Durante muitos anos a Idade Média foi vista como um tempo de trevas intelectuais, período nebuloso e com práticas religiosas beirando ao exagero e fanatismo; uma época avessa aos avanços e, justamente por isso, com perseguições aos avanços filosóficos e científicos. Pensava-se que a Idade Média havia sido o tempo em que o tempo parou.

Mas parece que não foi bem assim!

Não só pelos avanços da ciência histórica, mas também quando se analisa os eventos desse período, pode-se perceber que o período medieval foi um importante ponto de partida para o mundo infotecnovirtual em que vivemos. Claro que não podemos dizer que foi um caldeirão em ebulição, como mais tarde ocorreu na era renascentista, mas um braseiro em que o calor difunde-se lentamente e de forma irrefreável. Um calor que acendeu o fogo do Renascimento.

Falamos muito que o Renascimento revolucionou o mundo do saber, recolocando o homem na centralidade das reflexões. Mas antes do Renascimento e para que ele se concretizasse, o que aconteceu? Aconteceram as inovações medievais.

Feito semente centenária a idade média gestou e pariu o renascimento. Plantou e fez germinar as inovações renascentistas.

Muitas das inovações medievais demoraram séculos para acontecer. Outras não se originaram na Europa, mas chegaram ali na mochila e bagagens dos cruzados, que as aprenderam dos muçulmanos contra os quais combatiam. Algumas nasceram nos mosteiros, a partir da filosofia, mas outras foram pensadas a partir do trabalho sofrido dos servos.

O fato é que todos os mil anos medievais perpassaram como uma torneira que, lentamente pingou gotinhas de novidades que se acumularam o balde do tempo. Gotas que transbordaram num novo tempo: o Renascimento.

Neri de Paula Carnairo

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

Rolim de Mooura - RO