IDADE MODERNA:

ANÁLISE MEDIANTE AO DESENVOLVIMENTO NAS ARTES TENDO COMO PRESSUPOSTO O RENASCIMENTO.

RENASCIMENTO? EM QUAL SENTIDO?

 

Hudson Silva Lourenço

Graduando em História pela UFRRJ

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INTRODUÇÃO

            Investigar, conceituar e a partir disso definir uma única e generalizadora resposta quando o assunto é Renascimento, se é que seja possível obtê-la, se torna uma tarefa gigantesca e que levará bastante tempo, principalmente pelo fato da palavra carregar consigo um conceito de polissemia, que poderá ser interpretada e definida por todos de acordo com o seu ponto de vista.

            Quando em contato inicial com livros didáticos, artigos e afins, em que o assunto abordado é o mesmo em questão, percebe-se que nessa transição da Idade Média, ou como preferirem, Baixa Idade Média, tem o Renascimento Cultural detectado entre os séculos XIV ao XVI, como sendo o divisor de águas, ou seja, o fator responsável por essa drástica e definitiva transformação com a Idade Média.

            Thomas Woods, ao escrever seu livro “Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental”, ao falar sobre o Renascimento, dirá que o mesmo, foi a maior explosão de criatividade e de inovações no mundo no campo da arte desde a Antiguidade nos séculos XV e XVI onde se pode notar o seu auge na Idade Média. Segundo o historiador: “há elementos suficientes para descrevê-lo como auge da Idade Média, mais do que como uma ruptura com o passado: os medievais, tal como algumas figuras exponenciais do Renascimento, tinham um profundo respeito pela herança da antiguidade clássica, ainda que não a aceitassem de modo tão acrítico como o fizeram alguns humanistas; e é na Idade Média que encontramos as origens das técnicas artísticas que viriam a ser aperfeiçoadas no período seguinte”. pp. 119.

Partindo desse autor juntamente a outros que irei citar mais adiante ao discorrer sobre o assunto, tenho como princípio da discussão a parte acima que fora destacada em negrito, e que não me limita em abordar outras temáticas.

RENASCIMENTO? EM QUAL SENTIDO?

De acordo com o dicionário Infopédia (acessado através de site na internet), Renascimento possui tais definições:  1. Ato ou efeito de renascer, renascença;  2. Reaparecimento;  3. [figurado] novo vigor; nova atividade/ novo impulso; etc. Podemos então, a partir dessas definições dar continuidade ao assunto. Será que essas definições de renascimento estão de acordo com as historiografias? Quando Thomas Woods entende e defende as práticas do renascimento em seu livro, o mesmo dirá que na Modernidade, embora as obras de artes daquela época sejam “novas”, portanto, recém-pintadas, o que irá prevalecer nessa questão, serão as práticas e técnicas que serão mantidas e respeitadas que são frutos da Idade Média, que serão com a virada do período reformuladas e aperfeiçoadas. Outro autor que partilha dessa mesma visão é Peter Burke, que também será alvo nessa discussão. Burke, em “O Renascimento Italiano”, apresentará diversas áreas onde se torna possível detectarmos o renascimento. Tanto na arquitetura quanto na escultura, havia novas formas de construir, porém, nosso foco aqui deve ser direcionado naquilo que o autor fala a respeito das obras de arte. No início do parágrafo da página 25, Burke nos certifica que é mais útil investigarmos a inovação nas artes do que o florescimento dessas artes. Aponta também que na Itália, os séculos XV e XVI foram vistos como um período de grandes inovações nas artes, no surgimento de novos estilos e novas técnicas, caracterizado como um período de “primeiros” em diversos segmentos. A inovação não era a única a emergir nesse meio, essa também foi a época da primeira pintura em óleo, da primeira gravura em madeira e em metal e também do primeiro livro que fora impresso e que, segundo o autor, nem todos os países se sobressaíram tanto nas inovações do que a Itália, por mais que as influências tenham sido trazidas da Alemanha e dos Países Baixos que eram descobertas e postas em prática pelos artistas da época. Escultura, Arquitetura, Música, Literatura também foram alvos dessas transformações. Podemos ver que os aspectos culturais daquela época, se limitavam à economia, à política, às visões do mundo, ao homem e também da organização religiosa. O autor diz que estabelecer uma linha de ruptura entre aquilo que fora velho e aquilo que fora e/ou se torna novo, é imensamente difícil quando se trata dos gêneros, porém, nas técnicas é fácil observarmos e concluirmos que essas mudanças foram bastante óbvias. Na escultura, a ascensão da estátua em pé, principalmente quando se tratava de uma escultura onde havia um cavaleiro montado em seu cavalo (monumento equestre) e no retrato, o busto. Já na pintura, o retrato trás à vista um gênero mais independente, seguido principalmente pela paisagem e pela natureza morta. Como por exemplo, uma mesa com diversidade de frutas, flores, um cálice ou um jarro contendo vinho ou qualquer outro líquido que seja ingerido. Nada que se relacione diretamente com a morte, são apenas representações em pinturas de objetos inanimados. Na arquitetura, o que apareceu foi um desenvolvimento ou até mesmo, invenções do planejamento urbano no século XV. E na literatura, a ascensão da comédia, da tragédia e da pastoral, seja ela no drama ou no romance. Segundo Burke, todas essas teorias, sejam elas das artes plásticas, da teoria literária, musical e política, irão se incorporar e adquirir como fundamento a sua autonomia. Giorgio Vasari irá reformular no século XVI a postura clássica sobre as inovações das artes visuais, por mais que fossem vistas e apresentadas como uma retomada do período que passara, essa inovação era consciente, pois remetia uma ideia de progresso em relação à era dos “bárbaros”. Seguindo a ideia de progresso, o renascimento teve vários pontos cruciais até ser visto e demarcado como período novo, as transformações sociais, econômicas e na política no final da Idade Média, irão propiciar também uma vasta modificação nas estruturas mentais, ou seja, digamos que uma reformulação e o despertar de novas formas de pensar. Contudo, entende-se que, o termo Renascimento, que fora “criado” no século XVI, surgiu então para caracterizar uma época de grandes “renovações” culturais e intelectuais que serão marcantes nesse período. [...]