INCORPORIUM: Violências cotidianas que afetam o Corpo-Artista
Publicado em 11 de junho de 2019 por FELIPE DAVI MACHADO
INCORPORIUM: Violências cotidianas que afetam o Corpo-Artista
Felipe Davi Machado
Graduando em Teatro: Licenciatura – UERGS
Resumo: Este artigo relata alguns resultados do processo de criação da obra de dança intitulada INCORPORIUM. A metodologia da pesquisa foi a pesquisa performativa (SASTRE, 2015), operando a partir de procedimentos da Dança-Teatro, da Performance e da abordagem de Stanislavsky (1988), tendo como referência central a artista Pina Bausch e a sua forma de criação. O processo criativo procurou enfatizar as micro-violências quotidianas sofridas por alguns artistas e como elas transformaram os seus corpos e a sua maneira de ver a arte e o mundo. Instigados através de um experimento artístico as performances realizadas pelos artistas misturaram a vida e a arte, a mente e o corpo, gerando repetições que nos fazem pensar nosso lugar como artista.
Palavras-chave: Violências cotidianas; Corpo-Artista; Pina Bausch.
INCORPORIUM
Este artigo relata a criação da obra de dança intitulada INCORPORIUM, produzida durante a minha graduação na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), inicialmente no curso de Dança e, posteriormente, no curso de Teatro, ambos situados na mesma unidade. Insere-se em uma perspectiva interdisciplinar, que abarca os dois campos, em concordância com as abordagens da dança contemporânea e do teatro contemporâneo, bem como com perspectiva teórica que fundamenta a pesquisa performativa (SASTRE, 2015). O processo de criação utilizou como procedimentos abordagens metodológicas da dança-teatro e da performance, tendo como grande referência a artista Pina Bausch.
Segundo Birringer, para Bausch, o corpo humano tem qualidades específicas e uma história pessoal, mas é também um corpo que constrói representações. Bausch parte da noção de que o movimento do corpo na dança emerge de experiências e vivencias pessoais. Esta perspectiva, que encontra ressonâncias na fenomenologia (MERLEAU-PONTY, 1994), na visão de dança e de corpo de Rudolf Laban (1978) e nas teorizações de Stanislavsky (1988) sobre as emoções dos atores.
A partir dessas referencias, o processo criativo enfatizou as micro-violências quotidianas sofridas por alguns artistas, relacionadas a questões de gênero, raça, classe, etc. Instigados através de um experimento artístico, as performances (ações) realizadas pelos artistas misturaram a vida e a arte, gerando repetições que me levaram a pensar no lugar do artista dentro da sociedade. [...]