir regras que devem ser seguidas por todos, inclusive pelos jovens, mas é necessário refletir as mudanças que ocorreram no cenário educacional da nossa época aos dias atuais.

 

2.2 O aluno sem limites

 

                Outro tipo de indisciplina comum nas escolas parte daqueles alunos ditos, sem limites, que não aprenderam em casa a obedecer às regras e acham que o mundo gira em torno de si. E esses não são casos raros em sala de aula e tem afetado seriamente a disciplina escolar.

                 Dentre as muitas hipóteses para a existência desses estudantes prevalece na visão de professores e muitos teóricos a ideia de que a falta de limites está diretamente ligada a falta de controle dos pais em relação a atuação para com os filhos, o que não vale apenas para crianças cuja família não possui estrutura financeira suficiente, uma vez que muitos pais de classe média e alta compensam a falta de tempo para educar os filhos com presentes, o que contribui para a falta de limites e a desobediência de regras.

Em geral, a maioria dos professores imagina que o trabalho de disciplinarização moral da criança (de introjeção das regras e, portanto, da constituição dos famigerados "limites"), a cargo mormente dos pais, é um pré-requisito para o trabalho de sala de aula. E esta idéia, embora correta em parte, também precisa ser repensada, pelo menos em parte. (AQUINO 1997, P.9)

                Contudo, não se pode generalizar quando se diz que a falta de limites dos alunos provém da convivência familiar, pois sabemos que nem sempre os alunos mal-educados e sem limites em casa tem o mesmo comportamento na escola, da mesma forma que em todos os alunos com esses problemas de indisciplina na escola agem da mesma forma em casa, o que deixa claro a existência de outros fatores que provocam a ocorrência do aluno sem limites.

                É comum professores solicitarem da escola que chamem os pais para que resolvam os problemas disciplinares de seus filhos, mas já imaginou se os pais também convocassem os professores para resolver os problemas de seus alunos a cada vez que cometessem um ato indisciplinar? Diante disso é preciso que se saiba distinguir o papel da família e da escola e perceber que nem sempre os problemas recorrem num e outro ambiente deve precisamente ocorrer no outro. Há também a necessidade de se distinguir o papel a família enquanto primeira instituição e responsável pela conduta da criança e pela transmissão dos primeiros valores e da escola, enquanto instituição responsável pela ordenação do pensamento do aluno e pela promoção do conhecimento.

                 No entanto, o que acontece muitas vezes, é que muitos professores, diante das dificuldades do dia-a-dia, acabam se colocando como tarefa principal a normatização moral dos hábitos da criança e do adolescente, exercendo tarefas que não são suas de natureza, para que, só a partir daí ele possa desencadear o trabalho do pensamento. Um bom exemplo disso é um outro tipo de máxima muito freqüente no meio pedagógico que reza, a nosso ver, equivocadamente: "para ser professor, é preciso antes ser um pouco pai, amigo, conselheiro etc."

                Esse tipo de pensamento no trabalho pedagógico, segundo AQUINO 1997, p. 11, não é correto por pelo menos três razões:

* Em primeiro lugar, trata-se de um desperdício da qualificação e do talento específico do professor, porque ele não se profissionalizou para ser uma espécie de pai "postiço". Para uma ocupação como a paternidade não se exige uma preparação profissional cada um é pai ou mãe de um jeito peculiar e assistemático. No caso do professor, exige-se uma preparação lenta e especializada, devendo ele atuar de maneira semelhante aos seus colegas de profissão e de modo diverso dos profissionais de outras áreas;

* Em segundo lugar, trata-se de um desvio de função, porque ele não foi contratado para exercer tarefas parentais, e dele não se espera isso. Por mais que o trabalho em sala de aula demande muitas vezes exigências adicionais ao âmbito estritamente pedagógico, não se podem delegar ao professor funções para as quais ele não esteja explicitamente habilitado. É preciso, então, que o trabalho docente se restrinja a um alvo específico: o conhecimento sistematizado, por meio da recriação de um campo lógico-conceitual particular. Não confundir seu papel com o de outros profissionais e outras ocupações: eis uma tarefa de fôlego para o professor de hoje em dia.

* Em terceiro, trata-se de uma quebra do "contrato" pedagógico, porque o seu trabalho deixa de ser realizado. Se o professor abandona seu posto, se ele não cumpre suas funções específicas, quem fará isso por ele? Se o professor não se responsabilizar imediatamente pelo conhecimento, quem o fará?

                 Sendo assim, necessário que a escola perceba que seus professores não podem e nem devem assumir responsabilidades familiares, mesmo sabendo que essa instituição, família, está desestruturada e não cumpre com suas obrigações, uma vez que as obrigações de um educador para com seu educando já são por si só árduas e desafiadoras, e se essas obrigações já forem cumpridas de forma correta já será um grande progresso. Quanto a essa ausência da família uma das saídas seria a parceria de outras instituições como ação social para tentar reaproximar esses setores e amenizar esse problema tão grave.

 

2.3 O aluno desinteressado

 

                Outro fator preponderante quando se fala em indisciplina é que "para os alunos, a sala de aula não é tão atrativa e prazerosa quanto o mundo que eles vivenciam fora da escola, principalmente os veículos de informação tecnológica como a televisão e ainda mais a internet com seu leque de opções. Por esses e outros motivos muitos falam que a escola e os professores estão muito atrasados em elação a seus estudantes, o que provoca a falta de interesse e a apatia dos jovens. A saída, então, seria ela se modernizar com o uso, por exemplo, de recursos didáticos mais atraentes e assuntos mais atuais, além disso, há a necessidade de a escola se apropriar dos mais diversos meios tecnológicos como forma de melhorar o ensino-aprendizagem e trazer novamente os alunos ao convívio escolar".

                 Busca-se muito hoje tornar o estudante um sujeito ativo e atuante diante da sociedade e os muitos veículos tecnológicos pode ser um grande aliado par que isso aconteça, uma vez que leva o indivíduo às mais diversas informações na só do lugar onde ele vive, mas do mundo como um todo, o que falta é formação para que s educadores saiba como conduzir esses meios de informações, tornando-os um veículo metodológico e pedagógico. Por outro lado, há de se ter cuidado com a forma como conduz esses veículos, já que na escola, portanto, não se "repassam" informações simplesmente: ensina-se o que elas querem dizer, para muito além do que elas dizem. O trabalho pedagógico-escolar é mais da ordem da desconstrução, da desmontagem das informações, e isso se faz com o raciocínio lógico-conceitual propiciado pelos diferentes campos de conhecimento, representados nas disciplinas escolares.

Por essas e outras, escola é lugar sempre do passado, no bom sentido do termo. E deve continuar sendo! Muitas vezes conotamos o passado como velho, antiquado, ultrapassado, em desuso. Não é esse, em absoluto, o caso do conhecimento escolar. Pode-se afirmar com segurança que, de certo modo, o conhecimento sistematizado é a grande dádiva que os nossos antepassados nos legaram, a única herança que as gerações anteriores podem deixar para as gerações default fonts, para os "forasteiros" recém-chegados ao velho mundo. (AQUINO 1997, p. 13)

                Esse é um dos motivos pelo qual temos a impressão de que os alunos não têm interesse algum nas aulas que estamos ministrando. Ou então, que os conteúdos escolares não estão sendo acessíveis, e em parte é isso que ocorre em alguns casos, o que lecionamos em sala está muito distante do que vive os jovens em suas vidas particulares.

                Além do distanciamento família e escola outros fatores contribuem para a falta de interesse dos estudantes, como os problemas familiares e a falta de estrutura da família, a falta de perspectiva de futuro e de oportunidades de emprego e progressão nos estudos em algumas cidades, a acomodação e a falta de sonhos que aflige muitos jovens atualmente, a carência de bons exemplos até mesmo na própria família e muitos outros que tem sido motivo de questionamentos por parte de muitos professores.

                Fato é que o desinteresse escolar constitui um tipo de indisciplina que tem preocupado muito os teóricos e educadores, uma vez que o aluno desinteressado geralmente além de não está preocupado com a sua aprendizagem ainda prejudica a dos demais, e o que tem se notado, principalmente nos últimos anos é que a incidência de alunos que não demonstram nenhum interesse pelos estudos tem crescido, o que se deve sobretudo, as facilidades que encontram no ensino público, as formas de avaliação que muitas vezes permitem a aprovação sem o estudo necessário, dentre outros motivos.

 

3 COMO O PROFESSOR PODE LIDAR COM A INDISCIPLINA ESCOLAR

 

 

                   Não são poucos os casos em que em sala os professores deixam em segundo plano a aprendizagem dos alunos e focam seu pensamento nos atos de indisciplina que perturbam o andamento da aula e em muitas situações evita inovar nas aulas como em casos de trabalhos em grupo ou atividades que exigam movimentos com receio de que percebam que seus alunos não estão se comportando bem.

                   LUNA 2004 (apud BRITO 2013, p. 39) entendem que o maior prejudicado quando acontece esse tipo de situação supracitada é o próprio aluno que deixa de aprender e de se desenvolver enquanto estudante e futuro profissional. O mesmo autor afirma ainda que a educação com isso tem perdido o seu foco no que diz respeito a sua finalidade maior que é a de educar.

                  Sérgio Miranda (1999, p. 32) esclarece que “o conteúdo é fundamental, mas se não for bem colocado não atinge o ouvinte, e em vão terá sido gasto o seu verbo”. Miranda (1999, p. 32-33) demonstra que existem três elementos para uma boa comunicação: o conteúdo (a palavra) representa 7% dessa influência; alguns professores, advogados, padres, pastores etc. que foram famosos no passado pelo conhecimento e pela erudição que possuíam hoje não conseguem atrair nem convencer plateia alguma, pois lhes faltam os principais componentes da influência: o tom de voz, que representa 38% dessa influência, e a fisiologia (linguagem do corpo), que aparece como principal fator, com 55%.

                    Ainda mediante tal situação ao invés de fugir dos problemas de indisciplina que os afetam professores deveriam planejar ainda melhor suas aulas e inovar nas metodologias como forma de conquistar os estudantes para os estudos e minimizar os efeitos da indisciplina. SIDMAN 2003, relata que o atual cenário educacional brasileiro desestimula o aluno e o afasta da escola. Sabendo disso é preciso que gestores e educadores revejam o jeito de fazer educação e que dá maneira que está o sistema de ensino contribui para os atos de mal comportamento vistos nas escolas.

                 Segundo Freire (2011, p. 24), “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. Ou seja, o educador não deve se colocar em sala de aula como o dono da verdade ou o detentor do saber, mas um facilitador para a descoberta da aprendizagem dos alunos. O mesmo autor em outra citação coloca que “Não há docência sem deiscência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina alguma coisa a alguém”. Freire (2011, p. 25).

                    Há, no entanto, algumas estratégias que os professores podem e devem utilizar para melhorar suas aulas e diminuir os problemas de comportamento, dentre os quais pode-se frisar a necessidade de manter sempre o aluno em atividade de maneira que esteja com sua mente ocupada nos estudos, acompanhar seu desenvolvimento escolar, avaliar e elogiar as atividades realizadas pelos alunos e também se auto avaliar, procurando está em constante evolução. Outro fator essencial para combater a indisciplina escolar é o reforço positivo que precisa ser trabalhado pelos professores, uma vez que pesquisas apontam que um dos motivos que levam a indisciplina é o fato do aluno não está compreendendo o conteúdo ou está sendo deixado de lado pelo professor e pela turma.

Promover consequências reforçadoras positivas para o comportamento do aluno[... ] implica em avaliar não apenas o produto de seu comportamento(quantos problemas de aritmética ele conseguiu acertar, por exemplo), mas o seu comportamento,[...] que passos ele deve ter dado para chegar a solução, ressaltando ao máximo aproximações ao desempenho adequado/correto e criando condições para que ele aprenda o que ainda não sabe. Para aumentar as chances de o aluno ser positivamente reforçado, é necessário garantir que as tarefas sejam compatíveis com o que ele já sabe e aumentar a dificuldade delas gradativamente. (PEREIRA; MARINOTTI; LUNA, 2004, p.13)

                   Outro fator contribuinte para que a indisciplina ocorra são os atos aversivos que são comuns nas escolas e que levam alunos que por natureza já tem aversividade ao estudo a se tornarem ainda mais desestimulados e por consequência indisciplinados. Para diminuir esses casos é preciso que a comunidade escolar como um todo evite ao máximo entrar em conflito com os alunos e mostrar que quem manda é diretor ou professor, essas atitudes não só não contribuem para manter a paz na instituição como deixa o clima mais tenso e propício a atos de indisciplina. Ações como o diálogo e a conquista com certeza surtem mais efeito e transformam o ambiente escolar em um lugar mais agradável e prazeroso para se conviver.

                    A punição e o castigo que para muitos são aliados da escola se mostram na verdade como principais causas de atos de indisciplina e por vezes até de violências. Sidman (2003, apu BRITO 2013, p. 40) ressalta que:

 A punição é usada, para que aja mudança na maneira das pessoas agirem, para colocar fim à conduta indesejável, como retirar um brinquedo de uma criança quando esta se comporta mal. Além da retirada de um reforçador positivo, a punição também pode acontecer ao inserir um reforço negativo, como repreender ou ridicularizar uma criança que se comporte mal, a repreendendo.

                    Segundo Skinner (2003), a punição não significa mudança no comportamento posterior, porém, na maioria das vezes, é apenas algo imediato, trata-se então de algo temporário. Outro aspecto da punição é que ela depende mais do comportamento de outra pessoa, de tempo em tempo, para reestabelecer o efeito aversivo. O comportamento tende a repetir assim que as contingencias punitivas forem retiradas.

                    Picado (2009) lembra que punir já é algo delicado, pois geralmente a criança punida acredita que a punição acontece a ela e não ao seu comportamento, o que pode trazer consequência na sua autoestima. Este tipo de atitude pode gerar no aluno comportamento de fuga. E Sidmam (2003, p. 106) afirma: “reforço negativo gera fuga [...] reforçamento negativo torna uma ação mais provável, punição usualmente torna uma ação menos provável. ”

                    Acima de tudo, educadores e gestores têm de ter em mente que somente conscientizando seus discentes da importância dos estudos e fazendo-os se preocuparem com sua própria aprendizagem poderão resolver pelo menos em parte esse dilema que cerca o seu dia a dia e que aflige sua profissão docente.

RESUMO

 

 Conceituar a indisciplina escolar é hoje uma tarefa árdua e que exige cuidado e atenção, pois se trata de uma questão cada vez mais presente no dia a dia do educador e que há vários fatores envolvidos. O presente projeto busca analisar o contexto da indisciplina na escola pública, procurando entender o por que desse problema está cada vez mais se agravando e o que a escola pode fazer para diminuir a incidência desse mal que tem assombrado toda a comunidade escolar. Para a melhor compreensão do assunto uma pesquisa teórica será realizada, tendo como base os escritos de autores como Vasconcelos, Tiba, Perrenoud, dentre outros assim como a leitura de textos como os de Aquino e Brito, para, conhecendo o assunto ter mais propriedade para realizar a pesquisa de campo, comparando as opiniões dos alunos e professores entrevistados e as teorias estudadas. Através dos estudos realizados será possível refletir o que é possível fazer para diminuir a incidência de casos de indisciplina em sala de aula e promover a integração entre todos os personagens pertencentes a entidade educacional em questão. É preciso também perceber a relação existente entre a maneira como a família educa os filhos e os casos de indisciplina, uma vez que grande parte dos alunos com problemas de desinteresse e sem limites em sala de aula é por que agem dessa forma em suas casas perante seus pais, e, por último, refletir sobre o fato de que a indisciplina interfere de forma negativa na aprendizagem dos alunos.

 

Palavras-chave: Indisciplina; Limites; Aprendizagem.

                                                              

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

ABSTRACT


Conceptualize school indiscipline is now a chore and requires care and attention, because it is an increasingly present issue on the day of the educator and that there are several factors involved. This project seeks to analyze the context of indiscipline in public school, trying to understand why this problem is increasingly getting worse and what the school can do to decrease the incidence of this evil that has haunted the whole school community. For a better understanding of the subject a theoretical research will be conducted, based on the writings of authors such as Vasconcelos, Tiba, Perrenoud, among others as well as reading texts such as Aquinas and Brito, for knowing the subject property to have more conduct field research, comparing the opinions of students and teachers interviewed and studied theories. Through the studies will be possible to reflect what can be done to decrease the incidence of indiscipline in the classroom and promote integration between all the characters belonging to the educational entity. One must also understand the relationship between the way family educates children and cases of indiscipline, since many of the students with problems of disinterest and without limits in the classroom is by that act that way at home before their parents, and, finally, reflect on the fact that indiscipline interfere negatively on student learning.

Keywords: Indiscipline; limits; Learning.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

SUMÁRIO

 

 

INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 10

CAPITULO 01 INDISCIPLINA ESCOLAR: QUESTÕES NORTEADORAS .......... 12

   1.1 Origem Da indisciplina escolar ................................................................... 12

   1.2 Causas e consequências da indisciplina escolar  .................................... 16

 

CAPITULO 02 O ALUNO-PROBLEMA E SUA RELAÇÃO COM A INDISCIPLINA ESCOLAR................................................................................................................ 18

   2.1 O aluno desrespeitador ................................................................................ 19

   2.2 O aluno sem limites ...................................................................................... 20

   2.3 O aluno desinteressado ............................................................................... 22

CAPITULO 03 COMO O PROFESSOR PODE LIDAR COM A INDISCIPLINA ESCOLAR..................................................................................................................24

CAPITULO 04 MARCO METODOLÓGICO ................................................... 27
   4.1 Contexto de pesquisa ................................................................................... 28

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 33

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 40

APÊNDICE ............................................................................................................... 42

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

 INTRODUÇÃO

 

 

             

                  A indisciplina escolar é hoje um fator que se destaca entre as preocupações que perdura o cenário educacional, fazendo parte da convivência de alunos e professores e sendo apontada como um dos principais obstáculos para que o processo de ensino-aprendizagem venha a ocorrer com a qualidade que se pretende.

               É certo que as consequências deixadas pela indisciplina tanto para quem participa dela diretamente como indiretamente são graves e exigem medidas de combate efetivas e urgentes, uma vez que, caso não seja diagnosticada a causa e sanados os seus efeitos no próprio ambiente escolar pode ganhar proporções muito maiores e atingir a sociedade como um todo, visto que, muitos dos problemas sociais existentes na atualidade tiveram início com problemas de indisciplina seja na família ou na escola.

                Partindo de tal problemática, a pesquisa em questão busca analisar a indisciplina escolar partindo de vários pontos de vista, desde professores e membros do núcleo gestor, alunos, pais e sociedades, procurando reconhecer os fatores que provocam esse fenômeno e propor estratégias para intervir nas raízes da indisciplina. Partindo do ponto de vista dos professores, diretores e coordenadores escolares pretende-se verificar como esses, que convivem diretamente com a realidade desse dilema no contexto de uma sala de aula e no ambiente escolar como um todo percebe a indisciplina do aluno e que estratégia utiliza para enfrentá-la. Ainda nesse ponto, pretende-se nesse projeto monográfico analisar se os educadores compreendem os vários tipos de indisciplina que existem, desde os que causam desordem na sala, aos que se camuflam na sala de aula e deixam passar-se por despercebidos, além disso, busca-se saber até que ponto os professores se colocam como responsáveis ou vítimas da indisciplina e como vêem os alunos que cometem esses atos. No caso dos alunos, tentará fazer uma comparação entre seus pensamentos e de seus educadores, procurando compreender até que ponto eles percebem a dimensão dos atos indisciplinares ocasionados por eles ou pelos colegas e como eles acreditam que esses atos podem trazer efeitos negativos na aprendizagem.

                   Na primeira parte do projeto buscar-se a fazer uma pesquisa bibliográfica a cerca do tema em destaque, analisando até que ponto a indisciplina escolar tem interferido no andamento da educação mundial. Nos dois primeiros capítulos será feito uma revisão literária com base nos estudos de alguns teóricos que abordam a indisciplina, procurando conhecer as principais causas que dão origem a essa problemática e suas consequências para alunos, professores e sociedade em geral. Ainda nessa parte do projeto será feito um detalhamento dos principais tipos de atos indisciplinares dos alunos e como a escola pode se comportar em cada situação.

               Na segunda parte será realizada ma pesquisa de campo de cunho qualitativo na escola de Escola de Ensino Fundamental Maria Sóther Pereira, localizada na sede da cidade de Cariús-Ce, onde serão analisados dentre outros pontos:

  • Como o núcleo gestor e corpo docente da referida escola lidam com os diversos casos de indisciplina existentes;
  • Até que ponto os atos de indisciplina dos alunos interferem em sua aprendizagem e dos demais estudantes;
  • O que o núcleo gestor e o grupo de professores tem feito para minimizar os problemas causados pela indisciplina escolar;
  • Até onde a atuação dos pais dos alunos da referida comunidade influencia nos problemas de indisciplina dos alunos;

              Encontradas as respostas das perguntas supracitadas será feito uma análise detalhada de cada situação fazendo o elo entre os resultados obtidos e os referenciais teóricos revisados, buscando chegar a um consenso a cerca do assunto e propor soluções que possam amenizar esses atos.

              Por fim, serão escritas as considerações finais do projeto, onde serão colocados os principais resultados alcançados no decorrer da pesquisa, as aprendizagens adquiridas e os principais pontos abordados. Nessa parte da pesquisa o autor colocará sua reflexão a cerca do impacto que essa pesquisa trouxe para sua vida pessoal e profissional.

                 Conhecendo o grande desafio que é trabalhar a indisciplina escolar e os malefícios que esse problema pode causar para a aprendizagem dos alunos e para sua convivência social a pesquisa monográfica em questão tem como objetivo geral analisar a indisciplina escolar a partir da perspectiva pedagógica e social, ou seja, perceber as conseqüências que a indisciplina pode trazer tanto para a formação acadêmica e estudantil do indivíduo como para sua formação enquanto cidadão pertencente a uma sociedade.

                 Para que o objetivo geral seja atingido alguns objetivos específicos serão traçados no decorrer do projeto, onde, dentro de cada um, a meta estabelecida no início da pesquisa vai aos poucos sendo alcançada, dentre esses, destaca-se:

  • Verificar os tipos de indisciplina mais presentes na escola;
  • Reconhecer como os problemas de indisciplina interferem na aprendizagem dos estudantes;
  • Reconhecer a visão de professores e alunos sobre a indisciplina escolar;
  • Perceber como a escola pode agir diante dos problemas causados pela indisciplina escolar;

  

1  INDISCIPLINA ESCOLAR: QUESTÕES NORTEADORAS

 

1.1 Origem da indisciplina escolar

 

                   Como se já não fosse grande o bastante o desafio que a escola tem de fazer no seu dia a dia, que é conseguir com que tantas crianças e adolescentes venham a aprender diante de suas particularidades, outro grande dilema tem rodeado as instituições educacionais, sobretudo as públicas que é a indisciplina escolar, fenômeno que se tornou pauta principal de reuniões de professores, núcleo gestor e pais.

                   Ao mesmo tempo em que a escola sofre com os atos indisciplinares dos diversos tipos, principalmente vindo de alunos, ela sente a responsabilidade, enquanto veículo de transformação social, de procurar formas de resolver esses problemas, principalmente tentado firmar parcerias com os pais e outras entidades, como conselhos tutelares, secretarias de ação social, dentre outras.  Diante de tal situação a primeira providência a ser tomada por parte da escola é buscar conhecer a origem dos atos indisciplinares que tem afligido a comunidade escolar, já que não são poucos os fatores que provocam a indisciplina.

                   Segundo o Novo Dicionário Aurélio (1999), disciplina é o regime de ordem imposta ou livremente consentida; ordem que convém ao funcionamento regular duma organização (militar, escolar etc.); relações de subordinação do aluno ao mestre ou ao instrutor; observância de preceitos ou normas; submissão a um regulamento; ensino, instrução, educação.

                  Contudo, há de se fazer uma reflexão quando se fala em indisciplina escolar e, sobretudo buscar o significado ou conceitos mais próximos que defina essa questão tão complexa e presente em nossa realidade.

Em geral o conceito de indisciplina é definido em relação ao conceito de disciplina, que na linguagem corrente significa regra de conduta comum a uma coletividade para manter boa ordem e, por extensão, a obediência à regra. Evoca-se também a sanção e o castigo que se impõem quando não se obedece a regra. Assim, o conceito de disciplina esta relacionado com a existência de regra.(PARRAT-DAYAN, 2008, p.18 apud BRITO 2013, p. 27)

                   O que o autor relata na citação acima é que costumasse colocar a indisciplina como algo que está sempre relacionado à disciplina ou ao cumprimento de ordens imposta pela sociedade ou por um pequeno grupo, quando na verdade o próprio indivíduo que está agindo como indisciplinado não sabe ou não aceita aquele modelo de disciplina que lhe é imposto e por isso busca formas de mostrar seu descontentamento através de ações que para a sociedade não está correto.

                 Carvalho 1996 (p. 129 apud Sganzella p. 4) dá as seguintes definições para indisciplina:

1. instrução e direção dada por um mestre a seu discípulo[...] 2. submissão do discípulo à instrução e direção do mestre. [...] 3. imposição de autoridade, de método, de regras ou preceitos[...] 4. respeito à autoridade; observância de método, regras ou preceitos.

[...] 5. qualquer ramo de conhecimentos científicos, artísticos,  lingüísticos, históricos, etc.: as disciplinas que se ensinam nos colégios. [...] 6. o conjunto das prescrições ou regras destinadas a manter a boa ordem resultante da observância dessas prescrições e regras: a disciplina militar; a disciplina eclesiástica. [...]

 

 [Fsl1]                   Ainda na mesma concepção sobre indisciplina Parrat-Dayan (2008, p.8) coloca também que: “ser disciplinado não é obedecer cegamente, é colocar a si próprio regras de conduta em função de valores e objetivos que se quer alcançar. Já Weber (2009, p. 20) ao definir indisciplina destaca: “disciplinar do original em latim significa ensinar, formar.

                    Sobre as causas da indisciplina escolar há de se tomar cuidado como irá se lidar com cada uma, para não causar conflitos maiores, uma vez que muitos dos problemas de indisciplina vêm da própria convivência familiar, através da relação entre o estudante e sua família, seja através de violência física ou até mesmo da maneira como é tratado pelos pais, o que irá gerar grande influência em sua vida estudantil. Nesse cenário pode-se situar aquelas crianças sem limites e que acham que podem ganhar tudo no grito, pois é assim que se resolvem as coisas em sua casa, já que os pais, como forma de contornar diversas situações como a falta de tempo para os filhos e outros problemas como brigas conjugais se tornam flexíveis além da conta com os seus filhos.

(...) as crianças de hoje em dia não tem limites, não reconhecem a autoridade, não respeitam as regras, a responsabilidade por isso é dos pais, que teriam se tornado muitos permissivos. (AQUINO, 1997, p.7).

                   É preciso que se abra o olhar para a dura realidade em que vivem muitos de nossos alunos, convivendo com pais divorciados, em um lar onde reinam as brigas e muitas vezes a própria violência física, crianças que desde cedo são apresentadas ao mundo das drogas e da prostituição e que nesse mundo aprendem a descontar a raiva que sente do próprio roteiro que a vida lhes deu através de atos de indisciplina, e a escola, enquanto instituição formadora e acolhedora precisa acolher esses indivíduos e tentar resgatá-los dessa situação, ao invés de puni-los e excluí-los ainda mais.

                  Segundo Antunes (2011, p. 19), “A indisciplina quase sempre emana de três focos: a escola e sua estrutura, o professor e sua conduta e o aluno e sua bagunça”. Ou seja, não há um culpado único para a indisciplina, mas há vários fatores que provocam esse malefício à educação.

                    Outro fator que contribui para a indisciplina escolar é a maneira como muitos educadores tentam controlar as ações em suas aulas, não permitindo que os alunos tenham atitudes que se vinculem a autonomia, dando pouca liberdade para que os estudantes interajam com os demais, o que faz com que para muitos jovens aquele momento de aula seja visto como uma prisão, como algo ruim, de maneira que os atos indisciplinares, trazendo como consequências atos indisciplinares que venham colocar em risco a sala de aula como um todo. Para evitar tais atos é preciso que os professores façam do ambiente na sala de aula um local de liberdade e Tolerância onde os estudantes possam mostrar seus valores e interajam entre si, adquirindo o que chamamos de autodisciplina, que é a possibilidade de controlar seus impulsos e vontades individuais em prol do coletivo, agindo dessa forma será possível a formação de jovens conscientes de seu papel social e comedido quanto a suas atitudes.

                Sobre esse fato MOREIRA ET all MEDEIROS, 2007, p.51, apud BRITO 2013, p. 31 cita que:

Uma criança que faz birra para que seus pais a atendam, podemos identificar o reforço e seus efeitos claramente. Cada vez que a criança faz birra(comportamento/resposta) e seus pais a atendem (consequência), aumentam as chances (a probabilidade) de que na próxima vez que a criança queira algo, ela se comporte da mesma forma.

                      Como diz Aquino 1997, a indisciplina realmente não existe somente atrás do meio sociocultural, ou econômico, ela nasce também através da falta de afetividade, do resgate de valores e principalmente da falta de dialogo, em um ambiente onde não há compreensão, dialogo amor e socialização familiar; com certeza tem-se um sentimento de revolta, e desgosto e uma criança que nasce em um lar desequilibrado; onde não existe a afetividade familiar, logicamente, sentirá rejeitado pela vida, o desanimado, e a tendência será descontar, em tudo e todos a sua revolta.

                    As crianças indisciplinares não admitem receber ordens e não aceitam regras, nem tão pouco, limites impostos pelo professor ou pela escola, e isso se dá muitas vezes por que essas crianças não sabem sequer o que é disciplina e precisam ser apresentadas a ela.

                   Disciplina representa a maneira de agir do individuo, em sentido de cooperação, bem como de respeito e acatamento às normas de convívio de uma comunidade.

Em sentido didático, representa a maneira de agir do educando, no sentido de cooperação no desenvolvimento das atividades escolares e respeito pelos colegas. (NERECI Citada em Giancanterino, 1989, p.25).

                   Pode-se concluir que a indisciplina é apresentada em alguns aspectos, ou seja, esta se torna evidenciada na relação social do aluno com os demais colegas, no que se diz cooperação entre estes. Ainda esta torna, visível mediante ao acatamento às normas em relação ao convívio com a comunidade que se encontra inserida. Convém esclarecer que a disciplina também apresenta no sentido de cooperação no desenvolvimento das atividades escolares e no respeito com os colegas.

Para Vasconcelos (2009, p.240).

(...) é muito comum ouvirmos dos professores a queixa de que os pais não estabelecem limites, não educam seus filhos com princípios básicos como saber se comportar respeitar os outros, saber esperar sua vez, etc.

                 Nesta perspectiva fica explícito que os pais, enquanto primeiros educadores não estão cumprindo o seu papel, como deveria ocorrer, sendo assim, não impõe limites nos filhos, não os ensina os princípios éticos e morais. De acordo com o autor a família não estar cumprindo a função civilizatória básica, ou seja, não esta criando um ser humano racional civilizado. Isto implica que se continuar assim, os valores morais estão ameaçados de extinção.

 

1.2 Causas e consequências da indisciplina escolar

 

 

                   Muito tem se discutido sobre a indisciplina procurando encontrar os culpados e a solução para esse problema que tem afligido o ambiente escolar e tirado sono de professores, gestores e até de alguns alunos que não aceitam esse ato. Por se falar em culpa se fala muito a família como a origem desse problema, uma vez que na maioria dos casos esse dano tem início na infância ates mesmo de se iniciar a vida escolar e se prolonga por muitos anos trazendo sérias consequências ao adolescente.

                   Estudos revelam que em lugares mais pobres com famílias mais desestruturadas o problema a indisciplina é mais é mais perceptível, e vem junto com a fome e o desequilíbrio emocional e psicológico, estando enraizado em famílias extremamente pobres e traz como consequências distúrbios psicológicos que podem perdurar pelo resto da vida.

Tiba ( 1996, p.110) cita que:

O único animal que construiu uma civilização foi o ser humano. A civilização é caminhar evolutivo da sociedade. A sociedade é composta de organização, famílias e indivíduos, assim como o corpo humano é formado por aparelhos, composto por órgãos que por sua vez, são formados por células.

                 Nessa citação, Tiba comparou a organização do ser humano com a do próprio corpo humano, onde se pode entender a importância da união entre estes e que nenhum passa sem o outro; comparando então família e sociedade denota-se que ambas devem andar juntos, ou seja, é do meio de uma família que se tem um cidadão, o qual atuara em sei meio social.

               Contudo, a situação social da família não é o único fator que provoca a indisciplina escolar, já que há famílias bem sucedidas, onde as crianças possuem lares estruturados e com subsídios para que sejam educadas de maneira correta, mas que mesmo assim sejam indisciplinadas na escola, o que na maioria desses casos é ocasionada pela falta de limites e regras, por excessos de mimos e pelo fato de não saber dividir espaço. Estes tipos de criança querem repetir tais atitudes na escola, ornando-se inconsequentes nos seus atos e achando que tudo gira em seu redor.

 E então Tiba (1996 , p. 168) nos dizia:

Há pais que, que por pagarem uma escola, acham que a mesma é responsável pela educação de seus filhos. Quando a escola reclama de maus comportamentos ou das indisciplinas do aluno, os pais jogam a responsabilidade sobre a própria escola.

                A cada dia que passa a indisciplina tem tornado-se um problema cada vez maior, tanto para a família como para a escola, e ambas não estão conseguindo lidar com a situação. O indivíduo chega a sala de aula, atrapalha as atividades, briga com os outros, agride-os, rasga os cadernos e não quer participar das aulas, fica conversando nos horários de aulas sem limitações, pula em cima das carteiras quebrando-as, sem falar que tem alunos agressivos que ameaça a professora de morte. E este aluno indisciplinado começa então a perturbar as aulas, não querendo deixar a educadora ministrá-los, e essa realidade alem de estar nos lares e na escola vai também para o meio social, e quando este individuo vai para a sociedade tem-se mesmo um chefe de família desequilibrado ou quem sabe ate um drogado, ou melhor um traficante.

                Pode-se perceber que a indisciplina é proveniente de vários fatores, ou meios. Na família a indisciplina é gerada por seqüelas psicológicas, emocionais e estruturais, na sociedade pode ganhar proporções ainda maiores, ou seja, serem excluídos ou entrarem no mundo da criminalidade, e na escola era as maiores e mais sérias consequências. Há também os casos de indisciplina ser gerada pelo próprio professor, que usa de autoritarismo e exalta ainda mais os ânimos em sala de aula, achando que desta forma conseguir manter a ordem da sala, mas lamentavelmente, só causa transtorno este abuso de poder e exercido nos domínios intelectual e ético.

 

2 O ALUNO-PROBLEMA E SUA RELAÇÃO COM A INDISCIPLINA ESCOLAR

 

                  Nunca se refletiu tanto sobre as dificuldades enfrentadas pelos professores em salas de aula de ensino básico, como forma de, tentando conhecer os diversos fatores que tem sido empecilho para uma boa ação docente tentar criar estratégias de amenizá-las em nossas escolas. Dentre esses fatores que assombram a profissão docente está a indisciplina escolar, considerada por muitos o grande desafio da escola atual, afastando a cada dia os jovens da busca pela profissão de educador e desestimulando professores com vasta experiência em sala de aula e que dizem nunca ter vivido algo parecido. Nesse contexto o sociólogo Phillipe Perrenoud afirmou que nunca foi tão difícil ser professor.

               Diante de um problema tão sério que é a indisciplina escolar vem em mente a figura do aluno-problema, como aquele que além de não aprender e não buscar de forma alguma superar suas dificuldades ainda interferem na aprendizagem dos demais. São muitas as causas dessa chamada indisciplina escolar que leva a atuação problemática dos alunos, dentre os quais estão os distúrbios de aprendizagem, os chamados déficits cognitivos, os distúrbios de comportamento e muitos outros que são sempre colocados à tona quando se fala de indisciplina escolar. Fato é que as consequências já são desse problema são visíveis e tem afetado toda a sociedade.

               Dentre as inúmeras espécies de alunos-problema que se considera existir, uma pesquisa realizada pela revista nova escola, de dezembro de 1998 coloca como as principais, a falta de respeito e de limite dos alunos e o desinteresse como as principais formas de indisciplina encontradas no interior das instituições educacionais e a situação tem se agravado a cada dia, a ponto de, costumeiramente se ver nos meios de comunicação casos de agressão cometidas por alunos a colegas e professores no próprio recinto escolar..

 

2.1 O aluno desrespeitador

          

                  É comum ouvir-se de professores de diferentes áreas que os alunos de hoje não são mais respeitadores como os de antigamente, o que pode ter sido ocasionado pela flexibilidade além do ponto que muitas escolas oferecem, ou pelas frequentes mudanças nas tendências educacionais e nas metodologias que tiraram o autoritarismo e a centralidade do professor e até mesmo pelas transformações tecnológicas que permitiram uma vivência de mundo bem maior às crianças e jovens se comparadas a tempos atrás, todos esses pontos juntos somados a imaturidade dos estudantes podem ter resultado nesse desrespeito tão propagado em sala de aula. Outro fator que certamente contribuiu para o crescente número de casos de desrespeito em sala de aula foi a expansão do ensino, com maior número de pessoas nas escolas, obrigatoriedade do ensino, a crescente qualidade que não veio acompanhada da quantidade, daí o enorme desafio do professor, fazer com que esses estudantes permaneçam em sala de aula, mas com postura diferente, que percebam a importância dos estudos para a sua vida.

                 É preciso também que se perceba que o que antes as pessoas chamavam de respeito era na verdade uma repressão ao direito de os alunos expressarem seus pensamentos, o que não implica dizer que não deva existir regras que devem ser seguidas por todos, inclusive pelos jovens, mas é necessário refletir as mudanças que ocorreram no cenário educacional da nossa época aos dias atuais.

 

2.2 O aluno sem limites

 

                Outro tipo de indisciplina comum nas escolas parte daqueles alunos ditos, sem limites, que não aprenderam em casa a obedecer às regras e acham que o mundo gira em torno de si. E esses não são casos raros em sala de aula e tem afetado seriamente a disciplina escolar.

                 Dentre as muitas hipóteses para a existência desses estudantes prevalece na visão de professores e muitos teóricos a ideia de que a falta de limites está diretamente ligada a falta de controle dos pais em relação a atuação para com os filhos, o que não vale apenas para crianças cuja família não possui estrutura financeira suficiente, uma vez que muitos pais de classe média e alta compensam a falta de tempo para educar os filhos com presentes, o que contribui para a falta de limites e a desobediência de regras.

Em geral, a maioria dos professores imagina que o trabalho de disciplinarização moral da criança (de introjeção das regras e, portanto, da constituição dos famigerados "limites"), a cargo mormente dos pais, é um pré-requisito para o trabalho de sala de aula. E esta idéia, embora correta em parte, também precisa ser repensada, pelo menos em parte. (AQUINO 1997, P.9)

                Contudo, não se pode generalizar quando se diz que a falta de limites dos alunos provém da convivência familiar, pois sabemos que nem sempre os alunos mal-educados e sem limites em casa tem o mesmo comportamento na escola, da mesma forma que em todos os alunos com esses problemas de indisciplina na escola agem da mesma forma em casa, o que deixa claro a existência de outros fatores que provocam a ocorrência do aluno sem limites.

                É comum professores solicitarem da escola que chamem os pais para que resolvam os problemas disciplinares de seus filhos, mas já imaginou se os pais também convocassem os professores para resolver os problemas de seus alunos a cada vez que cometessem um ato indisciplinar? Diante disso é preciso que se saiba distinguir o papel da família e da escola e perceber que nem sempre os problemas recorrem num e outro ambiente deve precisamente ocorrer no outro. Há também a necessidade de se distinguir o papel a família enquanto primeira instituição e responsável pela conduta da criança e pela transmissão dos primeiros valores e da escola, enquanto instituição responsável pela ordenação do pensamento do aluno e pela promoção do conhecimento.

                 No entanto, o que acontece muitas vezes, é que muitos professores, diante das dificuldades do dia-a-dia, acabam se colocando como tarefa principal a normatização moral dos hábitos da criança e do adolescente, exercendo tarefas que não são suas de natureza, para que, só a partir daí ele possa desencadear o trabalho do pensamento. Um bom exemplo disso é um outro tipo de máxima muito freqüente no meio pedagógico que reza, a nosso ver, equivocadamente: "para ser professor, é preciso antes ser um pouco pai, amigo, conselheiro etc."

                Esse tipo de pensamento no trabalho pedagógico, segundo AQUINO 1997, p. 11, não é correto por pelo menos três razões:

* Em primeiro lugar, trata-se de um desperdício da qualificação e do talento específico do professor, porque ele não se profissionalizou para ser uma espécie de pai "postiço". Para uma ocupação como a paternidade não se exige uma preparação profissional cada um é pai ou mãe de um jeito peculiar e assistemático. No caso do professor, exige-se uma preparação lenta e especializada, devendo ele atuar de maneira semelhante aos seus colegas de profissão e de modo diverso dos profissionais de outras áreas;

* Em segundo lugar, trata-se de um desvio de função, porque ele não foi contratado para exercer tarefas parentais, e dele não se espera isso. Por mais que o trabalho em sala de aula demande muitas vezes exigências adicionais ao âmbito estritamente pedagógico, não se podem delegar ao professor funções para as quais ele não esteja explicitamente habilitado. É preciso, então, que o trabalho docente se restrinja a um alvo específico: o conhecimento sistematizado, por meio da recriação de um campo lógico-conceitual particular. Não confundir seu papel com o de outros profissionais e outras ocupações: eis uma tarefa de fôlego para o professor de hoje em dia.

* Em terceiro, trata-se de uma quebra do "contrato" pedagógico, porque o seu trabalho deixa de ser realizado. Se o professor abandona seu posto, se ele não cumpre suas funções específicas, quem fará isso por ele? Se o professor não se responsabilizar imediatamente pelo conhecimento, quem o fará?

                 Sendo assim, necessário que a escola perceba que seus professores não podem e nem devem assumir responsabilidades familiares, mesmo sabendo que essa instituição, família, está desestruturada e não cumpre com suas obrigações, uma vez que as obrigações de um educador para com seu educando já são por si só árduas e desafiadoras, e se essas obrigações já forem cumpridas de forma correta já será um grande progresso. Quanto a essa ausência da família uma das saídas seria a parceria de outras instituições como ação social para tentar reaproximar esses setores e amenizar esse problema tão grave.

 

2.3 O aluno desinteressado

 

                Outro fator preponderante quando se fala em indisciplina é que "para os alunos, a sala de aula não é tão atrativa e prazerosa quanto o mundo que eles vivenciam fora da escola, principalmente os veículos de informação tecnológica como a televisão e ainda mais a internet com seu leque de opções. Por esses e outros motivos muitos falam que a escola e os professores estão muito atrasados em elação a seus estudantes, o que provoca a falta de interesse e a apatia dos jovens. A saída, então, seria ela se modernizar com o uso, por exemplo, de recursos didáticos mais atraentes e assuntos mais atuais, além disso, há a necessidade de a escola se apropriar dos mais diversos meios tecnológicos como forma de melhorar o ensino-aprendizagem e trazer novamente os alunos ao convívio escolar".

                 Busca-se muito hoje tornar o estudante um sujeito ativo e atuante diante da sociedade e os muitos veículos tecnológicos pode ser um grande aliado par que isso aconteça, uma vez que leva o indivíduo às mais diversas informações na só do lugar onde ele vive, mas do mundo como um todo, o que falta é formação para que s educadores saiba como conduzir esses meios de informações, tornando-os um veículo metodológico e pedagógico. Por outro lado, há de se ter cuidado com a forma como conduz esses veículos, já que na escola, portanto, não se "repassam" informações simplesmente: ensina-se o que elas querem dizer, para muito além do que elas dizem. O trabalho pedagógico-escolar é mais da ordem da desconstrução, da desmontagem das informações, e isso se faz com o raciocínio lógico-conceitual propiciado pelos diferentes campos de conhecimento, representados nas disciplinas escolares.

Por essas e outras, escola é lugar sempre do passado, no bom sentido do termo. E deve continuar sendo! Muitas vezes conotamos o passado como velho, antiquado, ultrapassado, em desuso. Não é esse, em absoluto, o caso do conhecimento escolar. Pode-se afirmar com segurança que, de certo modo, o conhecimento sistematizado é a grande dádiva que os nossos antepassados nos legaram, a única herança que as gerações anteriores podem deixar para as gerações default fonts, para os "forasteiros" recém-chegados ao velho mundo. (AQUINO 1997, p. 13)

                Esse é um dos motivos pelo qual temos a impressão de que os alunos não têm interesse algum nas aulas que estamos ministrando. Ou então, que os conteúdos escolares não estão sendo acessíveis, e em parte é isso que ocorre em alguns casos, o que lecionamos em sala está muito distante do que vive os jovens em suas vidas particulares.

                Além do distanciamento família e escola outros fatores contribuem para a falta de interesse dos estudantes, como os problemas familiares e a falta de estrutura da família, a falta de perspectiva de futuro e de oportunidades de emprego e progressão nos estudos em algumas cidades, a acomodação e a falta de sonhos que aflige muitos jovens atualmente, a carência de bons exemplos até mesmo na própria família e muitos outros que tem sido motivo de questionamentos por parte de muitos professores.

                Fato é que o desinteresse escolar constitui um tipo de indisciplina que tem preocupado muito os teóricos e educadores, uma vez que o aluno desinteressado geralmente além de não está preocupado com a sua aprendizagem ainda prejudica a dos demais, e o que tem se notado, principalmente nos últimos anos é que a incidência de alunos que não demonstram nenhum interesse pelos estudos tem crescido, o que se deve sobretudo, as facilidades que encontram no ensino público, as formas de avaliação que muitas vezes permitem a aprovação sem o estudo necessário, dentre outros motivos.

 

3 COMO O PROFESSOR PODE LIDAR COM A INDISCIPLINA ESCOLAR

 

 

                   Não são poucos os casos em que em sala os professores deixam em segundo plano a aprendizagem dos alunos e focam seu pensamento nos atos de indisciplina que perturbam o andamento da aula e em muitas situações evita inovar nas aulas como em casos de trabalhos em grupo ou atividades que exigam movimentos com receio de que percebam que seus alunos não estão se comportando bem.

                   LUNA 2004 (apud BRITO 2013, p. 39) entendem que o maior prejudicado quando acontece esse tipo de situação supracitada é o próprio aluno que deixa de aprender e de se desenvolver enquanto estudante e futuro profissional. O mesmo autor afirma ainda que a educação com isso tem perdido o seu foco no que diz respeito a sua finalidade maior que é a de educar.

                  Sérgio Miranda (1999, p. 32) esclarece que “o conteúdo é fundamental, mas se não for bem colocado não atinge o ouvinte, e em vão terá sido gasto o seu verbo”. Miranda (1999, p. 32-33) demonstra que existem três elementos para uma boa comunicação: o conteúdo (a palavra) representa 7% dessa influência; alguns professores, advogados, padres, pastores etc. que foram famosos no passado pelo conhecimento e pela erudição que possuíam hoje não conseguem atrair nem convencer plateia alguma, pois lhes faltam os principais componentes da influência: o tom de voz, que representa 38% dessa influência, e a fisiologia (linguagem do corpo), que aparece como principal fator, com 55%.

                    Ainda mediante tal situação ao invés de fugir dos problemas de indisciplina que os afetam professores deveriam planejar ainda melhor suas aulas e inovar nas metodologias como forma de conquistar os estudantes para os estudos e minimizar os efeitos da indisciplina. SIDMAN 2003, relata que o atual cenário educacional brasileiro desestimula o aluno e o afasta da escola. Sabendo disso é preciso que gestores e educadores revejam o jeito de fazer educação e que dá maneira que está o sistema de ensino contribui para os atos de mal comportamento vistos nas escolas.

                 Segundo Freire (2011, p. 24), “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. Ou seja, o educador não deve se colocar em sala de aula como o dono da verdade ou o detentor do saber, mas um facilitador para a descoberta da aprendizagem dos alunos. O mesmo autor em outra citação coloca que “Não há docência sem deiscência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina alguma coisa a alguém”. Freire (2011, p. 25).

                    Há, no entanto, algumas estratégias que os professores podem e devem utilizar para melhorar suas aulas e diminuir os problemas de comportamento, dentre os quais pode-se frisar a necessidade de manter sempre o aluno em atividade de maneira que esteja com sua mente ocupada nos estudos, acompanhar seu desenvolvimento escolar, avaliar e elogiar as atividades realizadas pelos alunos e também se auto avaliar, procurando está em constante evolução. Outro fator essencial para combater a indisciplina escolar é o reforço positivo que precisa ser trabalhado pelos professores, uma vez que pesquisas apontam que um dos motivos que levam a indisciplina é o fato do aluno não está compreendendo o conteúdo ou está sendo deixado de lado pelo professor e pela turma.

Promover consequências reforçadoras positivas para o comportamento do aluno[... ] implica em avaliar não apenas o produto de seu comportamento(quantos problemas de aritmética ele conseguiu acertar, por exemplo), mas o seu comportamento,[...] que passos ele deve ter dado para chegar a solução, ressaltando ao máximo aproximações ao desempenho adequado/correto e criando condições para que ele aprenda o que ainda não sabe. Para aumentar as chances de o aluno ser positivamente reforçado, é necessário garantir que as tarefas sejam compatíveis com o que ele já sabe e aumentar a dificuldade delas gradativamente. (PEREIRA; MARINOTTI; LUNA, 2004, p.13)

                   Outro fator contribuinte para que a indisciplina ocorra são os atos aversivos que são comuns nas escolas e que levam alunos que por natureza já tem aversividade ao estudo a se tornarem ainda mais desestimulados e por consequência indisciplinados. Para diminuir esses casos é preciso que a comunidade escolar como um todo evite ao máximo entrar em conflito com os alunos e mostrar que quem manda é diretor ou professor, essas atitudes não só não contribuem para manter a paz na instituição como deixa o clima mais tenso e propício a atos de indisciplina. Ações como o diálogo e a conquista com certeza surtem mais efeito e transformam o ambiente escolar em um lugar mais agradável e prazeroso para se conviver.

                    A punição e o castigo que para muitos são aliados da escola se mostram na verdade como principais causas de atos de indisciplina e por vezes até de violências. Sidman (2003, apu BRITO 2013, p. 40) ressalta que:

 A punição é usada, para que aja mudança na maneira das pessoas agirem, para colocar fim à conduta indesejável, como retirar um brinquedo de uma criança quando esta se comporta mal. Além da retirada de um reforçador positivo, a punição também pode acontecer ao inserir um reforço negativo, como repreender ou ridicularizar uma criança que se comporte mal, a repreendendo.

                    Segundo Skinner (2003), a punição não significa mudança no comportamento posterior, porém, na maioria das vezes, é apenas algo imediato, trata-se então de algo temporário. Outro aspecto da punição é que ela depende mais do comportamento de outra pessoa, de tempo em tempo, para reestabelecer o efeito aversivo. O comportamento tende a repetir assim que as contingencias punitivas forem retiradas.

                    Picado (2009) lembra que punir já é algo delicado, pois geralmente a criança punida acredita que a punição acontece a ela e não ao seu comportamento, o que pode trazer consequência na sua autoestima. Este tipo de atitude pode gerar no aluno comportamento de fuga. E Sidmam (2003, p. 106) afirma: “reforço negativo gera fuga [...] reforçamento negativo torna uma ação mais provável, punição usualmente torna uma ação menos provável. ”

                    Acima de tudo, educadores e gestores têm de ter em mente que somente conscientizando seus discentes da importância dos estudos e fazendo-os se preocuparem com sua própria aprendizagem poderão resolver pelo menos em parte esse dilema que cerca o seu dia a dia e que aflige sua profissão docente.

RESUMO

 

 Conceituar a indisciplina escolar é hoje uma tarefa árdua e que exige cuidado e atenção, pois se trata de uma questão cada vez mais presente no dia a dia do educador e que há vários fatores envolvidos. O presente projeto busca analisar o contexto da indisciplina na escola pública, procurando entender o por que desse problema está cada vez mais se agravando e o que a escola pode fazer para diminuir a incidência desse mal que tem assombrado toda a comunidade escolar. Para a melhor compreensão do assunto uma pesquisa teórica será realizada, tendo como base os escritos de autores como Vasconcelos, Tiba, Perrenoud, dentre outros assim como a leitura de textos como os de Aquino e Brito, para, conhecendo o assunto ter mais propriedade para realizar a pesquisa de campo, comparando as opiniões dos alunos e professores entrevistados e as teorias estudadas. Através dos estudos realizados será possível refletir o que é possível fazer para diminuir a incidência de casos de indisciplina em sala de aula e promover a integração entre todos os personagens pertencentes a entidade educacional em questão. É preciso também perceber a relação existente entre a maneira como a família educa os filhos e os casos de indisciplina, uma vez que grande parte dos alunos com problemas de desinteresse e sem limites em sala de aula é por que agem dessa forma em suas casas perante seus pais, e, por último, refletir sobre o fato de que a indisciplina interfere de forma negativa na aprendizagem dos alunos.

 

Palavras-chave: Indisciplina; Limites; Aprendizagem.

                                                              

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

ABSTRACT


Conceptualize school indiscipline is now a chore and requires care and attention, because it is an increasingly present issue on the day of the educator and that there are several factors involved. This project seeks to analyze the context of indiscipline in public school, trying to understand why this problem is increasingly getting worse and what the school can do to decrease the incidence of this evil that has haunted the whole school community. For a better understanding of the subject a theoretical research will be conducted, based on the writings of authors such as Vasconcelos, Tiba, Perrenoud, among others as well as reading texts such as Aquinas and Brito, for knowing the subject property to have more conduct field research, comparing the opinions of students and teachers interviewed and studied theories. Through the studies will be possible to reflect what can be done to decrease the incidence of indiscipline in the classroom and promote integration between all the characters belonging to the educational entity. One must also understand the relationship between the way family educates children and cases of indiscipline, since many of the students with problems of disinterest and without limits in the classroom is by that act that way at home before their parents, and, finally, reflect on the fact that indiscipline interfere negatively on student learning.

Keywords: Indiscipline; limits; Learning.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

SUMÁRIO

 

 

INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 10

CAPITULO 01 INDISCIPLINA ESCOLAR: QUESTÕES NORTEADORAS .......... 12

   1.1 Origem Da indisciplina escolar ................................................................... 12

   1.2 Causas e consequências da indisciplina escolar  .................................... 16

 

CAPITULO 02 O ALUNO-PROBLEMA E SUA RELAÇÃO COM A INDISCIPLINA ESCOLAR................................................................................................................ 18

   2.1 O aluno desrespeitador ................................................................................ 19

   2.2 O aluno sem limites ...................................................................................... 20

   2.3 O aluno desinteressado ............................................................................... 22

CAPITULO 03 COMO O PROFESSOR PODE LIDAR COM A INDISCIPLINA ESCOLAR..................................................................................................................24

CAPITULO 04 MARCO METODOLÓGICO ................................................... 27
   4.1 Contexto de pesquisa ................................................................................... 28

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 33

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 40

APÊNDICE ............................................................................................................... 42

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

 INTRODUÇÃO

 

 

             

                  A indisciplina escolar é hoje um fator que se destaca entre as preocupações que perdura o cenário educacional, fazendo parte da convivência de alunos e professores e sendo apontada como um dos principais obstáculos para que o processo de ensino-aprendizagem venha a ocorrer com a qualidade que se pretende.

               É certo que as consequências deixadas pela indisciplina tanto para quem participa dela diretamente como indiretamente são graves e exigem medidas de combate efetivas e urgentes, uma vez que, caso não seja diagnosticada a causa e sanados os seus efeitos no próprio ambiente escolar pode ganhar proporções muito maiores e atingir a sociedade como um todo, visto que, muitos dos problemas sociais existentes na atualidade tiveram início com problemas de indisciplina seja na família ou na escola.

                Partindo de tal problemática, a pesquisa em questão busca analisar a indisciplina escolar partindo de vários pontos de vista, desde professores e membros do núcleo gestor, alunos, pais e sociedades, procurando reconhecer os fatores que provocam esse fenômeno e propor estratégias para intervir nas raízes da indisciplina. Partindo do ponto de vista dos professores, diretores e coordenadores escolares pretende-se verificar como esses, que convivem diretamente com a realidade desse dilema no contexto de uma sala de aula e no ambiente escolar como um todo percebe a indisciplina do aluno e que estratégia utiliza para enfrentá-la. Ainda nesse ponto, pretende-se nesse projeto monográfico analisar se os educadores compreendem os vários tipos de indisciplina que existem, desde os que causam desordem na sala, aos que se camuflam na sala de aula e deixam passar-se por despercebidos, além disso, busca-se saber até que ponto os professores se colocam como responsáveis ou vítimas da indisciplina e como vêem os alunos que cometem esses atos. No caso dos alunos, tentará fazer uma comparação entre seus pensamentos e de seus educadores, procurando compreender até que ponto eles percebem a dimensão dos atos indisciplinares ocasionados por eles ou pelos colegas e como eles acreditam que esses atos podem trazer efeitos negativos na aprendizagem.

                   Na primeira parte do projeto buscar-se a fazer uma pesquisa bibliográfica a cerca do tema em destaque, analisando até que ponto a indisciplina escolar tem interferido no andamento da educação mundial. Nos dois primeiros capítulos será feito uma revisão literária com base nos estudos de alguns teóricos que abordam a indisciplina, procurando conhecer as principais causas que dão origem a essa problemática e suas consequências para alunos, professores e sociedade em geral. Ainda nessa parte do projeto será feito um detalhamento dos principais tipos de atos indisciplinares dos alunos e como a escola pode se comportar em cada situação.

               Na segunda parte será realizada ma pesquisa de campo de cunho qualitativo na escola de Escola de Ensino Fundamental Maria Sóther Pereira, localizada na sede da cidade de Cariús-Ce, onde serão analisados dentre outros pontos:

  • Como o núcleo gestor e corpo docente da referida escola lidam com os diversos casos de indisciplina existentes;
  • Até que ponto os atos de indisciplina dos alunos interferem em sua aprendizagem e dos demais estudantes;
  • O que o núcleo gestor e o grupo de professores tem feito para minimizar os problemas causados pela indisciplina escolar;
  • Até onde a atuação dos pais dos alunos da referida comunidade influencia nos problemas de indisciplina dos alunos;

              Encontradas as respostas das perguntas supracitadas será feito uma análise detalhada de cada situação fazendo o elo entre os resultados obtidos e os referenciais teóricos revisados, buscando chegar a um consenso a cerca do assunto e propor soluções que possam amenizar esses atos.

              Por fim, serão escritas as considerações finais do projeto, onde serão colocados os principais resultados alcançados no decorrer da pesquisa, as aprendizagens adquiridas e os principais pontos abordados. Nessa parte da pesquisa o autor colocará sua reflexão a cerca do impacto que essa pesquisa trouxe para sua vida pessoal e profissional.

                 Conhecendo o grande desafio que é trabalhar a indisciplina escolar e os malefícios que esse problema pode causar para a aprendizagem dos alunos e para sua convivência social a pesquisa monográfica em questão tem como objetivo geral analisar a indisciplina escolar a partir da perspectiva pedagógica e social, ou seja, perceber as conseqüências que a indisciplina pode trazer tanto para a formação acadêmica e estudantil do indivíduo como para sua formação enquanto cidadão pertencente a uma sociedade.

                 Para que o objetivo geral seja atingido alguns objetivos específicos serão traçados no decorrer do projeto, onde, dentro de cada um, a meta estabelecida no início da pesquisa vai aos poucos sendo alcançada, dentre esses, destaca-se:

  • Verificar os tipos de indisciplina mais presentes na escola;
  • Reconhecer como os problemas de indisciplina interferem na aprendizagem dos estudantes;
  • Reconhecer a visão de professores e alunos sobre a indisciplina escolar;
  • Perceber como a escola pode agir diante dos problemas causados pela indisciplina escolar;

  

1  INDISCIPLINA ESCOLAR: QUESTÕES NORTEADORAS

 

1.1 Origem da indisciplina escolar

 

                   Como se já não fosse grande o bastante o desafio que a escola tem de fazer no seu dia a dia, que é conseguir com que tantas crianças e adolescentes venham a aprender diante de suas particularidades, outro grande dilema tem rodeado as instituições educacionais, sobretudo as públicas que é a indisciplina escolar, fenômeno que se tornou pauta principal de reuniões de professores, núcleo gestor e pais.

                   Ao mesmo tempo em que a escola sofre com os atos indisciplinares dos diversos tipos, principalmente vindo de alunos, ela sente a responsabilidade, enquanto veículo de transformação social, de procurar formas de resolver esses problemas, principalmente tentado firmar parcerias com os pais e outras entidades, como conselhos tutelares, secretarias de ação social, dentre outras.  Diante de tal situação a primeira providência a ser tomada por parte da escola é buscar conhecer a origem dos atos indisciplinares que tem afligido a comunidade escolar, já que não são poucos os fatores que provocam a indisciplina.

                   Segundo o Novo Dicionário Aurélio (1999), disciplina é o regime de ordem imposta ou livremente consentida; ordem que convém ao funcionamento regular duma organização (militar, escolar etc.); relações de subordinação do aluno ao mestre ou ao instrutor; observância de preceitos ou normas; submissão a um regulamento; ensino, instrução, educação.

                  Contudo, há de se fazer uma reflexão quando se fala em indisciplina escolar e, sobretudo buscar o significado ou conceitos mais próximos que defina essa questão tão complexa e presente em nossa realidade.

Em geral o conceito de indisciplina é definido em relação ao conceito de disciplina, que na linguagem corrente significa regra de conduta comum a uma coletividade para manter boa ordem e, por extensão, a obediência à regra. Evoca-se também a sanção e o castigo que se impõem quando não se obedece a regra. Assim, o conceito de disciplina esta relacionado com a existência de regra.(PARRAT-DAYAN, 2008, p.18 apud BRITO 2013, p. 27)

                   O que o autor relata na citação acima é que costumasse colocar a indisciplina como algo que está sempre relacionado à disciplina ou ao cumprimento de ordens imposta pela sociedade ou por um pequeno grupo, quando na verdade o próprio indivíduo que está agindo como indisciplinado não sabe ou não aceita aquele modelo de disciplina que lhe é imposto e por isso busca formas de mostrar seu descontentamento através de ações que para a sociedade não está correto.

                 Carvalho 1996 (p. 129 apud Sganzella p. 4) dá as seguintes definições para indisciplina:

1. instrução e direção dada por um mestre a seu discípulo[...] 2. submissão do discípulo à instrução e direção do mestre. [...] 3. imposição de autoridade, de método, de regras ou preceitos[...] 4. respeito à autoridade; observância de método, regras ou preceitos.

[...] 5. qualquer ramo de conhecimentos científicos, artísticos,  lingüísticos, históricos, etc.: as disciplinas que se ensinam nos colégios. [...] 6. o conjunto das prescrições ou regras destinadas a manter a boa ordem resultante da observância dessas prescrições e regras: a disciplina militar; a disciplina eclesiástica. [...]

 

 [Fsl1]                   Ainda na mesma concepção sobre indisciplina Parrat-Dayan (2008, p.8) coloca também que: “ser disciplinado não é obedecer cegamente, é colocar a si próprio regras de conduta em função de valores e objetivos que se quer alcançar. Já Weber (2009, p. 20) ao definir indisciplina destaca: “disciplinar do original em latim significa ensinar, formar.

                    Sobre as causas da indisciplina escolar há de se tomar cuidado como irá se lidar com cada uma, para não causar conflitos maiores, uma vez que muitos dos problemas de indisciplina vêm da própria convivência familiar, através da relação entre o estudante e sua família, seja através de violência física ou até mesmo da maneira como é tratado pelos pais, o que irá gerar grande influência em sua vida estudantil. Nesse cenário pode-se situar aquelas crianças sem limites e que acham que podem ganhar tudo no grito, pois é assim que se resolvem as coisas em sua casa, já que os pais, como forma de contornar diversas situações como a falta de tempo para os filhos e outros problemas como brigas conjugais se tornam flexíveis além da conta com os seus filhos.

(...) as crianças de hoje em dia não tem limites, não reconhecem a autoridade, não respeitam as regras, a responsabilidade por isso é dos pais, que teriam se tornado muitos permissivos. (AQUINO, 1997, p.7).

                   É preciso que se abra o olhar para a dura realidade em que vivem muitos de nossos alunos, convivendo com pais divorciados, em um lar onde reinam as brigas e muitas vezes a própria violência física, crianças que desde cedo são apresentadas ao mundo das drogas e da prostituição e que nesse mundo aprendem a descontar a raiva que sente do próprio roteiro que a vida lhes deu através de atos de indisciplina, e a escola, enquanto instituição formadora e acolhedora precisa acolher esses indivíduos e tentar resgatá-los dessa situação, ao invés de puni-los e excluí-los ainda mais.

                  Segundo Antunes (2011, p. 19), “A indisciplina quase sempre emana de três focos: a escola e sua estrutura, o professor e sua conduta e o aluno e sua bagunça”. Ou seja, não há um culpado único para a indisciplina, mas há vários fatores que provocam esse malefício à educação.

                    Outro fator que contribui para a indisciplina escolar é a maneira como muitos educadores tentam controlar as ações em suas aulas, não permitindo que os alunos tenham atitudes que se vinculem a autonomia, dando pouca liberdade para que os estudantes interajam com os demais, o que faz com que para muitos jovens aquele momento de aula seja visto como uma prisão, como algo ruim, de maneira que os atos indisciplinares, trazendo como consequências atos indisciplinares que venham colocar em risco a sala de aula como um todo. Para evitar tais atos é preciso que os professores façam do ambiente na sala de aula um local de liberdade e Tolerância onde os estudantes possam mostrar seus valores e interajam entre si, adquirindo o que chamamos de autodisciplina, que é a possibilidade de controlar seus impulsos e vontades individuais em prol do coletivo, agindo dessa forma será possível a formação de jovens conscientes de seu papel social e comedido quanto a suas atitudes.

                Sobre esse fato MOREIRA ET all MEDEIROS, 2007, p.51, apud BRITO 2013, p. 31 cita que:

Uma criança que faz birra para que seus pais a atendam, podemos identificar o reforço e seus efeitos claramente. Cada vez que a criança faz birra(comportamento/resposta) e seus pais a atendem (consequência), aumentam as chances (a probabilidade) de que na próxima vez que a criança queira algo, ela se comporte da mesma forma.

                      Como diz Aquino 1997, a indisciplina realmente não existe somente atrás do meio sociocultural, ou econômico, ela nasce também através da falta de afetividade, do resgate de valores e principalmente da falta de dialogo, em um ambiente onde não há compreensão, dialogo amor e socialização familiar; com certeza tem-se um sentimento de revolta, e desgosto e uma criança que nasce em um lar desequilibrado; onde não existe a afetividade familiar, logicamente, sentirá rejeitado pela vida, o desanimado, e a tendência será descontar, em tudo e todos a sua revolta.

                    As crianças indisciplinares não admitem receber ordens e não aceitam regras, nem tão pouco, limites impostos pelo professor ou pela escola, e isso se dá muitas vezes por que essas crianças não sabem sequer o que é disciplina e precisam ser apresentadas a ela.

                   Disciplina representa a maneira de agir do individuo, em sentido de cooperação, bem como de respeito e acatamento às normas de convívio de uma comunidade.

Em sentido didático, representa a maneira de agir do educando, no sentido de cooperação no desenvolvimento das atividades escolares e respeito pelos colegas. (NERECI Citada em Giancanterino, 1989, p.25).

                   Pode-se concluir que a indisciplina é apresentada em alguns aspectos, ou seja, esta se torna evidenciada na relação social do aluno com os demais colegas, no que se diz cooperação entre estes. Ainda esta torna, visível mediante ao acatamento às normas em relação ao convívio com a comunidade que se encontra inserida. Convém esclarecer que a disciplina também apresenta no sentido de cooperação no desenvolvimento das atividades escolares e no respeito com os colegas.

Para Vasconcelos (2009, p.240).

(...) é muito comum ouvirmos dos professores a queixa de que os pais não estabelecem limites, não educam seus filhos com princípios básicos como saber se comportar respeitar os outros, saber esperar sua vez, etc.

                 Nesta perspectiva fica explícito que os pais, enquanto primeiros educadores não estão cumprindo o seu papel, como deveria ocorrer, sendo assim, não impõe limites nos filhos, não os ensina os princípios éticos e morais. De acordo com o autor a família não estar cumprindo a função civilizatória básica, ou seja, não esta criando um ser humano racional civilizado. Isto implica que se continuar assim, os valores morais estão ameaçados de extinção.

 

1.2 Causas e consequências da indisciplina escolar

 

 

                   Muito tem se discutido sobre a indisciplina procurando encontrar os culpados e a solução para esse problema que tem afligido o ambiente escolar e tirado sono de professores, gestores e até de alguns alunos que não aceitam esse ato. Por se falar em culpa se fala muito a família como a origem desse problema, uma vez que na maioria dos casos esse dano tem início na infância ates mesmo de se iniciar a vida escolar e se prolonga por muitos anos trazendo sérias consequências ao adolescente.

                   Estudos revelam que em lugares mais pobres com famílias mais desestruturadas o problema a indisciplina é mais é mais perceptível, e vem junto com a fome e o desequilíbrio emocional e psicológico, estando enraizado em famílias extremamente pobres e traz como consequências distúrbios psicológicos que podem perdurar pelo resto da vida.

Tiba ( 1996, p.110) cita que:

O único animal que construiu uma civilização foi o ser humano. A civilização é caminhar evolutivo da sociedade. A sociedade é composta de organização, famílias e indivíduos, assim como o corpo humano é formado por aparelhos, composto por órgãos que por sua vez, são formados por células.

                 Nessa citação, Tiba comparou a organização do ser humano com a do próprio corpo humano, onde se pode entender a importância da união entre estes e que nenhum passa sem o outro; comparando então família e sociedade denota-se que ambas devem andar juntos, ou seja, é do meio de uma família que se tem um cidadão, o qual atuara em sei meio social.

               Contudo, a situação social da família não é o único fator que provoca a indisciplina escolar, já que há famílias bem sucedidas, onde as crianças possuem lares estruturados e com subsídios para que sejam educadas de maneira correta, mas que mesmo assim sejam indisciplinadas na escola, o que na maioria desses casos é ocasionada pela falta de limites e regras, por excessos de mimos e pelo fato de não saber dividir espaço. Estes tipos de criança querem repetir tais atitudes na escola, ornando-se inconsequentes nos seus atos e achando que tudo gira em seu redor.

 E então Tiba (1996 , p. 168) nos dizia:

Há pais que, que por pagarem uma escola, acham que a mesma é responsável pela educação de seus filhos. Quando a escola reclama de maus comportamentos ou das indisciplinas do aluno, os pais jogam a responsabilidade sobre a própria escola.

                A cada dia que passa a indisciplina tem tornado-se um problema cada vez maior, tanto para a família como para a escola, e ambas não estão conseguindo lidar com a situação. O indivíduo chega a sala de aula, atrapalha as atividades, briga com os outros, agride-os, rasga os cadernos e não quer participar das aulas, fica conversando nos horários de aulas sem limitações, pula em cima das carteiras quebrando-as, sem falar que tem alunos agressivos que ameaça a professora de morte. E este aluno indisciplinado começa então a perturbar as aulas, não querendo deixar a educadora ministrá-los, e essa realidade alem de estar nos lares e na escola vai também para o meio social, e quando este individuo vai para a sociedade tem-se mesmo um chefe de família desequilibrado ou quem sabe ate um drogado, ou melhor um traficante.

                Pode-se perceber que a indisciplina é proveniente de vários fatores, ou meios. Na família a indisciplina é gerada por seqüelas psicológicas, emocionais e estruturais, na sociedade pode ganhar proporções ainda maiores, ou seja, serem excluídos ou entrarem no mundo da criminalidade, e na escola era as maiores e mais sérias consequências. Há também os casos de indisciplina ser gerada pelo próprio professor, que usa de autoritarismo e exalta ainda mais os ânimos em sala de aula, achando que desta forma conseguir manter a ordem da sala, mas lamentavelmente, só causa transtorno este abuso de poder e exercido nos domínios intelectual e ético.

 

2 O ALUNO-PROBLEMA E SUA RELAÇÃO COM A INDISCIPLINA ESCOLAR

 

                  Nunca se refletiu tanto sobre as dificuldades enfrentadas pelos professores em salas de aula de ensino básico, como forma de, tentando conhecer os diversos fatores que tem sido empecilho para uma boa ação docente tentar criar estratégias de amenizá-las em nossas escolas. Dentre esses fatores que assombram a profissão docente está a indisciplina escolar, considerada por muitos o grande desafio da escola atual, afastando a cada dia os jovens da busca pela profissão de educador e desestimulando professores com vasta experiência em sala de aula e que dizem nunca ter vivido algo parecido. Nesse contexto o sociólogo Phillipe Perrenoud afirmou que nunca foi tão difícil ser professor.

               Diante de um problema tão sério que é a indisciplina escolar vem em mente a figura do aluno-problema, como aquele que além de não aprender e não buscar de forma alguma superar suas dificuldades ainda interferem na aprendizagem dos demais. São muitas as causas dessa chamada indisciplina escolar que leva a atuação problemática dos alunos, dentre os quais estão os distúrbios de aprendizagem, os chamados déficits cognitivos, os distúrbios de comportamento e muitos outros que são sempre colocados à tona quando se fala de indisciplina escolar. Fato é que as consequências já são desse problema são visíveis e tem afetado toda a sociedade.

               Dentre as inúmeras espécies de alunos-problema que se considera existir, uma pesquisa realizada pela revista nova escola, de dezembro de 1998 coloca como as principais, a falta de respeito e de limite dos alunos e o desinteresse como as principais formas de indisciplina encontradas no interior das instituições educacionais e a situação tem se agravado a cada dia, a ponto de, costumeiramente se ver nos meios de comunicação casos de agressão cometidas por alunos a colegas e professores no próprio recinto escolar..

 

2.1 O aluno desrespeitador

          

                  É comum ouvir-se de professores de diferentes áreas que os alunos de hoje não são mais respeitadores como os de antigamente, o que pode ter sido ocasionado pela flexibilidade além do ponto que muitas escolas oferecem, ou pelas frequentes mudanças nas tendências educacionais e nas metodologias que tiraram o autoritarismo e a centralidade do professor e até mesmo pelas transformações tecnológicas que permitiram uma vivência de mundo bem maior às crianças e jovens se comparadas a tempos atrás, todos esses pontos juntos somados a imaturidade dos estudantes podem ter resultado nesse desrespeito tão propagado em sala de aula. Outro fator que certamente contribuiu para o crescente número de casos de desrespeito em sala de aula foi a expansão do ensino, com maior número de pessoas nas escolas, obrigatoriedade do ensino, a crescente qualidade que não veio acompanhada da quantidade, daí o enorme desafio do professor, fazer com que esses estudantes permaneçam em sala de aula, mas com postura diferente, que percebam a importância dos estudos para a sua vida.

                 É preciso também que se perceba que o que antes as pessoas chamavam de respeito era na verdade uma repressão ao direito de os alunos expressarem seus pensamentos, o que não implica dizer que não deva existir regras que devem ser seguidas por todos, inclusive pelos jovens, mas é necessário refletir as mudanças que ocorreram no cenário educacional da nossa época aos dias atuais.

 

2.2 O aluno sem limites

 

                Outro tipo de indisciplina comum nas escolas parte daqueles alunos ditos, sem limites, que não aprenderam em casa a obedecer às regras e acham que o mundo gira em torno de si. E esses não são casos raros em sala de aula e tem afetado seriamente a disciplina escolar.

                 Dentre as muitas hipóteses para a existência desses estudantes prevalece na visão de professores e muitos teóricos a ideia de que a falta de limites está diretamente ligada a falta de controle dos pais em relação a atuação para com os filhos, o que não vale apenas para crianças cuja família não possui estrutura financeira suficiente, uma vez que muitos pais de classe média e alta compensam a falta de tempo para educar os filhos com presentes, o que contribui para a falta de limites e a desobediência de regras.

Em geral, a maioria dos professores imagina que o trabalho de disciplinarização moral da criança (de introjeção das regras e, portanto, da constituição dos famigerados "limites"), a cargo mormente dos pais, é um pré-requisito para o trabalho de sala de aula. E esta idéia, embora correta em parte, também precisa ser repensada, pelo menos em parte. (AQUINO 1997, P.9)

                Contudo, não se pode generalizar quando se diz que a falta de limites dos alunos provém da convivência familiar, pois sabemos que nem sempre os alunos mal-educados e sem limites em casa tem o mesmo comportamento na escola, da mesma forma que em todos os alunos com esses problemas de indisciplina na escola agem da mesma forma em casa, o que deixa claro a existência de outros fatores que provocam a ocorrência do aluno sem limites.

                É comum professores solicitarem da escola que chamem os pais para que resolvam os problemas disciplinares de seus filhos, mas já imaginou se os pais também convocassem os professores para resolver os problemas de seus alunos a cada vez que cometessem um ato indisciplinar? Diante disso é preciso que se saiba distinguir o papel da família e da escola e perceber que nem sempre os problemas recorrem num e outro ambiente deve precisamente ocorrer no outro. Há também a necessidade de se distinguir o papel a família enquanto primeira instituição e responsável pela conduta da criança e pela transmissão dos primeiros valores e da escola, enquanto instituição responsável pela ordenação do pensamento do aluno e pela promoção do conhecimento.

                 No entanto, o que acontece muitas vezes, é que muitos professores, diante das dificuldades do dia-a-dia, acabam se colocando como tarefa principal a normatização moral dos hábitos da criança e do adolescente, exercendo tarefas que não são suas de natureza, para que, só a partir daí ele possa desencadear o trabalho do pensamento. Um bom exemplo disso é um outro tipo de máxima muito freqüente no meio pedagógico que reza, a nosso ver, equivocadamente: "para ser professor, é preciso antes ser um pouco pai, amigo, conselheiro etc."

                Esse tipo de pensamento no trabalho pedagógico, segundo AQUINO 1997, p. 11, não é correto por pelo menos três razões:

* Em primeiro lugar, trata-se de um desperdício da qualificação e do talento específico do professor, porque ele não se profissionalizou para ser uma espécie de pai "postiço". Para uma ocupação como a paternidade não se exige uma preparação profissional cada um é pai ou mãe de um jeito peculiar e assistemático. No caso do professor, exige-se uma preparação lenta e especializada, devendo ele atuar de maneira semelhante aos seus colegas de profissão e de modo diverso dos profissionais de outras áreas;

* Em segundo lugar, trata-se de um desvio de função, porque ele não foi contratado para exercer tarefas parentais, e dele não se espera isso. Por mais que o trabalho em sala de aula demande muitas vezes exigências adicionais ao âmbito estritamente pedagógico, não se podem delegar ao professor funções para as quais ele não esteja explicitamente habilitado. É preciso, então, que o trabalho docente se restrinja a um alvo específico: o conhecimento sistematizado, por meio da recriação de um campo lógico-conceitual particular. Não confundir seu papel com o de outros profissionais e outras ocupações: eis uma tarefa de fôlego para o professor de hoje em dia.

* Em terceiro, trata-se de uma quebra do "contrato" pedagógico, porque o seu trabalho deixa de ser realizado. Se o professor abandona seu posto, se ele não cumpre suas funções específicas, quem fará isso por ele? Se o professor não se responsabilizar imediatamente pelo conhecimento, quem o fará?

                 Sendo assim, necessário que a escola perceba que seus professores não podem e nem devem assumir responsabilidades familiares, mesmo sabendo que essa instituição, família, está desestruturada e não cumpre com suas obrigações, uma vez que as obrigações de um educador para com seu educando já são por si só árduas e desafiadoras, e se essas obrigações já forem cumpridas de forma correta já será um grande progresso. Quanto a essa ausência da família uma das saídas seria a parceria de outras instituições como ação social para tentar reaproximar esses setores e amenizar esse problema tão grave.

 

2.3 O aluno desinteressado

 

                Outro fator preponderante quando se fala em indisciplina é que "para os alunos, a sala de aula não é tão atrativa e prazerosa quanto o mundo que eles vivenciam fora da escola, principalmente os veículos de informação tecnológica como a televisão e ainda mais a internet com seu leque de opções. Por esses e outros motivos muitos falam que a escola e os professores estão muito atrasados em elação a seus estudantes, o que provoca a falta de interesse e a apatia dos jovens. A saída, então, seria ela se modernizar com o uso, por exemplo, de recursos didáticos mais atraentes e assuntos mais atuais, além disso, há a necessidade de a escola se apropriar dos mais diversos meios tecnológicos como forma de melhorar o ensino-aprendizagem e trazer novamente os alunos ao convívio escolar".

                 Busca-se muito hoje tornar o estudante um sujeito ativo e atuante diante da sociedade e os muitos veículos tecnológicos pode ser um grande aliado par que isso aconteça, uma vez que leva o indivíduo às mais diversas informações na só do lugar onde ele vive, mas do mundo como um todo, o que falta é formação para que s educadores saiba como conduzir esses meios de informações, tornando-os um veículo metodológico e pedagógico. Por outro lado, há de se ter cuidado com a forma como conduz esses veículos, já que na escola, portanto, não se "repassam" informações simplesmente: ensina-se o que elas querem dizer, para muito além do que elas dizem. O trabalho pedagógico-escolar é mais da ordem da desconstrução, da desmontagem das informações, e isso se faz com o raciocínio lógico-conceitual propiciado pelos diferentes campos de conhecimento, representados nas disciplinas escolares.

Por essas e outras, escola é lugar sempre do passado, no bom sentido do termo. E deve continuar sendo! Muitas vezes conotamos o passado como velho, antiquado, ultrapassado, em desuso. Não é esse, em absoluto, o caso do conhecimento escolar. Pode-se afirmar com segurança que, de certo modo, o conhecimento sistematizado é a grande dádiva que os nossos antepassados nos legaram, a única herança que as gerações anteriores podem deixar para as gerações default fonts, para os "forasteiros" recém-chegados ao velho mundo. (AQUINO 1997, p. 13)

                Esse é um dos motivos pelo qual temos a impressão de que os alunos não têm interesse algum nas aulas que estamos ministrando. Ou então, que os conteúdos escolares não estão sendo acessíveis, e em parte é isso que ocorre em alguns casos, o que lecionamos em sala está muito distante do que vive os jovens em suas vidas particulares.

                Além do distanciamento família e escola outros fatores contribuem para a falta de interesse dos estudantes, como os problemas familiares e a falta de estrutura da família, a falta de perspectiva de futuro e de oportunidades de emprego e progressão nos estudos em algumas cidades, a acomodação e a falta de sonhos que aflige muitos jovens atualmente, a carência de bons exemplos até mesmo na própria família e muitos outros que tem sido motivo de questionamentos por parte de muitos professores.

                Fato é que o desinteresse escolar constitui um tipo de indisciplina que tem preocupado muito os teóricos e educadores, uma vez que o aluno desinteressado geralmente além de não está preocupado com a sua aprendizagem ainda prejudica a dos demais, e o que tem se notado, principalmente nos últimos anos é que a incidência de alunos que não demonstram nenhum interesse pelos estudos tem crescido, o que se deve sobretudo, as facilidades que encontram no ensino público, as formas de avaliação que muitas vezes permitem a aprovação sem o estudo necessário, dentre outros motivos.

 

3 COMO O PROFESSOR PODE LIDAR COM A INDISCIPLINA ESCOLAR

 

 

                   Não são poucos os casos em que em sala os professores deixam em segundo plano a aprendizagem dos alunos e focam seu pensamento nos atos de indisciplina que perturbam o andamento da aula e em muitas situações evita inovar nas aulas como em casos de trabalhos em grupo ou atividades que exigam movimentos com receio de que percebam que seus alunos não estão se comportando bem.

                   LUNA 2004 (apud BRITO 2013, p. 39) entendem que o maior prejudicado quando acontece esse tipo de situação supracitada é o próprio aluno que deixa de aprender e de se desenvolver enquanto estudante e futuro profissional. O mesmo autor afirma ainda que a educação com isso tem perdido o seu foco no que diz respeito a sua finalidade maior que é a de educar.

                  Sérgio Miranda (1999, p. 32) esclarece que “o conteúdo é fundamental, mas se não for bem colocado não atinge o ouvinte, e em vão terá sido gasto o seu verbo”. Miranda (1999, p. 32-33) demonstra que existem três elementos para uma boa comunicação: o conteúdo (a palavra) representa 7% dessa influência; alguns professores, advogados, padres, pastores etc. que foram famosos no passado pelo conhecimento e pela erudição que possuíam hoje não conseguem atrair nem convencer plateia alguma, pois lhes faltam os principais componentes da influência: o tom de voz, que representa 38% dessa influência, e a fisiologia (linguagem do corpo), que aparece como principal fator, com 55%.

                    Ainda mediante tal situação ao invés de fugir dos problemas de indisciplina que os afetam professores deveriam planejar ainda melhor suas aulas e inovar nas metodologias como forma de conquistar os estudantes para os estudos e minimizar os efeitos da indisciplina. SIDMAN 2003, relata que o atual cenário educacional brasileiro desestimula o aluno e o afasta da escola. Sabendo disso é preciso que gestores e educadores revejam o jeito de fazer educação e que dá maneira que está o sistema de ensino contribui para os atos de mal comportamento vistos nas escolas.

                 Segundo Freire (2011, p. 24), “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. Ou seja, o educador não deve se colocar em sala de aula como o dono da verdade ou o detentor do saber, mas um facilitador para a descoberta da aprendizagem dos alunos. O mesmo autor em outra citação coloca que “Não há docência sem deiscência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina alguma coisa a alguém”. Freire (2011, p. 25).

                    Há, no entanto, algumas estratégias que os professores podem e devem utilizar para melhorar suas aulas e diminuir os problemas de comportamento, dentre os quais pode-se frisar a necessidade de manter sempre o aluno em atividade de maneira que esteja com sua mente ocupada nos estudos, acompanhar seu desenvolvimento escolar, avaliar e elogiar as atividades realizadas pelos alunos e também se auto avaliar, procurando está em constante evolução. Outro fator essencial para combater a indisciplina escolar é o reforço positivo que precisa ser trabalhado pelos professores, uma vez que pesquisas apontam que um dos motivos que levam a indisciplina é o fato do aluno não está compreendendo o conteúdo ou está sendo deixado de lado pelo professor e pela turma.

Promover consequências reforçadoras positivas para o comportamento do aluno[... ] implica em avaliar não apenas o produto de seu comportamento(quantos problemas de aritmética ele conseguiu acertar, por exemplo), mas o seu comportamento,[...] que passos ele deve ter dado para chegar a solução, ressaltando ao máximo aproximações ao desempenho adequado/correto e criando condições para que ele aprenda o que ainda não sabe. Para aumentar as chances de o aluno ser positivamente reforçado, é necessário garantir que as tarefas sejam compatíveis com o que ele já sabe e aumentar a dificuldade delas gradativamente. (PEREIRA; MARINOTTI; LUNA, 2004, p.13)

                   Outro fator contribuinte para que a indisciplina ocorra são os atos aversivos que são comuns nas escolas e que levam alunos que por natureza já tem aversividade ao estudo a se tornarem ainda mais desestimulados e por consequência indisciplinados. Para diminuir esses casos é preciso que a comunidade escolar como um todo evite ao máximo entrar em conflito com os alunos e mostrar que quem manda é diretor ou professor, essas atitudes não só não contribuem para manter a paz na instituição como deixa o clima mais tenso e propício a atos de indisciplina. Ações como o diálogo e a conquista com certeza surtem mais efeito e transformam o ambiente escolar em um lugar mais agradável e prazeroso para se conviver.

                    A punição e o castigo que para muitos são aliados da escola se mostram na verdade como principais causas de atos de indisciplina e por vezes até de violências. Sidman (2003, apu BRITO 2013, p. 40) ressalta que:

 A punição é usada, para que aja mudança na maneira das pessoas agirem, para colocar fim à conduta indesejável, como retirar um brinquedo de uma criança quando esta se comporta mal. Além da retirada de um reforçador positivo, a punição também pode acontecer ao inserir um reforço negativo, como repreender ou ridicularizar uma criança que se comporte mal, a repreendendo.

                    Segundo Skinner (2003), a punição não significa mudança no comportamento posterior, porém, na maioria das vezes, é apenas algo imediato, trata-se então de algo temporário. Outro aspecto da punição é que ela depende mais do comportamento de outra pessoa, de tempo em tempo, para reestabelecer o efeito aversivo. O comportamento tende a repetir assim que as contingencias punitivas forem retiradas.

                    Picado (2009) lembra que punir já é algo delicado, pois geralmente a criança punida acredita que a punição acontece a ela e não ao seu comportamento, o que pode trazer consequência na sua autoestima. Este tipo de atitude pode gerar no aluno comportamento de fuga. E Sidmam (2003, p. 106) afirma: “reforço negativo gera fuga [...] reforçamento negativo torna uma ação mais provável, punição usualmente torna uma ação menos provável. ”

                    Acima de tudo, educadores e gestores têm de ter em mente que somente conscientizando seus discentes da importância dos estudos e fazendo-os se preocuparem com sua própria aprendizagem poderão resolver pelo menos em parte esse dilema que cerca o seu dia a dia e que aflige sua profissão docente.

 

 

 

 [Fsl1]Citação longa  demais

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