HUMANIZAÇÃO: Um processo–conceito positivo em tempos de COVID -19 nos ambientes Clínico-hospitalares.

Texto produzido em 29 de maio de 2020 e postado/divulgado em maio de 2020

Por: Elizete da Silva Brito[1]

INTRODUÇÃO

O emocional das pessoas é atingido todos os dias com notícias boas e ruins, assim no primeiro caso favorecendo um tipo de alívio ao espírito; já no segundo, o bombardeamento de notícias não agradáveis ou distorcidas, acabam por desenvolver ou aflorar sentimentos, emoções não saudáveis, e/ou mesmo outras patologias que tem como gatilho o terror, o medo e apreensão divulgados de várias formas, além da incerteza, das dúvidas e impossibilidades futuras; o que podem gerar o aparecimento da depressão e da ansiedade como situações inevitáveis ao ser humano com a capacidade efetiva/emocional, psicológica, moral e até física, fracas.

Desta forma, existe uma palavra que fomenta e determina a amenização dos “sintomas” das patologias que são desenvolvidas pelo enfraquecimento da própria relação dos pacientes com os ambientes hospitalares; conhecida como humanização, e que deve ser utilizada pelos profissionais da saúde, no intuito de caracterizar a aproximação destes com os primeiros numa relação mais pessoal sócio-efetiva do que a função como profissional. Onde o profissional procurar contornar com palavras e ações as fraquezas, as incertezas, o desespero e a falta de amparo (pelos próprios familiares) do paciente.

Do francês humaniser, como sinônimo de humanizar, a “humanização” significa denotativamente como “se tornar humano ou mais humano, tornar benévolo, tornar afável”, cuidar com mais carinho, transformando-se no outro. E que atualmente é utilizado em várias áreas de atuações e produções na sociedade.

Logo, neste isolamento, inclusive nas unidades hospitalares, causada pelo COVID-19, se faz necessário uma aproximação mais profunda, como também tomada de decisões pelos profissionais da saúde que ultrapassam suas responsabilidades e atribuições nas suas funções, criando desta forma um vínculo mais próximo entre paciente e profissional da saúde, tendo em vista que seus familiares são impedidos de frequentá-los nestes ambientes de isolamento, cura, e as vezes incertezas.

Em tempos tão indecisos e incertos nos dias atuais, as pessoas procuram se afastar ou sentem à vontade expressiva de se aproximar um dos outros. Visto que as dificuldades passaram a fazer parte do dia a dia do cidadão, inclusive expressada através dos cuidados extremos que se deve ter em relação ao contato pessoal ou o manuseio de equipamentos, utensílios e acessórios que antes eram utilizados com a maior naturalizado. Assim, se permitindo uma mudança de comportamento que às vezes beira a histeria, a qual elenca para o próprio indivíduo um pavor ou medo exacerbado.

Desta forma, os profissionais da saúde, sejam elas quais funções desempenham dentro do processo ou dos ambientes clínico-hospitalares, necessitam e ao mesmo tempo precisam entender de que o trabalho nestes ambientes requer, além dos cuidados consigo mesmo, perceber-se como um indivíduo que precisa, em certas ocasiões, ultrapassar suas barreiras profissionais e transforma-se em um elemento que tenha a capacidade, a habilidade, e não porque a competência de se olhar o outro por nossa própria pessoa. Isto é, ter uma “visão transcêndica”, ultrapassando seus limites de pessoal e profissional e incorporar-se ao outro, no caso, ao paciente, possibilitando com isto a ela o reconforto, controle emocional, paciência, mudança de postura.

Neste contexto, deve sim, existir o processo conhecido como humanização, que no meu entender, seja um comportamento que ultrapassa as barreiras das relações existentes, entre os profissionais da saúde e os pacientes. Sendo esta, uma forma eficiente e eficaz de conduzir o paciente a um estágio em que o mesmo desenvolva condições de relações afetivas com o profissional da saúde, as quais colaborarão no processo de calma, controle, permissibilidade e consequentemente, levando a cura ou certas aceitações em detrimento com aquelas oferecidas nos ambientes hospitalares.

Assim sendo, acredito eu que, através do processo de “humanização”, se consegue contornar e permitir ao outro (o paciente) melhorias nas condutas, comportamentos e mesmo hábitos, que são desenvolvidos pelos pacientes dentro deste processo inter-relacional; e que não havendo, por vezes, acabam prejudicando e atrapalhando o seu tratamento ou a sua “estada” no ambiente hospitalar; e que certas situações parecidas levam a aparecer a conhecida “personalidade histriônica”. Como se sabe que, o espaço diferente de sua residência, o tempo que irá permanecer e o convívio com pessoas estranhas a sua rotina, acabam por lhe “oferecer” ou a possibilidade de desenvolver uma gama de “recusas’, o que leva certos profissionais terem certos conhecimentos além de sua formação técnica-acadêmica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, para entender as relações existentes entre os profissionais da saúde, dentro dos ambientes clínicos-hospitalares precisa-se entender de antemão o compromisso e a responsabilidade do profissional com os pacientes e com o ambiente de trabalho, pois, se apenas existe um compromisso ligado à sua formação, e não sobre aquilo que o profissional pode absorver do ambiente e das relações com os pacientes, então não possibilitará um trabalho de qualidade, eficiente e notório. Pois, ser lembrado pelos familiares dos pacientes e pelos próprios ex-pacientes sobre a maneira de como foi atendido, está muito além de qualquer pagamento, isto servindo apenas para aqueles profissionais que tem em seu espírito colaborativo profissional a “humanização”. Processo colaborador ao processo de melhoria e interação no tratamento e conduta hospitalar entre os profissionais da saúde e os cidadãos-pacientes.

 

 

[1] Bacharelando em Enfermagem pela UNAMA (Universidade da Amazônia). Profissional da Saúde do HMS (Hospital Municipal de Santarém)