INCÓGNITAS E PARADOXOS DO ESPÍRITO
Por Fernando Rosemberg Patrocínio | 14/09/2012 | FilosofiaINCÓGNITAS E PARADOXOS DO ESPÍRITO
Há bem pouco tempo atrás pude redigir o artigo de epíteto: “Conceituação do Espírito na Natureza”, já divulgado pela internet.
Ora, além daquelas argumentações, é lógico que Espírito é um fato provado e comprovado pelos maiores sábios do mundo, tais como Crookes, (físico e químico) Lombroso (antropólogo), Crawford (físico), Flammarion (astrônomo), Barret (físico), Bozzano (filósofo), Myers (psicólogo), Geley (biólogo), Valery (engenheiro), Morselli (neurologista), Zollner (astrônomo), Wallace (naturalista), bem como por muitos outros elementos bem pensantes que mostraram a verdade irrefutável do Espiritismo. Vamos a algumas poucas, mas seríssimas opiniões pinçadas deles mesmos:
“O Espiritismo está tão demonstrado quanto a Lei da Gravitação”. (Wallace);
“A sobrevivência está comprovada por meio da investigação científica” (Lodge),
E outro, trinta anos passados desde que publicara as atas das experiências que demonstraram a realidade do Espírito, declarou que:
“Nada tenho que retratar dessas experiências e mantenho as minhas verificações já publicadas, podendo mesmo a elas acrescentar muita coisa” (Crookes).
Todavia, fazer a comprovação científica do Espírito é uma coisa. Aliás, é bastante coisa para este mundo provacional e tão ausente das coisas espirituais. Todavia, se o Espírito se destaca de tais pesquisas, ainda não sabemos o que ele é, do que se constitui intimamente e quais são os mais secretos mecanismos do psiquismo, do pensamento que dele se destaca continuamente tal como foco de luz que se irradia permanentemente.
Mas, então, o que é o Espírito?
Chamemo-lo de Alma, de Espírito que, em processo cíclico, encarna e reencarna no plano das humanidades; consideremo-lo como uma individualidade Simples e Ignorante, ou (ESI), ou, ainda, como uma espécie de Simplicidade Psi (Spsi), ainda assim, permanece a incógnita, o fato contundente de não sabermos o que é, intrinsecamente, o Espírito.
A obra de Kardec deixou-nos claras e patentes instruções de que os Espíritos se potencializam em inteligência e moralidade a partir daquele ponto de extrema simplicidade, ou seja, infinitesimal, ponto este que poderia assemelhar-se, em termos de física quântica, aos incertos movimentos de uma invisível “partícula” que, eventualmente, também se comporta como “onda”, e que, como tais, de um modo ou de outro, tem, para nós, metas evolutivas a cumprir: do átomo ao mais puro arcanjo celestial.
Referido ponto, “Simples e Ignorante”, é o “Ser”, ou “Ente” que anima e dá vida aos seres inferiores da criação, sendo que, no tocante aos animais, pode-se denominá-lo “princípio inteligente”, que, um dia, por contínua evolução, percorrida e vivenciada no interior das coisas físicas e biológicas, haverá de tornar-se, aos meados de tal epopéia, o que verdadeiramente se pode designar por: Espírito humano. Tal entidade – o Espírito – é, pois, no homem:
“Centelha divina que lhe dá o senso moral e um valor intelectual que falta aos animais, e é nele o ser principal, preexistente e sobrevivente ao corpo e que conserva a sua individualidade”. (Kardec).
Mas, quais são as similaridades e diferenças entre o princípio anímico dos animais e do homem, propriamente falando? Reafirmo que:
Essencialmente (es=) são iguais; de cujo equacionamento se verifica:
[(Princípio Inteligente dos Animais)] (es=) [(Espírito Humano)]
Mas, evolutivamente (ev=/=) são diferentes; cuja desigualdade insinua:
[(Princípio Inteligente dos Animais)] (ev=/=) [(Espírito Humano)]
Ora, não pode haver dúvidas quanto a isso, pois que os Espíritos superiores quando questionados em seu Tratado Basilar, se a inteligência do homem e dos animais emana de um mesmo princípio, sua resposta taxativa fora a de que:
“Sem nenhuma dúvida, mas no homem ela recebeu uma elaboração que o eleva acima da do animal”. (Vide: “O Livro dos Espíritos”).
E, mais ainda: onde estivera, ou, por onde houvera de passar a Alma do homem em suas primeiras fases evolucionais? E, como resposta, temos:
“Numa série de existências que precedem o período a que chamais humanidade”. (Opus Cit.).
E confirmam noutra de suas respostas que:
É nesses seres que estais longe de conhecer totalmente, que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e ensaia para a vida, como dissemos. É, de alguma sorte, um trabalho preparatório, como o da germinação, em seguida ao qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. É, então, que começa para ele o período de humanidade, e com ele a consciência de seu futuro, a distinção do bem e do mal e a responsabilidade de seus atos. Como depois do período da infância vem o da adolescência, depois da juventude e, enfim, a idade madura. (Opus Cit.).
Assim: somos o que somos: um Espírito imortal proveniente da imensa fieira dos reinos mineral, vegetal, animal, reinos inferiores da criação, e, enfim, dos mais profundos mistérios que envolvem a criação em Deus.
E o fato é que pesquisadores da Metapsíquica, como por exemplo, o sábio Gustave Geley, redefiniram o ser psicológico humano tal como espécie de: dinamopsiquismo-essencial; e a Parapsicologia de Joseph B. Rhine o substituíra por algo extra-físico, reafirmando, portanto, que a mente não pertence ao domínio das coisas físicas, mas sim, das não-físicas, e, portanto, espirituais.
Assim sendo, o Espírito humano é, nada mais nada menos, que um psiquismo dinâmico de natureza metafísica ou espirítico-imortal que, indubitavelmente, desconhecemo-lo em sua natureza mais essencial. Conquanto ele mesmo – o Espírito, em pessoa – esteja a nos expressar intelectualmente e moralmente no mundo a que pertencemos como homem e como ser componente de uma sociedade universal. Na verdade trata-se, realmente, de um paradoxo. E isto pelo simples fato de que nós não conhecemos o Espírito, mas, paradoxalmente, somos o Espírito, dele fazemos uso, o empregamos como meio de vida, de saber e de aquisições outras de nossas experiências mesmas, desde tempos remotíssimos de nossa presença no mundo.
É por meio do Espírito, pois, que eu conheço; mas, definitivamente, eu não me conheço; é com ele que eu sei; mas que, de mim mesmo, nada sei.
Essencialmente, pois, nada sabemos do Espírito. Do que, intimamente, ele se constitui? Como e porque fora gerado? De onde procedera e para onde está sendo levado? Contudo, é nele mesmo, e, com ele mesmo, que aprendemos; que trabalhamos; diuturnamente experienciamos e, portanto, por um longo e dilatado tempos, nós o operamos. É nele mesmo, então, é por meio dele mesmo, portanto, e, é com ele mesmo, entretanto, que laboramos, pensamos, evoluímos, tomamos atitudes aprováveis umas e condenáveis outras, boas ou más, ou seja: fazemos tudo quanto fazemos sem atinarmos para o fato de que não sabemos o que ele é: de que tudo, ou quase tudo, desse tal de Espírito ignoramos, se mostrando, pois, como a maior das incógnitas do nosso saber que, em suma, não sabe, mas que, um dia, para a nossa esperança, haverá de saber.
Com efeito, não se pode negar que o Espírito tem toda uma gama de progressos por fazer, do universo de si mesmo e de tudo quanto lhe toca, interiormente e exteriormente, nos mais diversos mundos, sistemas estelares do espaço cósmico sideral, multidimensional.
Assim, repiso que: quase nada sabemos do Espírito, de sua natureza mais íntima, essencial. Mas sabemos com ele trabalhar, experienciar, desfrutar. Ora, não se tem como compreender o Espírito nos seus mais diversos graus de progresso, de expansibilidade evolutiva no imenso e complexo terreno da vida vegetal e animal. Não se tem como defini-lo em tudo que se nos patenteia na natureza, repleta de tantas incógnitas, de tanta beleza, de cores diversificadas em matizes e tons verdadeiramente estonteantes, deixando-nos, pois, boquiabertos perante o espetáculo da criação, de algo que, no estado exterior, expressa, no entanto, seu estado interior que se reflete na forma, ou seja, na entidade física da coisa nitidamente metafísica.
E chego mesmo a frisar que: tal princípio anímico é, de fato, uma incógnita metafísica que não se tem como definir e entender, mas que, entretanto, se define e se expressa em nós mesmos, na natureza das coisas físicas, inorgânicas e biológicas, pois que: de tais coisas se veste, se desveste e se reveste; se compõe, se decompõe e se recompõe; se organiza, se desorganiza e se reorganiza, e, por tal constante palingenésica, já vivera outrora, revive ainda agora e se fará reviver outro tempo da imensa trajetória físico-espiritual.
De um ponto de vista filosófico-científico, pois, ficamos com a certeza de que somos ainda incompletos, de que muito ainda precisamos laborar e conhecer para podermos conhecer a nós mesmos. Em resumo: somos Espíritos imortais, mas que, do mesmo, presentemente, e, paradoxalmente, nada sabemos. A não ser, é claro, por intermédio de nós mesmos, do nosso próprio labor, do nosso saber que tão pouco sabe, pois que nem mesmo a si próprio se conhece, conquanto nele mesmo se reflita, se estabeleça, se componha, se ajusta e se reajusta como puder, ou, como pode e deve, segundo normas da Lei, se ajustar.
Assim, esgotados todos os nossos recursos perquiridores, poder-se-ia dizer, entretanto, numa sentença filosófica extrema que:
“O Espírito é o Existir, ou seja, nada mais, nada menos, que um fato originário da Causa Existencial Divina que nos propiciara a facticidade do Existir para uma plenitude de glórias junto a Ele mesmo, nosso Pai e Magnânimo Criador”.
Autor: Fernando Rosemberg Patrocínio
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