Humor evangélico? É para rir ou para chorar?

Geralmente quando nos tornamos membros de uma igreja evangélica, uma  das práticas    mais urgente  que abandonamos   é contar piadas obscenas (e ouvi-las, também).

O Salmo primeiro  chama de bem aventurado o homem (a mulher também), que não se assenta na roda dos  escarnecedores (zombadores, caçoadores).    Isto  não significa que temos de fazer cara de quem tomou uma colher de óleo de fígado de bacalhau. 

O bom humor não se extingue na conversão, apenas se aperfeiçoa  e torna-se mais qualitativo.  Santidade não se  define apenas  pela seriedade expressada.  Há um falso conceito que  membros  sérios  são mais santificados  que os demais. Nem sempre esta regra funciona.

Antes da introdução  da Internet e redes sociais,  o termo humor evangélico, (se assim  podemos defini-lo)  era pouco conhecido.   Talvez o  marco inicial foi a música  Êta butina –  (Pr. Elizeu  Gomes – CD Louvor Rural I. Fez  tremendo sucesso na época do lançamento.  Como o próprio título do CD sugere, ele navega pelos ritmos de todo o Brasil, do Oiapoque ao Chui. Destaques para as músicas -  O crente e a onça,  Eu passo reiva, Severino e Pistoleiro que gostava dos irmãos.   

O  resultado foi a continuidade com Louvor Rural  edição 2 e 3, especialmente nas música  - Só pela graça, Namoro do crente  (esta virou vídeo no Youtube) e Irmão teimoso.  As demais   faixas dão mais ênfase aos estilos musicais com letras  normais.  

Outro fenômeno humorístico evangélico é o  mineiro Zé da Roça.  Seus  CDs   também explora   vários ritmos, cujas letras ironizam  a modernidade ( Nois agora é gospele), costumes mundanos   (Melô do strip), etc  Entre uma faixa e outra, há pequenas introduções  faladas e  diálogos fazendo questão de prenunciar o português, o mais errado possível para caracterizar a figura do matuto roçariano.

Com o surgimento de  aplicativos  Facebook  e   YouTube,    Zé da Roça  e Eliseu Gomes tem  agora dezenas de concorrentes.  Basta uma câmera e  muita criatividade.  Não é necessário  muito dinheiro no investimento ou  obter a aprovação de produtores midiáticos.   Cada um é o seu próprio produtor, ator, diretor,  editor  de  áudio e vídeo.

São   crentes  talentosos,  cujas pequenas produções   atingem número altíssimo de visualizações no You Tube e milhares  cadastrados em seus respectivos canais.

Vale a pena  mencionar -    O Evangélico, liderado por   Samuel Rocha, de Curitiba,  que interpreta  a figura do caipira brasileiro. Também faz sátira  aos políticos e  cantores estrelas, etc.   Sua imitação ao cantor Tales Roberto foi fenomenal.

O canal Paxtorzão,  de São Paulo, é outro fenômeno, se medirmos pelo número de acessos.   Trata assuntos  rotineiros que acontecem nas igrejas, colocados de forma extrovertida.  Neste canal, no entanto, há um  personagem fictício  -   Pastor Jacinto Manto, (Canal Tô Solto),  que é  engraçado e talentoso,  mas  as  vezes extrapola os limites do humor sadio.   

Imitar mulheres, homossexuais, vestir-se com roupas inadequadas, imitar o falar línguas estranhas ,  ridicularizar pastores ou crentes, são fatos  que o humor evangélico deve  considerar atentamente  para não  entristecer o Espirito Santo.    Para alegrar as pessoas ao nosso redor, não precisamos desagradar a Deus.

Se  ultrapassarmos os limites   podemos  cometer o pecado da chocarrice,  que   é     caçoar do alheio, fazer chacota  ou rir da desgraça alheia. 

Outro fenômeno no YouTube   porém abordando temas completamente diferentes, é  o Pastor Claudio Duarte, do Rio de Janeiro.   Tornou-se em pouco tempo um dos mais visualizados.  Fica aqui a pergunta -  Estão os crentes  de nossa geração menos sérios ou estão cansados da velha retórica pastoral?

Creia que a resposta é afirmativa para ambas as questões. A formula adotada pelo  Pr. Duarte  é simples.   Expressar com naturalidade,  utilizando linguagem híper popular, franqueza e  forte toque de humor em questões de relacionamento matrimonial.   Ele  consegue  dar conselhos  práticos da intimidade de um casal evangélico,  que  um pastor   de formação tradicional  não teria coragem.  Falar de intimidade do casal não   é missão fácil, principalmente quando está sendo gravado e se tornará público.

Há os  que o critique  mas  sua intenção primária é convencer o casal evangélico a ter um relacionamento duradouro e menos suscetível a pecados como adultério,  prostituição e que poderão culminar com divórcio e família dividida.   Além do mais, ninguém é obrigado a concordar com tudo que ele  declara, nem ler na sua cartilha.

 Na  Bíblia  não encontramos situações que nos façam rir.  O objetivo principal do livro não é entreter  mas  alertar a humanidade sobre a necessidade de salvação da alma.  É  coisa  séria.

O Antigo Testamento  registra  que  42 jovens  saíram da cidade e  seguindo o profeta, debocharam de Eliseu 

-  Sobe careca, sobe – gritavam eles.   

 O resultado da  brincadeira    foi o aparecimento das duas ursas que saíram do bosque e os  mataram.  Algum leitor menos atencioso talvez não tenha prestado a atenção no contexto.  Não foi apenas a brincadeira ou ofensa ao profeta.    O site esbocandoideias   esmiúça o assunto com muita propriedade. A  segurança física  do profeta poderia estar em risco com a ameaça daqueles 42 jovens.

Talvez a  única  citação bíblica  irônica e satírica ao mesmo tempo, ocorreu  quando profeta Elias desafiou os profetas de Baal no Monte Carmelo.  Ao meio-dia Elias começou a zombar deles. "Gritem mais alto! ", dizia, "já que ele é um deus. Quem sabe está meditando, ou ocupado, ou viajando. Talvez esteja dormindo e precise ser despertado. " 1 Reis 18:27

 

Podemos com liberdade conjecturar que Zaqueu, o cobrador de impostos de Jericó  arrancou risos, quem sabe do próprio Jesus,  quando prometeu que  restituiria  a quem tinha defraudado.   Segundo teólogos, naquela época já se tinha o costume  prática comum de  ter  o caixa 2. 

Há pessoas que são   fãs de programas humorísticos na TV.  Gostam de rir.  Aqui vai um aviso.  Aproveitem o quanto podem, pois no Inferno  não há  e nem haverá  comédias ou  nem motivos para rir.   Pelo contrário.  É bem claro que ali haverá pranto e ranger de dentes.   Lc 13.28

A alegria dos pecadores termina na hora da morte ou quando descobre que tem uma doença incurável. Já a alegria dos  cristãos não depende de fatores materiais ou externos.  Ocorre nesta vida, mesmo debaixo de provações e sofrimentos),  fruto de um relacionamento pessoal com Deus e permanecerá para sempre.

Ai de vós, que agora rides, pois haveis de muito lamentar e prantear (Lc 6.25). Na Bíblia versículos que nos inspira expressar  nossa alegria  que flui do coração e exterioriza   quando sorrimos.

"Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor" (Salmo 122:1.  Infelizmente há  crentes  que  fazem  justamente o oposto.   Ficam aborrecidos  quando chega a hora de ir a igreja, especialmente  aborrecentes  e jovens.   Passam o dia todo no telefone e na Internet  e de má vontade prestam culto a Deus.

Para  demonstrar felicidade  não  é necessário que tudo esteja  bem.  Há pessoas que são felizes apenas quando há dinheiro na conta ou no bolso.   Secou a fonte até o senso de humor muda radicalmente.

Isto não aconteceu com Paulo e Silas.  Quando  estavam presos  tinham razões de sobra  para reclamar.  –  Senhor, que fizemos para merecer isto? Não estamos fazendo sua obra? Por que isto nos sucede?

No entanto  cantavam ao Senhor. Subentendemos,   que deveria ser  com expressão de alegria,  mensagens de esperança e   confiança na  vitória.   

 Obreiros,  principalmente lideres e que  ocupam   púlpitos com frequência, devem     auto policiar para não  falar coisas que façam a igreja  rir exageradamente.  Obreiros não são chamados para entreter  os ouvintes.

Sempre fui extrovertido e  depois da conversão a fé evangélica esta característica não desapareceu. Obviamente   aprendi  a obedecer  os limites.  Devemos ser equilibrados e púlpito não é lugar de show.

  Escrevi uma  série de fatos verídicos que aconteceram em igrejas evangélicas, os quais estão disponíveis neste site www.webartigos.com,  que relatam  situações cômicas que ocorreram.

Como missionário  tenho  utilizado um método eficaz para  evangelizar portugueses.  Primeiro crio  um vínculo de amizade e  a medida que surgem oportunidades, entro  no assunto que interessa – salvação em Cristo.  Para evangelizar portugueses  não podemos  ir direto ao assunto nem falar contra a idolatria.   Como já dizia meu falecido pastor -  Quem quer apanhar a galinha não grita: Xô!

Se  demonstrarmos as  pessoas  não convertidas que convivem conosco seja no trabalho, escola e vizinhança, apenas seriedade e cara feia,  dificilmente se  converterão  a fé evangélica. Presumirão  que ficarão iguais depois da conversão.

É verdade que não podemos sentar a roda dos escarnecedores como expressou o salmista, mas se  desfizermos a  cara feia e mostrar aos não convertidos que servimos a Deus com alegria,  faremos que a roda percam adeptos e estes sejam ingressados no Reino de Deus.  Ai como canta Rose Nascimento – Vai ser só alegria.