HPV na adolescência

Adriana Viana Ferreira¹

                                                                                                  Larissa Correia de Rezende²

                                  ZilmarTimoteo Soares³

RESUMO

O alto índice de jovens infectados com o vírus do HPV no brasil é um alerta para saúde pública, em vista disso, faz necessidade alertar e conscientizar os adolescentes sobre os riscos do HPV e a buscar sempre prevenir-se contra a doença, já que é a principal causa do câncer de colo do útero.  Informar sobre este vírus é a melhor e mais eficaz arma para combate-lo, trazendo assim campanhas de divulgação do risco de contrai-lo juntamente com métodos preventivos. O estudo foi realizado com base em materiais já publicados acompanhado de questionário comaplicação antes e após e palestra. Com isso pôde-se observar que houve um grande avanço de adolescentes informados sobre o grau de risco do HPV após a palestra.

Palavra-chave:HPV; campanhas; conscientização; 

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¹, ² Acadêmicas do curso de Ciências Biológicas na Universidade Estadual do Maranhão/Campus de Imperatriz

³ Professor adjunto da Universidade Estadual do Maranhão- Professor da disciplina História da Biologia.

INTRODUÇÃO

O HPV (Papiloma Vírus Humano) é um vírus que faz parte da família papilomaviridae e é conhecido por outros nomes, como verrugas, crista de galo e condiloma acuminado. Este vírus causa lesões a pele e é considerado o responsável pelos muitos casos de câncer de colo do útero, mas existem estudos que apontam que ele também pode ser a causa do câncer de vulva, ânus e pênis. As lesões causadas pelo HPV são verrugas que mais parecem uma couve flor e que podem ser encontradas em qualquer local do corpo, desde na região genital até mesmo boca. Essas verrugas variam de tamanho, podendo ser grandes ou pequenas e de cor, podendo ser esbranquiçado, rosa ou marrom.

Segundo a Associação de ginecologistas e obstetras de Minas Gerais (SOGIMIG) O papiloma vírus humano (HPV) é a doença sexualmente transmissível mais frequente no mundo. Estima-se que, aproximadamente, 50% da população sexualmente ativa adquiram o vírus em algum momento da vida. Porém, o próprio organismo impede que o vírus se alastre pelo organismo e elimina-o.

O Brasil é um dos líderes mundiais em incidência de HPV. A população mais atingida são mulheres na faixa etária entre 15 e 25 anos, embora essa doença também acometa mulheres em outras faixas etárias e também homens (FEITOSA; BRASIL, 2011).

O HPV pode ser classificado em dois grupos: baixo risco e alto risco. Os de baixo risco apresentam verrugas expostas na parte genital e pele, como já citado. Já o de alto risco é considerado a grande causa do câncer no colo do útero, anus e pênis. Os sintomas do HPV demoram de 2 a 8 meses para se manifestar, chegando há anos. Além disso, o vírus pode ficar no organismo infectado de forma latente, onde não apresenta sintomas e pode ocorrer do próprio organismo eliminar-lo. Existe também a infecção clínica, onde apresenta sintomas e a subclínica,onde não apresenta sintomas.

Segundo o IOC (Instituto Oswaldo Cruz) “O HPV é responsável por 90% dos casos de câncer de colo do útero no Brasil”. A vacina contra o HPV está disponível desde 2006 e está mais voltada aos adolescentes porque os anticorpos reagem melhor no organismo destes, fazendo com que a chance de contrair e de combater o vírus seja mais eficaz.A vacina contra o HPV é disponibilizada em três doses. Com a primeira vacina tomada, a segunda deve ser aplicada no intervalo de 6 meses, pois serve como garantia contra o HPV e a terceira dose deve ser aplicada no intervalo de 5 anos, para reforçar a duração da imunidade.A vacina é oferecida gratuitamente no SUS.

Os homens não foram contemplados na campanha por uma decisão política de custo-benefício, mas podem se favorecer da vacinação, já que o HPV está associado também ao câncer de ânus, orofaringe e pênis. (HPV online)

Além do câncer do colo do útero, estudos apontam que certos tipos de HPV são a causa do câncer na vagina e vulva. Além desses locais, o HPV também pode estar associado a causa do câncer de anus, que pode ser desenvolvido tanto na parte interna, quanto na parte externa. 

Segundo o infectologista e pesquisador da fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Edson Moreira, a camisinha é um dos meios mais seguros de proteção contra o vírus HPV, mas não é totalmente seguro, pois as verrugas podem estar expostas no saco escrotal, vulva e área pubiana e com isso podem entrar em contato com a parte genital feminina ou masculina.

Através da presença de verrugas é possível diagnosticar o HPV e retira-las do local exposto. Quando não expostas ou visivelmente, são feitos exames, que no caso da mulher é acolposcopia e no homem peniscopia. Quando a infecção é subclínica (sem manifestação de sintomas) que podem evoluir para o câncer, o diagnóstico preventivo é feito pelo Papanicolau ou confirmado pela captura hibrida.A infecção pelo Papiloma vírus humano (HPV) está aumentando assustadoramente, sendo hoje a doença sexualmente transmissível (DST) de etiologia viral mais frequente no mundo. (ROVERATTI, 2014, p.362)

As formas de prevenção são através da vacina, que é disponibilizada pelo governo para meninas na faixa etária de 9 a 13 anos de idade, e exames preventivo, que são eles: Papanicolau, que é capaz de diagnosticar se existe alterações no colo do útero; colposcopia, que é capaz de identificar lesões existente ou não no útero; biopsia onde é retirada uma pequena parte lesionada para analise em microscópio e anuscopia onde faz um toque retal e logo depois o aparelho é inserido para visualizar a região anal.

Por ser uma DST, a transmissão do HPV se dá pelo sexo sem proteção, porém existem outras formas de contrair o vírus. O vírus pode ser contraído por objetos íntimos compartilhados, por sexo oral, pelo vaso sanitário, pelo beijo e até mesmo pelo parto. São formas menos comum, porém com riscos de contaminação.

Os adolescentes têm informações errôneas sobre o HPV, o que pôde ser confirmado através dos questionários feitos, como erros que o HPV é uma doença apenas de mulher, que só pode ser transmitido pelo sexo ou até mesmo por convívio com pacientes infectados. Com isso, levar informações corretas a esses adolescentes é mais do que uma forma de conscientizar, é uma forma de quebrar tabus criados por falta de informação.

Segundo o Ministério da saúde o câncer de colo do útero é o 3º tipo que mais atinge as mulheres, onde a cada ano surgem 15 mil novos casos e 5 mil vem a óbito por causa da doença. Dados preocupantes e alarmantes por se tratar de uma doença silenciosa na maioria das vezes, chegando a apresentar sintomas 20 anos após a contaminação.

Transmitir informações para os adolescentes sobre as doenças provenientes do HPV, assim como alertar a importância dos métodos de prevenção contra o vírus e tirar dúvidas relacionadas ao tema é um método muitoeficaz. Com as informações transmitidas aos adolescentes, pretende-se que além de adquirir conhecimento sobre o HPV, saibam também seus riscos e a relevância de se prevenir.

METODOLOGIA

A pesquisa realizada com os adolescentes mostrou que eles possuem conceitos errôneos sobre o HPV, assim, levar informações a estes sobre os riscos do HPV é essencial, pois quanto menos informações terem sobre o HPV, mais risco de contrair a doença terão.

O estudo em questão foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica elaborada por materiais já publicados, como artigos científicos, pesquisas que incluem materiais impressos, como livros e através de jornais. Foi aplicado o projeto sobre HPV na Escola Centro de Ensino Estado de Goiás na Av. Dorgival Pinheiro de Sousa com autorização da administrativa de palestra Aldenir FerreiraCésar. Foi ministrado uma palestra aos alunos do 1° ano C, acompanhado com questionário aplicado duas vezes, sendo um antes e o outro após a palestra.

É notável que adolescentes pouco sabem sobre o HPV, apenas tem a ideia de que é transmitido pelo sexo sem proteção. A primeira aplicação do questionário teve a finalidade de ver o quanto os adolescentes da escola escolhida para aplicar a palestra sabiam a respeito do tema. Com o questionário aplicado se pôde obter o esperado, grande parte dos adolescentes não sabiam o que era o HPV e o quão grave ele é.

O padrão escolhido de questionário para este projeto teve a finalidade de testar o conhecimento do aluno sobre o assunto apresentado, fazendo com que eles interagissem conosco. Com o questionário aplicado e os resultados obtidos, a palestra teve como objetivo conscientizar e informar aos alunos sobre o risco do HPV e a importância de se prevenir contra o vírus. No decorrer da apresentação foram respondidas as perguntas que estavam no questionário e no término da palestra houve novamente a aplicação do mesmo questionário para obtenção de resultados positivos a respeito do assunto.

 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Na palestra pode-se contar com 20 alunos com idade de 13 a 21 anos, tendo como objetivo um questionário com duas aplicações, dias antes da palestra e o outro logo após a palestra. O primeiro questionário sucedeu no dia30 de outubro de 2015 com intuito de obter breve resultado sobre o grau de conhecimento dos alunos a respeito do HPV.

  • 1ª questão: dos 20 alunos 100% não tinha o conhecimento do significado da sigla HPV.
  • 2ª questão: de 20 alunos 35% tem conhecimento de como o HPV é transmitido, sendo o restante 65% não sabiam de como ocorre a transmissão.
  • 3ª questão: de 20 alunos 10% tinham entendimento das doenças relacionadas ao HPV e 90% não.
  • 4ª questão: entre os 20 alunos 15% estavam informados sobre o tratamento e a forma de prevenção, já 85% não tinha informação sobre o mesmo.
  • 5ª questão: entre os 20 alunos 25% já tomaram vacina contra o vírus HPV e 75% não.

O segundo questionário foi aplicado no dia 13 de novembro de 2015 onde teve o propósito de saber se a palestra ministrada foi proveitosa e se os alunos absorveram informações através do respectivo tema.

  • 1ª questão: dos 20 alunos 75% obtiveram conhecimento sobre o significado da sigla HPV, porém 25% não.
  • 2ª questão: dentre os 20 alunos 90% souberam responder como o vírus é transmitido, já os 10% não souberam responder.
  • 3ª questão: entre os 20 alunos 65% obtiveram conhecimento sobre a doenças associadas ao vírus, contudo, os 35% não adquiriram informação.
  • 4ª questão: desses 20 alunos 75% conseguiram adquirir conhecimento do tratamento e melhor forma de prevenção, no qual 25% não absorveram conhecimento sobre o assunto.
  • 5ª questão: dos 20 alunos apenas 25% já se vacinaram contra o HPV, sendo que os 75% não se vacinaram

Com base nos dados citados acima, especificamente nos resultados do primeiro questionário, pôde-se perceber que havia grande carência de informações sobre o vírus HPV entre os alunos, onde muitos não souberam como interagir/falar diante do tema proposto. Com isso tivemos um pré-resultado sobre o nível de conhecimento dos alunos e o que levar de informações relevantes sobre o referido tema.

Após a aplicação deste questionário foi realizada a palestra com base nas informações contidas nele e um melhor aprofundamento sobre o assunto, onde foi explicado a definição do que é HPV, de como ele é transmitido, da manifestação, das doenças associadas, o grau de risco, da importância da prevenção contra o vírus e ressaltando a importâncias dos exames preventivos.

Foi aplicado o segundo questionário com objetivo de que estes mesmos alunos conseguissem pegar para si essas informações e pôr em pratica no seu cotidiano, repassando-as para outras pessoas a respeito do vírus. Comparado com o primeiro questionário foi observado grande interação e avanço desses alunos na qual pode ser observado através dos resultados demonstrados acima.

Pôde-se notar através dos resultados dos questionários que os adolescentes em geral têm a noção de que a doença é transmitida por sexo sem proteção, contudo, mesmo sabendo dos riscos do sexo sem proteção, os adolescentes continuam fazendo sexo sem proteção, o que gera uma falha de conhecimento.

Doenças sexualmente transmissíveis como o HPV não são apenas um fator biológico, mas também social e cultural. Muitos adolescentes têm certo preconceito com doenças do gênero, fazendo com que não procurem informações corretas a respeito do tema, com vergonha ou até mesmo medo de serem rejeitados pela sociedade. É notável também que há falta de diálogo entre a família e os adolescentes dentro do convívio, fazendo com que fiquem a mercê da disposição de escolas e campanhas para obter informações sobre doenças relacionadas ao sexo.

O que se pôde obter também com os resultados é como os adolescentes relacionam DSTs com a AIDS, como se apenas conhecessem a essa doença. O que entra novamente no aspecto familiar e social, onde são repassadas informações errôneas e equivocadas e com isso vai se multiplicando as informações erradas e gerando um déficit de conhecimento nesses adolescentes.

CONCLUSÃO

O trabalho teve como finalidade levar informações a respeito do tema HPV para adolescentes por estes não ter informações necessárias a respeito do tema, pois com base no que já foi dito ao longo do texto o HPV é uma doença muito séria e que tem que ser contida, antes de agravar seu grau e pode se tornar um câncer. A maioria dos adolescentes iniciam a vida sexual de maneira precoce, tendo vários parceiros (as) onde não se previnem de maneira adequada, isso faz com que o número de pessoas infectadas só aumente.

 Se pode notar que os adolescentes envolvidos no trabalho não tinham a mínima ideia do que era o HPV e o quão séria a doença é, o que foi preocupante. Logo após a palestra ministrada a esse grupo, se pôde obter um resultado muito satisfatório, o que se pode perceber visualizando os resultados expostos.

Se conscientizar contra este vírus é o primeiro passo para combatê-lo. Portanto, faz-se necessário maior divulgação com campanhas governamentais dando informações nas ruas a respeito do tema, projetos acompanhados de palestras nas escolas anualmente, mobilização nos bairros, cidades e divulgação em jornais. Que essa divulgação possa ser voltada principalmente para classe baixa e lugares menos acessíveis, onde a informação é pouca, pois muitos não sabem da existência do HPV, e quando sabem, não conhecem o grau de risco que traz para a vida do ser humano.

Além de campanhas governamentais e palestras escolares, os pais também tem o dever de conscientizar seus filhos a respeito da doença, contudo, a um grande receio quando se diz respeito ao HPV, principalmente a vacina, pois muitos destes pais relacionam a vacina como um incentivo a iniciação da vida sexual precoce.

O objetivo do presente artigo foi memorável, pois foi possível conseguir levar e transmitir informação aos alunos de estudo deste trabalho. O que se pode esperar é que os alunos envolvidos nesse trabalho possam transmitir as informações obtidas e começarem a se prevenir não só em relação ao HPV, mas também contra outras doenças relacionadas ao sexo. Se conscientizar é o primeiro passo.

REFERÊNCIAS

Colposcopia e biópsia do colo uterino. Disponível em: <http://www.mdsaude.com/2014/11/colposcopia.html>

Data de Acesso: 22 de outubro de 2015

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Data de acesso: 25 de novembro de 2015

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<http://www.fiocruz.br/ioc/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=818&sid=32>

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Data de acesso: 28 de novembro de 2015

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ROVERATTI, Dr. Dagmar. Guia da sexualidade. São Paulo, 2014

COUTINHO, Renata. HPV: é preciso conscientizar pais. Disponível em: <http://www.folhape.com.br/cotidiano/2015/9/hpv-e-preciso-conscientizar-pais-0163.html>

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Desafios do combate ao HPV. Disponível em: <http://sogimig.org.br/site/desafios-do-combate-ao-hpv/>

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Diagnóstico citológico do papiloma vírus humano. Disponível em: <http://www.ccecursos.com.br/img/resumos/citologia/28.pdf>

Data de acesso: 01 de dezembro de 2015