1. INTRODUÇÃO

            Engenharia é a arte, a ciência e a técnica de bem conjugar os conhecimentos especializados de uma dada área do saber, com o apoio da viabilidade técnico-econômica, para produzir novas utilidades e transformar a natureza, em conformidade com idéias bem planejadas. Várias são suas especialidades que aliados às novas tecnologias, mais e mais especialidades continuamente estão a surgir. [3]

            A história da engenharia é muito fascinante uma vez que, permite que se conheça e se valorize as extraordinárias construções edificadas pelo homem desde a pré-história até os dias atuais, ao mesmo tempo revelam que as construções, além de satisfazerem as necessidades do homem em uma determinada época, são valorosas e importantes expressões culturais, sociais, políticas e econômicas das sociedades que as construíram. Em paralelo mostra o papel fundamental que as novas estruturas e os novos sistemas estruturais tiveram, e continuam tendo, no processo da construção civil, e o papel do profissional engenheiro que aliado a outros profissionais podem elaborar projetos arrojados e seguros, melhorando a qualidade de vida da população.

            O trabalho que ora apresentamos refere-se à Importância da História da Engenharia na Sociedade Contemporânea, de modo que o leitor possa compreender o processo evolutivo da Engenharia, por ser um grande tema, para a formação dos futuros engenheiros.

2. HISTÓRIA DA ENGENHARIA

            O termo engenharia vem do latim “ingeniu”, que quer dizer faculdade inventiva/criativa, talento. [3] O ser humano foi desenvolvendo, aos poucos, soluções práticas para sua vida e com isso, inventando objetos a partir das suas necessidades. O conceito atual de engenharia, como profissão regulamentada, é relativamente recente podendo se dizer que data da segunda metade do Séc. XVIII.  Entretanto, sua história confunde-se com a história da própria humanidade e teve início há cerca de sete milhões de anos, quando o homem abandonou as frias e úmidas cavernas. [1]

Com a descoberta da agricultura e da pecuária, o homem deixou de ser nômade, passando a estabelecerem-se em locais fixos, construindo inicialmente abrigos rudes, tendas, aldeias e construções primitivas. Associado a essa nova prática, veio à descoberta do fogo e a conquista da fala, que em muito permitiu a maior comunicação entre seus pares, e troca de informações necessárias capazes de conduzi-los a grandes conquistas.

2.1 A Engenharia na Pré-História

            A história da Engenharia na Pré-História nós é mostrada através da paleontologia, onde os primeiros hominídeos eram carnívoros e, como não possuíam dentes ou garras afiados, necessitavam de alguma ajuda para superar esse problema. Isto os forçou à fabricação de ferramentas, que inicialmente eram pedaços toscos de pedras lascadas com a ponta aguçada, que se transformavam em objetos cortantes (Figura 1 - ver arquivo anexo). Assim, há milhões de anos, teve inicio o desenvolvimento tecnológico, que acompanha o próprio processo evolutivo do homem. [1]

      Certamente, o maior avanço tecnológico e cultural do homem primitivo foi à habilidade adquirida em lidar com o fogo, ocorrida por volta de 600.000 anos atrás, possivelmente a partir de algum incêndio causado por raios ou erupções vulcânicas. O fogo significou calor e luz, possibilitando vencer o frio e a escuridão e, portanto, abriu caminho para o homem primitivo sobreviver em regiões mais frias, ampliando a ocupação espacial da terra, além de favorecer o cozimento dos alimentos, tornando-os mais palatáveis. [1]

      Somente a partir de 50.000 anos os seres humanos começaram a produzir artefatos de caça mais elaborados, como os arpões, lanças, e posteriormente o arco e a flecha. Estes artefatos possibilitavam a caça em grandes distancias, tornando essa atividade mais segura e eficaz no acesso a maior quantidade de alimentos.

 O surgimento da agricultura, que se deu provavelmente no ano 10.000 a.C. , assim como o domínio do fogo e o advento da fala, foram os acontecimentos mais marcantes da historia da evolução humana. Após a agricultura, veio a ordenha para aproveitamento de leite, a coleta de ovos, a tração animal, além de criar o estoque alimentar de reserva. Assim, não havia mais necessidade de mudanças freqüentes do local de residência para obtenção de alimentos. Nesse momento, o homem passou a ser menos nômade, e há aproximadamente 8.000 anos, um ser humano não caçador e não coletor, foi responsável pela origem das comunidades grandes e suficientemente permanentes para desenvolver uma arquitetura de tijolos e pedras. Nesse momento, certamente nascia o primeiro engenheiro. [1]

Outra mudança significativa que perpassa a era do inicio da civilização foi a descoberta da roda e do uso do metal. A roda (Figura 2 - ver arquivo anexo) foi inventada por cerca de 4.000 a.C. e tornou-se uma das tecnologias mais famosas e úteis do mundo. O metal mudou o mundo quase tanto quanto a agricultura. Entre 7.000 e 6.000 a.C. o cobre, foi o primeiro metal a ser aproveitado, aplicado inicialmente na elaboração de objetos para ornamentos, para logo em seguida ser utilizado na fabricação de armas e ferramentas. O ferro passou a ser explorado no Oriente por volta de 1.500 a.C. e só foi amplamente divulgado depois de 1.000 a.C. [1]

Embora não haja nenhum registro escrito da inovação tecnológica de alguns povos ou culturas, podemos ter uma idéia a respeito de como o mundo, e seus mecanismos, foram compreendidos pelo homem pré-histórico, através de evidências diretas e indiretas. A evidencia direta inclui as pinturas rupestres, enquanto que as evidências indiretas são constituídas por ossos, múmias e ferramentas antigas. Sabe-se que as primeiras civilizações propriamente ditas que se tem conhecimento, surgiram entre os anos 3.500 e 500 a.C. e a primeira delas localiza-se ao sul da Mesopotâmia (Figura 3), que já tinham a prática da irrigação, da construção (devido à falta de pedras, usavam uma argamassa de junco e barro, além de tijolos de barro secos ao sol) e o desenvolvimento do sistema de governo.

Pouco depois, sinais de civilização podem ser vistos também no Antigo Egito e datam de aproximadamente 3.000 a.C. Sabe-se que os egípcios primitivos dominavam varias técnicas, dentre as quais, as de construção de barcos de junco, de trabalhar a pedra dura, de moldar o cobre, domínio de técnicas de irrigação, além de inventarem e usarem máquinas simples, como a rampa e a alavanca, nos processos de construção. A escrita tinha como suporte o papiro e a cerâmica. Praticavam também a criação de gado para tração e criavam aves. Construíram obras em pedra, insuperáveis para a época, das quais as mais famosas são as pirâmides (Figura 4 - ver arquivo anexo). A história geral narra que o primeiro arquiteto conhecido foi Imhotep, chanceler real egípcio.[1]           

Com o surgimento da escrita, foi possível preservar e transmitir conhecimentos e experiências com mais facilidade e precisão, de uma geração a outra. A cultura e a tecnologia acumuladas gradualmente se tornaram mais efetivas como instrumentos para mudar o mundo. Ficou então mais fácil, o domínio das complexas técnicas de irrigação das terras, de fazer as colheitas e armazená-las e assim melhorar a eficiência na exploração dos recursos naturais. Podemos verificar isso através de relatos das antigas civilizações: [1]

2.1.1 Incas

Os conhecimentos de engenharia dos incas eram grandes, mesmo quando medidos pelos padrões de hoje. Um exemplo é o uso nas suas construções de peças de pedras pesando mais de uma tonelada (por exemplo, Machu Picchu no Peru – Figura 5 - ver arquivo anexo), colocadas de tal forma juntas que nem mesmo uma lâmina cabe entre elas. Algumas das pedras da cidade de Machu Picchu ainda se encontram intactas. As aldeias usavam canais de irrigação e sistema de drenagem, tornando a agricultura muito eficiente. [8] Ainda hoje se vê muito do engenho dos incas, um povo que nunca deixou registro escrito de sua história, mas, em compensação, legou à posteridade incontáveis trabalhos em ouro, pedra e prata, sistemas de irrigação, aquedutos, técnicas de agricultura, praticas de medicina, estudos astronômicos e cálculos primorosos de engenharia, entre outros.

 Esses monumentos são hoje um grande centro turístico, com atrações históricas, arqueológicas e arquitetônicas. Um exemplo disso é o muro, que um dia foi o Palácio do Inca Roca. Nesse muro, está a famosa Pedra de Doze Ângulos. Sem ter informação alguma a respeito dela, é apenas uma pedra no meio de uma parede, insossa. Para apreciá-la é preciso saber que, na engenharia, quanto maior o numero de ângulos, maior o poder de sustentação, uma coisa fundamental num país como o Peru, atormentado por terremotos. O muro tem uma fileira de pedras pequenas em sua base e uma grande no meio. Caso viesse um terremoto, as de baixo, com maior equilíbrio, tremeriam sem desconjuntar a base, e a maior se encarregaria de manter as outras coesas a seu redor. [16]