Inclusão no ambiente escolar - Atividade de Projeto de Prática

 

Autor: Dr. Elionai Dias Soares

Professor de OMF / Anatomia Humana – Cesmac / AL

Licenciado em Educação Física – Claretiano / SP

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@prof.elionaisoares

 

Introdução

O presente trabalho teve por propósito cumprir com a realização de atividade na condição de acadêmico do curso de Licenciatura em Educação Física. Para isso, houve visita a uma escola particular, com autorização prévia da direção da escola local, solicitando permissão para a realização desta atividade. O local visitado deveria ser frequentado por alunos com deficiências mas incluídos e participantes das atividades de Educação Física, juntos com os demais alunos sem “deficiências”.

 

Respostas da entrevista realizada e análises:

1 - Nome do local: C.F.M.A.L. (particular)

2 - Etapa de ensino:

(X) Ensino Fundamental (anos finais)

( ) Ensino Médio

( ) Outros ________

3 - Observação de uma aula e descrição dos seguintes itens: 

a) Início da aula: 7h

b) Duração: 50 min

c) Quantidade de alunos com e sem deficiência: 1 (um) e 15 (quinze)

d) Tipo de atividade realizada e como, pedagogicamente, foi realizada a atividade:

Aula prática sobre o tema Basquetebol – atividade de jogo cooperativo, com propósito de aprender o arremesso, desenvolvendo a convivência, por meio de jogo / atividade colaborativa entre os alunos (descrição no item 5.c)

e) Qual o tipo de deficiência apresentada pelos alunos?

( ) Visual

( ) Auditiva

(X) Intelectual

( ) Motora

( ) Múltipla (descreva): 

OBS: o aluno observado possui deficiência intelectual associada ao TEA (Transtorno do Espectro Autista).

 

Entrevista com o professor:

4 – Dados pessoais

a) Idade: 41

b) Sexo: (X) Feminino ( ) Masculino

5 – Dados profissionais

a) Qual sua formação acadêmica? 

(  ) Graduação

(X) Especialização

(  ) Mestrado

(  ) Doutorado

(  ) Outros_____________

b) Há quanto tempo atua na área de Educação Física?

( ) Menos de 1 ano.

( ) Entre 1 e 5 anos.

( ) Entre 5 e 10 anos.

(X) Mais de 10 anos: 14 anos

c) Em sua opinião, quais são os requisitos necessários para um professor de Educação Física poder incluir um aluno com alguma de Deficiência em suas aulas?

Considero que o mais importante no professor que tem contato com alunos portadores de deficiência seja o bom senso. O professor deve reconsiderar o conceito de necessidade especial, visto que todos os alunos têm suas peculiaridades e necessidades especiais. Além disso, o professor deve procurar obter recursos materiais para superar as limitações do aluno e ter criatividade para inseri-lo no contexto da aula, mobilizando toda a turma. Mas é sempre uma dificuldade para todos que estão envolvidos no processo.

d) Descrição do que foi observado durante a aula e sobre a entrevista com o professor:

Tive a oportunidade de observar a aula prática com o tema “Basquetebol”. A princípio, foi dada ênfase a um momento de aquecimento, onde foi realizado o “pega-pega”, entre todos os alunos da turma. Logo em seguida, a professora desenvolveu atividades que chamou de “educativos de quique”, com lançamentos precedendo o momento maior do jogo, propriamente dito. Durante a prática, observei o comportamento de um aluno que possui deficiência intelectual e que também é portador de TEA (transtorno do espectro autista). O aluno participou ativamente da corrida, nos momentos iniciais de aquecimento, acompanhando os seus colegas que o estimulava a correr, prazerosamente. Em seguida, verifiquei que o aluno portador de necessidades especiais apresentava sim sinais de dificuldades de sincronização e raciocínio, pois entrava e saía da fila, com o objetivo de sair quicando a bola e arremessar na cesta. Dava para perceber que a professora estava atenta à toda turma, mas sem perder o cuidado com o este aluno. O que mais chamou a atenção foi que durante o jogo, os alunos tinham que passar a bola pra todos os demais alunos da turma para que valesse o ponto, no entanto, muito atenta ao aluno especial, a professora proporcionou que em algumas vezes ele tivesse uma bola só pra ele.

• Existe ou não alguma dificuldade do professor ou do (s) aluno(s) em desenvolver a atividade que foi realizada? 

Considero que a dificuldade é intrínseca da situação em si, e não da professora. A docente foi sensível a todo momento, procurando sim incluir o aluno da melhor maneira possível. Mas não é fácil, pois a atenção, obviamente, precisa também se dar a todos os demais alunos da turma. Com relação ao aluno em questão, percebi que o momento de prática era mais favorável quando possuía o caráter de “brincadeira”. Porém, ficou nítido a dificuldade, por parte do aluno, em sincronizar com os demais colegas de turma a atividade proposta. No entanto, a situação foi razoavelmente contornada pela professora, que prontamente disponibilizou uma bola exclusiva para o aluno. Na minha opinião, a modalidade de atendimento ao aluno foi pautada nos princípios da inclusão. Em todo o momento, tanto por parte da docente, quanto dos demais alunos, houve uma postura de aceitação, tolerância, apoio e assimilação, com a oportunização de prática compartilhada entre todos. Na experiência vivenciada, constatei o respeito à diversidade e aceitação das diferenças, tanto por parte da professora, quanto dos demais alunos.

 

Considerações Finais

Com base no trabalho realizado, a professora conhece os princípios da inclusão escolar. Destaco que a vivência me despertou a importância de que, além de saber os conceitos teóricos sobre o tema, há de se ter grande disponibilidade e interesse, principalmente por parte do professor. No que observei, não adianta manter um discurso bonito, politicamente correto, se a motivação real não for concernente com a prática a ser desenvolvida. Essa experiência me permitiu verificar que a professora possui sim o conhecimento dos princípios da inclusão, mas sobretudo pelas suas ações no campo da prática, mediante aos desafios dessa aula observada, sendo essa constatação oriunda mais pelo que observei do que pelo que entrevistei, em forma de um discurso (ou entrevista) que não foi isolada da prática. 

 

Referência:

VAN MUSTER, M. A. Educação Física Especial e Adaptada. Batatais: Claretiano, 2013.